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Entrevista realizada por David Oteiro:
6 – Acho que o sonho de qualquer historiador ou arqueólogo seria poder viajar ao passado ou falar com a ânima dum celta ou de um druida da Idade do Ferro. A olhos da ciência materialista pode parecer impossível. Faz umas décadas, o psiquiatra Edmoond Moody publicou uma obra de muito impato, sobre as suas investigações em relação ás Experiências Próximas a Morte. Desde aquela chegaram muitas vozes desde a ciência que diziam que a consciência sobreviverá à morte física do corpo. De ser assim, o mundo dos espíritos seria uma realidade. Tens contacto com o Além? Com as almas dos nossos devanceiros celtas?
R – Essas comunicações são, como disseste o sonho deste ou daquele, mesmo de todos. Quem não quer ir, desde que tenha a certeza de voltar, para conhecer o outro lado?
A verdade, como os nossos devanceiros sempre disseram, todos aqueles que conseguiram penetrar num Sidh regressaram mudos. Assim foi dito e reconhecido através dos tempos. E, depois há o tempo…como sabes um simples minuto dentro de um Sidh, corresponde a séculos no tempo dos homens não-celtas, pelo que aquele que regressa, não conhecerá o mundo que o cerca e não terá qualquer tipo de comunicação, nem será aceite como “normal” e por isso digno de crédito. Eu não vejo nada, apenas sinto.
Há uns tempos estive em coma e não tenho qualquer recordação donde estive. Nada. Nem luz, nem túnel. Contudo, numa das minhas experiências, por vezes pouco desejadas, perdi os sentidos, segundo disse a pessoa que estava comigo, por cerca de um minuto, tão pouco que ela não conseguiu reagir, pensando o pior, e aí sim houve algo que me ficou na memória. A minha vida desenrolou-se quase toda, a velocidade super impossível, diante de mim e eu recordava muita coisa, depois de despertar.
Tenho encontrado algumas coisas doutros tempos, assim como tomado conhecimento da existência de lugares sagrados através da percepção, mas mais não te posso dizer. Neste campo, uma coisa é certa, quando encontro ou me apercebo de qualquer existência, calo-a muito bem calado, pois não quero que seja invadida de qualquer maneira.
Os meus contactos vêem das orações e das meditações junto dos Carvalhos e Teixos, em Nemetons ou não, aprendo nesses momentos o que me querem ensinar. Não peço mais do que me dão e estou agradecido pelo muito que tenho recebido, tentando utilizá-lo em prol dos outros, conforme sempre me foi dito.
7 – Acredita na reencarnação?
R – Plenamente! Não pelo que pregam religiões e filosofias, mas por acreditar naturalmente. Tal qual sei que, se deixar de respirar, não posso viver. Aliás tenho tido provas irrefutáveis da sua existência, mas deixo-as onde estão, pois seria demasiado longo para abordar numa entrevista, em que já abusei de início, roubando tempo ao eventual leitor.
8 – Há quem opina que os monumentos megalíticos, os petróglifos e os santuários celtas foram “fundados” em determinados pontos pela existência de certas forças energéticas no lugar. Existem incluso pessoas que praticam a chamada “arqueologia psíquica” entre elas o arqueólogo galego Pablo Novoa, que descobriu centos de petróglifos na Galiza acompanhado pelo psíquico José Sanroman. Também os santuários celtas tem essa energia? Sabes porquê? Podes sentir?
R – Sim, estou convencido disso, pois não fizeram nada ao acaso. O estudo da localização das linhas de água em relação à implantação dos menires são prova disso. Os montes, os cursos de água, as grutas, têm a sua energia própria e há lugares, onde essa energia é muito forte. Assim eram escolhidos. O homem dessa altura era muito mais atento à Natureza e, por isso a sabia sentir e entender. O homem de hoje está distraído e, quando começa a estar atento, logo aparecerá um grupo que lhes desvia a atenção para outro lado…
Sendo o homem energia, ao escolher o lugar onde situar o seu santuário vai-se preocupar com ela. Depois durante séculos praticando os seus ritos, as suas preces, fazendo sacrifícios, está naturalmente carregando o lugar de energia poderosa que ali permanecerá. Certa vez, passeando por Barcelona, entrei numa praça para onde dava uma igreja. Senti-me tão mal que quase perdi o conhecimento. Vomitei, a cabeça latejava e a dor que sentia era tão poderosa que julguei que a alma me rebentava dentro do corpo. Sentei-me na borda do passeio, com um amigo ajoelhado na minha frente tomado de pânico, sem saber o que me fazer. Aproximou-se uma senhora de idade a perguntar que se passava. Contei-lhe. Indagou de onde era e eu disse que Galego. Ela apontou com a bengala para a fachada do templo e contou que aqueles buracos na parede eram de balas, as balas dos muitos fuzilamentos que ali se fizeram durante a guerra civil e que os tinha presenciado de miúda. Entendia-me e voltei a ouvir dizer que tinha o corpo aberto, para espanto do meu amigo que só se interessa pela arquitectura e não entende os porquês de nada. Isto para explicar como os lugares ficam impregnados de energias boas ou más, mas energias.
