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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A lírica trovadoresca e a poesia arábico-andaluza



Por Maria de Fátima Santos Duarte Figueiredo

A lírica trovadoresca galaico-portuguesa é a mais antiga forma poética portuguesa, sendo normalmente delimitada entre o fim do século XII e a morte do conde de Barcelos, D. Pedro, entre 1354 e 1364.
Dela, destacamos a cantiga de amigo, caracterizada pela enunciação feminina e pela existência de um refrão, que afastam de imediato das cantigas de mestria de outro género, o das cantigas de amor.
A existência de paralelismo e a proximidade à poesia oral e popular tem levado a dúvidas acerca da origem destas composições poéticas, surgindo quatro teses: a que defende uma origem palaciana, europeia e cortês, através de uma matriz latina medieval; a que aponta uma origem autóctone, ibérica; a tese de que Rodrigues Lapa é representante, a de uma origem literária, de matriz latina e a que defendem Julián Ribera e A. R. Nykl, na primeira metade do século XX: a teoria arábico-andaluza.
Menéndez Pidal, em Poesia Árabe y Poesia Europea, defende as teorias autóctone e arabista, espelho literário de um cruzamento social e cultural ibérico perfeitamente natural e fruto de um entendimento que fugia às lutas que eram mais políticas do que religiosas.
É possível encontrar semelhanças entre a poesia arábico-andaluza, cujo primeiro poeta aparece nos fins do século IX, e a lírica trovadoresca, quer no que respeita às cantigas de amigo quer às de amor, tendo a poesia provençal aparecido apenas no início do século XII.
Nas composições poéticas (canções) de Guilherme IX e de Marcabrú, já surge a figura do “gardador” (Menéndez Pidal, Poesía árabe y poesía europea, 56) da mulher, incumbido pelo marido ou rival de observar os seus passos. A personagem com a função de vigilante e que, por isso mesmo, angustia os amantes, aparece igualmente nos poemas árabes zejelescos, com o nome raqíb.
Na página 65 daquela obra, o autor refere que “Ribera llamó la atención sobre el zéjel 141 de Aben Guzmán, que es parodia de una albada, cantando con cierto humorismo la separación de los amantes al amanecer, y en otro zéjel, el 82, la estrofa final desliza un verso en romance, alba, alba, es de luz en una die, sin duda estribillo de una albada mozárabe.”, deduzindo-se daqui que a alba já era escrita na Andaluzia, não sendo uma criação dos trovadores provençais, pois estes começaram a escrever composições deste género mais tarde do que os poetas andaluzes.
No entanto, a poesia andaluza também terá sofrido influências, referindo Menéndez Pidal que “Aben Bassam nos dice que Mucáddam cantaba en un árabe popular mezclado de aljamía o romance mozárabe andaluz, y esta mezcla nos deja suponer el influjo de una lírica popular de los cristianos de Andalucía, por lo menos en cuanto al estribillo, elemento extraño a la poesía árabe, y para el cual parece que Mucáddam inventó el nombre de markaz, al decir de Aben Bassám.” (op. cit., 70), acrescentando que “Ribera cree que Mucáddam no se debió inspirar en una lírica romance andaluza, sino en una lírica importada por los gallegos en Andalucía.” (ibidem). Estes galegos, em número considerável, terão integrado a população de várias regiões da Hispânia, sendo respeitados “por su belleza física, por su ingenio y habilidad” (op. cit., 71), tendo a poesia galega uma enorme relevância, nesta altura: “La excepcional importância que la lírica gallega tuvo en los siglos XIII e XIV hizo a Ribera suponer que debió ya estar floreciente en la época primitiva.” (ibidem) O tema mais tratado, nestas composições reduzidas, é o da jovem que se lamenta da separação ou ausência do habib (amigo), interpelando a mãe como forma de receber consolação para a sua angústia.
Relativamente às cantigas de amor, há semelhanças na conceção do próprio Amor, sendo o idealismo amoroso, na literatura árabe oriental, tratado já desde o pré-islamismo. Geralmente, crê-se que, nos poemas árabes, predomina um amor apenas sensual, expresso numa explosão de sentidos. No entanto, como refere Ramon Menéndez Pidal, na obra acima mencionada, “ El filósofo cordobês Aben Házam en su Libro del Amor, escrito em 1022, se inspira siempre en un idealismo erótico, que conviene en muchos puntos con el amor trovadores” (59), surgindo o amante submetido à amada, tema este que já era tratado dois séculos antes pelo califa de Córdoba Al-Hákem I.
Galega no harém
A submissão, a obediência e o servir por amor são tópicos temáticos presentes nos poemas andaluzes e na literatura árabe, em geral. A estes, acrescenta-se ainda a referência à mulher, mas usando o masculino, o que também se verifica na lírica trovadoresca provençal e, mais tarde, na galaico-portuguesa. Aben Házam, para referir a mulher, usa os seguintes vocábulos, no masculino: sayyidi, que significa “mi señor”, e mawláya, isto é, “mi dueño”, usando os provençais a palavra midons.
O conceito poético do homem que se entrega ao Amor, submetendo-se com humildade e resignação a uma mulher que não reconhece a sua importância e dedicação, que sente comprazimento nesse amor de que nada pode esperar e ainda assim o aceita, sendo um Amor sem recompensa, não existe na literatura latina. No entanto, surge muito na poesia árabe como, por exemplo, nos poemas zejelescos de Aben Guzmán e num zejel de Aben Labbána de Denia, de antes de 1091, citado por Menéndez Pidal, na obra anteriormente referida: “pero mi corazón, añade el amante, está lleno de dulzura hacia aquella que me maltrata” (62).
Página de um cancioneiro provençal do s. XIII da autoria de Arnaut Daniel
