quarta-feira, 23 de maio de 2012

O caso dano-norueguês. Entre o isolacionismo e o reintegracionismo.


Por José Manuel Barbosa

Para compreendermos melhor a problemática do dano-norueguês temos primeiramente que botar a mão de umas pequenas considerações históricas. A saber:
Antes do século VII d.c. as regiões que ocupam os actuais Reinos de Dinamarca, Suécia e Noruega estavam habitadas por povos nórdicos germânicos com uma língua comum derivada directamente do proto-germânico e à qual se lhe deu o nome de proto-nórdico. Desta antiga língua temos testemunha escrita nas inscrições rúnicas e por restos adstráticos no lapão e no finês, línguas, estas,  não germânicas, mas fino-úgrias e no entanto próximas geograficamente da língua dos povos escandinavos.
Do século VII em diante as falas desses povos que passaram à história com o nome de Vikings, quer dizer, piratas, começam a tomar distância entre si com pequenas diferenças dialectais que embora reais, eram tão mínimas que os próprios utentes nunca consideraram dar-lhes nomes particulares. Eram essas variantes duas fundamentalmente: uma seria o nórdico oriental (danês e sueco); e a outra o nórdico ocidental (norueguês, islandês e dialectos das Feroé, Shetland, Orcadas e Gronelândia). Estes dialectos nórdicos, tanto o oriental como o ocidental também nos são conhecidos pelas inscrições rúnicas achadas nas pedras desses países, sobretudo no que diz respeita a marcos territoriais, lugares de reunião ou  rituais religiosos.
Entre os anos 1150 e 1350 começam a aparecer os primeiros textos feitos com caracteres latinos, as primeiras diferenças entre o faeroês, islandês, gronelandês e o próprio norueguês, quer dizer, entre as distintas falas do nórdico ocidental. Também aparecem as primeiras diferenças no nórdico oriental entre o sueco e o dinamarquês embora a união política escandinava surgida a partir da União de Kalmar em 1397 favorecesse uma língua padrão unificada sobre base dinamarquesa. Foi nesse ano quando a Península Escandinava e Jutlândia, anteriormente organizadas sob a base de pequenos reinos independentes procedem a uma união política, a chamada União de Kalmar da que falamos, na que com a Dinamarca como cabeça do novo reino unido ficam todos os territórios escandinavos sob o mesmo rei.
Em 1520 a Suécia, após muitos problemas e lutas, faz-se independente da União de Kalmar com Gustavo I levando consigo os territórios da actual Finlândia não-germânica. Com isto começam uma série de transformações linguísticas que diferenciam Suécia do resto da Escandinávia à vez que se unifica a sua língua escrita cujo modelo era o sueco da tradução luterana da Bíblia. A própria reforma protestante e as traduções das Bíblias às diferentes realizações linguísticas ajudam na individualização linguística entre Suécia por um lado e o que fica da União de Kalmar, quer dizer, o reino dano-norueguês por outro. A Suécia, pouco antes das guerras napoleónicas, em 1732 faz nascer oficialmente o chamado “novo sueco moderno” com a publicação do Then Swänska Argus de Olof von Dalin.
No entanto na Noruega as falas populares e a língua padrão mantêm uma ligeira distância, mas não maior do que em qualquer outro reino da altura e mesmo na atualidade, sendo o nome do padrão o chamado de Riksmål, quer dizer, língua do reino, norma partilhada com Dinamarca.
O reino dano-norueguês comete o erro de apoiar Napoleão durante os começos do século XIX. Após as Guerras Napoleónicas e a Guerra dos Canhoeiros entre 1807 e 1814, o Reino de Dinamarca-Noruega foi derrotado cedendo parte do território da Noruega ao Rei da Suécia pelo Tratado de Kiel. . Isto traz consigo muitas mudanças, já que com a derrota do imperador francês e por imperativo do tratado de Kiel em 1814, posteriormente reafirmado no Congresso de Viena em 1815 a Noruega perde as suas possessões da Gronelândia, Islândia e as Ilhas Feroé que permaneceram sob controle dinamarquês. Os noruegueses opuseram-se a esta situação com a que perdiam grande parte dos seus domínios e posteriormente uma assembleia constitucional declarou a independência norueguesa em 17 de maio de 1814, elegendo para o seu governo uma monarquia constitucional onde o Príncipe Cristiano Frederico da Dinamarca passa a reinar a Noruega independente com o nome de Cristiano VIII. Mas o conflito não acaba aqui, pois a Noruega é invadida pela Suécia e obrigada a aceitar uma nova união, agora com o país invasor sendo-lhe permitido ter uma constituição liberal e umas instituições autónomas com amplas competências. Só a política militar e assuntos estrangeiros eram dirigidos por Estocolmo.
A União Sueco-Norueguesa durou até 1905 quando num referendum democrático a Noruega decidiu a sua independência após quase um século de luta contra o domínio sueco e a necessidade de se diferenciar da Dinamarca do ponto de vista linguístico. Esta independência é respeitada pela Suécia.
