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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Alguns aspectos da pré-história da Língua. 2ª Parte. O proto-romanço Galaico


·          Momento 2º. O Proto-romanço Galaico

Segundo o professor Eugênio Coseriu (1989:793-800) o latim da Gallaecia tem procedência bética e penetrou na Gallaecia através da Lusitânia. Isto gerou um latim hespérico ulterior diferente do citerior que ocuparia a Cartaginense e a Tarraconense. Este latim hespérico ulterior acabaria vendo-se determinado pela chegada do cristianismo -que levaria a cabo o seu projeto ideologizador em latim- e a criação do reino suevo, assentando-se como língua franca entre galaicos e suevos de fala germânica e dando-lhe carácter diferencial dentro dos limites dessa Gallaecia tardo-romana e proto-medieval.

Ao mesmo tempo, com a chegada dos muçulmanos à península, acrescentar-se-ía este fato, delimitando-se um território com o nome de Gallaeciense Regnum segundo as fontes historiográficas tanto andalusis, como carolíngias, papais, escandinavas, anglo-saxónicas, germânicas, bizantinas e grande parte das peninsulares segundo nos informa o professor Lopez Carreira (2005:111-141)

Esse latim hespérico ulterior da Gallaecia é denominado por Cosériu (1989:793-800) de língua galaico-asturiana (1989: 797):


 "Poco después, la invasión árabe interrumpe también este desarrollo, mucho antes de que las innovaciones partidas desde el centro pudiesen imponerse, también como norma de conservación, a los centros innovadores de Gallaecia y de la Tarraconense. De suerte que, ahora sí, puede hablarse ya del perfilarse de una unidad gallega (o, quizás, galaico-asturiana), sobre todo con la creación del reino de Asturias, que muy pronto engloba a Galicia. (....)Por otra parte, sin embargo, las conservaciones que oponen esta lengua (fala do galego) al castellano, al catalán o a ambos dialectos son propias también del asturiano, por lo menos, del asturiano occidental, y –lo que, otra vez, es más importante- también algunas de sus innovaciones se extienden a ese mismo asturiano occidental. De acuerdo con el criterio adoptado con respecto a las lenguas que “se están delineando”, deberíamos, por lo tanto, decir que –como en la época anterior- se está perfilando una lengua “galaico-asturiana” con centro en Galicia; tanto más, en cuanto una unidad política “Portugal” todavía no existe".


Carvalho Calero (1983:15-27) denomina-o de Galaico, pré-romanço galaico ou proto-romanço galeco:

“Recorrendo à necessária abstraçom e coas cautelas e reservas que toda abstracçom implica, podemos falar em consequência dum latim gallaeco do que se derivou um pré-romanço galaico, e mesmo um proto-romanço  galeco que se estendia, diversificado em distintas realizaçons do Atlántico à cordilheira Ibérica. Este pré-romanço ou proto-romanço tivo que apresentar primitivamente duas variantes, a atlántica e a mesetenha; é dizer, o fundamento do galego e o fundamento do leonês. E ambos romanços em contacto com formas idiomáticas exteriores produzirom duas inflexons ou dialectos que estavam chamados a eclipsar culturalmente como conseguência da sua fortuna política as respectivas polas nas que agromaram. Implantado sobre o substrato moçarábigo lusitano, o galego deu origem ao português. Projectado sobre o adstrato euskara, convertido às vezes em substrato pola penetraçom política leonesa, ou em superestrato polas vicissitudes de repovoaçom, o leonês deu origem ao castelhano. Português e castelhano seriam, pois originariamente dialectos fronteiriços do galego e do leonês, respectivamente. A Gallaecia seria um vieiro de romanços.
Cando os nossos eruditos ou afeiçoados do século XIX incidiam teimosamente no erro de considerarem o castelhano como um derivado do galego, nom faziam senom confundir, segundo a exposiçom anterior, o galego co galaico, ou galeco. Deste si se derivaria o castelhano, mas nom através do galego –galego ocidental- senom através do leonês- galeco oriental-".