Na poesia provençal, como sabemos, surge a mesma submissão amorosa e o comprazimento no sofrimento amoroso e depois, por imitação, na lírica galaico-portuguesa, culminando na morte por amor.
(Ligação: A invenção do amor)
  • O zéjel
O zéjel é um trístico monórrimo com refrão e com um quarto verso de rima igual em todas as estrofes, que se repete no quarto verso de todas as estrofes da mesma composição poética, de que Menéndez Pidal, em Poesia árabe e poesia europea apresenta como exemplo a composição número cinquenta e um do Cancioneiro de Baena, de Afonso Alvarez de Villasandino (17) e que tem a mesma forma métrica e estrófica que o zéjel número catorze, de Aben Guzmán.
Como menciona Maria Jesus Rubiera Mata, em “Jarchas de Posible Origen Galaico-Portugues”, “la poesia estrófica andalusí, moaxajas y zéjeles eran canciones,estaban musicadas”( in Actas do IV Congresso da Associação hispânica de Literatura medieval, vol. IV, 79).
As formas zejelescas da poesia hispano-arábica encontram-se presentes na poesia trovadoresca dos primeiros trovadores provençais, de que se destaca Guilherme da Aquitânia. Nesta, encontram-se, de acordo com Julián Ribera e A. R. Nykl, alguns assuntos relacionados, tal como na poesia árabe da época, com a ideologia amorosa: a forma como o próprio Amor é encarado e tratado e a idealização da Mulher, por exemplo.
No entanto, Rodrigues Lapa manifesta-se contra essa influência, tendo procurado provar que, antes de Aben Guzmán, o zéjel já era conhecido, usando, para tal, alguns exemplos de estrofes com versos monórrimos, na poesia latina do século XI. Na opinião de Menéndez Pidal, esses exemplos não são, contudo, suficientes para provar que o zéjel é de origem latina, uma vez que apresenta especificidades que não se encontram na poesia latina.
Segundo o último autor mencionado, a poesia galego-portuguesa não apresenta esta influência e as respetivas composições, quanto à sua forma estrófica, não revelam, na grande maioria, a mesma que a do zéjel (aaab) .
Há, no entanto, uma excepção: as cantigas do Cancioneiro de Santa Maria, do rei Afonso X, cujas estrofes são quase todas de trísticos zejelescos. Menéndez Pidal considerou-as galaico-portuguesas pela língua, mas castelhanas, pela natureza, com influência árabe na forma e tema religioso cristão.
Em relação à poesia provençal da primeira metade do século XII, aquele autor encontrou a precedência da lírica árabe peninsular, o que comprova que esta foi levada para o sul de França e lá implantada. O mesmo adverte, aliás, para o facto de os muçulmanos terem usado esta forma métrica muito antes dos cristãos, salientando o poeta cordobês Aben Guzmán, que escreveu poesia entre o fim do século XI e início do século XII e teve uma vida de trovador errante, desde 1094, o que é bastante importante, pois permite constatar uma das muitas possibilidades de contacto entre os poetas de então, deslocando-se de reino em reino, o que permitia difundir e trocar conhecimentos.
Este intercâmbio cultural é ilustrado, na obra Poesia Árabe y Poesia Europea, numa iluminura que consta de Cantigas de Santa Maria, na qual um jogral cristão toca alaúde com outro, mouro, partilhando a mesma bebida, (Adalberto Alves, Arabesco, Da música árabe e da música portuguesa), num intercâmbio cultural ilustrativo do que acontecia, na realidade, na sociedade hispânica medieval.
Para provar a origem árabe do zéjel, Menéndez Pidal, em Poesia Árabe y Poesia europea (19) refere que, segundo dois escritores muçulmanos, Aben Bassám, de Santarém,e Aben Jaldún, de Tunis, o seu criador foi Mucáddam bem Muáfa el Cabrí, o Cego, que viveu em Córdoba no fim do século IX e primeiro quartel do século X. Segundo eles, a estrofe inventada por este teria um markaz, ou seja, um refrão, em árabe popular e romance falado por moçárabes cristãos, sendo então o zéjel o resultado de duas culturas. A nível de conteúdo, apresentava dois assuntos: o amor, na primeira parte e o elogio a alguém, na segunda parte, sendo então esta forma a substituta da quasida árabe clássica: “ Aben Jaldún nos dice que el zéjel vino a ser el substituto vulgar de la casida árabe clásica” (op. cit., 20).
Segundo Aben Jaldún, refere Menéndez Pidal, na página 20, esta forma seria substituta da quasida árabe clássica, que também apresentava estes dois temas e por esta ordem.
No entanto, segundo Menéndez Pidal, há aspetos que a distanciam do mundo árabe: a divisão estrófica, o uso do estribilho no fim de cada estrofe, o tema da separação dos amantes, ao amanhecer, o facto de não serem tratados assuntos caracteristicamente árabes e presentes na quasida, como as viagens por regiões desertas, a vida nómada, o camelo...
O zéjel, tendo surgido na Península Ibérica, reflete a mistura, a simbiose das culturas cristã e árabe, o que faz com que esta forma seja tipicamente ibérica: há a referência a festas e épocas do calendário latino, vozes e frases românicas andaluzes, misturadas com o árabe, o que prova que a literatura é um espelho da sociedade em que é produzida e de que árabes e cristãos não viviam, afinal, num clima constante de inimizade como a História oficial quis fazer fazer crer (D. Afonso X e D. Dinis tinham poetas e músicos árabes nas suas cortes).
Mucáddam teve vários seguidores, pelo que o zéjel perdurou, tendo sido o primeiro a usar esta forma o cordobês Aben Abd-el-Rábbihi; no entanto, o mais conhecido é Aben Guzmán, por ter deixado uma significativa colecção de zejéis (m.1160).
A poesia árabe-andaluza e a forma zejelesca aparecem, pela primeira vez, na Europa, na obra do duque Guilherme IX, de Aquitânia, que sabia árabe e era contemporâneo de Aben Guzmán e a estrofe trística aparece também no início da lírica galego-portuguesa, na qual se destaca Lope Díaz de Haro, senhor de Vizcaya, o maior dignitário da corte de Afonso VIII desde 1206, usando a língua da Galiza, onde se metrificava de acordo com a estrofe andaluza.
