Atribui-se
ao liberalismo o axioma que diz “o capital não tem pátria” mas há vezes
em que tenho muitas dúvidas disso. O que fez crescer o mundo ocidental
desde o século XV foi, com certeza, a liberdade económica e aproveitar
tudo aquilo que tivesse valor para fazer prosperar os povos e as
pessoas, mas...
Perguntar-se-á o leitor... e a que vem esta reflexão?
Dir-vos-ei:
Quando uma pessoa que se diz de pensamento liberal e se acredita inteligente, tem a pouca vergonha de dizer que a existência de quatro línguas no senado é motivo de preocupação pelo gasto económico e porque estamos numa crise importante que nos pode levar à falência, acabo perguntando-me se o pessoal está neste mundo por ver passar as horas o é que acredita na quadratura do círculo.
Conta-se-nos que o galeguismo é ideologia. O estado neutro e ideal por desprovido de carga ideológica é viver em castelhano. O galeguismo é de pailães ou de “bloqueiros” ou no melhor dos casos de “culturetas” que professam o “freakismo” militante. Isso é como nos educam os poderes neste nosso País. Há gente “inteligente” que assume esse pensamento com toda a inchação de peito e com toda a vaidade de quem se pensa na posse da verdade absoluta revelada pelas mais altas instâncias celestiais. A essa gente parece não poder-se-lhe levar a contrária porque acabam qualificando a um de qualquer cousa menos de bonito. Isto não ajuda muito ao debate porque acabamos o assunto de tal jeito que é um que contradiz o que é o radical ou anormal e não ao invés.
O mais surpreendente para mim é que esse estúpido pensamento é defendido muitas vezes, não por pessoal humilde e iletrado (que também! dito seja de passagem) mas por gente que passou pela universidade, tem uma boa cultura aparente e se mexe pelo mundo com certa agilidade. É essa gente que diz que lhe impõem o galego cantando como ararás o mantra repetido até o cansaço pelo cavernarismo filomadrileno.
Como é que não temos consciência de que qualquer língua é mais um recurso económico? Uma língua é em muitos casos uma variável das diferenças salariais e sociais, pode ser base para o comércio e a transação dentro duma região pequena ou mesmo entre países afastados por oceanos. A língua, toda língua, é uma industria e como tal contribui ao PIB dum país por muito pouco que seja e por muito pequena que seja a língua, mas sempre gera riqueza.
As línguas geram milhões de euros e milhões de postos de trabalho. Se essas línguas são línguas francas ou usadas em vários países, esses milhões podem se multiplicar, como também os seus PIBs e o número de postos de trabalho gerado por elas.
Se nos dermos uma volta pelas utilidades duma língua veremos que as possibilidades são infinitas porque desde o ensino que é um traspasso de informação, em princípio básica, mas com o tempo acaba tornando-se científica, técnica, económica, jurídica, política, psicológica, jornalística, etc... passando pela utilidade para as empresas de correios, telecomunicações com o seu mundo informático tão presente na vida do ser humano hoje, a publicidade, recursos de empresa, finanças, matérias primas, espírito empreendedor, turismo (gente que vem para apreender o idioma...), cultura e património, negócios, peso político internacional... Tudo isto são só algumas das muitas possibilidades que se me ocorrem para uma língua.
Algumas línguas são transmissoras mesmo de cultura ideológica, como o russo (Lenine, Bakunin, Kropotkin...), ou o castelhano (autores cubanos, nicaraguanos ou venezuelanos ...), língua da ciência (os matemáticos russos dão aulas aos chineses porque a língua chinesa tem limitações ao respeito...), língua franca (dos países ex-soviéticos entre eles), língua de negócios como o português (Petrobrás...), inglês (Ford...), castelhano (Repsol...), francês (Citröen...), alemão (Volkswagen...), etc...
Repare o leitor que qualquer língua pode gerar riqueza em todo o caso. Qualquer uma. Grande ou pequena, cada uma em função do seu valor nacional e/ou internacional sempre ela terá um forte conteúdo económico. A comunicação linguística é um mercado e ainda um formador de mercados de bens e serviços salientando no mundo de hoje a publicidade, tanto a informativa como a persuasiva. As línguas influem nos custos de produção das empresas gerando custos de informação e influindo de forma determinante na demanda dos produtos de consumo e nos próprios preços dum produto.