Diz também Carvalho Calero:

A relaçom, já que logo, do galego e o castelhano seria mui estreita, como que o seu parentesco, a nivel románico é de segundo grau. O castelhano seria, nom filho, senom sobrinho do galego. Os irmaos seriam o galaico ocidental, ou galego e o galaico oriental, ou leonês. O galego, na sua fronteira sul, transformaria-se em português; como o leonês, na sua fronteira oriental, se transformaria em castelhano. A ósmose entre irmaos –galego e leonês-, pais e filhos –galego e português, leonês e castelhano-, tios e sobrinhos –galego e castelhano, leonês e português- e coirmaos –português e castelhano- é portanto, doada e continua, como que a um certo nivel todas estas formas romances som realizaçons do latim galaico.

Rodrigues Lapa (1981:54) nomeá-lo-ía de Romanço Galaico, como Carvalho.

“A unidade linguística sob forma galego-portuguesa, que os mapas de Pidal demonstram para vastas regiões do centro e do sul de Espanha e os estudos recentes de Carlos Peregrin Otero acabam de confirmar, declarando que o pré-castelhano e o pré-galego foram uma e a mesma língua, a que conviria chamar romance galaico (Evolución y revolución romance, 135), seria a chave desse mistério. Já em 1929-1930 o procuramos esclarecer à luz dos elementos fornecidos por Julian Ribera e Menendez Pidal.
Explica-se com isto a razão por que nos séculos XII e XIII se empregava o português como língua do lirismo. É que ele não era uma língua estranha, vivia ainda, mais ou menos alterado por influências várias nas camadas inferiores da antiga população muçulmana e moçárabe.
Só assim se compreende o fenómeno realmente estranho de o vulgo castelhano o usar para a poesia lírica e satírica (...). É que havia em Espanha um lirismo que devia ser contado em português, língua falada em Castela e em outras regiões penínsulares no século XII..."

É o professor Ricardo Carvalho (1983: 18) quem comenta o fato de ser esse Galaico, o proto-romanço do qual surgem inicialmente tanto o galaico ocidental ou galego-português quanto o galaico oriental ou asturo-leonês indiferenciados entre si num começo. O professor galego identifica-o no tempo por volta dos séculos IX e X.

“na Galiza lucense e na Galiza Bracarense onde nace o galego e onde agroma a poesia trovadoresca, que constitui a primeira manifestaçom artística da nossa língua. Esta começa a escrever-se em textos líricos e prosa tabeliónica em voltas do ano 1200; mas como fala existia desde muitos séculos atrás, e o IX e o X forom decisivos para a sua constituiçom.

Do Galaico, mas do asturo-leonês neste caso, surge na sua parte mais oriental o que posteriormente seria o castelhano sob substrato basconço e importante influência navarro-aragonesa. O próprio professor espanhol Rafael Lapesa (1991:162) reconhece que as Glosas Silenses e Emilianenses do Mosteiro Riojano de São Milhão de La Cogolla não estão num primitivo castelhano como se nos ensina habitualmente, mas num originário navarro-aragonês, o qual não é em absoluto estranho se temos em conta que a Rioja é uma região originariamente basconça e navarra. 

Tudo o protagonismo político da maior parte da Idade Média lhe correspondeu ao Gallaeciense Regnum até o momento no que Castela colhe força política e militar. A língua do Reino galaico começa a desenvolver-se com a força que lhe dá um poder político forte e soberano e um prestígio na Europa que até agora reconhece a Galiza como um dos três impérios do momento: O Império Bizantino, o Sacro Império Romano Germânico e o Gallaeciense Regnum segundo nos diz o Professor Mundy (1991: 40).