E sim, posso-as sentir perfeitamente
9 – Faz ritos nos santuários celtas? Acreditas que as intervenções arqueológicas nestes lugares são uma “profanação”? O quê é que achas sobre a turistificação destes lugares?
R – Quando me encontro num, oro. Peço para que a Grande Mãe, a senhora dos Mil Nomes e todos os nossos deuses, iluminem esta civilização onde nascemos, para que se volte para a Terra e o Universo. As grandes mudanças a que estamos sujeitos, por nos termos desviado da espiritualidade necessária ao homem com o ar que respira e mergulhado no mais desregrado materialismo. É como se tivéssemos sido sugados por este vórtice, quando na realidade a nossa verdadeira força, a nossa origem, o nosso meio, a nossa finalidade é a força do espírito.
Ofereço, nesta minhas orações, paus secos representando a morte e a água do renascimento.
A arqueologia ajuda a descobrir as memórias que têm de ser preservadas quando intervém conscienciosamente, não tem qualquer negatividade. Mas a invasão dos turistas, descarregados de camionetas, fuzilando os próprios familiares contra as mais vetustas e sagradas “pedras”, como chamam aos monumentos megalíticos, com as suas máquinas fotográficas, isso sim é sacrilégio. Aliás nem sabem nada do que estão a ver. E, depois, sujam tudo, como noutro dia vi quando viajei ao Alentejo. Uma mulher a meter as fraldas do filho debaixo de uma anta, um rapaz aos chutos a uma lata de coca-cola, etc., etc., etc. Claro que não me calei. Mas não entenderam dem o que lhes disse. Foi, mais ou menos isto:
- Agradecemos estas oferendas que estais a fazer neste lugar sacro, mas como já temos muitas e os nossos deuses estão saciados, levai-as para casa e ofertai-as aos vossos Lares. Não entendem? Pois pegai no lixo e espalhai-o nas vossas casas, nas salas, nas camas, onde vos der a real gana. Aqui não.
Por isso, como sabes, há lugares que não devem ser divulgados. Devem ser deixados no seu “abandono” de séculos, para que possam manter o seu poder que darão àqueles que o merecerem.
10 – Faz pouco tempo falamos dos teus magníficos quadros. Muita gente pode pensar que é “arte” mas na verdade são mensagens. As mensagens que apresentas nos teus quadros recordam-me muito as visões que Carl Jung plasmou no Liber Novus ou Livro Vermelho. O livro permaneceu oculto a petiçao sua até faz pouco. Sabemos agora que Jung passou por uma crise psicoespiritual do tipo xamânico, foi nesse período da sua vida quando ele tem as visões. Ele falou da existência de arquétipos do inconsciente colectivo. Achas que as pinturas das covas do paleolítico superior, mesmo as dos xamãs San como os que entraches em contacto, alguns petróglifos galegos ou muitas outras manifestações deste tipo provêm de outras realidades, outros mundos?
R – Gosto do Magníficos. Obrigado. Ahahahaha!
Também são arte, mas são mensagens que recebo. Nunca tinha tornado esta situação pública, nem mesmo quando em exposições me perguntam o que quero dizer. Pode parecer mal esta minha atitude, mas as pessoas que vão às inaugurações, vão para se verem umas às outras e beber uns copos enquanto falam, falam, falam, acabando por não dizer nada. Noutras alturas, com outras pessoas, explico, na medida do possível.
