Por Paloma Fernández de Córdova e José Inácio Capeloso
Se por algo se caraterizou o roteiro do Palácio Real Suevo do passado 12 de outubro, foi pelo ambiente descontraído e fraternal em que decorreu a jornada, assim como pela vontade de desvelarmos a nossa história, apagada em grande medida a ambos os lados do Minho. A jornada começou às 9:30h de Madrid (10:30h na Galiza sul) a meio de um nevoeiro que prometia um dia cheio de luz -solar, mas também cultural- como de facto foi. O sol a meio da manhã convidou-nos a tirarmos as peças de abrigo, enquanto avançávamos num percurso que nos levou pelos caminhos da antiga Gallaecia celta e do Suevorum Regnum, a través de vestígios arqueológicos, museus, igrejas pré-românicas vinculadas ao Primeiro Reino da Gallaecia, sartegos de personagens cruciais na história do 1º estado europeu ou os restos não escavados do Palácio Real Suevo. Contamos com vários guias nos diferentes espaços que visitamos, entre os quais destacou José Manuel Barbosa quem, além de organizar as visitas da mão dos amigos portugueses como Carlos Maciel, Pedro Bacelar, António Costa, Luís Miranda, Hugo Gonçalves... , fez para nós explicações muito interessantes sobre diferentes aspetos do nosso passado. Finalizamos o roteiro no local emblemático de Santa Marta das Cortiças onde, com a escuridão em cima, fixamos o entusiasmo do dia com uma foto do grupo trás a bandeira sueva. Com certeza, foi um dia para não esquecer.
Se por algo se caraterizou o roteiro do Palácio Real Suevo do passado 12 de outubro, foi pelo ambiente descontraído e fraternal em que decorreu a jornada, assim como pela vontade de desvelarmos a nossa história, apagada em grande medida a ambos os lados do Minho. A jornada começou às 9:30h de Madrid (10:30h na Galiza sul) a meio de um nevoeiro que prometia um dia cheio de luz -solar, mas também cultural- como de facto foi. O sol a meio da manhã convidou-nos a tirarmos as peças de abrigo, enquanto avançávamos num percurso que nos levou pelos caminhos da antiga Gallaecia celta e do Suevorum Regnum, a través de vestígios arqueológicos, museus, igrejas pré-românicas vinculadas ao Primeiro Reino da Gallaecia, sartegos de personagens cruciais na história do 1º estado europeu ou os restos não escavados do Palácio Real Suevo. Contamos com vários guias nos diferentes espaços que visitamos, entre os quais destacou José Manuel Barbosa quem, além de organizar as visitas da mão dos amigos portugueses como Carlos Maciel, Pedro Bacelar, António Costa, Luís Miranda, Hugo Gonçalves... , fez para nós explicações muito interessantes sobre diferentes aspetos do nosso passado. Finalizamos o roteiro no local emblemático de Santa Marta das Cortiças onde, com a escuridão em cima, fixamos o entusiasmo do dia com uma foto do grupo trás a bandeira sueva. Com certeza, foi um dia para não esquecer.
Como
combinado, os seguidores do blogue DTS encontramo-nos na estação de
comboios de Braga, somando em total mais de vinte pessoas de aquém e
além Minho.
Depois das saudações e toma de contato entre os membros do grupo, começamos o nosso roteiro com uma primeira visita a um balneário celto-galaico, no subsolo da própria estação, posta a descoberto em Fevereiro de 2003, durante as obras de ampliação da mesma. Aqui observamos um bom trabalho de respeito e restauro do património, com painéis explicativos sobre o monumento.
Na sauna, datada na Idade do Ferro, vêem-se três partes bem diferenciadas: o forno, uma pequena zona de transição e a sala. O acesso, através da chamada Pedra Formosa, faz-se por um buraco semicircular na parte baixa da pedra, que obriga a se arrastar polo chão para entrar e sair dela.