“in 1159 the northern annals of Cambrai spoke of three empires: the Byzantine, the German and of the Galicia (St. James of Compostela)”


Portanto os limites da língua dos galaicos nessa altura histórica seriam os limites desse Gallaeciense Regnum -que tanto negam os historiadores pró-castelhanistas- até o ponto de Roger Wright dizer (1991: 21-22):


"Antes do milémio e quiçá antes do século XIII desterremos também os conceitos distópicos pouco úteis e anacrónicos tais como galego, leonês, castelhano (...) todos esses conceitos modernos estorvam à vista clara. A península (aparte dos que falavam basco, árabe, hebreu, etc...) formava uma grande comunidade de fala, complexa mas monolíngue"

Ainda, alguns de entre esses hispanistas também não podem negá-lo tudo. Por isso, autores como Sanchez Albornoz (1956:420-423) comentam a respeito da lírica românica moçarábiga florescente na Andaluzia nos séculos X e XI -e que em palavras de Rodrigues Lapa “..vicejava ao mesmo tempo na Galiza”-  que:

“logrou salvar-se da sua definitiva asfíxia devida à poesia arábiga”.

Arábiga? Galaica?
O que nos fai intuir que existia uma certa unidade linguística na maior parte da península, para Rodrigues Lapa “so quebrantada pelo avanço do castelhano para Sul, do castelhano imperioso e impenetrável ao lirismo”

Do nosso ponto de vista quiçá esse monolinguismo do que nos fala Wright e do que nos insinuava Rodrigues Lapa haveria que matizá-lo. Não haveria monolinguísmo em tudo o âmbito peninsular mas sim poderiamos falar em monolinguísmo no que diz respeito ao território do Gallaeciense Regnum por ser esse galaico provavelmente diferente, já nesta altura, do latim citerior que teria originado as falas catalano-aragonesas. Intuímos, com isto, que o complexo catalano-ocitânico provavelmente conformasse outro núcleo linguístico diferente ao do Reino Galaico vinculado provavelmente ao gaulès-romanço e ao que posteriormente seria denominado ocitano ou langue d’Oc.

Entre os séculos IX ao XII vai dar-se uma etapa na história da língua na que o seu uso vai ser fundamentalmente oral enquanto as formas escritas pelos letrados daquela época vão ser um jeito de latim medieval cheio de giros que havemos de reconhecer como próprios do actual galego-português.

Pouco a pouco o galego-português vai ser empregue como língua normal em todas aquelas funções que uma língua tem num país normalizado e soberano sem distingos sociais. Todas as funções, exceto a internacional que é reservada phistórica da que estamos a falar embora gere uma situação de diglossia galego/latim que não oferece obstáculos nem anormalidades no Orbe cristão europeu que se exprime basicamente em Latim como língua franca continental.



E, portanto, esta língua romance a língua de todos os galegos -incluindo neste gentilício nesta altura também os portugueses e também os astur-leoneses-, mesmo dos reis de Galiza, forem estes coroados em Compostela, Ovedo ou Leão. Os reis falavam galego e mesmo os filhos dos reis eram criados por tutores da aristocracia galega que marcavam o caráter dos futuros monarcas, marcavam a política e mesmo a diplomática da época, como nos comenta André Pena (1985). Tal é assim que guardamos certas provas documentais desta circunstância embora não sejam provas diretas. Falamos, por exemplo de quando ficam recolhidos os soluços do rei Afonso VI perante a morte do seu filho Sancho, herdeiro do trono, na batalha de Uclés em 1109. A língua na que chora o Rei não pode ser outra diferente da que o Monarca tinha por sua: o galego-português e não o castelhano.

Segundo nos conta S. Rico (1970: 219) numa crónica do Frei Prudêncio de Sandoval, historiador nado em Valhadolid no século XVI o Rei diz:

“...y en la lengua que se usaba dijo con dolor y lágrimas que quebraban el corazón:
Ay, meu filho! Ay meu filho! Alegria do meu coraçom et lume dos meus olhos, solaz da minha velheçe! Ay espelho em que me soya veer, et com que tomava muy grand prazer! Ay meu herdeyro mor! Cavaleyros, hu me lo leixastes? Dade-me meu filho Condes!”

