sábado, 16 de julho de 2011

A referência mais antiga da mítica Atlântida.



Por David Outeiro Fernández 

Segundo o paradigma atual, a escrita mais antiga  é a cuneiforme achada em tabelas e vasilhas de argila de Sumer que foram  datadas por C-14 num período compreendido entre o  3400 e o 3200 A.C. No entanto, há uma série de achados que precedem mesmo milénios a cronologia adjudicada as tabelas sumérias e que parecem mostrar signos de escrita. Estamos a falar de evidências da existência duma escrita na Europa que podemos remontar ao 7000.A.C. Mas o férreo dogma do paradigma dominante é reticente a aceitar a existência duma escrita anterior a estabelecida por ele. Isto provocou que as escritas anteriores às reconhecidas oficialmente permanecessem relegadas ao esquecimento. Além disto, segundo o paradigma atual, foram os fenícios quem introduziram a escrita na península ibérica, em troca, há evidências de que quiçá fossem os fenícios quem apreendessem a escrever na península. Tal hipótese é sustida pela Dr. Ana Maria Vázquez Hoys, á luz de inscrições achadas em sepulcros megalíticos de Huelva. Mesmo, investigações ainda mais polémicas falam na existência duma proto-escrita no paleolítico superior achado no contexto franco-cantábrico denominado ELA (Escritura Lineal Atlântica) por Georgeos Diaz-Montexano.

No que diz respeito à Galiza, há pouco tempo, pudemos ler a notícia duma serie de formidáveis descobertas no castro de Formigueiros. Entre os achados, encontrou-se uma possível inscrição da que se dava conta em alguns meios de informação afirmando que poderíamos estar perante a primeira escritura pré-romana achada na Nossa Terra. A escritura em questão foi achada num peça de lousa na que também se representava um peixe, aparentemente um salmão. Segundo Gonzalo Meijide, o diretor do projecto de escavação do castro, os carateres lembram os alfabetos ibéricos.



Voltemos agora ate começos do S XIX, data na que apareceu o misterioso e impressionante achado que apresento neste artigo. Parece ser que foi neste século, quando, nalgum lugar da Crunha que aparece registado como "Bancal" foi encontrado um osso datado em mais de 6000 anos que apresenta signos de escritura. O osso está na atualidade no Instituto de Paleografia e Filologia Histórica da Academia de Ciências e Letras de Noruega, em Oslo. Apesar da exclusividade deste achado, permaneceu todo este tempo esquecido e passando por coleções privadas até chegar finalmente ao seu destino atual. Não foi até o ano 2003 quando se produziu a sua maior divulgação por causa da obra de Michel Bouvier "L'Art de L'Écriture". Seguidamente, a peça foi objeto de estudo por parte de grandes especialistas já que a inscrição ainda não se tinha identificado. 



Foi em 2005 quando um investigador chamado Georgeos Diaz-Montexano susteve que a inscrição consistia em carateres íbero-tartéssicos. Mas, para além do surpreendente que resulta por si mesmo este achado, temos que acrescentar a maior surpresa que causou a sua transliteração. A hipótese actualmente aceitada pela instituição norueguesa foi a  achegada pelo Professor Diaz-Montexano relativamente à transliteração dos carateres. O resultado foi como "ATal Tarte" pondo-a em relação com a Atlántida-Tartessos. Estaríamos a falar de que há mais de 6000 anos alguém, na atual Galiza, escreveu num osso uns carateres relacionados com a mítica Atlântida que aparece nos textos de Platão, no Timeu e no Crítias. Segundo conta Platão na história da Atlântida, os habitantes deste lugar conheciam a escritura. Estrabo afirmaria posteriormente que os Turdetanos, descendentes dos Tartessos, conservavam a sua história e leis escritas numa gramática que se remonta a 6000 anos antes do seu tempo.



Também, segundo a hipótese defendida por Diaz-Montexano teríamos que pôr em relação a Tartessos com a Atlântida da que fala Platão. Uma hipótese similar, assim como a de que a Atlântida se situaria  na actual Doñana, foi proposta pelo National Geographic junto com a emissão dum documentário sobre o tema neste mês.

