quinta-feira, 17 de abril de 2025

A Focagem Reintegracionista

 


Por Marcos de  Rio

«Kuklowa kantikas senas totegontiias brusnos ammosteras. Woida sketla ankluta, extos ne woida bretras. Gabi tritian krottan etik swene nawan ak wikanti strengus ad kradion, kradios anskatikos exsobnus, ak gabi wiria noxta: Tiros etik Riiotuts!»


É um texto em céltico galaico. Ou «castrexo», se assim preferis denominá-lo os isolacionistas, também em termos de história, que adorais os blaveros no Nòs (com acento gráfico incorreto) do estilo do Manuel Veiga Taboada, que publicou um artigo lá em 20/X/2020 titulado "O Desenfoque Reintegracionista"

Para focarmos o tema, observemos várias cousas:

1. O texto inicial está escrito numa língua «de seu», uma «língua própria» da atual Galiza, exclusiva e identitária, que podemos usar como bandeira, como elemento diferenciador e aglutinador da nação galega, conformando um elemento essencial dum ideário nacionalista galego.

2. O texto está escrito num sistema ortográfico e gramatical coerente e funcional, sem qualquer dos problemas que tem um sistema ortográfico importado do castelhano como é a atual ortografia da RAG, onde «guerra» se escreve com U apesar de não existirem «ge» e «gi» que se grafam «xe» e «xi». É, aliás, um sistema que permite usar as letras latinas do meu teclado, sem necessidade dum alfabeto ogâmico.

3. O texto é lindíssimo, e possui o génio galaico que nos define e identifica, que Pondal imortalizou no poema que hoje é hino galego, pois como diria Steiner, “os idiomas codificam imemoriais reflexos e giros de sentimento, relembranças de atos que transcendem a lembrança individual...". Sentimento, história, etnia, cultura, poesia, paisagem, música, terra.... tudo está presente neste texto, que amais possui a épica heroica dum nacionalismo romântico que pretende emancipar e libertar sua nação em vez de chorar eternamente derrotas passadas, presentes e futuras.

4. O céltico galaico pode-se recuperar para sua função político-emocional ao serviço do nacionalismo, tal como os bascos recuperaram o euskera, os judaicos o hebreu, os escoceses o gaélico, etc. Pode ser ensinado, pode ser objeto dum Plano de Normalização Linguística, pode ser considerada língua regional minoritária e menorizada, milhares de chupópteros podem viver dela, e milhares de afeiçoados podem escrever os seus disparates nela.

Não obstante, aposto a que quase ninguém é capaz de compreender a mensagem que o emissor (escritor do texto) pretende transmitir ao recetor (leitor do texto) carecendo assim da FUNÇÃO ESSENCIAL DE QUALQUER LÍNGUA, que não é outra do que a COMUNICAÇÃO. Sentimentos enxebres e afetivos, carácter identitário, elemento nacionalista, etnicidade, cultura, beleza das regras linguísticas, etc, ficam em segundo plano, totalmente desfocados quando a língua não é capaz de transmitir a mensagem que se quer comunicar.

Não obstante, se eu escrevo...

«Ouvi canções antigas que vêm do seio do tempo. Sei histórias nunca ouvidas, mas não sei as palavras. Toma a terceira harpa e tange as 29 cordas ao coração, coração valente sem sombras nem medo, e toma a verdade nua: Terra e Liberdade!»

...a mensagem do início é compreendida por um número muito amplo de pessoas, é transmitida corretamente, e a língua adquire essa FUNÇÃO ESSENCIAL DE QUALQUER LÍNGUA que é a comunicação. O galego-português permite ainda ter todas essas funções afetivas e políticas da língua, mas sem perder a função essencial.

O céltico antigo pode ser língua litúrgica e ritual, tal como o castelhanismo pretende fazer com o “galenhol” num sistema de «bilinguismo harmónico» onde “galenhol” só têm algumas funções (na casa e na literatura) e para os outros usos está o castelhano. Esse mesmo problema teria o céltico antigo num uso contemporâneo, pois não possui palavras para definir as partes dum motor diesel, que não existia na altura e haveria que tomar empréstimos, tal como faz o “galenhol”, em cujos manuais se ensinam as partes do carro de vacas, mas não dos carros que fabrica a Citröen, para cujos nomes se opta por castelhanismos alheios às normas internas da língua em vez de tomá-los de Portugal ou Brasil, onde se seguem estritamente.