Mas é durante todo o século XIX em que vai estar tingida a ideologia política da Escandinávia dum nacionalismo unionista pan-escandinavo, escandinavismo ou nordismo chefiado, quer pela Suécia, quer pela Dinamarca, embora concorrendo com o nacionalismo da Noruega defensora dum Estado independente e complementado com um isolacionismo linguístico no que diz respeito do padrão dano-norueguês. Esse isolacionismo está sustentado por uma versão da língua chamada de Landsmål, ou língua do país. Esta normativa que nós chamaríamos de isolacionista na Galiza de hoje, foi elaborada a partir do conjunto de falas norueguesas autótones, dialetais, populares e coloquiais construída por dous linguistas noruegueses defensores da separação linguística das falas dinamarquesas das norueguesas com o intuito da elaboração duma língua norueguesa independente. Som eles Ivar Aasem e K. Knudsen quem concretizaram o que havia de ser a língua duma Noruega soberana. 
Aasem com o seu trabalho de dialectólogo percorreu os fiordes recolhendo as  falas das pessoas mais rústicas, menos letradas e mais afastadas do mundo urbano e da cultura para elaborar o que chamou Nynorsk ou novo norueguês antes chamado Landsmål. O seu trabalho elaboracionista incluiu uma gramática, o Norske Grammar, ou o que hoje chamaríamos o norueguês normativo. Aliás Aasen criou um dicionário normativo que lhe levou grande parte da sua vida. Este trabalho teve o seu fruto em 1884 quando o Nynorsk consegue, após um grande esforço de Aasen, a igualdade legal perante a lei da sua normativa no que diz respeito do padrão dano-norueguês ou Riksmål, “Língua do Reino”, a partir de 1929 denominado Bokmål  ou “língua do livro”, para evitar cair na politização que neste momento supunha o chamar-lhe com o velho nome do Reino Dano-Norueguês agora inexistente: As escolas ensinavam as duas sem se lhe impor qualquer delas aos alunos, embora se respeitassem as particularidades trazidas por eles das suas moradas.
A dualidade normativa norueguesa nessa altura era um assunto mesmo político pelo que o Nynorsk/Landsmål e o Riskmål/Bokmål  concorrem pela consideração de língua própria dos noruegueses. No entanto, os grandes literatos, talvez levados por uma ideia inteligente de estarem com uma língua de mais amplitude e utilidade escrevem em Bokmål. Autores como Knut Hamsum, Henrik Ibsen, Björnstjerne Björnson, Jones Lis e Alexander Kielland deixam pegada na história como escritores na língua comum dano-norueguesa.
A igualdade legal conseguida em 1884 de ambas as normativas fez com que os funcionários tivessem que conhecer as duas sem existir para ninguém qualquer problema de compreensão e de intercomunicação. O Nynorsk/Landsmål avançou perante o Riskmål/Bokmål  durante todo o começo do século XX até o final da II Guerra Mundial com muito sucesso, sobretudo no mundo rural, tradicional e conservador, mas foi desde o momento no que se fez extensiva a educação, a cultura, e os médios de comunicação em massa quando o Bokmål recuperou o seu terreno até a época atual na que esta normativa é a mais importante em percentagem de utentes. Em 2011 é a língua de preferência do 87% dos alunos da escola primária enquanto o Nynorsk/Landsmål é considerada como uma variante regional dos quatro condados mais ocidentais e mais rurais da Noruega.
O professor José Luis Alvarez Enparantza “Txillardegi” da Universidade do País Basco diz: “Tudo parece indicar que as novas gerações norueguesas não se importam com falar e escrever a mesma língua que os dinamarqueses”. É portanto que o projeto isolacionista de Ivar Aasen foi um fracasso tendo em conta a deriva natural da sociedade norueguesa num século de independência no que diz respeito da sua língua. É-lhes mais rendível a variante mais próxima ao dinamarques do que outra que isola as falas norueguesas do resto das falas germânicas escandinavas, pois a vantagem que supõe a proximidade é grande e de muita utilidade, mais quando mesmo hoje as distintas realizações linguísticas nórdicas não apresentam diferenças fundamentais e importantes nem no léxico, nem na grafia, nem na morfologia ou a sintaxe, só pequenas variações fonéticas que não impedem a intercompreensão entre dinamarqueses e noruegueses e mesmo entre estes e os suecos; isto é assim até o ponto de existirem programas concursos nas TVs destes países nas que participam cidadãos dos três reinos sem quaisquer problemas de compreensão nem necessidade de legendagens ou traduções. 
Igualmente, queremos salientar é a absoluta liberdade do país nórdico para a convivência de duas normas linguísticas com filosofias de base totalmente diferentes. Nada a ver com a ditadura normativa e a intolerância das autoridades galego-espanholas a respeito do tratamento que a nossa língua recebe das instâncias oficiais. Na Noruega vivem todos juntos e assim se respeitam; na Galiza o poder destrói a língua e favorece o "apartheid" dos que defendemos o nosso "Bokmål" galego-português em favor do seu "Landsmål" populista. Por outra parte, a quase totalidade dos partidos políticos que se denominam galeguistas numa amostra de anormalidade histórica no que diz respeito de outros movimentos nacionalitários europeus faz seguidismo do "Landsmålismo" absurdo e permite uma situação que não se vê em qualquer país são da Europa. Aguardamos que a cultura se estenda, que o exemplo se difunda e que o sentimento de liberdade, tolerância, democracia e sentido prático sejam contagiosos num Reino de Espanha falto de todo isso e numa Galiza cujo modelo castelhanocéntrico assobalha perante qualquer vestígio, suspeita ou indício de inteligência.