A estrofe zejelesca não apresentava dificuldades de interpretação, pois a língua usada era uma mistura de árabe com romance, o que facilitava sua compreensão e assim, foi usada não só na poesia de corte, como na de D. Dinis e do conde de Barcelos, como também na popular, de que é exemplo a bailada Avelaneiras frolidas, de Airas Nunes. Devido a este grande intercâmbio cultural realizado com e através do zéjel, Menéndez Pidal, em Poesia árabe y poesia europea, considera que ele é “más expresivo aún que la conocida miniatura de las Cantigas de Alfonso X, que representa um juglar moro y outro Cristiano acompañandose el uno al outro en su canto.” (45), que Adalberto Alves incluiu na sua obra Arabesco, Da música árabe e da música portuguesa, como já foi referido.
Em relação à existência da estrofe zejelesca nas poesias árabe e românica, é inegável a ligação entre elas, sendo de destacar que a cultura árabe predominou entre os séculos X e XIII e que os exemplos de composições arábico-andaluzes são muito antigos. De acordo com a teoria arábico-andaluza, tal comprova que a poesia românica imitou a árabe, mas há também que não esquecer que, no ano 900, Mucáddam de Cabra escrevia poesia usando refrões com vozes moçárabes, pelo que é provável que se baseasse numa canção românica andaluza, que poderia ter-se desenvolvido ao mesmo tempo que a árabe e em dialeto moçárabe, tal como em galego e provençal, por exemplo.
  • As kharjas
Em 1948, no trabalho “ Les vers finaux en espagnol dans le muwassahs hispano-hebraiques”, S. M. Stern descobriu e divulgou vinte poemas de poetas judeus da Península Ibérica da primeira metade do século XI e do século XII, anteriores assim à primeira lírica europeia em língua vulgar, a provençal.
Estes são poemas curtos, que formavam o último simt ou qufl, uma espécie de refrão das muwassahat ibérico-árabes ou hebraicas, pois esta forma poética é árabe, mas pode aparecer quer em árabe culto quer em hebraico.
Inicialmente, pensou-se que as kharjas serviam de conclusão às composições poéticas, mas depois percebeu-se que eram autónomas em relação àquelas e escritas em moçárabe do sul da Península, havendo, por vezes, quer o uso de romances quer termos árabes peninsulares.
Os versos das kharjas encontram-se escritos na variedade vulgar do árabe peninsular e apenas quatro estão escritos em moçárabe, o dialeto usado no Andaluz, enquanto o resto da composição poética apresenta a modalidade do árabe ou hebraico eruditos ou literários.
Em 1952, Emílio García Gómez divulgou mais vinte e quatro kharjas, inseridas em poemas árabes, datando a maioria das que se encontram conservadas do período entre a primeira metade do século XI e o século XII. No que respeita às árabes, as mais antigas datam da altura dos reinos taifas, encontrando-se na produção de Ibn ´Ubada e Ibn Al-Mu´allim, vizir do rei Al- Mu´tadid,de Sevilha (1042-1069), pai de Al-Mu´tamid.
Quanto à enunciação, as muwassahat e as kharjas distinguem-se. Nas primeiras, o sujeito de enunciação é masculino, enquanto que, nas segundas, é feminino, expressando-se uma donzela apaixonada, pelo que se aproximam das cantigas de amigo da poesia galaico- portuguesa.
Geralmente, surgem em quadras, expressando aquela donzela um lamento pela ausência do habibi ou amigo, havendo também, por vezes, a interpelação à mãe, de forma a encontrar consolo para o desespero amoroso. Estas duas figuras, a do amigo e da mãe, surgem igualmente nas cantigas de amigo, podendo então ter havido veios comunicantes entre o norte e o sul da Península Ibérica e ocorrido uma influência mútua directa entre os poetas árabes e cristãos.
Com a descoberta das kharjas, levantou-se a hipótese da existência de uma tradição lírica românica, na primeira metade do século XI, relacionada com a presença de cristãos que, na Andaluzia, sob a plena influência árabe, mantinham a sua língua e costumes e assim, a lírica provençal deixaria de ser considerada a primeira literatura neo-latina em língua vulgar e Guilherme de Aquitânia não seria o poeta mais antigo da literatura europeia em língua vulgar. No entanto, não se deve menosprezar o facto de mais de dois terços das kharjas conterem arabismos, muitos deles na rima, havendo também cláusulas escritas completamente em árabe vulgar, pelo que aquela posição, defendida por Menéndez Pidal, não pode ser plenamente comprovada.
Por outro lado, R. Hitchcock defende, desde 1973, que o elemento árabe, nas kharjas moçárabes, é muito maior do que se tinha considerado, afirmando que se devia considerá-las escritas “totalmente em árabe vulgar e não como textos romances, pelo que as kharjas deixariam de ser o primeiro capítulo na história da poesia europeia.” (Dicionário da literatura medieval galego-portuguesa, 370). Além disso, nelas eram usadas versos de poetas árabes, como, por exemplo, estribilhos de zejéis de Ibn Quzman, que foram usados como kharjas em muwaxahas de poetas árabes e hebraicos, que viveram depois dele.
Dois séculos antes dos autores galego-portugueses, já poetas árabes tinham usado as kharjas, com características comuns às cantigas de amigo da lírica galego-portuguesa, pelo que aquelas poderão ser consideradas uma espécie de “cantigas de amigo” árabe-andaluza.
Estes textos comprovam assim a existência de uma sociedade trilingue, na qual se inseriam e conviviam árabes, cristãos e judeus, refletindo um ambiente riquíssimo, a nível social e cultural, no território peninsular ibérico.