O céltico antigo é uma língua morta, não uma língua funcional. Pode servir como língua litúrgica de colgalho num formulário oficial, para que no 17 de maio escreva nela La Vox de Galicia sua capa, para que qualquer escritor escreva um poema, mas não serve para o dia a dia. Nela não podes escrever um informe médico, nem uma sentença dum tribunal, nem um manual de informática, nem um ensaio sobre economia.

Esse é o problema do “galenhol”, uma focagem como língua incompleta e parcial que precisa ser complementada polo castelhano segundo o uso. Esse é o drama da nossa língua, e a causa que nos levou em apenas 50 anos a passarmos de 80% de monolingues em galego a apenas 5% de crianças monolingues em “galenhol”, aliás fortemente hibridado com o castelhano.

Negar ou desprezar a FUNCIONALIDADE COMUNICATIVA da língua, focando a atenção em valores secundários da mesma é o grande erro do autoanemismo “galenhol” e o grande acerto do extermínio linguístico do nacionalismo espanhol.

O REINTEGRACIONISMO não se importa polo número de falantes, senão polo carácter FUNCIONAL da língua como ferramenta de comunicação em todos os âmbitos, para o qual deve ser uma LÍNGUA PLENA, para o qual precisa do seguinte:

  • Ter oralidade diversa e escrita unificada e coerente para representar todas as falas.

  • Ter diversos registos (vulgar, coloquial, culto, técnico, literário) para poder ser usada em todos os âmbitos.

  • Ter léxico especializado (jurídico, médico, eletrónico, botânico, químico, informático, político, jornalístico, …).

  • Ter uma comunidade o mais ampla possível onde flua a comunicação.

  • Ter dinamismo, com criação literária oral e escrita, e constante evolução.

  • Ter suporte para poder desenvolver a vida quotidiana integramente nela.

  • Ter arraigo social, produto da história e tradição.

Tudo isso é o que oferece o reintegracionismo, uma língua viva e útil. Uma língua morta como um cadáver em formol para ser exibida como bandeira num tanatório espanhol é o que oferece o isolacionismo.

A diferença entre termos um galego isolacionista e um galego reintegrado, ortograficamente está em mudarmos quatro miseráveis letras. Não obstante, desde um ponto de vista concetual e sociolinguístico, a diferença é abismal: língua inútil vs. língua útil, língua sem prestígio vs. língua com prestígio, língua para a política vs. língua para a comunicação, língua excludente vs língua inclusiva. A diferença concetual é fulcral para ganhar a batalha como língua social perante a pressão do castelhano. E disso depende ganharmos utentes neofalantes e neoescreventes nesse 95% de castelhanofalantes nativos que vêm de caminho.

PS: A língua galega está longe de morrer, pois conserva-se plena e vigorosa em Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, etc. Não obstante, estão perto de morrerem os galegos que a falam na Galiza. Isto é, morrem os utentes, não a língua. 

Mapa da língua apresentado no livros de texto galegos, antes da chegada do PP ao governo autonómico em 1981

 

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Sobre a etimologia dos sustantivos Gelado, Sorvete e "xeado"

 


 Por Katuro Barbosa

 Passei por um loja que publicitava “Xeado” de chocolate e parei a pensar nas razões que podem fazer pensar que “Xeado” é a forma correta para chamar ao que em Brasil denominam “Sorvete” e em Portugal “Gelado”, mas primeiro teremos que conhecer as diferenças entre um cultismo ou palavra erudita e uma palavra patrimonial ou popular. Veremos:

Palavras patrimoniais ou populares: São palavras procedentes do latim falado, submetidas às leis regulares da evolução linguística e que sofreram todas as transformações fonéticas no seu significante e semânticas no seu significado, produzidas pela passagem do tempo e o seu uso consequente. Apresentam a evolução completa de palavras que sempre estiveram presentes entre os falantes, resultado das modificações paulatinas e lentas do falar popular desde os inícios, localizados com a entrada do latim na nossa Terra ou, mesmo, desde antes, se a palavra em questão é resultado do substrato pré-latino.