20 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante artigo Professor Barbosa! Não sei até quê ponto as elites na Galiza gostariam de ter um binormativismo galego-castelhano e galego-português, tendo em conta que este último (carácter universal) teria mais possibilidades de progredir. De o Brasil colocar-se em melhor situação do que Espanha o galego-português encontraria-se numa situação de vantagem face ao castelhano ou a versão castelhana do galego normativo (ILG-RAG). É uma mágoa a postura do nacionalismo linguístico galego a este respeito.

Nora-boa pelo artigo uma outra vez.

Casteleiro disse...

Excelente, José Manuel, obrigado.

Anónimo disse...

A mim parece-me ũa comparaçom absolutamente desafortunada e lamento discrepar de muito do que se fala no texto. No único que estou dacordo é no exemplo civilizado de ter, ainda hoje, duas normativas perfeitamente válidas e vigorantes perante o Estado. E a situaçom entre elas é estável desde há já muitas décadas.

A comparaçom é inválida porque, de entrada, nom é comparável a situaçom política dum estado independente coa dũa colónia. Segundo, essa pretensa "rendabilidade" é outro conto que fai mais dano que bem (o mais rendível na Galiza é o espanhol, algum ainda nom acaba de perceber isto, esta é mesmo a causa do seu retrocesso). De entrada, como qualquer um pode comprovar, nos manuais dos electrodomésticos aparecem claramente as instruções em danês e em norueguês (habitualmente Bokmal, claro é, como muito virâm as duas), deixa-se como exercício para o leitor comparar essas instruções que com certeza algũa haverá em cada casa.

Falar por outra banda da "rendabilidade" do achegamento do norueguês ao danês, é, sem perdom, ũa conachada total. O danês é só a língua de Dinamarca (e ũa minoria em Slesvig, Alemanha), que tem mais ou menos a mesma populaçom que a Noruega, nom fai qualquer sentido procurar tal cousa e ainda menos quando o nível de inteligibilidade entre as línguas escandinavas continentais é maior do 90% partindo dum desconhecimento total (danês-norueguês-sueco). Ainda mais, dentro dos domínios do danês e do sueco existem dialectos que para muitos linguistas pouco suspeitosos de pecado isolacionista som línguas de direito próprio, e cuja distância aos padrões normativos dos três estados e bem mais elevada que a distância entre o Bokmal e o Nynorsk.

Que na realidade, o problema era de falares urbanos vs. falares rurais, nom outra cousa, e nom sei eu se é para botar foguetes que a gente escolha como modelo maioritário o falar urbano, sobretodo aplicado ao nosso conto. De facto, os mais nacionalistas e defensores do país noruego estâm em maior percentagem na banda dos Nynorsk, como se demostrou nos dous referenda que se ganharam contra o ingresso na UE, e que teria mudado (com certeza, para pior) o actual equilíbrio populacional, ecónomico e territorial da Noruega.

Todo o resto da comparaçom é ainda mais desafortunada: nem Bokmal nem Nynorsk representam escolhas ortográficas realmente diferentes, mas dialectais, algo assi como padronizar o galego segundo o que construirom os literatos do XIX (Bokmal) ou segundo as falas dialectais (Nynorsk), no nosso caso as falas dialectais achegam-nos do português, as soluções literárias afastam-nos (parece que já esquecemos os "Dios", "astra", "escuela", "pueblo", que salfirem toda a literatura decimonónica).

Deixemos de procurar fora quem nos venha a salvar. Nom vai vir ninguém.

José Manuel Barbosa disse...

1- Comparação absolutamente desafortunada:

Em Novembro do ano 1995 celebrou-se em Santiago de Compostela uma série de conferências sob o nome de “Congresso Internacional sobre as Línguas e os direitos linguísticos”. Um dos conferencistas foi José Luís Álvarez Enparantza conhecido pelo alcume de “Txillardegi”, um dos mais grandes sociolinguístas que pariu o País Basco e mesmo a Europa, morto em Janeiro passado.

Txillardegi falou das “Limitações das medidas puramente jurídicas nos processos de normalização linguística”. Este texto está recolhido no número 43 da revista AGÁLIA do Outono de 1995 e nele se comenta o caso do dano-norueguês. Os temas eram referidos a como outros países da Europa levaram a cabo processos de “normalização linguística”. Comentou os casos de Grécia, de Irlanda e de Noruega e consequentemente para um público maioritariamente galego era de muito interesse porque há similitudes e elementos dos que apreender que poderiam ser aplicados, ou não, ao nosso caso.

