segunda-feira, 15 de abril de 2024

XII Jornadas Galaico Portuguesas 2024 de Pitões das Júnias

 

  • Sábado 11 de Maio

  • 1º Painel de manhã: (Apresenta Maria Dovigo)

  • 09:30 Apresentação

  • 10:00: Carlos Carneiro: Galaicos e Lusitanos: Afinidades culturais e linguísticas no âmbito da celticidade

  • 10:45: Dulcineia Pinto: Ritos de consagração e reconsagração num povoado da Idade de Ferro do Norte de Portugal”

  • 11:30: Debate

  • 13:30 Comida

    2º Painel de Tarde (Apresenta João Paredes)

  • 16:00: Santi Bernardez: Celtismo e panceltismo na Galiza, em Portugal e na Europa, passado e presente”

  • 16:45: Samuel F. Pimenta: Mitologia na literatura: uma perspetiva

  • 17:30: Debate

    3º Painel Tarde de sábado (Apresenta Maria Dovigo)

  • 18:15: Apresentação do livro Oceanoe. Apresentam a Irene Veiga e a Noe Vazquez.

  • 18:45: Paulo Marinho: (Título): Galegos em Lisboa. A sua música e dança através dos tempos”

  • 20:30: Ceia

    Domingo 12 de Maio

    4º Painel Tarde de sábado (Apresenta João Paredes)

  • 10:30: Visita ao Centro Interpretativo do Lobo Ibérico: A relação mitológica e histórica do lobo com o mundo céltico”.

  • 13:00: Comida 

     Lembretes importantes!

     A assistência e totalmente livre e gratuita. Quem quiser vir é só chegar e sentar, enquanto houver cadeiras 

    –A organização não é responsável pelos transportes, comidas e dormidas das pessoas assistentes. Assim pois, recomendamos fazerdes planos JÁ pois a disponibilidade de camas na aldeia é limitada (embora sempre há lugares no resto do concelho).

    – O local exato é na sala da Junta de Freguesia de Pitões, no Largo do Eiró (mesmo no centro da aldeia).

      Pedimos não circular de carro pelo centro da aldeia. Há um excelente parque de estacionamento público e gratuito, e depois é só caminhar uns poucos metros.

    Para fazer mais fácil a viagem a Pitões, abrimos um fio no evento em Facebook onde podeis combinar para partilhar carro/gastos até lá – A organização não é responsável por acordos pessoais ou o que ali se falar individualmente.





     



     

     

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

O modelo linguístico albanês.

 


O albanês é uma língua de origem indo-europeu falada na região dos Balcãs banhada pelo Adriático, que está rodeada pelo grego, no Sul, e pelas línguas sul-eslavas no Norte (servo-croata) e Leste (búlgaro-macedónico). É a língua oficial da Republica da Albânia, mas também do Kosovo, onde também é língua nativa. O albanês é falado maioritariamente nas partes mais ocidentais da Macedónia do Norte por quase um quarto da população e onde desde 2019 está reconhecida como a segunda língua oficial de todo o país; fala-se em Montenegro, na Grecia (Epiro, Ática, Beócia, Argólida, Coríntia, Eubeia, Andros, Lócrida, Ilhas Sarónidas, Trácia, etc), onde mora o grupo étnico albanês dos arbanitas e os camérios mas também na Itália, (nos Abruzos, a Basilicata, Calábria, Campânia, Molise, Apúlia e Sicília), onde é reconhecida a minoria dos arberescos, procedentes da Grécia e emigrados para as regiões da Itália meridional graças ao apoio que os reis de Aragão-Catalunha, Afonso V de Trastâmara, Fernando II de Trastâmara e posteriormente o Imperador Carlos I deram aos albaneses na sua resistência contra os turcos otomanos quando estes conquistaram as regiões helénicas do Império Bizantino.

O albanês tem origem indo-europeu e dentro desse grupo de línguas, pertence ao grupo de línguas paleo-balcánicas ao qual pertenceram varias línguas mortas, como o dácio, o trácio, o frígio, o ilírio (do qual se supõe, tradicionalmente, deriva o albanês), mas também o arménio e o grego, línguas ainda vivas. Tem dous grandes dialetos: o gegh (ou guego, em português) e o tosk (tosco, em português) falados ao norte ou ao sul do país e divididos pelo rio Shkumbi. Mas ainda se reconhecem mais dous subdialetos de base tosca, o arberesco, pertencente aos italo-albaneses e ainda o arbanítico, falado no Epiro grego e no Peloponeso pelos arberescos que não emigraram a Itália.