No que diz respeito à misteriosa inscrição, comenta Díaz-Montexano o seguinte; "...É impossível negar que esta palavra (ATal) é similar de mais á raiz indo-europeia “*At-l” que aparece no nome de Atlantis, que é uma forma adjetival de Atlas, enquanto que “Tarte” ajusta-se á raiz reconstruída pelos especialistas espanhóis sobre o antigo nome de Tartessos, que seria Tarte-, posto que o sufixo -ssos é de origem egeu ou greco-lídio e acrescentar-se-ia aos nomes de lugares, países ou cidades com o significado de "região", "comarca", "cidade" ou "país", como em Kno-ssos. A terminação em vogal -e da voz Tart-e, poderia corresponder a alguma desinência. É muito difícil assumir que isto seja somente uma simples casualidade. Esta inscrição, confirmaria a antiguidade das escrituras Íbero-Tartéssicas e Atlante (segundo Estrabo e Platão) por um lado, e por outro, confirmaria a identificação da Ilha/Península Atlantis ou "pais de Atlas" com a própria Ilha/Península de Ibéria, como afirma Platão ao dizer que uma região, comarca, distrito ou parte da mesma Ilha/Península Atlantis era chamada Gadeira (Cádiz, Espanha) e que esta mesma região se localizava nas Colunas de Hércules. Em qualquer caso, estamos perante a primeira e única evidência epigráfica achada no mundo, com uma inscrição cuja transcrição fonética se aproxima muito aos nomes de Atlas/Atla-ntis e Tarte-ssos, e que tem mais de 6000 anos de antiguidade..".

Estamos a falar, por tanto, e  possivelmente, da inscrição mais antiga do mundo em relação à Atlântida e que foi descoberta na Galiza, num osso de mais de 6000 anos de antiguidade. Fascinante, não é?

Referências:  
The Shoyen collection: 
http://www.schoyencollection.com/firstalpha2.html#5237-2
Artigos;
http://sicoplastica.blogspot.com/2008/04/la-atlntida-y-tartessos.html

http://www.phistoria.net/noticias-de-historia/La-Atlantida-y-Tartessos-Instituciones-cientificas-de-Noruega-reconocen-hipotesis-Iberica_96.html
http://www.abc.es/20110314/ciencia/abci-national-geographic-situa-atlantida-201103141731.html
http://my.opera.com/Georgeos-Diaz-Montexano/blog/?id=310801
http://www.youtube.com/watch?v=FyDEOuAO2OU
http://www.youtube.com/watch?v=7ThDZqJS4ZA

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Tipical Spanish e outras lindezas


Por José Manuel Barbosa.

Dentro de uns dias vai fazer um ano da proibição das touradas em Catalunha. As votações foram um exemplo democrático para essa histórica mentalidade hispânica intolerante com todo o que não seja “cañí” e que na maioria dos casos cria leis "ad hoc" para proibir aquilo que não partilha ou não percebe. Nesta altura só cabe parabenizar mais uma vez a Catalunha e lembrar que vai ser o 1 de janeiro de 2012 quando entre em vigor a proibição.

Os argumentos que se trabalharam naquela altura, como ainda se poderiam tratar agora foram fundamentalmente dous: o argumento humanitário e o argumento identitário. Do primeiro há pouco a dizer, porque todo o mundo sabe o que uma morte cruel com fins lúdicos supõe numa sociedade que se diz europeia e civilizada. Da segunda é comentar que bem sabemos o valor dos elementos identitários nos povos, mesmo aqueles elementos de crueldade como é neste. Na Espanha faz-se prioritária a identificação nacional sobre o humanitário e inclusivamente os inteletuais que noutros casos defenderiam a vida dum animal indefenso, neste caso defendem o simbolismo da tortura e a humilhação dum touro porque isso é sentido como muito espanhol.

Esse sentimento inclusivista  do nacionalismo espanhol de signo centralista e castelhano age procurando vínculos com aqueles outros povos ou nações que ainda dentro da Espanha lutam ou lutamos por outra identificação nacionalitária. É o caso de argumentar a origem mediterrânea da tauromaquia para defender o facto de ser tão catalã como espanhola com o fim de que a Catalunha não apresente traças nacionais diferentes do resto da Espanha. Suponho que quando se der o debate na Galiza, povo atlântico vinculado ao mundo céltico, não poderão defender essa mediterraneidade. Ou é que quiçá recorram à mentira como quando dizem que a cultura castreja tem a ver com o “Mare Nostrum” (para nós “Mare Suum”)?.