Quando começo um quadro é como se saísse do meu corpo e deixo-me guiar. Aparecem as ideias, as cores, no caso disso, o motivo. Por vezes decido fazer uma série, como foi o caso dos petróglifos para uma exposição em Vila Nova de Cerveira. Pensava tentar atingir a razão, o motivo, porque foram feitos, colocar-me na mesma onda. Assim, com a ajuda dos petróglifos de Noia e de muitos outros comecei a trabalhar a série. O resultado foi bom. Tive, durante a pintura muitas horas de meditação, que muito bem me fizeram. Talvez tenha chegado a uma conclusão, a minha, não a deles possivelmente, eu estive a dizer algo que não me era totalmente claro, mas compreensível. Os espectadores e compradores, penso que disfrutaram de algo mais legível, como as cores, o movimento, o equilíbrio, etc.
Os quadros desenhados a preto e branco, nasceram na guerra da impossibilidade de ter cores por não existirem nas florestas ou nas grandes planícies, cores compráveis. De todos os modos não precisava de me exprimir em cor, seria um sacrilégio, quando a Natureza te oferece de mão beijada o espectáculo mais feérico que se pode imaginar. E limpo da pesada mão do “Homem Civilizado”, capaz de transformar tudo em cinzento, triste e deprimente.
Desenhava para distrair o pensamento da violência e da revolta de fazer o que mais odiava e a que era obrigado. Para fazer passar para a caverna mais profunda do meu ser aquela frase que nos foi ensinada e não tem sentido: - Mata, para não seres morto!
No regresso fiz a minha primeira exposição no Porto, apadrinhado pelo grande pintor aguarelista Carlos Carneiro, de quem me tinha tornado grande amigo. Foi no ano de 1970, um ano depois do meu regresso. Todo o meu trabalho de Angola ficara dentro da mala roubada. Era tudo novo. Foi um sucesso, não tenho a menor das modéstias e as falsas estão totalmente fora do meu estilo de vida, e também a altura em que me fizeram a pergunta pela primeira vez:
- Tu drogas-te?
Mesmo hoje não acreditam que eu possa fazer estes quadros, que faço de quando em vez, sem a ajuda de qualquer droga psicodélica. Não! Não me drogo, pois se o fizesse cortavam-me a inspiração. Nem drogas nem álcool. Incapacitam-me.
O “Liber Novus” do Carl Jung, que foi muito mais inteligente do que eu aqui na entrevista, (Ahahahaha!) deixando-o no segredo mesmo depois da sua morte, tomei conhecimento dele apenas há dois anos. Fascinou-me. Mas antes, muito antes, aí pelos dezasseis, estava deslumbrado com o Félicien Rops, o Alfred Kubin, o Gustave Doré, o Échère, Odilon Redon, as gravuras de Goya, o Edvard Munch, Henry de Grous e o James Ensor. Ah! E o Honoré Daumier. Esta longa lista tem, apenas, razão de ser, para aqueles que quiserem observar-me mais profundamente. Desde essa época que vou fazendo umas épocas de isolamento para me encher de todas as interrogações possíveis. Houve até uma altura que a minha mãe achou por bem mandar-me a um psiquiatra, pois achava que não podia lidar muito bem comigo e a conselho de uns curas do colégio de Trancoso, onde andei, e que tinham o mesmo problema…
Eu tenho a certeza de que os meus desenhos, e algumas das pinturas, sim, chegam-me do “outro lado”, mas não posso falar disto com ninguém, a não ser contigo, que já nem sabes como apareci. Ahahaha!
11 – Os xamãs assim como certos místicos e sacerdotes de todos os tempos e de todos os povos falam de viagens pelo mais alá durante o transe extático. Falam de distintos mundos, falam também de portas que a nossa alma pode atravessar. Es capaz de fazer esse tipo de viagens? Os mundos que visitas tenhem a ver com as antigas crenças celtas, os velhos deuses ou o mundo do Sidh?