Bibliografia

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revista “Ocidente “, Lisboa, 1985

AAVV, A lírica galego-portuguesa, 2ª edição, Coleção Textos literários, dirigida e coordenada
por Maria Alzira Seixo, Editorial Comunicação, Lisboa, 1985

ALVES, Adalberto, Arabesco, Da música árabe e da música portuguesa, Assírio & Alvim, Lisboa,
1989

_____ O meu coração é árabe, a poesia luso-árabe, 2ª edição, Assírio & Alvim, Lisboa,
1991

_____ Portugal e o Islão, escritos do Crescente, colecção Terra Nostra, Editorial Teorema,
Lisboa, 1991

_____ Al-Mutamid, poeta do destino, Assírio & Alvim, Lisboa, 1996

_____ Portugal e o Islão iniciático, 1ª edição, Edições Esquilo, Lisboa, 2007

DIAS, Aida Fernanda, História crítica da Literatura portuguesa, direção de Carlos Reis, 1ª edição,
volume I (A Idade média), Editorial Verbo, Lisboa/São Paulo, 1998

FERREIRA, Maria Tarracha, Poesia e prosa medievais, Biblioteca Ulisseia de autores portugueses,
Editora Ulisseia, sem data

GONÇALVES, Elsa e RAMOS, Maria Ana, A Lírica galego-portuguesa, 2ª edição, Editorial
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LANCIANI, Giulia e TAVANI, Giuseppe, Dicionário da Literatura medieval galega e portugue-
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LE GOFF, Jacques, Os intelectuais na Idade Média, tradução de Margarida Sérvulo Correia, 2ª
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NEMÉSIO, Vitorino, A poesia dos trovadores, Obras-primas da Língua portuguesa, Livraria
Bertrand Imprensa Portugal-Brasil, Venda Nova-Amadora, sem data

