Por Adrião
Morão
Pretender
que na Galiza, tendo uma língua própria (o galego), mantenhamos sinalização em
castelhano é xenofobia e nacionalismo espanhol.
Explico:
Um espanhol que não empregue o galego pode comunicar-se
igualmente com a administração em castelhano. Não vou entrar em se isto per se
é justo, porque num Estado democrático a sério, eu deveria poder entregar
documentos oficiais em galego na Crunha, em
Madrid ou em Valência. Claro que o do plurilinguismo a Espanha não o leva nada
bem...
Um espanhol que não empregue o galego segue podendo
entender praticamente todo o galego escrito. Ou isto é certo ou o resto de
espanhóis padecem qualquer tara mental, argumento que é racista e portanto fica
descartado. Ou eu sou muito listo e entendo 90% de catalão ou asturiano sem os
ter estudado na vida, que também pode ser!
Se eu sou galego e falo galego com galegos, a nossa
língua comum é o galego. Portanto, o castelhano não é a língua comum de todos
os espanhóis, porque eu tenho nacionalidade espanhola desde o nascimento e não
utilizo o castelhano com galegos nunca. Não é a minha língua em comum com o
resto de galegos. Por que então o castelhano tem esse falso status de língua
comum? Há línguas melhores e línguas piores? Noutro caso, não se explica. A não
ser que voltemos à teoria da tara mental, que acordáramos que é um argumento
racista porque põe o resto de espanhóis como "marcados" genética ou
culturalmente ou qualquer cousa do tipo.
Portanto, se temos um hipotético Estado que garante que um cidadão qualquer se poda comunicar com as instituições na sua língua oficial de preferência, não entendo onde está o problema de termos diferentes línguas de coesão social. A ver se vai ser que o nacionalista não sou eu...
Existem pessoas que se zangam por não perceber qualquer
cousa num sinal por não estar em castelhano? Curioso: não se zangam quando saem
do Reino da Espanha. Portanto, não existe um problema de incomodidade causado
pola incompreensão, mas um problema político: se a Galiza ou a Catalunha fossem
Estados independentes desde há séculos, toda essa gente que se molesta fecharia
a boca. Exatamente igual que fazem quando não entendem a sinalização da City de
Londres. No caso da Galiza, ainda o têm mais fácil: dizem «galleguiño, ¿qué
pone ahí?» e como todos os galegos aprendemos castelhano por imperativo
constitucional, podemos responder. Se a petição é educada, evidentemente.
Devemos portanto manter sinalização em castelhano porque outros espanhóis sintam hostilidade pelas línguas diferentes dessa? Devemos manter letreiros em castelhano porque, no Reino da Espanha, a xenofobia se bebe com o café da manhã e se come com a fruta da sobremesa? Estou certo de haver muitas pessoas que, sem falar galego, nunca se sentiram nem se sentiriam molestar por ver que, em troca de "Centro Ciudad" põe "Centro Cidade". Ou "Centre Ciutat" ou como se escreva na Catalunha.
Portanto, manter um uso social do castelhano num
país com língua própria, o galego, é legitimar a xenofobia dos espanhóis hostis
ao resto de línguas.
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