Segundo Lopez Carreira (2005: 51) o vínculo originário entre o nosso idioma com o castelhano e a sua relação genética pode ficar intuída num comentário que faz este mesmo historiador castelhano do século XVII do que estamos a falar, Frei Prudêncio de Sandoval, quem numa História da Espanha redigida no século XIII e provavelmente traduzida ao galego-português no XIV diz-nos acreditando na sua antiguidade que está numa “lengua castellana tan cerrada que parece portuguesa”.

Não é estranho portanto que reis posteriores como Afonso o Sábio (Afonso X segundo o cômputo castelhano, mas IX segundo o cômputo galego) ou Fernando III empregassem o galego-português como língua veicular. Era a língua que eles falavam habitualmente, no dia a dia. A língua da sua família. Da família Real. Mas foram curiosamente estes dous últimos reis os que mudaram o sentido do projeto unificador peninsular. Dum projeto galaico passou-se a um castelhano. É por isso porque a península ibérica de hoje está ocupada majoritariamente pela língua castelhana.

Conclusões

1-       A história da península ibérica está contada pelo poderoso, pelo vencedor, neste caso, Castela, com uma valorização excessiva, desmesurada e por vezes irreal do castelhano face as outras línguas peninsulares, nomeadamente a nossa, o galego-português.

2-       A falsificação na narração dos fatos obedece a uma necessidade hegemonista e mesmo expansionista do projeto unificador castelhano que não hesitaria, nem hesita a dia de hoje, em eliminar quaisquer outras línguas que pudessem supor concorrência ou resistência ao projeto castelhanista.

3-       No caso de os Reis originariamente galaicos Afonso o Sábio e Fernando III não tivessem mudado a língua “oficial” dos seus reinos, provavelmente hoje a maior parte da península ibérica estaria ocupada polo galego-português. Quiçá também sob um projecto imperial unificador tão indesejável como o castelhano, mas a realidade poderia ser essa.

4-       Tendo em conta a importância do Gallaeciense Regnum e portanto da sua língua em época alto-medieval causa-nos sensação de estranheça que não sejam conhecidos documentos anteriores ao século XII. No caso de outras línguas romances como o francês ou langue d’oil existem documentos do século IX como são os Juramentos de Estrasburgo datados em 842 ou a Sequência de Santa Eulália em 881, que assentão esta língua como tal diferenciada do Latim. Mesmo nos romanços italianos achamos os primeiros documentos em 960. Porque, portanto, o galego-português só tem textos desde fiinais do século XII? Quiçá dentro da luta pola hegemonia peninsular entre galegos e castelhanos se chegasse ao ponto de ter-se produzido destruições de documentos antigos por razões políticas e interesses espúrios da mesma forma que temos constância de manipulações e de outras desfeitas conhecidas como é o caso do Bispo Pelayo de Ovedo, Ximenez de Rada, Lucas de Tui, e outros?

5-       O castelhanismo historiográfico e linguístico quer fazer passar por real uma mitologia determinada para a sua língua mas nega para a nossa uma história real mas oculta, umas vezes evidente, mas subversiva sempre. Isto tenciona negar a identidade galego-portuguesa com o fim de evitar reafirmações identitárias que seriam obstáculo para o seu projeto. Disso sabemos algo os galegos.

6-       A historiografia lusitanista portuguesa tem sido uma defesa contra a agressão histórica de Castela mas um vínculo com o galeguismo e a identificação de Portugal como o único território soberano herdeiro do velho Gallaeciense Regnum criado polo suevos em 410 abriria umas possibilidades de defesa e reforçamento do ocidente peninsular face o centro que seriam de ter em conta.

