Por José Manuel Barbosa
A
história do ser humano é uma constante luta contra o desconhecimento na procura
do saber e da ciência, o que converte a ignorância no elemento negativo a
vencer mais importante de todos. O conhecimento e o saber dão poder, mas quem
tem conhecimento e está à contra do poder político converte-se num herege, num
apóstata e num subversivo. O autêntico poder sempre está na sombra e à vista
estão pessoas na maioria das vezes medíocres e pusilânimes que mais do que nada
estão para cobrir um vazio necessário e passar o tempo histórico que há que
exprimir ao vulgo, mas quando realmente a lucidez e o poder se aliam é quando a
história dá personagens que são autênticos pontos de referência para a
humanidade; no entanto, aqui do que vou falar é de todo o contrário; vou falar
da ignorância com poder, que é o mais comum e o que está mais presente no dia a
dia, como no caso do primeiro presidente do Panamá, Amador Guerrero quem
organizou um acto político de importância internacional o dia que o Canal de
Panamá se abriu ao trânsito marítimo.
O Senhor Guerrero convidou todas as
delegações das armadas europeias à apertura do Canal em 1914, mas comprovou
como alguns países não assistiam nem deixaram nada dito no que diz respeito da
sua assistência, como foi o caso da Confederação Helvética. Incomodado, o
Senhor Guerrero, e ofendido porque nenhum barco da Suíça tivera assistido a tão
importante inauguração, deu ordem aos seus ministros para prepararem com toda a
formalidade, uma declaração de guerra contra tão impertinente país. A final e
não sem pouco esforço, conseguiram fazer-lhe entender que a Suíça não tinha
frota, e muito menos militar.
Outro caso absurdo de ignorância com
poder foi o do primeiro delegado dos EEUU (não podia ser de qualquer outro país!)
no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, Warren Austin, quem
em 1948, quando se estabeleceu o novo Estado de Israel, a tensão política
chegou a tal ponto que acabou em uma guerra aberta entre os hebreus e os
palestinianos. O Senhor Austin pediu publicamente desde a ONU aos dous países
que arranjassem o conflito “como
bons cristãos”.
Vem-me à memória mais outro episódio
não menos engraçado, e é que nos anos anteriores à primeira guerra mundial, o
Sultão da Turquia Mehmet V deu ordem de capturar um grupo de mercadores
austrohúngaros que penetraram no país legalmente para favorecerem as revoluções
no Império Otomano comunicando com total liberdade e impunidade pelo país
mensagens em clave para subverter o ordem político estabelecido. Quando o
governo autrohúngaro por meio dos seus legados investigou o assunto, descobriu
que os pobres mercadores vendiam bicicletas cujas dínamos eram capazes de
realizarem um alto número de revoluções por minuto e as mensagens secretas não
eram mais do que fórmulas químicas de farmácia para curarem pequenas feridas da
pele.
Pois bem, tudo o que acabamos de
contar parece próprio de épocas obscuras nas que as culturas e as civilizações
estavam ainda com os cueiros postos, mas é que o que vos vou contar agora
aconteceu na Galiza “autoanémica” -como é que diria o nosso José Manuel Beiras-, do século XXI e
é a notícia saída no jornal “La
Región” de Ourense o passado dia 20 de Janeiro de 2006 na página 23.
Nesse pequeninho artigo situado na margem da folha diz-se-nos que uma
organização chamada FUNDEU (Fundación del Español Urgente) acentua o apelido
FEIJÓO no primeiro “O”
segundo a sua análise diária do uso da língua espanhola nos meios de
comunicação e faz uma advertência de que o segundo apelido do político dos
Peares do PP Alberte Nunes Feijó (Alberto Nuñez Feijóo) leva “tilde” -como se lhe chama em castelhano
ao acento gráfico-. As razões são fundamentalmente de uso por parte da sua
família pelo que anima a respeitar a grafia escolhida por eles.
A nossa opinião é que a palavra “Feijó” é uma palavra galego-portuguesa,
não castelhana, e que nós grafaríamos com um só “O” e com “J”
proveniente da forma greco-latina PHASEOLU que teria por significado o mesmo do
que Feijão de cujas formas é variante; seria o nome vulgar e extensivo que se
lhe dá a umas plantas da família das leguminosas, com espécies, variedades e
formas muito cultivadas e apreçadas na alimentação. Tem por sinónimo Fava e o
seu correspondente castelhano seria “Frijol”, termo muito utilizado em alguns lugares de América.
Não sei se essa fundação linguística
defensora do idioma espanhol tem qualquer publicação onde nos aconselhar a
utilização de formas tão espanholas como “Guáxinton” para a capital dos Estados Unidos; Yan Yaques Custó para o
conhecido oceanografo francês; Roberto Xúman e Güilian Xespir para o famoso
músico germano e para o literato inglês; Margarita Zaxer para a ex-primeira
ministra britânica (ou Margarita Colmenero!! Que também poderia ser) ou Fransuá
Miteján para o também ex-presidente francês. O que sim sabemos com segurança é
que o Senhor Feijó não protestou nem contestou à Fundeu, mas nós desde a nossa
modéstia, reivindicaríamos, desde o respeito à opção pró-castelhanista do chefe
do PP galego e presidente da “Xunta
de Galicia” a forma ALBERTO NÚÑEZ FRIJOL,
para sermos justos e exactos e ajudarmos à coerência ideológica de tão preclaro
e digno personagem.
2 comentários:
Lembro também o caso de Aníbal Otero, que nos anos do franquismo foi enviado a prisom porque os senhores sublevados, dotados de umha cultura quase sobrehumana, encontrárom-lhe ao bom do Aníbal vários cadernos com supostas mensagens em clave... que nom eram outra cousa que textos transcritos foneticamente para o ALPI (Atlas Lingüístico da Península Ibérica).
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