Palavras de origem erudito ou cultismos: São palavras procedentes do latim culto, derivadas estritamente na sua origem etimológica do latim ou do grego, introduzidas por via literária, que entraram na língua romance já bem constituída e bem padronizada em épocas distintas através das ciências, das artes e da literatura com a finalidade de designar conceitos novos, não existentes anteriormente e devido à necessidade da língua de nomear novas realidades conceptuais. O facto de ter sido introduzidas tardiamente no corpus linguístico, faz com que não se tenham visto modificadas pela evolução gerada pela aplicação das leis fonéticas às que se submeteram as palavras de origem popular, mas simplesmente adaptadas à língua comum, à sua ortografia e fonologia, para não parecerem um latinismo, um helenismo ou simplesmente estranhas à estrutura da língua padronizada, por isso a sua parcial modificação. Os cultismos são empregados habitualmente na terminologia técnica ou especializada por não terem existido nas línguas vulgares.


Portanto, se procuramos a razão de ser de “xeado” diremos o seguinte:

1- Usa-se uma ortografia não galego-portuguesa, adaptando a do castelhano à fonética galega. O “X” é usado porque qualquer galego não poderia ler corretamente “Geado” na sua língua, pois foi alfabetizado em castelhano e reproduz o G com a mesma fonética da que foi informado quando aprendeu as suas primeiras letras, isto é, em castelhano. A implementação do X na escrita galega com o som /ʃ/ só se explica como uma forma de fugir da pronúncia castelhana do G (ou do J) como [x], mas resulta uma falsa independência “adolescente” dos galeguistas clássicos, rebeldes com o castelhano imposto por lei, mas que recorre a uma solução dentro do próprio corpus ortográfico que conhece, a partir do castelhano. Alguns dirão que não têm constância de que na língua castelhana esse X se pronuncie como /ʃ/ mas lembremos que essa pronúncia é histórica no castelhano, só modificada durante a Idade Moderna (séculos XVI, XVII e XVIII) e reformada graficamente durante o século XVIII, portanto, alguns dos galeguistas do século XIX e os do XX herdeiros dos anteriores, adotaram o X como recurso para fugir do G e do J. Rosália de Castro, por exemplo, usou Ẍ, um X com trema, dous pontos acima, para distinguir do X, sem trema, com som KS. Algo parecido, embora não igual, aconteceu com o NH de “unha”, “algunha” ou “ningunha”, esquecendo os históricos e desconhecidos, na altura, ũa algũa ou nenhũa. Portanto, dada a dependência, o uso do X, parece uma forma de castelhanizaçao, embora parecer o contrário, a primeira vista.

2- O verbo Gear segundo o dicionário Estraviz diz o seguinte: gear: v. i.:(1) Formar-se geada. ≃ congelar, gelar. (2) Cair o orvalho da noite. (3) Fazer muito frio. ≃ arrefecer v. tr. Congelar. Reduzir a gelo. ≃ congelar, gelar. geia a céu aberto, geia às presas, geia como fora: geia intensamente. [lat. gelare]. Confirmamos, portanto a procedência etimológica de gear derivada do latim GELARE, e vemos o L intervocálico presente em latim, como não vemos esse L na palavra patrimonial ou popular (gear).

A respeito da sobremesa congelada, feita geralmente de água, leite ou nata, sumo de frutas ou outros ingredientes naturais, açúcar ou adoçantes e aromas diversos, denominada “gelado” em Portugal e “sorvete” no Brasil diremos que chegou com Marco Polo, no século XIII, que à Itália procedente da China e se estendeu pelas Cortes europeias. Diz a lenda, que foi na França do século XVI, quando Catarina de Médici no seu casamento com Henrique II, quando levou consigo o seu cozinheiro, o qual portava com ele muitas receitas de gelados evoluídos na Itália a partir das receitas chinesas trazidas pelo aventureiro veneziano. Na Península Ibérica, talvez foi introduzido pelos andaluzis, que por sua vez deveram tomar do resto do mundo muçulmano através dos persas, que já tinham receitas com gelado. O persas denominavam شربت, (sherbet), palavra que por sua vez procedia do árabe em que significava bebida, a um suco gelado e preparado com frutas e pétalas de flores que se comia com colher, O costume passou aos árabes que lhe chamaramﺎﺕشرﺑ (sharbet), daí “sorvete” que passou a designar uma bebida não alcoólica, enquanto sharāb شراب passou a significar aquela bebida que tinha álcool. Daí “xarope.

