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sábado, 28 de julho de 2012

E se mudassem os protagonistas...?

Por Carolina Horstmann

As políticas linguísticas dentro do Reino da Espanha são coerentes com os interesses da etnia dominante: a castelhana.
Nas periferias peninsulares as línguas “co-oficiais” ou “línguas regionais” são muitas segundo o falso respeito do poder madrileno: o catalão, o valenciano, o maiorquino, menorquino e demais falas das ilhas...; no norte o basco e o aragonês e no noroeste o galego e o asturiano.
Como podemos ver mais minifundismo não pode haver se o compararmos com o grande latifúndio do castelhano ou espanhol no centro e no sul da península. Este território manifesta-se unido na escrita e na norma enquanto as falas do oriente ibérico são atacadas na sua unidade e vêm sendo apresentadas como várias, apesar de o catalão ser uma língua única tanto no Principado, no País Valenciano e nas Ilhas Baleares.
O basco apresenta políticas linguísticas diferenciadas em Navarra e nas três províncias bascas. Ali o castelhano ocupa zonas nas que não deixa entrar o euskera e este não pode facilmente recuperar território historicamente seus porque não o deixam. Ainda assim, o basco resiste apesar do árbitro ser um comprado pelos donos da bola.
Aqui na Galiza diz-se-nos que o galego e o português são línguas diferentes. “Línguas ‘irmãs’, mas diferentes” ainda que se esteja a dizer também que graças ao galego temos o mundo lusófono aos nossos pés. Curioso, porque não se vem os passos que há que dar para dar-lhe essa utilidade tão cacarejada.
Há uns dias o presidente Feijó manifestou numa TV privada e próxima ideologicamente ao seu partido um interessante pensamento pró-reintegracionista que para si quiseram alguns dos que se dizem a si próprios de “nacionalistas”. O porquê o fez há que averiguá-lo metendo-se nos sarilhos da política falaz e maquiavélica de mentiras e de enganos que em vez de nos gerir e governar age no caminho da destruição da Galiza e de toda a estrutura identitária que lhe dá um forte caráter nacional. Muita léria e pouca resolução. Se tão reintegracionista é porque não resolve e nos deixa ver de vez as TVs portuguesas e lusófonas em aberto e porque não se acaba de implementar a língua portuguesa no sistema de ensino?
Bom, que não o faz já o sabemos. E como conhecemos aquele dito de “Pelos seus frutos os conhecereis” sabemos que de galeguista não tem nada. Esse posto político foi-lhe designado para estragar a Nação seguindo planos ditados por Madrid.
A muita gente lhe parece do mais normal que nas escolas e centros de ensino se nos apresente o galego diferente do português embora não seja assim; parece-nos normal que muitos “galeguistas” apoiem a ideia de que o português é o galego internacional mas na praxe agem como que são diferentes, à vez que não gostam de que alguns estejamos constantemente lembrando essa unidade e essa saída linguística e política. Molesta, porque no fundo não acreditam nela para além de ser uma chamada à ordem perante uma atitude mediocre, covarde e falta de responsabilidade histórica. Igualmente é muita léria e pouca seriedade.
Que aconteceria com todo esse argumentário se fosse aplicado no castelhano sobre o qual há um total consenso no que diz respeito da sua identidade linguística, da sua amplitude territorial e sobre tudo no que diz respeito à sua feição escrita? 
Alguém se imagina?

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