Depois das saudações e toma de contato entre os membros do grupo, começamos o nosso roteiro com uma primeira visita a um balneário celto-galaico, no subsolo da própria estação, posta a descoberto em Fevereiro de 2003, durante as obras de ampliação da mesma. Aqui observamos um bom trabalho de respeito e restauro do património, com painéis explicativos sobre o monumento.
Na sauna, datada na Idade do Ferro, vêem-se três partes bem diferenciadas: o forno, uma pequena zona de transição e a sala. O acesso, através da chamada Pedra Formosa, faz-se por um buraco semicircular na parte baixa da pedra, que obriga a se arrastar polo chão para entrar e sair dela.
Trata-se
de um esquema construtivo que aparece noutras muitas saunas da
Gallaecia, nomeadamente na parte sul, localizadas com frequência em
espaços importantes na distribuição urbanística do castro ou
citânia, no sopé das fortificações para onde corria uma linha de
água.
A sua utilidade é ainda motivo de elucubração. Alguns arqueólogos especulam com elas serem lugares iniciáticos, relacionando-as com o masculino, onde os guerreiros poderiam receber algum tipo de ensinança.
A sua utilidade é ainda motivo de elucubração. Alguns arqueólogos especulam com elas serem lugares iniciáticos, relacionando-as com o masculino, onde os guerreiros poderiam receber algum tipo de ensinança.
Porém,
dada a sua abundância no território galaico, há outras teorias
que apontam a este tipo de construções serem não exclusivas de uma
determinada classe social, mas lugares para a socialização e para a
higiene sanitária, tanto física como espiritual. Sanidade que se
explica desde a velha e atual medicina chinesa, em que o vapor
compensa, elimina o excesso de humidade, cura o morrinhoso
que o clima atlântico mete no corpo e na alma. É assim que agua
para a medicina chinesa, e não só, é memória, e o excesso de
memória ou de humidade causa sobrecarregamento do baço(1):
saudade ou morrinha. A sauna adaptada ao lugar galego trata de tirar
o excesso de humidade, de pensamento memorístico repetitivo, enxuga,
além de reparar artroses e contraturas ... De maneira contrastiva, a
sauna nórdica tira o frio, pois o alto vapor conduz calor para
dentro do corpo. A sauna nórdica molha também por dentro, pois o
frio baixa muitíssimo a humidade, seca, o ar frio contém pouca
auga, ainda que a sua humidade relativa for alta. A sauna nórdica
funciona bem "sanitariamente" para o inverno castelhano.
Mas do ponto de vista da medicina tradicional chinesa, na Galiza
“sobra” orvalho, cujos efeitos na saúde devem ser reduzidos.
Neste
tipo de construção como num forno, primeiramente se aquece o espaço
fechado, para logo entrar nele. Consta de quatro partes: O forno,
onde era incinerada a lenha para aquecer as pedras; a sala quente,
onde era atirada água fria contra as rochas incandescentes,
liberando grande quantidade de vapor que ficava retido por apenas
existir aquela pequena passagem semicircular por onde se acedia; a
sala morna, intermédia, onde era possível admirar os desenhos na
pedra de acesso à sala quente; e, por último, a sala fria, zona
parcialmente aberta, onde a água fria era retida em tanques
laterais. Assim era que nestes balneários se conjugavam os quatro
elementos: terra, água, fogo e ar, num ritual de purificação
ancestral.
Na
Irlanda, onde o legado celta não foi decepado, saunas parecidas com
as galaicas funcionaram até ao s. XIX. Nas saunas irlandesas, a
utilização de vapor é pouca, ao estar a sauna construída ao pé
de um curso de água, ou num lugar húmido, sem chegar a ser
vaporosa, tipo sauna nórdica. O forno aquece e a lentura do terreno
proporciona humidade ao ambiente.
IRISH MEGALITHS: Weathouses.