Lembro quando há um ano por estas datas havia debates em todas as TVs públicas e privadas sobre o assunto. Essa luta identitária de Catalunha versus Espanha era muito mais importante do que a problemática gerada pela crise económica que de forma natural nos faria estar pouco atentos a essa “fiesta” à qual se lhe põe o alcunho de “nacional” no Centro e no Sul peninsular incluindo-nos àqueles que nem somos mediterrâneos nem sentimos como tradicional esse tipo de atividade pseudo-desportiva .

Ainda nunca vi em qualquer meio de comunicação que se defendam com tanto ânimo e tanta força as chegas de bois da Baixa Lima as quais foram proibidas “pela sua crueldade” por um Poder Político galego que imediatamente trouxe “plazas” portáteis para passar-nos pelos narizes a prepotência suicida do seu complexado nacionalismo espanhol no que todos devemos estar incluídos queiramos ou não.

Se nos apurarmos mais, podemos falar também de elementos tradicionais que nos eliminam como é o caso do “modus operandi” na matança do porco. O galego matava por necessidade, para comer e duma forma determinada para poder sangrar o animal de jeito que a sua carne tivesse o sabor e a sanidade adequadas, o sangue fosse aproveitado para a cozinha e pudesse estar limpo e livre de toxinas, já que o seu movimento no momento em que se levava a cabo o corte na jugular favorecia a sua limpeza. Com a forma tradicional o sangue corria e era recolhido num caldeiro preparado para o caso sem ficar parado no corpo. No caso da matança ao modo agora obrigatório, o sangue parado nas veias e artérias absorve quantidade de elementos tóxicos hormonais provocados pela sua morte sem sangrado.

Eu não sei se é mais ou menos humanitária uma forma do que outra, mas se isso é o importante para a administração, porque não é que matam os touros com uma pistola no mesmo momento em que entra no “ruedo”? Será que o morbo e a crueldade que necessita o que vai a este tipo de espetáculos não estaria garantido? Quiçá o que quer o público espanhol é ver sofrer um animal indefenso, acosado e cheio de medo?

Outro elemento identitário galego que estão a destruir sem qualquer pudor  é a tradição do cozimento do polvo. Até agora fazia-se num caldeiro de cobre, mas uma legislação europeia que a Espanha não discutiu nem discute -como discute a legislação sobre o maltrato animal referida aos touros-, faz que o caldeiro seja agora doutro metal diferente “por razões de salubridade”. Depois de milénios cozendo o polvo em cobre vão-nos ensinar agora como é mais são e como é que o polvo tem mais sabor. Acrescentamos a isto, o tradicional prato de madeira, sei-que também “insalubre”, que vai deixar de ser legal para deixar passagem ao prato de plástico à venda nos hipermercados. Não se fala da falta de sensibilidade ecológica e ambientalista do novo material em relação à madeira pois o que realmente importa é o benefício que o fabricante de pratos de plástico vá ter.

Continuando com os touros, dizer que os filotaurinos arguiam em favor da sua “fiesta” que há um sector empresarial comprometido com ela, mas parece ser que não se lembra ninguém, nem galegos nem forasteiros, que aqui havia um sector ganadeiro tradicional e importante, que levava milénios em uso e também de grande futuro se o Estado Espanhol tivesse vontade de nos administrar e os votantes tivessem mais do que dous neurónios a trabalhar, que acabou quase totalmente eliminado por umas quotas lácteas impossíveis de suster pelos ganadeiros; também havia um sector pesqueiro que fazia da Espanha a terceira potência mundial em matéria de pesca e que foi também quase eliminado; há também na Galiza outros sectores empresariais pouco desenvolvidos, mal desenvolvidos ou sem desenvolver como a madeira ou o energético que não são atendidos ou são secundários para os interesses do Estado e parece que também para o próprio administrado que vota com ínfima seriedade. Vem-me também à cabeça o sector cultural e nomeadamente a língua que poderia ser um importante dinamizador da economia galega e tudo faz ver que não só o esquecem, mas que desejam que não se desenvolva para que não concorra com o seu castelhano. Como se fossem incompatíveis.