7-       Dentro da reconstrução da história da nossa língua seria interessante incluirmos o fato de identificarmos as origens da nossa língua com o substrato galaico-lusitano vinculando-nos histórica e familiarmente com outros povos atlânticos europeus os quais nos poderiam supor um contorno parental amigo, em qualquer caso, com interesses culturais (e mesmo económicos) comuns de qualquer ponto de vista.

8-       Já desde a pré-história a Galiza e Portugal conformavam um continuum etno-linguístico que deveria ser cultivado e acrescentado no presente e no futuro. O nosso destino desejável é em qualquer caso juntos e os nossos interesses os mesmos.

9-       A lusofonia, ou galeguia, como foi denominado ultimamente por cientistas brasileiros, supõe mais uma porta aberta ao relacionamento galego-português com um conjunto de povos com quem partilhamos língua e que nos dá aos galegos um lugar de prestígio no mundo e a força necessária para agirmos quer contra agressões que procuram desidentificar-nos como povo, quer como forma de auto-afirmação pelo fato de sermos a matriz dessa civilização formada por Portugal no transcurso da história.

10-   O pensamento galeguista e nomeadamente o reintegracionismo linguístico são aquilo que aos galegos nos abrem essas portas para entrarmos no mundo lusófono ou galaicofono que representa a sobrevivência do nosso ser nacional.

11-   O conhecimento das origens da nossa língua, assim como a sua história posterior e ainda a história política do nosso país, dao-nos luzes sobre quais são as linhas a seguir para que a Galiza possa trabalhar e cultivar o seu natural relacionamento exterior de forma eficaz:
a)      O Norte, o mundo Atlântico e céltico por um lado. Mundo do qual segundo invesgitações recentes e não tão recentes somos também Matriz (veja-se a Teoria da Continuidade Paleolítica de Alinei e Benozzo e antes de André Pena assim como os estudos do Tritinity College e de Brian Sykes entre outros).
b)      O mundo Lusófono, ou Galaicófono, conformado por um conjunto de países de língua galego-portuguesa que bem podem ser a saiba nutrícia que nos permita sobreviver como povo num mundo de concorrências de todo tipo, e não só do ponto de vista linguísitico, mas também do ponto de vista cultural, económico, social, político... e mais.