O
“oficialismo” adjetiva estas saunas galaicas de pré-romanas ou
castrejas, o que revela a carga preconceituosa que a denominação de
castreja leva consigo ao ser aplicada à cultura céltica desta parte
norte da Galiza. (Vid. O Celtismo na Galiza hoje)
O tema já foi tratado com largura neste mesmo blogue, e o próprio Barbosa retomou-o numa das suas explicações durante o roteiro, para falar do absurdo de uma cultura ser denominada pela sua habitação, assim como a ideia-força dos centralismos “culturais” de apagarem qualquer indício ou referência ao passado do povo submetido, tal e como acontece cá com qualquer referência que ligue a antiga cultura assentada na velha Gallaecia com o céltico, seguindo uma estratégia de ocultação da identidade galaica e das suas profundas raízes(2). Como pudemos verificar, isto não acontece apenas na Galiza aquém-Minho, pois nos locais e museus que visitamos na área bracarense, o céltico estava também desaparecido, por não falar da inexistência de qualquer menção ao reino suevo. Extravagante, pois não?
O tema já foi tratado com largura neste mesmo blogue, e o próprio Barbosa retomou-o numa das suas explicações durante o roteiro, para falar do absurdo de uma cultura ser denominada pela sua habitação, assim como a ideia-força dos centralismos “culturais” de apagarem qualquer indício ou referência ao passado do povo submetido, tal e como acontece cá com qualquer referência que ligue a antiga cultura assentada na velha Gallaecia com o céltico, seguindo uma estratégia de ocultação da identidade galaica e das suas profundas raízes(2). Como pudemos verificar, isto não acontece apenas na Galiza aquém-Minho, pois nos locais e museus que visitamos na área bracarense, o céltico estava também desaparecido, por não falar da inexistência de qualquer menção ao reino suevo. Extravagante, pois não?
Continuámos
o percurso para visitar a capela de São
Frutuoso de Montélios, a poucos
quilómetros, no cinto periurbano de Braga. Igreja de feitura
pré-românica, cruz grega, com influência bizantina.
Aqui
entre outros temas, o professor Barbosa falou do arco de ferradura
presente na arquitetura visigótica e na de Al-Andalus, e de como
esse tipo de arcada já marcava presença na época sueva, tal e como
fica exemplificado na igreja de Santa Comba de Bande (Ourense,
Galiza) e, ainda, em Santa Eulália de Bóveda, de finais do s. II ou
princípio do s. III d.C.
Santa
Eulália de Bóveda (Lugo, Galiza) foi na origem um santuário
dedicado à deusa Cibeles reconvertido em igreja cristã. A ideia do
culto a Cibeles vem dado pela presença de alguns elementos
decorativos que representavam a essa deusa romana, como o avestruz
como representação zoomórfica. Não se conhece outro caso similar
de templo pagão cristianizado, que apresentava já na altura o arco
de ferradura, talvez o mais antigo na península.
Quanto
à Santa Comba de Bande, o documento mais antigo referido à igreja é
um cartulário que a dia de hoje está guardado no Mosteiro de Cela
Nova e que foi entregue a um arquiteto de nome Odoymo para a sua
reconstrução em 872. No texto, em letra mal chamada de "visigótica"
(Vid: O que a verdade esconde) e que nós chamaremos de galaica ou suévica, dizia que a igreja
existia já douscentos anos atrás, o que nos leva ao ano 675. Se
fosse que naquela altura, o edifício estivesse em ruínas, com toda
probabilidade, teria um número de anos que, com certeza, nos levaria
até a época sueva, quer dizer, anterior ao 585; o que se traduz
nuns noventa anos atrás, ou talvez mais. Não é, pois, difícil
imaginar que uma igreja, na altura desmoronada, terá muitos mais
anos do que noventa para ser a ruinaria em que o documento fala. Se
isso for assim, a identificação da igreja como visigoda é falsa,
podendo determiná-la com segurança como sueva no mínimo; e ainda,
depois de visitá-la e sabendo que nela há elementos romanos, até
podemos chegar a datá-la na época tardo-romana, vinculada com a Via
XVIII ou Via Nova e com o acampamento de Aquis Querquernis.