Eis alguma cousa que diz o autor:

“Em 1958, a situaçom (em Noruega) era a seguinte: 23’5% das crianças tinham como língua familiar originária o Nynorsk face aos 76’5% de alunos de Bokmal. E em 1976 as cifras respectivas eram: 83’5% de alunos de Bokmal face apenas 16’5% de Nynorsk. O Nynorsk ‘toca’ teito desde há várias décadas e mesmo baixa netamente.
Embora as diferenças entre os processos aqui expostos nom precise ponderaçom, há também coincidências impressionantes: entre 1905 e 1944 há 39 anos. As gerações que nom luitárom pola separaçom política de Noruega, mostrárom umha grande frialdade perante o projecto lingüístico nacional de Aasen.
Todo parece indicar que as novas gerações norueguesas nom se importavam com falar e escrever a mesma língua que os dinamarqueses: antigos senhores do país, embora etnicamente coirmãos.

Veja-se a identificação linguística entre as falas norueguesas e dinamarquesas em negrita. Portanto, considerar “absolutamente desafortunada” a comparação entre o caso dano-norueguês e o caso galego-português é desqualificar a um dos mais grandes sociolinguístas do século XX como também um excesso como outro qualquer. Não estamos a falar do caso do Inuit comparado com o espanhol imperial que em nada se parecem.

A condição de língua una, tanto num caso como no outro já faz sentido à comparação e por outro lado a saída isolacionista (ILG-RAG ou Nynorsk) ou reintegracionista (Bokmal ou AGAL/AO) aproxima mais ambos os casos. Essas são as semelhanças. Se não sabemos extrai-las do texto deveríamos dar-lhe um par de repasses e afiar a perspicácia. A resolução da equação é uma como qualquer outra, mas digna de ser observada porque os elementos similares são os suficientes como para ver um exemplo.

José Manuel Barbosa disse...

2- A respeito do Estado Independente (Noruega) e da Colónia (Galiza):

A Noruega criou esse estado de cousas no que diz respeito às duas normativas para o seu idioma, em época na que não era independente, quando fazia parte de um Reino no que estava integrada e onde carecia de soberania. Essa situação, parecida à nossa, favorecia uma necessidade de auto-afirmação, de reforço da identidade, que também tinha a ver com a língua. Possuir a mesma língua do que um outro Reino ao qual pertenceu durante séculos era quando menos incómodo para quem se quer reafirmar como nação. A necessidade de diferença é vivido como uma questão de sobrevivência mas a diferença fundamental a respeito da Galiza é que enquanto eles tinham como Língua A uma variante da sua própria língua: a koiné dinamarquesa, denominada por eles de Riksmal, língua do Reino, ou posteriormente Bokmal, língua do livro, nós tínhamos como Lingua A o castelhano, quer dizer, já não uma variante da nossa própria língua, mas uma outra diferente.

A situação de rechaço a esse modelo normativo, para eles “colonizador”, fez com que procurassem um outro alternativo “netamente norueguês” nas aldeias do rural mais longinquo e mais afastado dialetalmente do, para eles, indesejável dinamarquês. Na Galiza também se procurou a diferença nas variantes mais longínquas a respeito do português padrão e mesmo em dialetalismos particulares e ainda em castelhanismos flagrantes para dar a sensação de existirem duas línguas diferentes no ocidente da Península Ibérica.

Por outra parte, as dificuldades nacionalitárias com a ex-metrópole dinamarquesa, as que tinham gerado esse sentimento nacionalista que os levou a uma posterior independência, foram as mesmas que geraram a necessidade de procurar a divisão linguística com afã diferenciador, duma forma muito artificial e artificiosa. Esse afã de identidade manifesta também levou na Galiza à criação duma norma diferenciadora a respeito da norma portuguesa.

Noruega tinha as suas razões subjetivas para a diferença a respeito da Dinamarca, nós não a respeito de Portugal, já que Portugal nunca foi a nossa metrópole nem nunca nos tem feito o mais mínimo dano. O rechaço ao português só se explica a partir dum certo desprezo a todo o que é português, a um racismo anti-português e pan-castelhano ou pan-hispânico que manifesta o seu incomodo com um certo maltrato e um evidente isolamento de Portugal por não ceder à chantagem da Grande Castela para conformar uma Espanha una, rechaço do que por razões de pertença ao mesmo sistema educativo e informativo, a Galiza em parte, participa, ou pelo menos participou.

José Manuel Barbosa disse...

3- A respeito da "rendibilidade”:

Parece muito óbvio que a famosa “rendibilidade” no que diz respeito de nos aproximarmos à variante mais sucedida do nosso diassistema, não deveria ser muito discutida, porque isso é o que todos os reintegracionistas defendemos desde Carvalho Calero para adiante e mesmo desde antes. Se não se vê rendibilidade socio-política, económica e geo-estratégica no reintegracionismo real parece-me muito estranho que alguém possa escrever na norma AGAL ou em Padrão e criticar esse facto. Essa rendibilidade é real e não podemos perceber como cabe em qualquer mente inteligente desprezar semelhante vantagem.

Comentava-me um isolacionista há algum tempo que porque os reintegracionistas desprezávamos o argumento da identidade do galego e não nos importavámos de “vendê-lo” ao português. Eu respondi-lhe que o argumento da identidade é o nosso primeiro argumento, por isso somos reintegracionistas, mas a minha pergunta seguinte foi: como vós os isolacionistas desprezais o argumento da rendibilidade da unidade linguística?