Há quem diga que o gelado chegou ao ocidente da Península em época filipina, quando a Monarquia Católica tinha relacionamentos de poder com todas as Cortes europeias e Portugal fazia parte dela. Talvez foi nessa altura quando se introduziu o cultismo “gelado”, aplicado ao que por via andaluzi se denominava Sorvete, procedente da palavra árabe. Esta última palavra chegou ao Brasil e a primeira ficou na Europa.

Como é elemento trazido na modernidade histórica europeia e tendo que recorrer a um nome, recorreu-se a uma palavra erudita, um cultismo. A norma ILG-RAG não adoptaram qualquer tipo de cultismo. Recorreram à palavra popular, patrimonial, de maneira que não há distinçao, se não e pelo contexto entre “Xeado”: aquilo que está à temperatura do gelo, convertido ou cuberto de gelo, de “Xeado”: doce elaborado com agua, creme, sucos de fruta e outros ingredientes mesclados e congelados.

sábado, 18 de janeiro de 2025

Algumas perguntas sobre a origem etimológica de Rande, Randim, Rante...

Castelo da Piconha, tirado de "Galicia Maxica" https://www.galiciamaxica.eu/galicia/castelo-da-piconha-restos/#google_vignette


Por Katuro Barbosa

Consultando a etimologia que do topónimo Randim faz o nosso querido e saudoso Professor Higino Martins e determinando pelo observação que é um lugar fronteiriço dentro do Concelho de Calvos de Randím, na Límia, vemos que o académico da AGLP nos diz o seguinte:

Randim conterá *RANDĀ “fronteira”, mas a derivação não é clara. Talvez *RANDĒNĪ , genitivo do adjetivo * RANDĒNON “país da raia”. Não vejo a qual das raias que toca se refere.

Portanto, se o topónimo "Randim" proceder de "*RANDĒNĪ", genitivo do adjetivo céltico "*RANDĒNON", donde "*RANDA" significa "fronteira", será que quando já havia uma fronteira, ainda se falava uma língua céltica? Com certeza, o Professor Martins Estêvez não consegue localizar a qual das raias que toca se está a referir, mas acertamos a localizar, com a ajuda valiosa do nosso amigo facebookiano Galo Dourado, uma ligação que nos permite confirmar, que para o gaulês, a palavra RANDA significa “borda”, “limite”, a qual designava uma fronteira atestada em França por vários compostos dos quais o mais claro é Camminoranda "caminho que forma a fronteira", na origem dos topónimos franceses Chamarandes (Haute - Marne ) e Chamerandes (Ain, Saône-et-Loire). O famoso tipo toponímico Equoranda que significa “limite territorial”, cuja análise final é muito debatida, também faz parte desta série de compostos (ver Yvrande).

Para alguns autores, a origem céltica não está totalmente provada e ainda poderia apresentar uma feição que nos poderia fazer pensar numa origem germânica. Tal é assim, que Der Rand, em alemão atual, significa, justamente borda, margem, orla, segundo nos comenta o também amigo facebookiano e germanista Manuel Martins. Ele argumenta-nos, com muito acerto, que não seria de estranhar a coincidência das formas germânica e céltica pelas origens indo-europeias de ambas, ainda que também pudesse ser um celtismo em alemão.

Posteriormente, e dando-lhe voltas ao assunto do significado de *RANDA, lembro que há uma Ponte de Rande na Ria de Vigo, mais do que provável fronteira histórica entre a Bracarense e a Lucense, embora também, limite norte do Bispado de Tui e portanto do Território de Toronho, região pertencente a Portugal por várias vezes depois da sua independência.

