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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O Sangue da Galiza

José Manuel Barbosa diante dum quadro de António Alijó.


Por José Manuel Barbosa

Publicamos o passado mês de novembro deste ano um artigo (leia-se aqui) no que falávamos da informação fornecida por um jornal crunhês onde se dizia que os galegos tínhamos uma importante percentagem de herança genética partilhada com o Norte de África. Na informação do jornal identificavam-se erradamente esses marcadores genéticos como árabes, e nós, do nosso humilde ponto de vista opinamos dizendo que essa identificação ia por outro caminho, não pelo parentesco ismaelita. O nosso parecer foi com que o que há de comum com os países do Magrebe provém da chegada de contributos genéticos provenientes do refúgio franco-cantábrico em épocas do final do Paleolítico e também do Neolítico ao Norte de África, e não ao invés como consequência da invasão islâmica da península no século VIII.
Dali a poucos dias tivemos o prazer de recebermos um correio eletrónico do Doutor Luís Diaz Cabanelas, médico e vogal de saúde ambiental da associação ADEGA que nos forneceu um interessante artigo seu publicado na revista CERNA que a continuação oferecemos como Slide com a finalidade de partilhá-lo com o público leitor do DTS mas também com a vontade de fazermos alguns comentários no que diz respeito.
Aconselhamos ler o Slide antes de continuar com a leitura do nosso texto:



 
 
 
Os comentários que queríamos fazer são os seguintes:
1- As origens do Neolítico são muito discutíveis a dia de hoje. Falou-se tradicionalmente duma origem no Meio-Oriente mas a dia de hoje fala-se de que este fenómeno nasceu em vários lugares do planeta à vez (poligenismo).No que diz respeito da Galiza ainda que a influência viesse do Oriente e do Sul não me parece que a expansão do neolitismo trouxesse consigo necessariamente uma expansão demográfica norte-africana. Foi uma extensão dum fenómeno cultural que aqui apanhou uma identidade própria e que viajou para Norte. Nos mapas do Megalitismo, por exemplo, próprio e típico da Europa Atlântica acrescentamos o Norte de África mas quase sempre percebido como uma ampliação do espaço ocidental europeu.

 
2- No que diz respeito do 25% de Haplogrupo E, do nosso ponto de vista é exagerado se com isso dizemos que a invasão islâmica da península afetou o nosso País tanto. Como é possível que em Al-Andalus tivessem vivido e se tivessem assentado durante 800 anos grupos norte-africanos e ali não tivessem deixado marca genética? Como é possível que os "raids" muçulmanos na Galiza tenham deixado uma marca tão exagerada? O 25% do Haplogrupo E supõe que 1 de cada 4 galegos tem um marcador norte-africano por causa, segundo o Doutor Diaz Cabanelas, das razias e ataques andalusis. Nós é que pensávamos que eram as mulheres galegas as que deixaram a sua marca genética no Sul da península fazendo parte dos haréns das hierarquias de "Ispaniya" ou Al-Ishbam... Quantas mulheres foram violadas e engravidadas pelos ataques dos soldados de Alá para conseguirem que um quarto dos galegos sejamos descendentes deles?. Causa-nos curiosidade que em regiões como a Andaluzia de hoje não se reconheça a herança islâmica tão importante e em qualquer caso maior do que na Galiza. Quando chegavam à Galiza, os soldados dos Umaias, só se dedicavam ao sexo? Porque necessitariam tempo para completar o seu imenso trabalho reprodutor...e fazer da Galiza quase um País magrebino.
Por outra parte comenta-nos o nosso autor que nessas brigas mataram os soldados germânicos.... Talvez é que só os soldados germânicos lutavam contra os muçulmanos? Os nativos galaicos não lutavam? Como foram capazes de eliminar a tanta humanidade se calculamos que na altura do século V entraram na Gallaecia uns 30.000 suevos? 
Do nosso ponto de vista nos ataques muslimes havia mortes, violações e demais abusos mas considerarmos que um povo nunca totalmente dominado nem ocupado como foi este tenha hoje um 25% dos seus filhos herdeiros daqueles tristes episódios é pelo menos um exagero. Se isso chegasse a acontecer haveria lendas, histórias (como há no caso das 100 donzelas e outros parecidos) e mesmo fontes escritas que nos falariam de semelhantes catástrofes.... e não as conhecemos.
Representação do tributo das cem donzelas.
3- Por outra parte completar que segundo os nossos dados o marcador R1b na Galiza excede o 80%, não é um pobre 50% ou 60%... enquanto o marcador E anda pelo 10%, nos lugares da velha Gallaecia onde mais presença tem, que é na parte mais oriental, na asturicense, e não chega ao 25% do que se fala no artigo do Doutor Diaz Cabanelas. Segundo as nossas informações, esse marcador é anterior à invasão da península pelos muçulmanos, pois como falamos no artigo "A manipulação do paradigma: Árabes ou Celtas?" parece-nos que vem do paleolítico/neolítico. Há por outra parte indicativos de presença berbere nas regiões montanhosas do Cantábrico, como é o caso da região do Pas em Cantábria, da Maragateria no atual Leão e de algumas zonas da Astúrias. Nesse artigo pusemos umas ligações com as palestras de várias pessoas, entre elas a de Paula Sanchez, do gabinete do Professor Carracedo (ouvir aqui) mas também podemos ouvir o que diz o próprio professor Carracedo (ouvir aqui).

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