Falamos de “rendibilidade” para a língua a qual posteriormente gera rendibilidade ao País. Do ponto de vista individual a rendibilidade mede-se em outros termos. Se eu sou emigrante em Alemanha ou nos Estados Unidos, a minha rendibilidade está no alemão ou no inglês, como da mesma maneira se a minha mentalidade está com “La Roja” e no conceito de “gallego como lengua regional”, a rendibilidade está no castelhano porque sou ignorante das vantagens que achega a língua dos meus antepassados. A liberdade é o que tem. Podemos escolher ser ignorantes. Que lho perguntem aos Vil-Lingues da GB.

4- Nos manuais dos eletrodomésticos:

...e ainda mais produtos para além dos eletrodomésticos....Eu tenho visto versões duplicadas e multiplicadas duma mesma língua em função dos países nos que se fala. Tenho visto diferentes versões em francês para Bélgica e para França, diferentes versões em neerlandês para Holanda e para Bélgica... Não me serve que haja versões para o norueguês e para o dinamarquês diferentes e que isso consolide a ideia de serem línguas diferentes.

Há também versões diferentes para Catalunha e o País Valencià nas declarações da renda e por muito blaverisme que houver ainda nenhum linguista sério disse que as falas da Catalunha e de Valência fossem idiomas diferentes. É mais, ainda estão em vigor as mesmas normas em ambas as variantes desde 1932.

José Manuel Barbosa disse...

5- Quase um 90% de inteligibilidade:

O 90% de inteligibilidade fala duma única língua. É absurdo dizer que existe tanta inteligibilidade entre duas línguas diferentes. Não há tanta entre diferentes formas de castelhano entre um aldeão de Burgos e um indígena centro-americano ou entre um falante dos Alpes suiços e outro do Norte da Alemanha.

6- Em Noruega existem dialetos que podem ser considerados línguas:

Pois eu sei que há linguistas que consideram o “escandinavo” uma única língua...e não são suspeitos de “reintegracionistas”.

7- Falares urbanos e falares rurais:

Ivar Aasen procurou o Nynorsk nas falas das aldeias de Noruega. O Bokmal era a fala do livro, da cultura. No caso galego, o ILG-RAG, segue critérios populistas, da “fala viva” dos galegos, em muitos casos diferente do padrão português por razões dialetais ou por razões de contaminação castelhana e por isso diferentes. Esse seria o nosso Nynorsk particular. O reintegrado (AGAL ou AO) seria a norma culta, internacional, o nosso Bokmal ou Riksmal que marca um modelo de correção.

Continua-se a acreditar no “absolutamente desafortanado” da comparação?

José Manuel Barbosa disse...

8- Os defensores do País norueguês estão maioritariamente com o Nynorsk:

Defensores do País norueguês são todos os noruegueses. É algo que se viu nos referenda contra a EU. Ora bem, essa maioria da que tu falas a respeito da língua chega a dia de hoje cerca do 90% em favor do Bokmal. Repassa Txillardegi acima exposto.

9- Bokmal e Nynorsk escolhas dialetais:

Concordo. Por isso, mesmo o Nynorsk é uma forma de dinamarquês igual do que mesmo a norma ILG-RAG, queiram ou não muitos é uma forma de português. A diferença ente o Nynorsk e o ILG-RAG é que o primeiro é uma forma de dano-norueguês afastada do padrão mas sem contaminação de terceiras variantes linguísticas enquanto o ILG-RAG é português mesmo, mas finalmente um crioulo pela influência do castelhano.

10- Desafortunada comparação

Realmente e do meu humilde ponto de vista, a desafortunabilidade de todo isto radica em não nos darmos conta de que o Nynorsk era o modelo isolacionista que Constantino Garcia defendia nos seus dias e que opunha ao modelo flamengo do Professor Carvalho Calero. O particular do assunto é que passados os anos, vencido o século XX, a deriva do Nynorsk foi em decadência e a subida do Bokmal faz com que esses ícones isolacionistas noruegueses ficassem ultrapassados, de tal jeito que a dia de hoje o oficialismo linguístico na Galiza não tenha mais modelos a seguir do que o encabunhamento étnico do servo-croata e a sua ideia de “linguas por elaboração” e mais o patético caso do corso.

11- Finalmente, o de procurar fora:

Fora há que olhar sempre, pois no caso contrário a pedagogia que possamos extrair de todo isto é nula e sem modelos a seguir (ou dos quais distanciar-se). Sem pedagogia ou sem ver exemplos em positivo ou negativo vindos de fora, com certeza sucumbimos.

A pedagogia behaviorista ou condutista com a sua “aprendizagem vicariante” ou “reforço vicário” tem a ver com isso. Se o condutismo tem em conta este tipo de apreendizagens “de fora” é que o “de fora” deve ter algo de pedagógico.

Anónimo disse...

Muito interessante, Barbosa, mas como bom lusista não consegues enxergar algumas dimensões fundamentais do problema galego.