Outro
tema interessante que tratou Barbosa foi o das relações entre o
Império Romano de Oriente e o Reino Suevo durante os séculos V e
VI, em que a figura de Martinho de Panónia, (São Martinho de Dume)
teve uma função principal, sendo organizador de um reino-estado,
numa altura em que o poder terreal tinha pregado a partida ao poder
espiritual.
Este homem singular chega à Gallaecia talvez como enviado auxiliador desde o Império Oriental, numa afixação de alianças para o controlo dos territórios do falido Império Romano Ocidental.
Este homem singular chega à Gallaecia talvez como enviado auxiliador desde o Império Oriental, numa afixação de alianças para o controlo dos territórios do falido Império Romano Ocidental.
Relacionado
com a conversão do reino suevo para o cristianismo, temos a história
que conta Gregorio de Tours em Historia
Francorum sobre o rei Carriarico, quem
tem muito a ver com a advocação do São Martinho de Tours em
Ourense por um milagre que aconteceu na época do seu reinado. Os
factos -segundo conta Gregorio de Tours- ocorreram quando o filho do
rei, de nome Ariamiro, adoeceu vítima de uma epidemia. Na sua
inquietação, o pai perguntou entre os seus súbditos sobre a
religião à que pertencia um homem chamado Martinho, que tinha fama
de realizar grandes milagres entre os gauleses. Descobriu que aquele
homem fora um bispo católico, que ainda desde a sua tumba continuava
a realizar milagres entre a gente do povo. O monarca não duvidou em
enviar a Tours, à tumba do santo, uma oferenda em ouro e prata
equivalente ao peso do seu filho; mas a curação não se produziu
porque ainda estavam arreigadas no peito do rei as crenças arianas*.
Percebendo isto, o monarca enviou uma oferenda maior do que a
anterior ao sepulcro do santo, anunciando que se o seu filho curasse
ele próprio adotaria a religião do santo.
“Chararici
cuiusdam regis Galliciae filius graviter aegrotabat, qui tale taedium
incurrerat, ut solo spiritu palpitaret. Pater autem eius faetidae se
illius Arianae sectae una cum incolis loci subdiderat”. Gregorio de
Tours, Historia Francorum.
O
envio fez-se por barco por ser mais seguro e rápido que por terra.
Nele, por volta do ano 550, portavam-se entre outras oferendas um dossel de seda para oferecer ao santo e acompanhando à
comitiva, viajava um homem procedente também da Panónia, que a
história denominaria com o nome de Martinho de Dúmio, peça
fundamental da cristianização e catolização da Galiza sueva,
acaso que Gregório de Tours atribuiu à “divina providência”. O
filho do rei curou da sua enfermidade e a lepra que ameaçava a todo
o seu reino sumiu. Quando o rei teve notícia do milagre, convocou os
seus servos mais próximos no poço situado onde hoje está a Praça
da Madalena e, ali, comunicou a todos a sua decisão de aceitar o
catolicismo como religião oficial do reino. Esta foi a segunda
conversão sueva e com ela o distanciamento dos seus inimigos
visigodos. O levantamento de uma igreja com a advocação a São
Martinho é o único dado que permite identificarmos em Ourense esta
construção com a atual igreja de Santa Maria a Madre, a primeira
Catedral da Sedis Auriensis, a qual ainda conserva umas colunas de
mármore que os especialistas datam de época sueva. Se for assim, e
tudo indica que pode ser certo, temos que datar a igreja no ano 550.
A dia de hoje, o São Martinho continua a ser o santo padroeiro da
cidade das Burgas que homenageia o santo no dia 11 de Novembro, e a
atual Catedral, do século XII, continua a ser a “Catedral” do
São Martinho!
A seguinte visita foi para o Núcleo Museológico de São Martinho de Dume mas, infelizmente, estava fechado. O que ali iríamos ver entre outras cousas era o túmulo, sartego, de São Martinho.
Dali dirigimo-nos para o seguinte lugar da visita, o Museu Regional de Arqueologia Diogo de Sousa.
Este museu está na mesma cidade de Braga, e recolhe achados desde o paleolítico até a época medieval.