  
Bibliografia:
Armada Pita, X-L. (1999). Unha revisión historiográfica do celtismo galego. In “Os Celtas da Europa Atlántica. Actas do I Congresso galego sobre a cultura celta”. Ferrol. Agosto. 1997. Ed. Concello de Ferrol.
Ballester, Xaverio. (1998-99): “Sobre el origen de las lenguas indoeuropeas prerromanas de la Península Ibérica” In Arse, 32/3. Conferencia pronunciada o 23/03/99 durante as XIV Jornadas de la Sociedad Española de Estudios clásicos (Valencia 22-27-III-1999) com o nome de “La Filología clásica prerromana en España: pasado, presente, futuro”.
Brañas, Rosa. (1995). Indíxenas e Romanos na Galicia céltica. Ed. Libreria Follas Novas.
 Carvalho Calero, R. (1983). Da Fala e da Escrita. Ourense. Galiza Editora. Ourense
Carvalho Calero, R. (1974). “Gramática elemental del gallego común”. Galaxia. Vigo.
Coseriu, E. (1989): “El gallego en la história y en la actualidad” In “Actas do II Congresso Internacional da Língua Galego-Portuguesa na Galiza”. AGAL. Crunha. Página 797.
 Garcia Fernandez-Albalat, Blanca. (1990). Guerra y Religión en la Gallaecia y la Lusitania antiguas. Sada-Crunha. Edicións do Castro.
Garcia Fernandez-Albalat, Blanca. (1996): ”La religión de los castreños” In SEMATA Ciencias Sociais e Humanidades 7-8. Las religiones en la Historia de Galicia. Ed. Garcia Quintela, Marco V. Universidade de Compostela.
 Lapesa, Rafael. (1991): “Historia de la lengua española”. Madrid. Ed. Gredos. Biblioteca Románica Hispánica. 9ª Ed. Corrigida e acrescentada.
Lopez Carreira, Anselmo. (2005): “O reino medieval de Galicia”. A Nosa Terra. Vigo
 Mundy, John J. (1991): “Europe in the High Middle Ages”. Longman. London and New York.
Omnès, Robert. (1999). “Le substract celtique en galicien et en castillan” In “Les Celtes et la peninsule Iberique”. Triade nº5. Université de la Bretagne Occidentale-Brest. Pp. 247-268.
Pena Graña, A. (1985): “O reino de Galiza na Idade Media”. Revista Terra e Tempo 2ª época, 1,
Rico, Sebastián (1973): “Presencia da língua galega”. Ediciós do Castro. A Crunha, 1973, pp 8-9
 Rodrigues Lapa, M. (1981) : ”Lições de Literatura Portuguesa. Época medieval”. 10ª Edição. Coimbra Editora Limitada.
Saraiva, António J: (1995). Iniciação na literatura portuguesa. Gradiva. Lisboa. Pag.9
 Schmoll, Ulrich (1959): “Die Sprachen der Vorkeltischen Indogermanen Hispaniens und das Keltiberische”.Wiesbaden. Otto Harrassowitz.
Sanchez Albornoz, C. (1956); España, un enigma histórico. Pág 420-423 do Vol 1º da 2ª Edição.
 Valladares, M (1970): Elementos de Gramática gallega. Galáxia. Fundación Penzol. Vigo.
VV.AA (1996): Las religiones en la história de Galicia in SEMATA Ciencias Sociais e Humanidades 7-8 Ed. Garcia Quintela, Marco V. Universidade de Compostela
 Wright, R. (1991): “La enseñanza de la ortografía en la Galicia de hace mil anos”. Verba, 18.

11 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante, Barbosa, como o resto dos teus artigos neste teu blogue. Porém, haveria que ter em conta o alcance da teoria da filiação proto-galega do castelám. De ser verificada e divulgada, ou de ser considerada como plausível, os inimigos do galego teriam um argumento muito reintegracionista: o idioma castelhano moderno seria uma evoluição e concretização das falas galegas, com o qual mais do que aceitarmos, os galegos, o padrão português como registo formal, deveriamos abraçar o espanhol. Aí deveria então entrar, na nossa defesa, o argumento “pan-céltico“, as teorias do berce galego dos celtas. Mas estas teorias duvido que venham a se concretizar, até porque mais do que do berce atlântico, os seus argumentos, mormente baseados nas pescudas da genética do DNA, apontam para um berce basconço. E aí o argumento do castelhano como “culminação“ do galego, colheria novos folgos, pois é claro que tem um forte substrato / adstrato basco. Ou seja, teriam-nos bem agharrados por ...

Por isso penso que ao tempo que profundamos nesses “elos“ “celtigo“ e “lusófono“ cumpre trabalhar onde o galego seja claramente distinguível do castelhano, dentro do marco peninsular. E isso sei-que suporá indiretamente marcar algumas distancias com o português, a partir daquelo de antigo e exclusivo que tivermos.

Não sei se será uma parvada o que vou dizer agora, mas haveria que desvencelhar-se dos asturianistas (não sei se assim é que se chamam) e dos aragonesistas, e aproximar-se dos blaveros. Ou seja, preconizar uma Espanha na que apenas possam ser excluidos os catalães (sem os valencianos) os bascos ... e os galegos. Do mesmo jeito que Portugal não vai apoiar o independentismo galego, para já não falar do irredentismo reintegracionista, os galeguistas deveriam “apoiar“ o espanholismo fóra das fronteiras galegas, bascas e catalãs. Até o ponto de deverem contemplar o abandono de proclamas irredentistas na “Galiza exterior“. Isto pode ser considerado uma vileza, mas no futuro penso que seria uma carta a jogar, porque sem oferecer garantias ao estado espanhol de que não vai derrocar por completo poderia se-produzir uma reação espanholista contra os galegos, esgremindo os medos dos excessos cantonalistas ...


