Por José Manuel Barbosa
A interdisciplinariedade é um elemento interessante a ter em conta em todo o momento, mas ainda é muito mais ao tratarmos sobre assuntos da língua, tanto da sua história, como do seu lugar dentro da família românica ou em relação ao seu Córpus.
Muitos de nós (por evitar-me o radicalismo de dizer «Todos nós») estamos fartos de saber quantas as incoerências, quantas as irregularidades e faltas de lógica há nas normas RAG. Todas e todos, cada um desde o seu âmbito científico e/ou laboral, poderíamos acrescentar uma grande bateria de argumentos que deitariam por terra uma grande quantidade de formas normativas usadas pelos média galegos, pela administração, pelos lideres políticos e ainda pela gente do comum contaminada por esse engendro populista que faz acreditar a muitos na existência em Galiza duma língua «de seu» tão original e isolada como o éuscaro. Como se isso fosse o «non plus ultra» do mundo da linguística, da filologia e da reivindicação da singularidade dos povos.
Muitos de nós (por evitar-me o radicalismo de dizer «Todos nós») estamos fartos de saber quantas as incoerências, quantas as irregularidades e faltas de lógica há nas normas RAG. Todas e todos, cada um desde o seu âmbito científico e/ou laboral, poderíamos acrescentar uma grande bateria de argumentos que deitariam por terra uma grande quantidade de formas normativas usadas pelos média galegos, pela administração, pelos lideres políticos e ainda pela gente do comum contaminada por esse engendro populista que faz acreditar a muitos na existência em Galiza duma língua «de seu» tão original e isolada como o éuscaro. Como se isso fosse o «non plus ultra» do mundo da linguística, da filologia e da reivindicação da singularidade dos povos.
Todos conhecemos as «originalidades» da norma RAG quando nos propõe construções léxicas como «Esoxeno» ou «Osíxeno» tão habituais nos livros de texto dos nossos alunos de física ou química (1), contando com que os rapazes e as raparigas de primária e secundária não conheçam o facto da importância que tem a etimologia para o léxico científico, como nos tem comentado tanto o nosso amigo e companheiro Carlos Garrido.
Uma língua que opta por formas como «Esoxeno» e «Osixeno» não é uma língua que possa servir para transmitir conhecimentos científicos porque deturpa a comunicação. E é que essa filosofia linguística é uma dessas típicas teorias científicas (por chamar-lhe algo) que uma vez expostas, exprimidas, fracassadas e superadas não podem nem devem ser lembradas nunca mais na história se não é como exemplo do absurdo para as gerações futuras.
Lembro, com isto que vos conto, o que lhe aconteceu a um amigo a quem uma conhecida editora isolacionista lhe ofereceu fazer um livro de contos infantis com aproximadamente cem mil palavras por 3.000 Euros. O meu amigo, respondeu numa humilde comunicação telefónica com o responsável que não podia aceitar esse trabalho porque no galego RAG não havia cem mil palavras.
A minha atividade laboral diária envolve-se no ensino relativo à matéria que chamamos Educação Física, e isto, ainda que não pareça, também tem pensamento e teoria científica, com uma nomenclatura determinada, com conceitos claros e concisos, hipóteses, pensamento e filosofia. Essa que tão difícil é de exprimir e que tanta dor de cabeça faz ter a quem se atreve a penetrar nela. Conceitos como o de «Adestrar» ou «Treinar» vêm-se-me facilmente à minha cabeça e à minha boca quando tenho de comunicar com os meus alunos. E difícil é, porque adequar a minha fala espontânea a uma realidade normativa imposta de forma absurda (e sabê-lo!) faz-se habitualmente difícil até o extremo de ver como se movem os fios ocultos quando se me escapa algum «lusismo».
Quando Tério Carrera ou Manolo Pampín, e sobre tudo os seus assessores linguísticos (de os haver) dizem que Arsénio Iglésias, David Vidal ou Fernando Vázquez são «adestradores» seguramente não conhecem que para os teóricos da Educação Física, «adestrar» implica só desenvolvimento motor. Algo que não é coerente com a ideia de preparação para o desporto de competição que precisa de técnicas, tácticas, estratégias, que a sua vez implicam uma planificação, inteligência na ação que tenta poupar esforços e conseguir com isso o maior e mais vantajoso sucesso a respeito do concorrente.