A seguinte visita foi para o Núcleo Museológico de São Martinho de Dume mas, infelizmente, estava fechado. O que ali iríamos ver entre outras cousas era o túmulo, sartego, de São Martinho.
Dali dirigimo-nos para o seguinte lugar da visita, o Museu Regional de Arqueologia Diogo de Sousa.
Este museu está na mesma cidade de Braga, e recolhe achados desde o paleolítico até a época medieval.
Acompanhados por uma guia do
próprio museu, percorremos as diferentes salas. A época
paleolítica, com os utensílios de pedra. A época céltica,
rotulada como castreja, com uma réplica de guerreiro galaico,
(também chamados pelo centralismo lisboeta como “lusitanos”) no
qual bem se percebe a saia com Kilt aos quadros ao biés utilizada
pelos celtas galaicos. Também encontramos nesta sala objetos de
prestígio e de importação achados nos castros e citânias, entre
outras mostras.
Estas
estátuas pétreas de guerreiros, provavelmente da época pré-romana,
foram encontrados por todo o noroeste peninsular, todas para norte do
rio Douro, o que quer dizer que só podem ser consideradas como
galaicas. Porém, as quatro estátuas em atitude de guarda achadas no
castro de Lesenho, em Boticas, em 1785, foram classificados em
Portugal como Monumento nacional em 1910 e levados para Lisboa com o
rótulo de “guerreiros lusitanos”.
O edifício museístico está sobre o espaço que ocupou uma villa romana da qual se conserva o pavimento com mosaicos numa das suas salas.
O subsolo de Braga está cheio de restos da antiga cidade romana, de cuja época o museu tem um grande acervo.
Já da época medieval pudemos contemplar uma réplica do túmulo do São Martinho de Dume, que perdêramos de ver no fechado Núcleo Museológico.
O edifício museístico está sobre o espaço que ocupou uma villa romana da qual se conserva o pavimento com mosaicos numa das suas salas.
O subsolo de Braga está cheio de restos da antiga cidade romana, de cuja época o museu tem um grande acervo.
Já da época medieval pudemos contemplar uma réplica do túmulo do São Martinho de Dume, que perdêramos de ver no fechado Núcleo Museológico.
Após
esta visita fomos para os jardins de
Santa Bárbara, belamente engalanados
com plantas floridas. Foi lá que fizemos um intervalo para o almoço
(jantar nalgumas zonas da Galiza norte), sandes, bolinhos, e por ai
fora...
Do
outro lado da rua, limitando com os jardins, uma fonte com um dragão
verde a destacar entre a escuma branca do chafariz, trazia-nos
sutilmente a lembrança de estarmos na capital sueva da Galiza. O
Dragão verde é um dos animais símbolo da bandeira daquele primeiro
reino.
Já
depois da refeição, continuamos o percurso a pé passando pela
torre de menagem do antigo castelo de Braga, admirando os símbolos
que os canteiros deixaram na pedra cuidadosamente lavrada. Caminhamos
assim até a Fonte do Ídolo...
Uma
nascente num grande penedo granítico, rocha viva trabalhada,
esculpida, na qual vemos uma figura principal em que não podemos
identificar o sexo, trajada de túnica com muitas pregas, uma
inscrição em latim indica que "Célico
Fronto", natural de Arcóbriga
(3),
mandou fazer o monumento.
À direita do ídolo está outra inscrição que deixa muito campo para o estudo e elucubração, “TONGOE NABIAGUS”.Tongoe nabiagus lembra-nos à divindade Návia, deusa galaica das águas (4).
Há também uma figura de busto humano numa edícula, como um tímpano, com uma ave a um lado e um martelo ou maça ao outro. A guia explicou algumas teorias sobre o monumento e tentou responder às muitas perguntas dos membros do grupo.
À direita do ídolo está outra inscrição que deixa muito campo para o estudo e elucubração, “TONGOE NABIAGUS”.Tongoe nabiagus lembra-nos à divindade Návia, deusa galaica das águas (4).