Em primeiro lugar, os galegos têm o castelám, idioma diferente do galego, como "língua própria", enquanto os noruegueses têm apenas a hipótese de fazer própria uma variedade "externa" (a dinamarquesa) do seu próprio idioma. Entre as duas normas dinamarquesas, a escolha não é transponível àquela galega entre galego-espanhol e galego-português, pois no nosso caso a escolha "nynorsk" (galego-espanhol) significa a aceitação (embora inconsciente) da hibridação e secundarização ao idioma espanhol. Por isso, não vejo, como reintegracionista ou regeneracionista, razão nenhuma para criticar a escolha "Nynorsk", ou qualquer outra escolha diferente da "Bokmal", desde que qualquer esgalhamento norueguês do dinamarquês não deixa este exposto ou hibridado a uma prestigiosa língua internacional asobalhadora. Simplesmente o separa, nalguma medida, dos vizinhos do sul. Mas sem a ameaça do espanhol, ou dum sueco internacional e asobalhador equivalente, o norueguês não periga mais do que com a escolha "filodinamarquesa".


Por tanto, é apenas a tua deriva lusista que explica esse juizo e preconceito contra a escolha isolacionista norueguesa. Suponho que por aí anda a apontar o colega anônimo do terceiro comentário acima.

gascon

Anónimo disse...

E não quero com isto defender a escolha do nynorsk, mas apenas apontar para o significado errado (por fundamentalista lusista) que estás a dar a esta escolha norueguesa nesta entrada do teu blogue.
gascon

Anónimo disse...

Falas também num teu comentário da "patético caso do corso". Mais uma vez, o teu fundamentalismo lusista anda a distorcer as cousas. Que o corso é essencialmente um dialeto italiano é claro, mas daí não se pode vir a concluir que tenha de ser veiculado no padrão (florentino) italiano. Caso contrário, haveria que negar o direito de qualquer padrão nacional siciliano (ou "pan-siciliano"), véneto, lombardo, etc, etc. Sejamos coerentes: se defendemos o galego (ou o português) ser uma língua outra que a castelã, então não podemos não defender a existência dalgumas dessas línguas itálicas. Se queredes defender o reintegracionismo radical na região itálica, então acabaredes por defender o mesmo na ibérica, e falando no padrão castelám como concretização culto das falas galegas. De facto, alguns de vós lusistas defendedes que o castelám é uma deriva basca do galego-oriental.



Depois, o corso tem muito de toscano (não necessariamente florentino), sim, mas também tem imenso (nos falares do sul da ilha) de matéria alhéia ao toscano, nomeadamente comum com o sardo, e mesmo com os "dialetos" do sul da italia e com o siciliano. A sua realidade é híbrida, como não podia deixar de ser (espelha a história da ilha), e ligá-la à toscanidade em exclusividade não justifica a realidade corsa, que foi muito influenciada pola Toscana desde os tempos mais recuados, mas tem também muita cousa anterior e alhéia a ela.

Anónimo disse...

Outra cousa é que do isolacionismo corso (das suas raizames itálicas) tire proveito o nacionalismo francês. Convém assinalar, porém, que a adopção do padrão italiano na Córsega (algo que já ninguém reclama hoje) apresenta as seguintes questões:


1) A história da ilha fala-nos de colonialismo italiano, primeiro das cidades-estado toscanas, Pisa, Lucca, e mais tarde da Génova. Também houve a tentativa falida do irredentismo fascista, a qual apenas serviu para acordar a memória coleitiva corsa sobre o perigo de cairem na órbita colonizadora italiana. No caso galego não temos nenhuma história de sermos colonizados polos vizinhos do sul, e o isolacionismo galego responde em grande medida ao espanholismo inconsciente (ou não) dos galegos. Por isso eu posso ser reintegracionista galego, até ao ponto de empregar o padrão escrito português (agalegado), e não opor-me a criação dum padrão corso diferente do italiano (mas não desnecessariamente separado dele, como é o caso do corso normativo de hoje).



2) Como na Galiza, o problema linguistico-identitário na Córsega ultrapassa as questão normativa: existe uma língua alhéia, asobalhadora, o francês, que porém é sentida por muitos como própria. E os corsos são tão franceses quanto os galegos são espanhois. Enquanto essa realidade não mudar, o reintegracionismo continuará fraquinho.



3) Não é preciso empregar o padrão italiano para conseguir a independência e descolonização da Córsega, mas apenas (para além do trabalho político) revigorar as raizes linguistico-culturais italianas, que têm muito esquecidas. Voltando ao caso galego, cumpre apenas o agalegar o padrão português, o qual vai muito além da unidade ortográfica.

gascon

Anónimo disse...

Finalmente, caro Barbosa, faço esta série de comentários, para vos acautelar, lusistas, do perigo de cairdes nas simplificações e nos fetichismos (ortográfico, uni-normativo, etc), porque esses argumentos hão-se voltar contra vós. Vivedes na paranóia, e dela não conseguiredes mudar a sociedade, mas apenas apagar a vossa sede de pureza. O português da Galiza é apenas próprio a uma exígua minoria inteletual, sem nenhuma relevância na sociedade. Para fazer dele algo galego-social cumpre alargardes o conceito de português. Desta maneira vos pouparedes uma manchéia de inimigos em ambos lados da ráia, e conseguiredes mais aderintes. Não faz sentido predicar a uniformidade lusófona num mundo onde as línguas internacionais se caraterizam por terem vários padrões nacionais, e onde o "falar errado" e as gramáticas prescritivistas são cada vez mais preconceitos ultrapassados. Saúde.

gascon

Seoane disse...