Continuarei a te ler, bem feito!

teixugo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
teixugo disse...

les homélies (predicar que era onde se ganhava o dinheiro, muito importante- a parte folcklorica da missa ficou em latim até fai pouco) ne seront plus prononcées en latin mais en « rusticam Romanam linguam aut Theodiscam, quo facilius cuncti possint intellegere quae dicuntur », c’est-à-dire dans la « langue rustique romaine » (« langue romane de la campagne », forme de proto-roman ou dans la « langue tudesque » (germanique), afin que tous puissent plus facilement comprendre ce qui est dit.
Este documento é válido para todos os territórios onde se falava latím. Se não temos documentos em galego da época, imaginamos.
http://fr.wikipedia.org/wiki/Concile_de_Tours_(813)

José Manuel Barbosa disse...

Caro anónimo, não acredito em que os defensores do castelhanismo argumentem que o castelhano é um dialeto do galego. Seria muito baixar a orelha para eles. Lembra que Carvalho Calero, Rodrigues Lapa e Cosériu dizem que tanto o astur-leonês (dentro do qual achamos o castelhano) como o galego-português são variantes do galaico, não do galego. Por outra parte o português e o espanhol a dia de hoje são o suficientemente distantes como para não temer o que comentas, a não ser que as derivas históricas levem caminhos que nem nos imaginamos hoje. Evidentemente o galego para mim é uma forma de português, por isso e pelo conceito reintegracionista que tenho da língua acho que o galego está bem protegido dentro do seio do português ou galego-português.

José Manuel Barbosa disse...

Outra cousa é que identifiquemos o galaico como um galego arcaico e mais parecido ao nosso português de hoje do que ao castelhano. É portanto o castelhano o que é língua elaborada a partir dum momento histórico de construção nacional castelhana longe do Gallaeciense Regnum ao qual pertenceu Castela quase desde as origens. Se se reconhecer essa realidade histórica, Castela perderia todo o "glamour" que a sua historiografia umbigocêntrica criou no transcurso dos séculos e com ela o seu prestígio imperial e a ideia duma Espanha castelhana tal qual a percebemos hoje.

José Manuel Barbosa disse...

E a respeito da origem basca do mundo celta dizer que isso não se sustém em absoluto. Os povos que habitavam o atual Pais Basco e tempos proto-históricos eram continuação dos povos que habitavam a atual Galiza, Norte de Portugal, Astúrias e mesmo Cantábria. Os bascos chegaram em épocas já históricas e basconizaram (daí "vascongadas", quer dizer: "basconizadas") os territórios Autrigões, Vardulos e Carissios.
Não há muito que dizer a respeito da suposta expansão céltica desde o Pais Basco. Se foram para as Ilhas Britânicas como é que não há o mais mínimo topónimo, antropónimo, teónimo nem mais ...ónimos bascos em irlanda ou a Grã-Bretanha? Os bascos eram mudos?. Não caro, os bascos são um povo com material genêtico parente dos atuais argelinos e outros norteafricanos não árabes (berberes, amazigs, etc...) ainda com substrato céltico porque antes de chegarem havia celtas...os mesmos em costumes, língua, tradições que habitavam o nosso País. Já o diziam os clássicos identificando toda a costa peninsular desde os lusitanos até o país dos Aquitanos. Os bascos chegaram no século V, em época sueva e visigótica ao atual País Basco provenientes de zonas pirenáicas mais orientais da península e da Gália.

Anónimo disse...