Há também uma figura de busto humano numa edícula, como um tímpano, com uma ave a um lado e um martelo ou maça ao outro. A guia explicou algumas teorias sobre o monumento e tentou responder às muitas perguntas dos membros do grupo.
Fomos deixando atrás Braga e,
de carro, dirigimos-nos para a citânia
de Briteiros, atravessando a frondosa
floresta das abas dos montes que circundam Braga pelo leste, lugar do
santuário do Bom Jesus.
Briteiros: um grande castro; suposto centro dos galaicos brácaros, que na sua época de esplendor pôde chegar a ter mais de dez mil habitantes.
O castro apresenta uma continuidade alargada de ocupação, desde a idade do cobre(5), até a romanização, calcula-se que foi abandonado no século III d.C.
Percorremos as suas íngremes ruas onde observamos a cuidadosa canalização das aguas.
Briteiros: um grande castro; suposto centro dos galaicos brácaros, que na sua época de esplendor pôde chegar a ter mais de dez mil habitantes.
O castro apresenta uma continuidade alargada de ocupação, desde a idade do cobre(5), até a romanização, calcula-se que foi abandonado no século III d.C.
Percorremos as suas íngremes ruas onde observamos a cuidadosa canalização das aguas.
Visitamos
a pedra formosa, trabalhada lousa granítica porta de entrada de uma
sauna, com os símbolos do trísquel. A sauna de Briteiros tem a
mesma distribuição que a descrita anteriormente. É para destacar o
bom estado de conservação das gravuras.
Numa escavação em 2006,
foi localizada -umas centenas de metros abaixo do referido monumento-
uma estrutura de um segundo balneário, onde alguns arqueólogos,
como o próprio Mário Cardozo, localizam a implantação original da
Pedra Formosa, que atualmente se guarda no Museu da Cultura Castreja
em Briteiros. Porém, outros estudiosos julgam que as ruínas dos
banhos achados não são compatíveis com a beleza e a qualidade do
entalhe da pedra, o que leva à possibilidade de ter havido até três
balneários na citânia. A estrutura ficou parcialmente destruída em
1932 com a construção da estrada Nacional 306, entre São Salvador
de Briteiros e o Bom Jesus de Braga.
Desde a parte baixa, onde está esta pedra
formosa, subimos ao coroto da citânia, fazendo um alto no caminho.
Intervalo que não serviu apenas para descanso, como também para
escutar de novo o professor Barbosa a falar sobre as teorias que
colocam o noroeste peninsular no berce celta da Europa atlântica.
Barbosa acompanhou as suas explicações sobre a Teoria da Continuidade Paleolítica com as lendas associadas a Breogão e aosmilesianos, colonizadores da velha Eirin segundo o Leabhar Gabhala.
Chegados ao cume, descemos até a chamada “Casa
do Conselho”, uma habitação grande circular de banco corrido,
onde fomos colhendo assento. O Bruxo Queiman, participante ativo,
emocionou-nos com um monólogo de exaltação da história e do
sentimento galaico.
Nesse espaço de roda nasce a ideia da diferente
organização que o círculo implica a respeito do quadrado, onde a
rainha ou o rei não têm uma cadeira especial, nem um lugar
superior, e de como isto pôde talvez chegar até um dos últimos
reinos célticos, na famosa mesa redonda do rei Artur ...
O dia ia dando cabo de si e faltava a visita ao antigo palácio dos reis suevos.
Outra vez de carro dirigimos-nos à capela de Santa Marta das Cortiças, no alto da Falperra, um belo miradoiro onde finalizaríamos o roteiro.
Neste alto de monte, localizado a sudeste de Braga, com vistas sobre a cidade, foram descobertos vestígios de um castro romanizado e diversas construções, entre as quais destaca uma maior. Um grande edifício que, com muita probabilidade, teria sido o palácio real suevo, dada a sua magnitude e a datação do espólio dos achados, que remetem aos séculos V e VI, tempos em que Braga foi capital da Gallaecia. Os restos achados foram novamente enterrados para uma melhor preservação, enquanto não forem efetuadas escavações.