«Adestrar» é simplesmente trabalhar a parte mecânica de tal forma que o ser humano necessita outra forma de preparação para a competição. Assim em francês usa-se a palavra «entraîner», em inglês «to train», em espanhol «entrenar» e no resto do nosso domínio linguístico «treinar». Esta forma deriva do latim popular TRAGINARE derivado à sua vez de TRAGERE como alteração de TRAHERE (levar de un lugar afastado a outro mais próximo).
É uma forma léxica que denota e implica uma preparação racional e planificada com a finalidade de conseguir um objectivo mercê a uma preparação prévia e uma educação do desportista mediante uma metodologia com importantes elementos pedagógicos e portanto exclusivamente humanos. Por outra parte «adestrar» vem de AD DEXTRARE, quer dizer, fazer destro, hábil, com conotações puramente mecânicas e motoras.
O treinamento implica aspectos qualitativos enquanto o adestramento só quantitativos, mecanicistas, parciais e limitados ao aspecto físico.
Evidentemente a comunicação dos comentaristas da TVG vai destinada majoritariamente para gente formada, informada ou desinformada em qualquer cousa exceto na teoria da Educação Física... mas os que sim estão ou estamos minimamente formados e somos professores devemos por imperativo legal seguir as normas RAG. E em caso de discrepância aplicar-se-ia primeiramente o artigo primeiro do regulamento não escrito do ensino: «A norma RAG sempre tem a razão», para em caso de vir à cabeça algo de filosofia e portanto de discrepância, imediatamente aplicar o artigo segundo: «A norma RAG não se discute».
Digo-vo-lo eu que o sei...
Nota:
1. «Eso-xeno» viria significar seguindo a etimologia algo assim como «estrangeiro de dentro» onde Eso=adentro e Xeno=estrangeiro. Quando se for escrita à forma portuguesa, espanhola, francesa, inglesa, etc... «Exogeno», significaria «originado fora»: Exo=fora, Genos=origem.
2 comentários:
En italiano ossigeno é con s, e se dan aulas de ciencia en italiano. Se a funzón dos reintegracionistas é restar prestixio ao galego , non quero selo. O Sr. Cagigal en qué fala? Digo para saber cal é a vosa lingua-modelo. Obrigado
O italiano (o toscano) tem a sua própria história em qualquer caso sem interferências que o fizeram passar por momentos de diglóssia. No caso galego sim há. O italiano é uma língua ordenada e etimológica segundo os seus próprios critérios evolutivos. O galego afastou a sua deriva histórica e obviou o seu relacionamento com a sua etimologia histórica por razões de contato com o castelhano com o que teve e tem uma relação de LINGUA A/Lingua b. A lógica normativa do galego RAG é um decalque do castelhano, não seguindo os critérios próprios que ela mesma desenhou durante a sua etapa de formação e que conservam as falas de outros países de fala galego-portuguesa. A função do reintegracionismo é evitar entre outras cousas que o prestígio que a nossa língua teve no seu tempo e que têm ainda hoje as suas variantes lusitana e brasileira se veja abortado na Galiza pela política linguística na que nos mexemos e para a qual se desenhou a norma RAG a qual sim desloze a nossa língua do ponto de vista da ciência Romanistica, da Hispanistica e da Galeguistica histórica com as suas incoerência anti-históricas, anti-etimológicas e contrárias a toda solução também do ponto de vista socio-linguístico. Não se critica uma língua, critica-se uma normativa, o qual é diferente. Por pôr em crítica uma norma não se põe em questão uma língua como parece que Vc. quer comunicar querendo relacionar erradamente língua e norma como se forem a mesma cousa.
Por outra parte, José María Cagigal era nascido em Bilbao com algum dos seus antepassados proveniente de Catalunha. Ele era Doutor em Educação Física o qual, para determinar termos, defini-los, diferenciá-los e dar-lhes a exatidão necessárias para criar uma filosofia científica aplicada à E.F. nas suas comunicações necessitava a etimologia...como qualquer cientista, for do ramo que for.
Do ponto de vista do modelo de língua pelo que Vc pergunta, dizer que o modelo do reintegracionismo não é o modelo basco nem modelo catalão se é que a Vc se lhe vai ocorrer relacionar o lugar de nascimento do Professor Cagigal com qualquer pensamento político-linguístico. O nosso modelo é o flamengo e o moldavo. O modelo RAG é o Servo-Croata de quebra da mesma língua em duas (sérvio e croata) por razões absurdas e de todos, infelizmente conhecidas.
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