PAREJA, Eduardo Iañez, História da Literatura universal, A Idade Média, Planeta Editora, volu-
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PIDAL, Ramón Menéndez, Poesía árabe Y poesía europea, 6ª edição, Espasa-Calpe, Madrid,1973

ROUGEMONT, Denis de, O Amor e o Ocidente, tradução de Ana Hatherly, 2ª edição, Coleção
Margens do Texto, Moraes editores, Lisboa, 1982

TAVANI, Giuseppe, Trovadores e jograis, Introdução à poesia medieval galego –portuguesa, Edi-
torial Caminho, Lisboa, 2002


Outros textos

D.Denis: um Poeta Rei e um Rei Poeta”,Elsa Gonçalves, Actas do IV Congresso da Associação hispânica de Literatura medieval, organização de Aires A. Nascimento e Cristina Almeida Ribeiro, volume II , Coleção Medievália, Edições Cosmos, Lisboa, 1993, 13-23


Jarchas de Posible Origen Galaico-portuguesa”, Maria Jesus Rubiera Mata, Actas do IV Congresso
da Associação hispânica de Literatura medieval, organização de Aires A. Nascimento e Cristina Almeida Ribeiro, volume IV, Coleção Medievália, Edições Cosmos, Lisboa, 1993, 79-81

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

HISTÓRIA DA LÍNGUA: Os inícios. Cantigas e trovadores



Por José Manuel Barbosa


Desde o século XII em adiante a distância entre o galego e o latim começa a sentir-se com tanta amplitude que vai ajudar a considerá-los como formas linguísticas diferentes, até o ponto de os escribas da época se verem obrigados a escrever na língua do comum para serem percebidos. Esta não era precisamente o latim mas o galego. As necessidades diárias –compras e vendas, testamentos, doações, etc- implicavam um uso escrito determinado da língua por parte do próprio povo adequado à prática linguística quotidiana. Por outra parte e sem qualquer dúvida o galego começa a ser empregue de igual maneira por razões artísticas, o que leva à criação, à poesia e à prosa.
Portugal, uma vez independente, vê como a língua escrita, começa a ser sentida como “oficial” na época do Afonso III, Rei que completa a conquista de todo o território português ocupando o Algarve. Estamos a falar do século XIII. O seu filho Dom Dinis I o Lavrador, grande impulsionador da cultura em Portugal, instituiu o uso obrigatório do galego-português nos documentos oficiais. A arte trovadoresca floriu em esta época sendo o próprio Rei um cultor da poesia amorosa.
 Na Galiza também o já galego-português floresce e se cultiva literariamente mas não só na Galiza Compostelana. Todo o território da Coroa galaico-leonesa vai dar autores que dominam a nossa língua. A prova está no facto de ser a língua da Corte e ser a língua escrita e de cultura na que escrevem os artistas de importância já fossem da Galiza Compostelana, Leom ou a Estremadura. Isto dentro das contornas e limites tradicionais do nosso espaço geo-político embora houvesse também sevilhanos, castelhanos, mesmo aragoneses e até italianos que usaram o galego com arte e cultura.

 Neste final da Idade Média, época das Cantigas poderíamos dividir o percurso da nossa língua pela história desde duas vertentes:


a)  Dum ponto de vista cronológico e

b) Do ponto de vista do espaço físico que há que atender uma vez tenham apanhado caminhos diferentes o novo reino de Portugal e o que fica do reino da Galiza o qual no século XIII e XIV aparece reduzido praticamente à Galiza compostelana, chegando assim, nessa aproximada conformação territorial, até os nossos dias.



Em Portugal a ação da cultura faz com que os cultores da língua se afastem da fala popular por influência do latim, Há uma necessidade de modernizar a língua, sobretudo nos documentos jurídicos, que botam mão da tradição latina.
 No Sul vamos assistir ao descolar da variante portuguesa e a ver como a independência do novo Reino e o nacionalismo português impulsionam o que vai começar a ser chamado de agora em diante com o nome de "português".

 No Norte a variante galaico-compostelana vai ficar reduzida num canto da península, entre o mar e a Meseta, e vamos ver como a partir de agora a hegemonia de Castela vai conseguir com o tempo e uma ação política agressiva despejar à Galiza do lugar de privilegio no que esteve durante séculos até levá-la à falência cultural; essa Galiza era o país que até ao momento tinha sido um dos mais floridos e prósperos da Europa e que logo  nos seguintes séculos vai passar a ser um Reino periférico e de menor importância.