R – As Portas fascinam-me. Tenho um quadro a que dei o nome de “Sete Portas”, que faz parte dos “Seis Avisos” e que mostrei uma vez, mas nem sequer estão à venda. Sou curioso por natureza e ver, saber, o que está do outro lado é um desejo incontrolável. Acho que as Portas existem para me dar a possibilidade da escolha do caminho, ou caminhos a explorar. Ora numa viagem tenho a possibilidade de abrir essas defesas e tomar contacto com mundos que me estão vedados no dia-a-dia. Mas nem sempre é como quero, melhor dito, pretendo. Muitas vezes sou empurrado para trás. Para fora. Possivelmente porque não é o tempo. Eu sou muito respeitador das alturas para. Nada, nestes campos, pode ser feito quando queremos, mas quando é o momento exacto. Repara, esta necessidade de regresso ao espiritual, com tanta urgência, chega no momento do fim de uma era, de um ciclo, e ainda nem todos estão convencidos disso. Já falámos disto algumas vezes.
As crenças celtas, são as minhas, por isso sim, tem muito a haver. Quando construi o buraco na terra, como contei atrás, inconscientemente, estava a tentar entrar no outro lado, num Sidh. Só muito mais tarde compreendi que assim era, e que os bons sonhos que tinha, vinham de um lugar maravilhoso. Quando falava deles, diziam que eu lia muitos contos de Fadas, era verdade, mas os meus sonhos eram, para mim, a mais pura realidade, que os outros, fora o meu amigo Manel, nunca entenderiam.
Creio que tudo tem uma explicação e estou em aprendizagem permanente, nunca tendo tentado fazer como Artur, que, quando aprendiz de feiticeiro, despertou certas forças que não conseguiu dominar e que, se não fosse Merlim, estaria perdido. Não tenho um Merlim, mas atrevo-me a dizer que tenho vários guias que me vão dando a mão, sempre que preciso. É tudo natural e não há nada de estranho na minha vida. Para mim, claro. Para os outros…seja o que eles acharem que é.
12 – Outra prática que acho interessante é a do desdobramento, a da viagem astral ou experiência extra corpórea na que a alma se separa do corpo físico. Uma realidade muito ligada com as Experiências Próximas á Morte. Existe na Galiza a crença nas animas de vivos ou na Sociedade do Oso; pessoas vivas que tenhem a capacidade de sair do seu corpo pela noite. Tens desenvolvida essa capacidade?
R- Descobri as viagens astrais quando saí e me vi deitado na minha cama, dormindo tranquilamente. Era uma sensação nova, mas de paz absoluta. Procurei um japonês amigo, com quem tinha longas conversas, na altura em que vivia na montanha encantada, Cintia, o Monte da Lua dos árabes e que hoje se chama Sintra. Explicou-me que nada havia a temer e que devia desenvolver esta possibilidade que me tinha sido dada, para que com ela pudesse servir os outros, já que eu teria de usar todo o meu conhecimento na ajuda dos outros, sem nunca disso tirar qualquer proveito, o que tenho tentado fazer até hoje e, espero, até ao fim dos meus dias aqui, antes de passar para o outro lado. Não! Não acredito na morte como um final.
Uma vez, por alguém ter falado demasiado de mim e das viagens astrais que era capaz de fazer, apareceu-me uma advogada pedindo para eu fazer uma viagem e ir a certa casa ver onde estavam uns documentos fundamentais para um processo que tinha em mãos. Ora valham-me os deuses…Por estas e outras não gosto de falar.
Mas, por exemplo, numa dessas viagens, feita cerca de quatro anos antes da tragédia do Japão, eu vi-a e soube que era na data em que foi. Tenho isso apontado e até desenhado, mas nada podemos fazer contra a Natureza da Terra, essa maravilha de que os homens esqueceram fazer parte integrante.
13 – No que diz respeito da tua função de sanador vejo que estás muito solicitado. Quantas pessoas te pedem ajuda á semana? Que é o que falas e como é que ajudas?
R – Como sabes muita gente me pede ajuda e algumas vezes em situações desesperadas que me provocam a mais profunda das dores. Uma rapariga, muito nova, estava com um cancro e tendo consultado um espírita este, estupidamente, meteu-lhe na cabeça que eu era capaz de a salvar pela imposição das mãos. Acreditou piamente no homem e apareceu com toda a família implorando e oferecendo tudo o que eu quisesse pela sua salvação. Eu, desesperado, tentei explicar que não podia fazer nada. Mas numa das minhas viagens explicaram-me que sim, que estava nas minhas mãos prepará-la para a viagem e foi assim que eu fiz. Acompanhei-a nos últimos momentos aqui e partiu tranquila. É neste campo, no da palavra, no ouvir tudo o que têm para dizer, que eu ajudo. Não sou um curandeiro, se bem que todos pensem que sim e se achem melhores depois de conversar com eles. Não há nada de transcendente, de mágico de bruxedo. Nada!