Os Vilayet ou províncias otomanas antes das independências dos países balcânicos

A dominação otomana foi marcante para os albaneses, embora foi no exterior que se iniciou o cultivo literário da língua, não na própria Albânia, iniciando o seu percurso na escrita com o alfabeto cirílico, paralelamente aos usos do servo-croata e do búlgaro. Foi nesta época em que aconteceu a grande migração a Itália e Grécia e a conversão forçosa duma grande parte dos albaneses ao Islão. Isto foi duma relativa importância, marcando-os com um certo privilégio, embora como etnia submetida, dentro da administração otomana. De qualquer maneira, o albanês permanecia proscrito e como língua subalterna, sob a supremacia do turco. Neste altura, também aconteceu o povoamento e colonização do Kosovo, inicialmente eslavo. No entanto, a língua estava viva e o texto mais antigo em língua Shqipe, nome com o que se designam a si próprios os albaneses, é de 1462 e está escrito em gheg. Conserva-se a frase ritual típica para o batizado no arcebispado de Durrës, assim como uns versículos do Novo Testamento e um hino da Pascoa Ortodoxa em tosk. O livro mais antigo conservado é um missal ortodoxo (Mëshari) em gheg de 1555 e um outro texto sobre a doutrina cristã em arbanítico de 1592 (E mbesuame e krështerë). Já no século XVII, em plena batalha religiosa da Contrarreforma, é que se inicia uma etapa de crescimento literário do albanês em gheg meridional apesar da pressão otomana, em que alguns escritores albaneses de religião muçulmana começam a utilizar a ortografia árabe, como Nazim Berati ou Hasan Zyko Kamberi. Esta via de reafirmação linguística representa a primeira manifestação dum albanês culto baseado nas falas de Elbasani, mas de maneira instável, usando vários alfabetos e diversas variedades populares.

Em 1908, a intelectualidade albanesa reúne-se em Manastir, hoje Bitola, segunda cidade mais povoada da Macedónia do Norte depois da capital Escópia, para discutirem qual a ortografia mais adequada para o albanês. O percurso dos tempos tinha levado os albaneses a usarem o alfabetos cirílico, grego, latino, árabe e três variedades de alfabetos autóctones: o elbasan, o büthakukye e o argyrokastër, criados entre 1750 e 1850 como forma de reafirmação nacional e linguística. A decisão foi ordenar a língua e adotar o alfabeto latino sobre a base do gheg de Elbasari, como levava sido o tradicional até o momento, mas depois da independência em 1912, a língua albanesa colhe um importante impulso, convertendo-se em língua oficial do país.

Membros da resistência albanesa na Segunda Guerra Mundial. Na direita, o líder da resistência albanesa, Enver Hoxha

Depois da Segunda Guerra Mundial e a chegado ao poder de Enver Hoxha, favorece-se mais uma mudança no padrão albanês, propiciada pela origem tosk do novo líder dos partisans da Albânia. Ao finalizar a guerra, o novo padrão oficial vai estar baseado no dialeto do líder da Republica Popular de Albânia, apesar de ter sido o gheg a variante que tradicionalmente se tem usado para este cometido. E assim ficou até hoje.

Sobre o Kosovo, falou-nos o amigo da Galiza e linguista basco José Luís Álvarez Enparantza num Congresso organizado pela AGAL há muitos anos, la em 1987 e contou-nos o seguinte: No Kosovo, de fala gheg, existiu uma importante distância política com a Albânia durante a pós-guerra, devido à rutura entre a Jugoslávia de Tito e a Albânia de Hoxha, pelo que os kosovares optaram por uma padronização centrada no seu dialeto gheg nordestino, isolando as suas falas do resto do domínio linguístico Shqipe a partir de 1944, já que a Albânia optava pelo tosk sem a mais mínima sensibilidade pelos irmãos que ficavam fora das suas fronteiras políticas. Assim foi entre 1944 e 1968, em que cada país apanhou o seu próprio caminho, até que em 1968, num congresso levado a cabo em Pristina organizado pela intelectualidade kosovar, decidiram refletir sobre o assunto e por bem da unidade linguística, optaram pela assunção da norma tosk com vistas ao futuro e pela saúde do albanês, rechaçando o modelo atomizador servo-croata, cujo protótipo é aplicar dentro da mesma língua, quatro standards (sérvio, croata, bosniaco e montenegrino), dous alfabetos (cirílico e latino) e constantes confrontos, ódios e limpezas étnicas. Sobeja dizer, que esse modelo elaboracionista é o que assumiram as instituições oficiais galegas até agora, com a figura do Žarko Muljačić como guru das línguas Ausbau… O Kosovo, finalmente, decidiu unificar os textos para o ensino seguindo os modelos de Tirana, iniciou a implementação das gramáticas tosk e legendagem no novo modelo de padrão e iniciou as adaptações ortofónicas a todos os níveis. As vantagens foram evidentes em pouco tempo a respeito da edição, na produção áudio-visual, nos intercâmbios universitários e no progresso da língua. Todo isto ajudou com a reafirmação nacional que derivou na conquista da soberania do Kosovo e da normalização plena do albanês no país do Campo dos Melros.

O caso albanês-kosovar é um exemplo de exo-normalização sucedida que pode servir de exemplo para os galegos, como também podem ser exemplos o da Taalunie de Flandres, o modelo reintegrador da Moldávia ou o do Quebeque, em que a unidade da língua histórica esta por cima de interesses partidários, particulares e gremiais.

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