A minha ideia, proposta, portanto, é que reconvertam o sector taurino por ser economicamente de pouca importância para Espanha (ainda que lhes seja importante identitariamente). Para os galegos era muito mais importante economicamente o sector lácteo, o sector pesqueiro, o sector naval, o sector agrícola, o sector linguístico-cultural, o sector energético, e foram eliminados ou são obviados sem qualquer pudor por parte dos políticos com a conivência dos votantes absurdos e ignorantes; dos suicidas da Nossa Terra. Deixem livres os touros de lídia em parques naturais ou nacionais da geografia castelhano-andaluza e que o turismo se aproveite disso organizando safaris guiados por pessoal treinado para mostrar o “tipical spanish”. Que vivam, cresçam se reproduzam e morram em liberdade esses lindos espécimes de bovídeos ibéricos que diz que existem só para que o espanhol do comum desfrute ao ver como lhe metem um espeto pelas costas, ou no pior dos casos como um complexado macho humano recebe uma cornada de morte ali onde lhe doe só por reafirmar e demonstrar a sua virilidade com falso valor e com umas calças de talha muito menor das que usaria para andar pela rua com o fim de fazer ostensíveis aqueles signos de masculinidade que não se veriam doutro jeito.

domingo, 3 de julho de 2011

Pedagogia linguística inversa


Por Joám Evans Pim

(Academia Galega da Língua Portuguesa)

A psicologia inversa (ou reversa) é uma técnica paradoxal pela qual se encoraja uma crença ou comportamento oposta à desejada com o intuito de alcançar esta última. Este tipo de intervenção apoia-se no princípio da “reactância”, que prevê uma resposta negativa às imposições percebidas, resultando na adoção da conduta ou posição contrária. Trata-se de uma estratégia cognitiva muito recorrente com crianças, onde a reactância irreflexiva é maior. Ora bem, nem sempre funciona.

A história recente da língua portuguesa na Galiza pode ser vista como uma tentativa experimental de “pedagogia linguística inversa”, onde se assumiu aprioristicamente a condição infantiloide dos falantes da nossa língua na Galiza e da população do território em geral. Esta reflexão parte, claro está, da “pressuposição de inocência” dos artífices do grande campo de experimentação galego de pedagogia linguística inversa (desenvolvida sob as etiquetas de “normativización” e “normalización”), a quem não atribuiremos, de início, uma intencionalidade linguicida e etnicida oculta que, no entanto, é resultado patente do experimento iniciado faz já 30 anos.

Lembremos que em 1979 o governo pré-autonómico da Galiza estabelece uma Comissão Linguística sob a presidência do Professor Carvalho Calero. Esta Comissão elabora e apresenta em 1980 umas “Normas Ortográficas” que, sem rachar com boa parte da tradição gráfica anterior, deixam aberto caminho para uma progressiva aproximação ao sistema do ibero-românico ocidental no qual a língua da Galiza se insere. Em um verdadeiro golpe de estado interno, a Real Academia Gallega realiza, sob a pressão do seu presidente, o então Delegado do Governo espanhol García Sabell, e do Instituto de la Lengua Gallega, impulsionado sob os auspícios do novo governo autonómico, realiza uma reunião anti-estatutária em 3 de julho de 1982 na qual são aprovadas umas novas “Normas”. Estas pautas ortográficas foram elaboradas de forma secreta pelo Instituto de la Lengua Gallega estabelecendo uma linha claramente oposta à marcada dois anos antes pelos membros da Comissão presidida por Carvalho Calero.

As “Normas” isolacionistas ILG-RAG, que forçam uma separação artificiosa frente ao português através da aproximação com o espanhol, são impostas administrativamente por meio de um decreto ilegal do então Conselheiro de Cultura, o Sr. Filgueira, promulgado em 20 de abril de 1983 e impugnado no Parlamento pelo deputado Lopes Garrido. A lógica expressa desta manobra, em palavras de um dos seus promotores, Ramón Lorenzo, é: “No nos interesa una normativa para que nos entiendan en Angola, Mozambique o Brasil” (La Voz de Galicia, 4 de julho de 1982).