 A etapa galego-portuguesa inicial vai desde o aparecimento dos primeiros textos escritos a finais do século XII até aproximadamente ao ano 1350 na Galiza, época, esta última, na que começam as guerras de sucessão na coroa unida galaico-leonesa e castelhana. Esta século XIV vai ser uma época de pestes em todo o ocidente peninsular e caraterizado pelas suas convulsões políticas e militares. As revoltas, as guerras contra Castela, a opção de unir-se a Portugal... Tudo isto foi experimentado com importante dose de insucesso.

 Entre o século XII e finais do XIV, vai ser a época do esplendor trovadoresco, embora dum ponto de vista português este momento vai-se ver alargado até o 1385 ano da batalha de Aljubarrota na que o Reino de Portugal dá amostras de querer fazer o seu caminho independentemente dos ditados de Castela reafirmando a sua personalidade. É Portugal que recolhe, herda e continua com o primigénio projeto nacional galaico, uma vez que consolida a hegemonia sobre a maior parte do território ocidental peninsular, exceto o Norte compostelano.
Neste contexto histórico, com a dinastia de Aviz controlando o poder político no Reino de Portugal, a assunção da burguesia de Lisboa como guias do projeto nacional, feita de construtores e armadores de navios e com o começo das navegações, os rumos históricos da Galiza e Portugal colhem caminhos diferentes tendo isso grande importância da gestão da Língua. Isto faz com que as etapas nas que podamos dividir o percurso da nossa língua em ambos os territórios vão ser também diferentes.
 Estas divisões histórico-linguísticas, que nos servem para enxergarmos um caminhar histórico marcado pela divisão política entre um Norte galaico-compostelano e um Sul galaico-bracarense ou português, podem ser feitas de muitos pontos de vista e tendo em conta diversas referências e parámetros. Nós vamos seguir critérios dados pelos professores Dobarro Paz, Freixeiro Mato, Martinez Pereiro, Salinas Portugal (1987:127-149) e Manuel Portas (1991:51-53) em alguns  casos Vázquez Cuesta, P e Mendes da Luz, M.A . (1987:187-226):


Os textos escritos mais antigos da nossa língua são entre os textos literários:

a) A cantiga da Guarvaia atribuída a Paio Soares de Taveirós ou a Martim Soares.

b) A cantiga da Guarda de Sancho I

c) Sirventes de Joám Soares de Paiva contra o rei Sancho de Navarra.



Todos eles redigidos nos fins do século XII e começos do século XIII.



Os textos em prosa som:

a)      O auto das partilhas (1192)

b)      O testamento de 1193

c)      A Notícia de Torto de 1211

d)      O Testamento de Afonso II de 1214.

No que diz respeito à lírica é-nos conhecida em vários cancioneiros:



·O cancioneiro de Ajuda

·O cancioneiro da Biblioteca Vaticana

·O cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa ou de Colocci-Brancutti.

·O cancioneiro de Berkeley

·Outros textos:

a) O Pergaminho Vindel

b) Duas versões da tenção de D. Afonso Sánches e Vasco Martins de Resende. Na Biblioteca Municipal do Porto e na Biblioteca Nacional de Madrid.

c) Cinco “Lais” de Bretanha na Biblioteca Vaticana e

d) Tavola Colocciana. (Índice de autores dum cancioneiro perdido).



O da Biblioteca Vaticana e da Nacional de Lisboa, cópias dos originais, feitas no século XVI.

As poesias destes textos são de três categorias:

·        As cantigas de amigo

·        As cantigas de amor

·        As cantigas de escárnio e maldizer.

Além destes cancioneiros profanos temos os de caráter religioso escritos pelo rei de Galiza-Leão e Castela, Afonso IX o Sábio e conhecidos por Cantigas de Santa Maria.
 Toda esta etapa histórica corresponde-se com o predomínio do chamado reino de Galiza-Leão no qual, seguindo alguns autores como Emílio González López (1978:301-304), a hegemonia política, cultural, económica e até militar corresponde à Galiza histórica que estendia o seu território pelas atuais Astúrias, Leão e a Estremadura para além da própria Galiza Compostelana.

 Os reis Afonso VIII (IX para o cômputo castelhanista) e Fernando II ambos de Galiza-Leão tomam o título de Imperadores e levam à Galiza aos seus momentos de maior explendor. O historiador galego Emílio González López diz: "Os reinados de Fernando II e o seu filho Afonso IX (VIII para nós) -que se extendem quase por um século, desde o 1157 até o 1230- passam-se sem pena nem glória pelas páginas das Histórias da Espanha, escritas com o pensamento posto em Castela; e no entanto, representam o máximo explendor de Galiza e com ele um dos momentos mais importantes no desenvolvimento da cultura hispânica. Estes dous reinados são a época gloriosa do triunfo do poder político de Galiza como reino próprio, (...); e com o poder político, a cultura, que ao dizer de Burckhardt, é a expressão mais autêntica desse poder" (Gonzalez Lopez: 1978: 301).
  