Nom entendo o oportuno da comparança entre os casos galego e o norueguês. A Noruega é um Estado soberano, Galiza é umha naçom que faz parte dum Estado onde a única língua verdadeiramente oficial é o castelhano. O galego está a desaparecer, o norueguês nom.

Desde o ponto de vista filológico o galego mais próximo ao português está nos falantes espontâneos de galego, independentemente da norma que usem para escrever. O registro popular de amplas zonas de Galiza está mais achegado ao português do que o registro culto dum individuo de cidade, tanto use a forma RAG/ILG como AGAL. Concordo no pessimismo do anônimo 28/05 de buscarmos o modelo no galego de cidade (tal e como seria de escolhermos o caso norueguês).

Qualquer pessoa com mínimos conhecimentos em filologia (exceto os nossos acadêmicos da língua) vê claramente que o galego e o português fazem parte da mesma língua. Em conseqüência, por lógica primária, a postura mais racional é que compartam a mesma ortografia.
E mentres nós discutimos sobre a opçom mais lógica para um padrom, a única realidade está em que cada dia somos menos os falantes de galego. Essa é a casa comum para todos nós, galego falantes. Perdemos o tempo nas nossas liortas.

Manteríamos umha postura ingênua de lamentarmo-nos do que já aconteceu. O dano feito pelo ILG é irreparável. Acusar os que usam a norma oficial de “castelhanistas” vai no caminho contrário a dignificar o galego.
O único caminho possível a estas alturas do conto passa por manter as canles coa lusofonia, luitar polo reconhecimento oficial do galego AGAL, trabalhar a prol das zonas de fala galega (onde o galego é quase um idioma normal), mantermos como reintegracionistas os traços próprios do galego (que som traços próprios do português)...
Tenho por certo que de seguir este progresso de avance do castelhano no momento no que o galego seja língua minoritária, vam aceitar como oficial o galego AGAL.
Entendemos quais som as prioridades?

José Manuel Barbosa disse...

Homem, Gascón, havia tempo que um isolacionista como tu não entrava neste blogue lusista. Qual a razão dessa curiosidade? ;-) Dos teus textos deducimos o teu desapego pelo "lusismo", não pela tua comunicação num quase perfeito português padrão. Isso já é uma das cousas conseguidas por nós durante estes anos, que se nos responda na variante gráfica que usamos nós. Ainda lembro quando algum dos "popes" anti-lusistas dizia que o português era como o chinês para um galego. Agora respondeis nesse "chinês" que ninguém percebe.
Bom, vamos ver que cousas nos achegas:

1-Sei-que dizes que os "lusistas" não conseguimos enxergar algumas dimensões fundamentais do problema galego....Bom, isso é porque não lês. Se contabilizamos os livros escritos e editados pelas associações reintegracionistas e ainda por pessoas particulares verás que após mais de 30 anos, de vários Congressos Internacionais com as mais variadas personalidades, algumas delas da categoria do finado Eugénio Cosériu quem sempre nos apoiou ou o próprio Txillardegi de quem tiramos a ideia de existir alguma tipo de similitude entre norueguês e galego; depois de trazer à Galiza as melhores autoridades da UE no que diz respeito das "language planning" como Ivo Dj Peeters, Andrea Chitti-Batelli, Louis-Jean Calvet, Guy Heraud, os melhores linguístas da lusofonia e da própria Galiza todos eles apoiantes da saída reintegracionista vens dizer-nos que não somos capazes de enxergar as dimensões fundamentais do problema galego?
Já che digo: Não lês.

José Manuel Barbosa disse...

2-Vejo que entras na mesma argumentação acima exposta pela primeiro anónimo. É por isso que não vou repeti-la. O caso norueguês não é exatamente igual ao caso galego, mas tem elementos semelhantes dos que há muito a apreender.
3-Falas-nos de "fundamentalismo lusista".... Eu acho que é vontade malvada de picar o que dizes, pois o único fundamentalismo que vejo é aquele que exclui e só pode excluir o poder político que durante décadas esteve a impedir a respiração da saída "lusista". O exemplo dano-norueguês binormativo seria um exemplo de convivência normativa...se isso é fundamentalismo que baixe os deuses e o vejam. Muito malvado te nos fazes para provocar debate ;-)

José Manuel Barbosa disse...

4-Posteriormente te nos extendes no caso corso que só nomeei de passagem. Se tivesse a vontade contar como foi o caso do Corso já falaríamos. Há de chegar. Tu pingas antes de assar.
5-Pelo demais vejo pouca cousa que che contestar....quase tudo está respondido na minha mensagem ao primeiro anónimo. Repasse o leitor aquelas respostas e veja qual a nossa argumentação.
O único, agradecer a generosidade de nos acautelar, a nós lusistas, dos perigos de cairmos nas simplificações e nos fetichismo que se hão de voltar contra nós... Diz-nos como. Acho que o que conseguimos é ganharmos amigos. Ainda não consegui ver mais inimigos que aqueles gerentes da política da língua que têm por objetivo fazer desaparecer a língua do País. O resto, aqueles que se dizem galeguistas e não conseguem perceber a nossa mensagem, fazem-no porque as dinámicas eleitorais chefiadas desde Madrid lho impedem. Lembro como o discurso galeguista era totalmente impopular nos anos 60 e 70, para depois passar a ser um valor dos que nunca antes foram galeguistas e procederem a criar uma "nacionalidade histórica" com uma autonomia reconhecida pela legalidade.
A semente está aí, só há que aguardar que se passe o inverno, algo biológicamente pontual e totalmente prognosticável.