É de bem agradecer o trabalho organizativo e de guia dos amigos bracarenses, assim como a sua hospitalidade e amizade; também o labor levado à frente por DTS na organização deste roteiro orientado a acordar do sono maléfico a apaixonante história que nos une aos galaicos.
O dia ia dando cabo de si e faltava a visita ao antigo palácio dos reis suevos.
Outra vez de carro dirigimos-nos à capela de Santa Marta das Cortiças, no alto da Falperra, um belo miradoiro onde finalizaríamos o roteiro.
Neste alto de monte, localizado a sudeste de Braga, com vistas sobre a cidade, foram descobertos vestígios de um castro romanizado e diversas construções, entre as quais destaca uma maior. Um grande edifício que, com muita probabilidade, teria sido o palácio real suevo, dada a sua magnitude e a datação do espólio dos achados, que remetem aos séculos V e VI, tempos em que Braga foi capital da Gallaecia. Os restos achados foram novamente enterrados para uma melhor preservação, enquanto não forem efetuadas escavações.
É de bem agradecer o trabalho organizativo e de guia dos amigos bracarenses, assim como a sua hospitalidade e amizade; também o labor levado à frente por DTS na organização deste roteiro orientado a acordar do sono maléfico a apaixonante história que nos une aos galaicos.
Obrigados a todos vós. “Benções.”
(1)
Nas pessoas melancólicas e saudosas há
um excesso de humidade, para a medicina chinesa estancada no baço.
Já no saber do povo galego isto é conhecido, pois no gado há a chamada baceira, uma doença na que o baço tem grande tamanho, pensa-se popularmente devida a um enchoupamento, a estar ensopado de água.
Já no saber do povo galego isto é conhecido, pois no gado há a chamada baceira, uma doença na que o baço tem grande tamanho, pensa-se popularmente devida a um enchoupamento, a estar ensopado de água.
(2)
Reinhard Heidrich - SS Grupenführer . (Diretor do departamento
principal de segurança do Reich): “Privem
o povo da sua consciência nacional, tratem-nos como uma tribo e não
como uma nação, diluam a sua honra nacional, não ensinem a sua
história, propaguem que a sua língua é inferior, façam-lhes ver
que eles têm um vazio cultural, enfatizem que os seus costumes são
primitivos, e enganem-nos com que a independência é uma bárbara
anomalia”.
Podemos
observar, tanto na Gallaecia sob a espanholidade como na Gallaecia
sob a lusitanidade, este processo de infravalorização do genuíno e
da raiz atuando, e infelizmente alienando.
(3)
Arcobriga foi um castro, posteriormente romanizado, no atual concelho
de Monreal de Ariza (Aragão, Espanha).
(4) A hipótese etimológica sobre tongoe,
pode levar à mesma raiz que tongue
inglês, (língua), polo que estaríamos diante da língua de
Návia.
Outro caminho seria a raiz de tanque e estanque, que para a etimologia é uma palavra da Índia do idioma Gujarati tankh que os portugueses navegantes trouxeram para a Europa.
Hipótese que fica em dúvida, ao termos no galego a palavra tanque, além de para o estanque, para distintos tipos de taças ou copos, com asa e sem ela, á vez que a palavra tango para o mesmo tipo de utensílio. Sendo pois “tongoe nabiagus”, o tango naviego, o copo de Návia, ou o tanque, estanque de Návia.
Outro caminho seria a raiz de tanque e estanque, que para a etimologia é uma palavra da Índia do idioma Gujarati tankh que os portugueses navegantes trouxeram para a Europa.
Hipótese que fica em dúvida, ao termos no galego a palavra tanque, além de para o estanque, para distintos tipos de taças ou copos, com asa e sem ela, á vez que a palavra tango para o mesmo tipo de utensílio. Sendo pois “tongoe nabiagus”, o tango naviego, o copo de Návia, ou o tanque, estanque de Návia.
(5) A primeira etapa neolítica, o calcolítico ou idade do Cobre, é
calculada que começou polo ano 3.100 a.C. nesta zona geográfica da
antiga Gallaecia.