Os textos em prosa são:

·        A demanda do Santo Graal

·        A Chronica Troiana

·        Os livros de Cavalarias



todos eles de caráter narrativo.



·        Chronica Geral Galega

·        General Estória

·        Chronica de Santa Maria de Íria de caráter histórico

·        Outros textos como:

a-     O livro de Linhagens do Conde de Barcelo

b-     Os milagres de Santiago



Também há outros monográficos, didáticos e/ou religiosos como:



·        Tratado de alveitaria

·        Livro dos cambeadores

·        Flos Santorum

·        Legenda Aurea



Textos 
O Auto das Partilhas:



In Christi nomine amen. Hec est notitia de partiçon e de deuison que fazemos antre nos dos herdamentus e dus cout(us) e das onrras e dos padruadigus das eygreygas que forum de nosso padre e de nossa madre.en esta maneira: que Rodrigo Sanchiz ficar. Por.sa partiçom na quinta do couto de Vííturio ena quinta do padroadigo dessa eygreyga en todolus us herdamentus do couto e de fora do couto. Váásco Sanchiz ficar por sa partiçom na onrra d Ulueira.eno padroadigo dessa eygreyga en todolus herdamentos d Olveira e enúú casal de Carapezus que chamam de Vluar e enoutro casal en Agiar que chamam Quintaa. Meen Sanchiz  ficar por sa partiçom na onrra de Carapezus enus outrus herdamentos enas duas partes do padroadigo dessa eygreyga.eno padroadigo da eygreyga de Creysemikl ena onrra eno herdamento d Arguiffi eno herdamento de Lauoradas.eno padroadigo dessa eygreyga. Eluira Sanchiz ficar por sa partiçom nos herdamentos de Centegaus enas tres quartas do padroadigo dessa eygreyga eno herdamento de Creyximil assi us das sestascome noutro herdamento.estas partiçoens fazemus antre nos que uallam por en secula seculorum amen. Facta karta mensse marcij E. mª cc.ª xxxª Vaasco Suariz testis. Gil Diaz Testis. Dom Martio testis. Martin Periz testis Don Stepham testis. Ego Johanes Menendi presbyter Notavit.

 A Notícia de Torto

De Noticia de torto que fecerun a Laurencius Fernandiz por plaço que feze Cõçavo Ramiriz antro suos filios e Lourenço Ferrnãdiz quale podedes saber. Oue auer d'erdade e d'auer tãto quome uno de suos filios daquãto podesen auer de bona de suo pater e filios seus pater e sua mater. E depois fecerum plaço novo e cõue a saber quale in elle seem taes firmametos, quales podedes saber.


 Da entrega do coraçom de Genevra (A demanda do Santo Graal)



Em esta parte diz o conto que, pois a rainha Genevra entrou em ordem com pavor dos filhos de Morderet, ela foi sempre mui viçosa de tódolos viços do mundo; onde haveo que, pois houve de sofrer as lazeiras da ordem, que nom havia em custume, caeu logo em camanha grande enfermidade que todos aqueles que a viam haviam maior asperança em sa morte ca em sa vida. E ela havia consigo ua donzela de gram guisa, e que pesera ordem por amor dela. Aquela donzela fora entendedor de Giflet, filho de Dondinax. E porque a rainha a ouvira dizer que Giflet tevera mais longamente companha a rei Artur ca outro cavaleiro, amava tanto a companha desta donzela que nom podia mais. E confortavam-se antre si e choravam muito ameúde, quando lhis lembrava os grandes viços e a grande alteza e grande poder em que foram, e ora eram em ordem, com pavor da morte.

A rainha como quer que fosse em ordem, nom quedava de fazer doo por Lançalot e que nom dissesse algua vez: -Ai, meu senhor Lançalot, Dom Lançalot, e como vos esqueci, que jamais nunca cuidei que vós me leixássedes! Se vós catássedes a vossa bondade e o vosso prez, e er o gram poder que Deus vos deu, lembrar-vos-íades algua vez de mim e vingaríades a morte de rei Artur e conquistaríades o reino de Logres e alegraríades-mi desta cuita em que som e deste poder alheo em que som em que me meti com pavor de morte.

Esto dizia a rainha de Lançalot, u jazia doente, e a donzela a conformatava muito quanto ela podia. E dizia que nom houvesse pavor, ca bem soubesse verdadeiramente que Lançalot nom tardaria muito que nom veesse, que já ela ende ouvira novas. E a rainha respondeu: -Sobejo me tarde, e sei que em sa tardança tenho morte.