José Manuel Barbosa disse...

Leio as prioridades de Seoane. Prioridades que poderião ser viáveis num governo que tivesse a vontade de fazer algo pelo idioma. Isso já não serve nesta altura. Nesta altura na que é totalmente impossível e improvável ter o mais mínimo poder para conseguir fazer o que tu dizes as cousas há que fazê-las com outras estratégias que realmente produçam incomodo real em quem nos nega, não negociando pequenas cousas e resistindo na trincheira. O mundo é global hoje.

Anónimo disse...

Isolacionista eu? E logo como se conjuga o meu emprego do padrão português (daquela maneira) com o isolacionismo? Se quadra eu não concordo com esse fundamentalismo lusista que nega a possibilidade de conformarmos uma norma galega do português, uma norma de nosso que recolha algumas das particularidades vivas da fala galega, sempre dentro do molde fornecido polo padrão português europeu e o Acordo (ou desacordo) Ortográfico que dele houver. Eu critico o uso do padrão português sem vestígios de galego na escrita, eu critico o prescritivismo que postula UMA norma para a nossa língua (o que de entrada já é falaz) e fala no Acordo Ortográfico como da grande luz que há guiar-nos à terra prometida.



O isolacionismo em si não é mau, caro Barbosa, tudo depende do contexto geopolítico e sociolinguístico do país em questão. No caso galego é suicida, sim, mas não por isso podemos extrapolar essa ruindade à todo o universo:

Sei-que o ucraniano deve reintegrar-se no russo?

Que proveito tirariam os noruegueses de adoptarem para todos eles a norma mais dinamarquesa?

E os islandeses, também deveriam fazer o mesmo? Não podem manter o seu co-dialeto, que de resto é muito compreensível polo resto dos escandinavos?

Está a nação maltesa condenada à desaparição, por não se integrar em qualquer outra língua-cultura mais internacional (seja a italiana ou a arabe)?

Que proveito tirariam os corsos de empregarem a norma italiana, a dos antigos amos, a carom daquela outra que ainda os coloniza (a francesa), e como podem entre elas duas recuperar as suas falas milenárias, que são muito mais distantes do padrão italiano do que a fala galega é em relação ao padrão português?



Tudo é relativo, caro Barbosa, ser isolacionista na Galiza é a escolha errada e suicida, mas não é necessário elaborar uma teoria da perversidade universal do isolacionismo universal. Só os fundamentalistas, de qualquer cor, guiados da sua sede de pureza, podem argalhar tal cousa.
gascon

José Manuel Barbosa disse...

1-Ninguém disse que tu fosses parvo, como ninguém disse que o Fraga fosse parvo por se dizer galeguista e desde essas premissas acabar ferindo o galeguismo. Há que reconhecer que é a melhor estratégia. Não há melhor cunha do que a da própria madeira.
2-Eu também nunca neguei a possibilidade de fazer uma norma galega da língua comum.... A minha história fala de mim. Lê o “Curso Prático de Galego” (Ves? Lês pouco!) ;-)
3-Por outro lado também dentro do AO eu escrevo seguindo as particularidades galegas. (Dá-lhe um repasse ao “Galiza e Portugal: Umha ou duas naçons”). Ainda eu usando hoje uma norma comum para toda a galeguia ou lusofonia falo da possibilidade nesse texto de ainda dentro duma mesma norma única manter uma personalidade dentro do diassistema, como penso que se está a fazer.
4-Concordo contigo na ideia de que o isolacionismo não é necessariamente mau. No caso do norueguês o que parecia mau era o reintegracionismo, pois o dinamarquês era a referência “imperial”. Nesse caso parecia bom o isolacionismo, mas explicamos que uma vez passada a febre independentista do século XX os noruegueses decidiram a via da confluência ou proximidade com o dinamarquês por determinadas razões práticas que também podem ser válidas para nós.
5-Já comentei em outro post que aqui os únicos fundamentalistas são os que proíbem, não os que abrem os olhos a exemplos longínquos por pouco ou muito parecidos ou iguais ao nosso caso. Os outros casos dos que falas poderão (ou não) ser tratados no seu dia e se queres podemos ir falando pelo caminho sobre as vondades ou maldades dos mesmos, mas aqui falamos do caso dano-norueguês como um caso no que se deixou um isolacionismo por acolher um reintegracionismo. Se a eles se lhes ocorre é que nós também podemos, e se há um respeito para ambas as normas dentro do mesmo país, acho que seria um exemplo a ter em conta se queremos conviver. Se o tempo e as necessidades impõem um ou outro...já dirão os deuses.

P.D. Por certo, acho que o islandês é a única das línguas germânicas provenientes do proto-escandinavo que não é facilmente compreensível pelo dano-norueguês e/ou o sueco. A distância física e a distância comunicativa durante muito tempo fez possível isso.

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