A justificação oficial dos “cientistas” da pedagogia linguística inversa (entre eles destacados membros do atual “establishment” universitário como Antón Santamarina ou o citado Ramón Lorenzo) foi a de que a melhor forma de consolidar a língua da Galiza frente à pressão aguda do espanhol era... assumir a ortografia do espanhol! Assim, as crianças (e galegos em geral) familiarizados com a ortografia espanhola não teriam capacidade cefálica suficiente para assimilar novas convenções (nh, lh, j, g, ç, ...) pelo que qualquer tentativa de aproximar a escrita emergente à de uma língua internacional de ciência, cultura e negócios seria “un esforzo antieconómico, diferencialista, abocado a non ter éxito nas condicións obxectivas -e non negativas- en que estamos” (palavras de Juan José Moralejo). Isto contrasta com a visão defendida publicamente antes da sua conversão ao “paradigma inverso” por pessoas como o próprio Lorenzo, que propunha que na Galiza se adotassem grafias como o nh, lh, g e j: “En Galicia somos moitos os que queremos esta xuntanza [das letras galegas às portuguesas]” (Vieiros, n.º 2, 1962). Esta coerência e “defensa del idioma gallego” foi reconhecida recentemente (26 de junho de 2011) com o Prémio Trasalba da Fundação Otero Pedrayo.

A lógica paradoxal da pedagogia linguística inversa assumia (e ainda assume) que para obter um resultado positivo (recuperar e dignificar a língua da Galiza após séculos de silenciamento, supostamente) a intervenção mais apropriada seria aplicar uma sugestão negativa (i.e., distanciar todo o possível o padrão oral e escrito da variedade internacional da língua, cultivada e bem implantada no estado nacional limítrofe, adotando, contrariamente, os critérios gráficos e fonéticos da língua de contato que vem erodindo a própria). Segundo as pretensões científicas dos laboratórios de experimentação inversos, em poucos anos a língua da Galiza teria recuperado o seu vigor social como língua isolada em feliz bilinguismo harmónico.

No entanto, quando se cumprem 30 anos do início da aplicação da pedagogia inversa no campo de experimentação galego, é possível verificar os resultados dramáticos que apontam para um autêntico linguicídio (intencionalmente planificado ou não), uma vez que o uso real -e cada vez mais corrompido- do português da Galiza entre as gerações jovens e as camadas urbanas está-se tornando um fenómeno minoritário. O fracasso é evidente se os objetivos públicos eram honestos. O experimento deve parar.

É necessário substituir a lógica perversa e macabra da pedagogia inversa por uma pedagogia racional e de utilidade para a língua da Galiza. Não se trata já de aplicar os critérios científicos da romanística adotando uma ortografia coerente com o lugar que uma língua ocupa dentro de um sistema, mas apenas o critério do sentido comum. Este processo não precisa ser traumático. Não se pedirão as cabeças dos “mengeles” galegos.

A ortografia comum, ratificada no Acordo Ortográfico, deve ser introduzida gradualmente nos programas escolares em andamento e desde o início nas novas incorporações escolares. Professores e alunos são suficientemente inteligentes para assimilar rapidamente as diferenças. Com uma fração dos recursos de “política linguística” jogados ao lixo nas últimas décadas financiando meios de comunicação hostis à língua ou desenvolvendo campanhas publicitárias absurdas seria possível aumentar o corpo já existente de docentes bem treinados incorporando novos profissionais que poderiam atuar com uma pedagogia eficaz e inovadora no ensino, na administração, nos meios de comunicação, etc.

A Galiza seria bem acolhida e usufruiria o que o universo extenso e útil da nossa língua tem para oferecer: literatura, manuais científicos, cinema, música, televisão, rádio, ... facilmente introduzíveis em nosso território graças às novas tecnologias. Conscientizados, os falantes da língua da Galiza estariam prontos para assumir as vantagens competitivas que esta ferramenta proporciona no âmbito emergente da Lusofonia, abrindo oportunidades de trabalho e negócios com países como o Brasil, Angola, Timor ou a China.

http://www.pglingua.org/opiniom/artigos-por-data/3640-pedagogia-linguistica-inversa
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