Caro Barbosa, ainda que a “filiação galaica“ do castelám seja demasiado sapo a tragar para o espanholismo e as distancias e identidades próprias entre castelám e português estejam bem assentes, como bem apontas, o problema é que a grande maioria dos galegos não estabelece essa identidade galego-portuguesa. Por isso falava eu do risco de apontares para a identidade do “galego antigo“ (ou galaico, para melhor falar) com o castelám antigo, porque desde que o galego não se sinte parte do conjunto lusófono (esta é a triste realidade), a proximidade com o castelám (e ulteriormente a sua identidade) é uma arma ao alcance do espanholismo. É o argumento reintegracionista, mas desta vez no seio do espanhol, língua bem própria para todos os galegos (mesmo para os lusistas mais radicais). A perda de “glamour histórico de origem“ não apagaria as ulteriores sucessos dos casteláns e da sua língua. Hoje vemos como há uns poucos portugueses que reconhecem a origem galega do português, mas sem deixarem de ser apaixoadamente “portuguesistas“ e se oporem ao lusismo galego radical. O mesmo poderia passar no campo dos espanholistas. O galego seria um dialeto arcaico, mesmo que for o originário, do “espanhol universal“, o qual passaria a ser legitimamente proclamado como próprio dos galegos, como um abrolho "natural" daquele.



Finalmente, falar dos bascos como povo chegado no século V, negando as evidências que os colocam como um povo muito mais antigo (o mais antigo da Velha Europa) e ignorar os recentes achádegos genêticos que apontam à sua filiação com os antigos irlandeses e britânicos, parece-me, simplesmente, pouco sólido.

Anónimo disse...

Para concluir: Mais do que falar dos galegos como o berce da Europa Atlântica, cuido que deveriades falar dos galegos como parte dessa Europa Atlântica. A mim tanto me tem que a nossa terra tenha sido o berce dessa civilização. O que me interessa é que SEJAMOS PARTE INTEGRAL dela. O que conta e o desvencelharmo-nos do embiguismo peninsular e castelanista, não crearmos uma imagem de pureza originâria, na imagem do mito nacional espanhol castelanista.



Saúde.

José Manuel Barbosa disse...

Os bascos chegam ao atual Pais Basco no século V. Isso está registado documentalmente e não há muito que discrepar do assunto... Outra cousa é que seja um povo muito antigo...mas em outro lugar diferente do atual País Basco (como se não fossem antigos os demais povos. O nosso leva mais de 30.000 anos residindo no NW da península...)

Se falarmos da população atual do País Basco...a atual, é que tem substrato céltico e superestrato vascão. Isso é o que quis dizer.
Distingo o povo vascão histórico, povo pirenaico chegado aos atuais territórios da atual CAV no século V quando os movimentos étnicos de suevos e visigodos, e outra cousa é o povo basco de hoje, mescla de povos celtas pré-romanos e vascões após-romanos.
O de ser o povo "mais velho" da Europa nada tem a ver com habitar os territórios de Antisios, Vardulos e Carísios a partir do século V.
Com isso quero dizer que os povos celtas não são vascões nem os vascões celtas. Só que se miscigenaram aos começos da Idade Média num mesmo território. Assim não foram definitivamente vascões quem viajaram às Ilhas, mas celtas do Norte da península.

José Manuel Barbosa disse...

A respeito da "identificação" com o castelhano...acho que são eles os que não querem nada com "pobres". Eles não reconhecerão nunca, nem vão reconhecer as origens galaico-orientais da sua atual língua elaborada a partir do século XIII-XIV. Se eles reconheceram isso iam ter de aceitar todo paradigma galeguista que os ia deixar de faltos de protagonismo na história da península. Se é algo que vêm ocultando e manipulando desde que conseguiram o poder na península...por algo será.

José Manuel Barbosa disse...

E a nós não nos faz mal arguir que o castelhano é uma forma de galaico. Primeiro que é pôr as cousas no seu lugar e segundo que são eles quem perdem históricamente. O medo neste caso é infundado...é como ter medo de pensar que o galego se "dilua" no português por parte dos que defendem a norma RAG.

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