Tudo partindo da ideia de que uma língua não tem custos de produção já que ela é criada através dos séculos e durante a história pelo povo que não investe dinheiro na sua conformação; os seus recursos são inesgotáveis como o mar, o oxigénio e não pertence a nenhum magnate poderoso nem a grupos de pressão ou de contestação. A língua valoriza-se mais quantos mais utentes tem, daí o bom investimento que supõe qualquer processo de normalização e multiplicação dos seus falantes. Aliás é um bem que não se pode nacionalizar porque já está nacionalizada e é impossível privatizá-la pois a sua função é permitir a comunicação entre as pessoas e reduzir por isso os custos de qualquer transação, daí também a bondade do plurilinguísmo contrário à ideia monolinguísta da Espanha castelhana, tanto interiormente como exteriormente.
Tudo partindo da ideia de que uma língua não tem custos de produção já que ela é criada através dos séculos e durante a história pelo povo que não investe dinheiro na sua conformação; os seus recursos são inesgotáveis como o mar, o oxigénio e não pertence a nenhum magnate poderoso nem a grupos de pressão ou de contestação. A língua valoriza-se mais quantos mais utentes tem, daí o bom investimento que supõe qualquer processo de normalização e multiplicação dos seus falantes. Aliás é um bem que não se pode nacionalizar porque já está nacionalizada e é impossível privatizá-la pois a sua função é permitir a comunicação entre as pessoas e reduzir por isso os custos de qualquer transação, daí também a bondade do plurilinguísmo contrário à ideia monolinguísta da Espanha castelhana, tanto interiormente como exteriormente.
E o melhor de tudo isto do que falamos é que os galegos temos uma variante linguística reconhecida por todos os linguistas -menos os pagados pela “Xunta”-, como uma variante duma das línguas mais sucedidas da humanidade. A quinta em número de falantes, a terceira europeia e a segunda latina, com um país de referência como o Brasil como potência emergente e de futuro. Essa língua nasceu no nosso País e foi levada pelo mundo nas descobertas portuguesas. Rechaçar, odiar ou simplesmente não querê-la é tão absurdo como rechaçar o pão em horas de fome ou a água no deserto. Simplesmente absurdo. Esta nossa língua que nós conhecemos com o nome de galego e no mundo é conhecida como português gera o 17 ou o 18% do PIB de Portugal, entre o 13 e o 17% do PIB do Brasil em alça e o 3% do PIB mundial.
É essa “Xunta de Galicia” governada quase eternamente por um mesmo poder político desde há mais de 30 anos a que leva à morte a língua dos galegos com uma política linguística "elaboracionista" e quase monolítica desde os anos 80, que tem como resultado a progressiva extinção da nossa língua seguindo uma metodologia etapista e letal cada vez que o povo galego introduz um papel de voto favorável ao "statu quo". Esse poder político retroalimentado com a ignorância e a ignomínia faz que se perpetue o problema e a necrose “ad eternum” para completar a solução final por eles desejada.
Se eu acreditasse que o poder galego existente desde 1981 fosse bem intencionado e com um perfil liberal como é o que vende, pensaria que como o capital não tem pátria existiria a possibilidade de ver como a nossa língua teria futuro e o nosso povo também, beneficiado pela condição de língua extensa e útil. Mas o facto de que estejam dispostos a tratar a língua dos galegos como a tratam, dá-me a pensar que estão a deitar pela janela milhões e milhões de euros, muitíssimos postos de trabalho e muitíssimas hipóteses de criação de empresas e de negócios; dá-me que pensar que o seu intervencionismo e a sua irresponsabilidade não fazem esse poder galego um poder liberal que pense na criação de riqueza, por isso ou é que não são muito inteligentes, hipótese na que não acredito, ou é que a perfídia malvada com a que nos tiram a vida, a dignidade, a prosperidade e nos fazem passar por parvos no-los revela como autênticos lobos com pele de ovelha e depredadores que sim têm claro qual a sua pátria e qual a nossa. Em todo caso pátrias diferentes ainda que nos façam pensar que é a mesma. Porque...vamo-nos parar a pensar: Só a um ignorante se lhe ocorreria dizer que investir dinheiro na nossa língua é um gasto; só a um férrido e duro se lhe ocorreria desvalorizá-la; só a um imbecil e obscuro se lhe ocorreria levar uma política linguística que derivasse na desaparição duma fonte de riqueza tão absoluta e só se lhe ocorreria queixar-se de que lhe impõem o galego a um que não entende, não.
Por todo isto e por muito mais acredito em que para eles o capital sim tem pátria...e essa pátria parece não ser a nossa.
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