Por David Outeiro Fernández
Segundo o paradigma atual, a escrita mais antiga é a cuneiforme achada em tabelas e vasilhas de argila de Sumer que foram datadas por C-14 num período compreendido entre o 3400 e o 3200 A.C. No entanto, há uma série de achados que precedem mesmo milénios a cronologia adjudicada as tabelas sumérias e que parecem mostrar signos de escrita. Estamos a falar de evidências da existência duma escrita na Europa que podemos remontar ao 7000.A.C. Mas o férreo dogma do paradigma dominante é reticente a aceitar a existência duma escrita anterior a estabelecida por ele. Isto provocou que as escritas anteriores às reconhecidas oficialmente permanecessem relegadas ao esquecimento. Além disto, segundo o paradigma atual, foram os fenícios quem introduziram a escrita na península ibérica, em troca, há evidências de que quiçá fossem os fenícios quem apreendessem a escrever na península. Tal hipótese é sustida pela Dr. Ana Maria Vázquez Hoys, á luz de inscrições achadas em sepulcros megalíticos de Huelva. Mesmo, investigações ainda mais polémicas falam na existência duma proto-escrita no paleolítico superior achado no contexto franco-cantábrico denominado ELA (Escritura Lineal Atlântica) por Georgeos Diaz-Montexano.
No que diz respeito à Galiza, há pouco tempo, pudemos ler a notícia duma serie de formidáveis descobertas no castro de Formigueiros. Entre os achados, encontrou-se uma possível inscrição da que se dava conta em alguns meios de informação afirmando que poderíamos estar perante a primeira escritura pré-romana achada na Nossa Terra. A escritura em questão foi achada num peça de lousa na que também se representava um peixe, aparentemente um salmão. Segundo Gonzalo Meijide, o diretor do projecto de escavação do castro, os carateres lembram os alfabetos ibéricos.
Voltemos agora ate começos do S XIX, data na que apareceu o misterioso e impressionante achado que apresento neste artigo. Parece ser que foi neste século, quando, nalgum lugar da Crunha que aparece registado como "Bancal" foi encontrado um osso datado em mais de 6000 anos que apresenta signos de escritura. O osso está na atualidade no Instituto de Paleografia e Filologia Histórica da Academia de Ciências e Letras de Noruega, em Oslo. Apesar da exclusividade deste achado, permaneceu todo este tempo esquecido e passando por coleções privadas até chegar finalmente ao seu destino atual. Não foi até o ano 2003 quando se produziu a sua maior divulgação por causa da obra de Michel Bouvier "L'Art de L'Écriture". Seguidamente, a peça foi objeto de estudo por parte de grandes especialistas já que a inscrição ainda não se tinha identificado.
Foi em 2005 quando um investigador chamado Georgeos Diaz-Montexano susteve que a inscrição consistia em carateres íbero-tartéssicos. Mas, para além do surpreendente que resulta por si mesmo este achado, temos que acrescentar a maior surpresa que causou a sua transliteração. A hipótese actualmente aceitada pela instituição norueguesa foi a achegada pelo Professor Diaz-Montexano relativamente à transliteração dos carateres. O resultado foi como "ATal Tarte" pondo-a em relação com a Atlántida-Tartessos. Estaríamos a falar de que há mais de 6000 anos alguém, na atual Galiza, escreveu num osso uns carateres relacionados com a mítica Atlântida que aparece nos textos de Platão, no Timeu e no Crítias. Segundo conta Platão na história da Atlântida, os habitantes deste lugar conheciam a escritura. Estrabo afirmaria posteriormente que os Turdetanos, descendentes dos Tartessos, conservavam a sua história e leis escritas numa gramática que se remonta a 6000 anos antes do seu tempo.
Também, segundo a hipótese defendida por Diaz-Montexano teríamos que pôr em relação a Tartessos com a Atlântida da que fala Platão. Uma hipótese similar, assim como a de que a Atlântida se situaria na actual Doñana, foi proposta pelo National Geographic junto com a emissão dum documentário sobre o tema neste mês.
No que diz respeito à misteriosa inscrição, comenta Díaz-Montexano o seguinte; "...É impossível negar que esta palavra (ATal) é similar de mais á raiz indo-europeia “*At-l” que aparece no nome de Atlantis, que é uma forma adjetival de Atlas, enquanto que “Tarte” ajusta-se á raiz reconstruída pelos especialistas espanhóis sobre o antigo nome de Tartessos, que seria Tarte-, posto que o sufixo -ssos é de origem egeu ou greco-lídio e acrescentar-se-ia aos nomes de lugares, países ou cidades com o significado de "região", "comarca", "cidade" ou "país", como em Kno-ssos. A terminação em vogal -e da voz Tart-e, poderia corresponder a alguma desinência. É muito difícil assumir que isto seja somente uma simples casualidade. Esta inscrição, confirmaria a antiguidade das escrituras Íbero-Tartéssicas e Atlante (segundo Estrabo e Platão) por um lado, e por outro, confirmaria a identificação da Ilha/Península Atlantis ou "pais de Atlas" com a própria Ilha/Península de Ibéria, como afirma Platão ao dizer que uma região, comarca, distrito ou parte da mesma Ilha/Península Atlantis era chamada Gadeira (Cádiz, Espanha) e que esta mesma região se localizava nas Colunas de Hércules. Em qualquer caso, estamos perante a primeira e única evidência epigráfica achada no mundo, com uma inscrição cuja transcrição fonética se aproxima muito aos nomes de Atlas/Atla-ntis e Tarte-ssos, e que tem mais de 6000 anos de antiguidade..".
Estamos a falar, por tanto, e possivelmente, da inscrição mais antiga do mundo em relação à Atlântida e que foi descoberta na Galiza, num osso de mais de 6000 anos de antiguidade. Fascinante, não é?
Referências:
http://www.schoyencollection.com/firstalpha2.html#5237-2
Artigos;
http://sicoplastica.blogspot.com/2008/04/la-atlntida-y-tartessos.html
http://www.phistoria.net/noticias-de-historia/La-Atlantida-y-Tartessos-Instituciones-cientificas-de-Noruega-reconocen-hipotesis-Iberica_96.html
http://www.abc.es/20110314/ciencia/abci-national-geographic-situa-atlantida-201103141731.html
http://my.opera.com/Georgeos-Diaz-Montexano/blog/?id=310801
http://www.youtube.com/watch?v=FyDEOuAO2OU
http://www.youtube.com/watch?v=7ThDZqJS4ZA