Em aquela abadia havia ua monja que entrara em ordem porque entendera em Lançalot e nom na quisera, e desamava a rainha mui de coraçom, porque a aleixara Lançalot, que a vingaria em a rainha. Uu dia haveo que disse esta dona à amiga de Giflet, aquela que a raínha guardava, e fez sembrante que nom queria que a rainha a ouvisse:

-Ai, donzela, maas novas vos trago! Dom Lançalot que vinha com gram poder por conquerer o reino de Logres, perdeu-se no mar com toda sua gente.

-Par Deus –disse amiga de Giflet- gram perda é essa. Mas como o sabedes vós se é verdade?

-Eu o sei bem –disse ela- por aquel que o viu.

A rainha que jazia doente, quando ouviu estas novas houve tam gram pesar, que a poucas que nom foi sandia; mas encubriu-se bem, com pavor daquela que as novas dizia. E, pois se partiu, disse a rainha com gram pesar:

-Ai, mar amargoso e maldito, comprido de amargura e de door, néicio, mao e desconhoçudo, mal m’has morta, que vós, à leal amador do mundo, tolhestes seu amador.



Pois disse esto, calou-se com tam gram pesar que nom pode mais comer nem bever; e jouve assi tres dias. Ao quarto dia veérom novas que Lançalot, sem falha, aportara na Gram-Bretanha com tam gram cavalaria e tam boa, que nom há homem no mundo que ousasse atender em campo.

A donzela que a rainha guardava foi mui leda quando estas novas ouviu, e foi-se correndo à rainha e disse-lhi:

-Senhora, muito vos trago boas novas. Sabede verdadeiramente que Dom Lançalot é na Bretanha com tanta gente que, em pouca sazom, a correrá toda.

A rainha, que perto estava da morta, quando estas novas entendeu, respondeu a grande afã:

-Donzela, tarde mo dissestes e ja me nom val rem sa viinda, ca eu som perto de morta. Mas, porque Dom Lançalot é homem de mundo que eu mais amo, rogo-vos que façades, polo amor e o seu, o que vos quero rogar.

E ela lhi prometeu lealmente que o faria a todo seu poder.

-Pois ora vo-lo direi –disse a rainha-. Eu bem vejo que som morta e nom hei cras a chegar aã manhã; e bem vos digo que nunca fui leda tanto de novas coo destas. E de outra parte, pesa-me sobejo que o nom posso veer ante que moira; ca me semelha que, se o visse, que mia alma seria mais leda. E porque eu quero que ele veja e saiba que de sa viinda mi praz e que moiro com pesar e que de grado o queria veer, se podesse, porém eu vos rogo que, tam toste que eu moira, que me tiredes o coraçom e que lho levedes em este elmo que foi seu; e que lhi digades que, em remembrança de nossos amores, lhe envio o meu coraçom, que nunca ele o esqueceu.

Aquele dia mesmo, passou a a rainha Genevra e a donzela fez o seu mandado; mas nom achou Lançalot, e por esto nom acabou todo o que lhe mandara a rainha.



Texto



Ai eu, coitada, como vivo em gram cuidado

por meu amigo que hei alongado!

Muito me tarda

o meu amigo na Guarda!



Ai eu, coitada, como vivo em gram desejo

por meu amigo que tarda e nom vejo!

Muito me tarda

o meu amigo na Guarda!



Dom Sancho I (?)



Texto



            Capitolo ii. De como foi destroida a primeira vez Tróia, chamada Dardânia



            Ao tempo que Dardano morreo rreinou em Dardania seu filho Oriconio. E rreinava sobre os espartos hum que avia nome Aiuerto, homem de grande esforço e de grande syso ee era vezinho de Dardania. E ajumda este homem era o que menos emjurias tinha rrecebidas dos dardanos. E des que vio tempo para tomar vimgamça, travou gerra com os dardanos e tantas ajudas ouve e como a çidade jmda

 nam era çercada e com esforço da muita gemte e bons capitães que tinha não avia medo e emtrou nela e diriboua e rrouboua que cousa nela não ficou. E el rrei Orriconia escapou polo mar com hum filho que avia nome Ylio e asy foi destoida a çidade aquela vez. Porem, despois tornou Oriconio com seu filho Ilio e tornoua a cobrar e fez suas pazes com os vezinhos.

                E dahi a pouco tempo morreo e fiquou o rreino a Ilio, seu filho. E este saio mui bom cavaleiro e mui sesudo. E trouve muitas gemtes a sua çidade e manteue o rreino sem gerra que lhe viese. Porem, lembrandoselhe do mall que seu pay e a sua cidade tinhão pasado, fez hum allcaser em hua penha mui allta que estava ali sobre o mar e fez ali sua morada, porque te emtão não ouvera em ha çidade fortaleza senão somente as casas. E chamaram dali adiamte aquela morada Ylio e nela morou el rrei e ali morreo. E como quer que a çidade não era ajmda çercada ali avia mui gram defemdimento para muita gemte defemder.



                                               Coronica Troiana em Limguoajem Purtuguesa




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