Peço-te desculpa se te desiludo com esta explicação, por estares à espera de outra resposta, mas não, sou como tu, o que já não é pouco Irmão Pequeno.
14 – Para finalizar gostaria de compartilhar uma reflexão: a antiga sabedoria de muitos povos ao longo do mundo fala da chegada da fim dos tempos, da fim do mundo ou bem de cambio de ciclos. Hoje está muito em moda a data que os Máias marcaram para o seu cambio de ciclo, que seria no dia 20 de dezembro, último dia de 13º Baktun. Muitos povos indígenas do norte e do sul da América falam da chegada da Profecia da Águia e do Condor, a união dos indígenas para lutar pela recuperação da espiritualidade e a vida em harmonia com a Terra. No mundo celta também existem profecias sobre o fim do mundo. Todas essas profecias apontam para que essa fim virá dada com a corrupção da ética e da moral assim como a desvinculação com o legado ancestral e da Terra. Mas como sabemos todo é o mesmo processo de morte e renascimento. Algumas pessoas interpretaram mal o calendário Máia chegando a afirmar que apontava a fim do mundo. Este erro foi bem aproveitado pelo cinema estadunidense e curiosamente parece ser que o seu mundo sim que está chegando ao fim. A crise pode ser essa evidencia, a fim de um sistema insustentável e pobre na que o homem vive desligado da Terra, esquecido de si mesmo e fazendo parte de uma vida que não é sua. Achas que os povos celtas devemos de levar a cabo a nossa particular profecia da “Águia e do Cóndor”? recuperar a velha espiritualidade, conectar com as nossas origens celtas e com a Terra para fazer parte de um mundo renascido?
R – Diante de mim tive a Grande Árvore onde reuni as Três Famílias, nesta manhã de plena mudança de ciclo e Lua Cheia muito forte, na minha meditação matinal. É, portanto o dia 6 do 6º mês do ano 2012. O ano que será recordado como o do fim da nossa civilização, mas não das muitas outras que ainda estão em evolução por esse bendito mundo fora.
Teremos, como dizes, de pôr em prática a profecia do Kuntur de Urin e da Hanga de Hanan.
O sistema em que fomos criados, morreu e, como acontece com tudo, até ao fim dos tempos deste planeta, apenas pode renascer um outro, novo, que acabará por, ele também, cair de podre, dada a tendência para o abuso que existe no homem.
O império americano, ridicularizou-se como o romano, deixando meia dúzia de conhecimentos e uma viagem à Lua a que ninguém deu mais importância que eles, fora o aparecimento da frase, hoje usada para ridicularizar uma atitude qualquer: - Foi um pequeno passo para um homem, mas um grande para a humanidade. Essa humanidade que se desinteressou desse tipo de heróis e noutros tempos vitoriava em triunfos a travessia de qualquer oceano, em avião.
Do lado oriental, os países comunistas transformaram-se em capitalistas selvagens, bárbaros, onde se desenvolvem as mafias que invadem todos os lugares onde podem exercer o novo-riquismo com o beneplácito dos autóctones, gastando dinheiro a rodos. Felizmente que só vão para esses lugares, onde podem exibir os alarves sorrisos de ouro…
O capitalismo de Grande Elefante é mais civilizado, mas todos sabemos que não é pela civilização que o materialismo vence.
Sendo assim, nada mais resta que procurar a nossa espiritualidade, o respeito e a defesa dura da grande Mãe. Regressar à Terra bendita que abandonámos, ávidos de dinheiro, para ir viver pobremente, tanto material como espiritualmente falando, nas grandes cidades, como elementos isolados e irreconhecíveis, numa amálgama humana, que caminha sem direcção, na procura dos bens materiais.
Quando o nosso mundo triunfar, assim como os dos outros que têm as nossas ideias e desejos, então falaremos. Não neste lado, mas já noutra vida.
Não sei se te correspondi, mas tentei responder-te dentro do “com devo responder”, mas agradeço este teu interesse, por uma vida simplória, dum tipo cada vez mais isolado do mundo.
Muito obrigado e um abraço.
Ramilo, aos 6 de Junho de 2012, pelas 12:00
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