 

Ponte de Rande sobre a Ria de Vigo

Mas, ainda localizamos um Rante no Concelho de São Cibrão das Vinhas, a uns 10 kms de Ourense, entre esta cidade e Alhariz, fronteira, também, histórica do possível limite norte do Condado da Límia, incluído, da mesma maneira do que Toronho, no primevo Reino de Portugal durante várias vezes depois da sua independência, mantendo-se a sua disputa durante vários séculos.

O curioso é que para procurarmos um limite ou fronteira política entre Alhariz e Ourense, acho que teremos que ir aos tempos imediatamente posteriores à independência de Portugal. Lembremos, que mesmo em tempos de Dona Teresa, mãe de Afonso Henriques, o território portucalense chegava à cidade de Ourense e provavelmente incluía a sua comarca até o Sil1. A professora Mercedes Durany (1996:125-126) apresenta-nos a prova de que existe um privilégio de 1122 em que Dona Teresa tem sob o seu controle o território onde se situa a cidade de Ourense, concedendo ao bispo Diogo Velasco e à sua Igreja o reguengo e infantado do termo de Ourense, autorizando a criação dum mercado mensal e garantindo segurança e proteção para todos os que lá forem. A qualificação de burgum que aparece neste documento para referir-se à cidade, utiliza-se nesta época para designar a nova aglomeração formada ao redor do antigo núcleo populacional. Este texto de 1122 confirma a categoria de cives para todos os moradores da cidade, quer dizer, o direito de cidadania que supõe viver como homens livres, garantindo, para eles, o direito a edificar, às terras de cultivo e à sua prosperidade.

Se Dona Teresa tinha a capacidade política de legislar de tal maneira sobre o espaço físico e humano da cidade das Burgas é que o território de Portugal, prévio à independência, incluiria o Bispado de Ourense. Tomemos conta, que em 1122, já existia o Condado de Portugal que tinha sido concedido ao seu marido, Henrique de Chalon, por Afonso VI em 1095, morto em 1112 e governado pela sua mulher durante a menoridade de Afonso Henriques, o seu filho, que em 1128 assumirá o poder após a batalha de São Mamede.

Se havia uma “rande” ou “randa” a uns 10 kms de Ourense em direção Alhariz, e assim nos consta que esta vila era a capital do Condado da Límia; sabendo que este Condado limião esteve em constante disputa entre os reis galegos e os reis portugueses e podendo haver nesse marco um limite temporário entre ambos os reinos, será que realmente, haveria uma língua céltica viva durante a Idade Média no espaço territorial da Galiza e do Portugal medievais que teria a suficiente força como para pôr-lhe o nome de “fronteira” a esse local? Se existir nesta altura essa língua ancestral, teria de ser uma língua popular, evidentemente não uma língua culta, sem dúvida ágrafa e sem hesitações, em vias de extinção mas essa suposta realidade linguística, em caso de esta existir, seria ocultada pela nossa língua romance em plena expansão e crescimento.

É tudo isto uma miragem ou podemos considerar isto como algo real? Deixo para o debate.

Bibliografia

Durany, Mercedes: Ourense na Idade Media. In VVAA: Historia de Ourense. Capitulo III. Via Láctea. Crunha. 1996

1 O Condado da Límia era a denominação do território duma antiga região do Reino da Galiza, entre os séculos X ao XII que ocupava as atuais comarcas ourensanas de Cela Nova, Alhariz, Maceda, a Límia de Ginzo, a Baixa Límia, mais todo o território da ribeira do rio Lím(i)a até a sua foz em Viana do Castelo. O facto de a vila da atual Maceda ser denominada historicamente Maceda da Límia, corrobora esta afirmação, ficando o topónimo reduzido a Maceda, quando a outra Maceda -Maceda de Trives-, passou a ser denominada pelo seu nome castelhanizado de Manzaneda, fazendo desnecessária a distinção entre ambas as Macedas pelo apelido comarcal de Límia e de Trives. A capital do Condado da Límia era Alhariz, sendo esta cidade onde se criavam os reis, onde tinham sediada a sua morada familiar e onde os tabeliões do reino assinavam como sendo “de Alhariz e da Terra da Límia”. O poder político e eclesiástico acumulado desta região, foi muito importante para o reino e para a família real.

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