Por José Manuel Barbosa
(o meu agradecimento a Amândio da Sousa Vieira, amigo de Ponte da Lima que nos forneceu a valiosa informação deste artigo)
(o meu agradecimento a Amândio da Sousa Vieira, amigo de Ponte da Lima que nos forneceu a valiosa informação deste artigo)
Foi em Abril de 1500 quando se tem notícias de que os portugueses acharam o Brasil numa expedição chefiada por Pero Álvares Cabral com destino final a Calecute. O nome que os europeus lhe deram num princípio foi "Terra de Santa Cruz" e acreditavam que aquilo poderia ser uma ilha. Ideia que assentaram poucos anos depois pensando que esta limitava ao Norte pelo Amazonas e no Sul pero Rio da Prata. Só muitos anos depois foi que lhe deram o nome de Brasil cuja etimologia céltica é induvitável para muitos de nós (ver aqui).
Desde há já tempo existe a controvérsia sobre o achamento dessas terras havendo a teoria de que foi Duarte Pacheco Pereira o primeiro europeu em chegar àquelas verdes terras do além-mar mas isso não tem muita importância para o que queremos contar hoje.
Foi o escrivão da expedição Pero Vaz de Caminha quem lhe escreve ao Rei Manuel I uma carta com data em 1 de Maio de 1500 narrando tudo o que os portugueses viveram chegados o lugar por eles chamado Porto Seguro onde um grupo de indígenas foi a recebê-los pacificamente. Para os olhos dos nossos portugueses aqueles homens e mulheres eram inocentes e puros, colaboradores e amicais. Esse ponto conseguiu que mesmo comessem e bebessem juntos....e mesmo um dos expedicionistas de nome Diogo Dias, levasse lá um conhecido instrumento nosso para dançarem, folgarem e rirem todas elas ao galaico som da gaita-de-foles.
Para nós, galegos e galaicos em geral é importante saber que a primeira música que ouviram os habitantes dessas, para nós, longínquas terras brasileiras foi o nosso instrumento nacional por excelência. A nossa gaita.
Deixo aqui o pequeno trecho do texto de Pero Vaz de Caminha onde diz o que acima comentamos:
"Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dos
outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então além
do rio Diogo Dias, almoxarife que foi de Sacavém, que é homem gracioso e
de prazer; e levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se
com eles a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam, e
andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem, fez-lhe
ali, andando no chão, muitas voltas ligeiras e salto real, de que eles
se espantavam e riam e folgavam muito. E conquanto com aquilo muito os
segurou e afagou, tomavam logo uma esquiveza como de animais monteses, e
foram-se para cima."
Posteriormente a este episódio e segundo vai passando-se o tempo as gentes chegadas da África vão deixar a sua forte e fundamental pegada musical no Brasil, opacando a dia de hoje essas primeiras músicas....embora saibamos que na memória dos mais estudiosos ainda esteja viva essa presença galaica.
4 comentários:
É uma história muito engraçada. Porém, tem un erro fundamental: o português Pedro Alvarez Cabral não foi o primeiro navegador europeu em chegar ao Brasil, mas o terceiro.
O primeiro foi Vicente Yáñez Pinzón e o segundo Diego de Lepe, ambos espanhois.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_Y%C3%A1%C3%B1ez_Pinz%C3%B3n#Viagem_ao_Brasil.2C_Venezuela_e_Caribe_.281499-1500.29
Antes desses dois tinha estado pelo menos Duarte Pacheco Pereira.
A um brasileiro que sou, amante da cultura galega, honra-me muito saber que o primeiro instrumento europeu a ecoar em nossas terras foi uma gaita galega. Bacana, José. Vivendo e aprendendo coisas interessantes.
Pois é, Paulo. Abraco e muitas saudades da Galiza.
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