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quarta-feira, 4 de junho de 2014

Crónica das III Jornadas das Letras galego-portuguesas em Pitões das Júnias





Pela equipa do DTS

Pitões encheu-se de festa os dias 30 de maio, 31 de maio e 1 de junho. As III Jornadas das letras galego-portuguesas trouxeram várias atividades à aldeia geresiana que tinham a ver, como em edições passadas com o nosso passado celto-galaico.
À entrada do salão de atos da Junta de Freguesia. Lúcia Jorge, presidenta da Junta em primeiro plano. Detrás José Barbosa e Ro Palomera.
Desta vez chegaram até aqui palestrantes conhecedores do tema como João Paredes, geógrafo, tradutor, jornalista e ex-secretário do IGEC (Instituto Galego de Estudos Celtas). A sua palestra “A utilidade do celtismo. Celticidade galaico no Século XXI” deu a conhecer aos ouvintes as possibilidades económicas de fazermos parte dum património histórico-cultural comum a outras terras atlânticas que a dia de hoje são oficialmente celtas.
João Paredes apresentado por José Barbosa
Posteriormente os membros do SAGA (Sociedade Antropológica Galega) Rafa Quintia e Miguel Losada licenciado em Antropologia Social e Cultural, Licenciado em Empresariais, músico tradicional e escritor, o primeiro, e Licenciado em Direito, Diplomado em Gestão do meio-ambiente e antropólogo social o segundo, falaram da importância da cultura e da construção cultural no que diz respeito da identidade dos povos e nomeadamente da região norte, oeste e noroeste da península ibérica cujo passado pré-histórico e proto-histórico é comum. Com muito humor e com exemplos muito claros salientaram uma realidade que se transmitiu através dos séculos às nossas terras e que sobrevive na cultura popular e nas tradições mas ancestrais.
Rafa Quintia no uso da palavra e Miguel Losada no Centro. Ambos os dous do SAGA (Sociedade Galega de Antropologia)
Maria Dovigo, filóloga, escritora, académica correspondente da AGLP (Academia Galega da Língua Portuguesa), diretiva da Associação Pró-AGLP, conselheira do Conselho de Redação do Boletim da Academia, sócia do MIL (Movimento Internacional Lusófono), coordenadora da seção galega desse associação lusófona, colaboradora do Nova Águia, revista do MIL falou sobre a importância do “Mito de Santo Amaro desde a procura da Ilha paradisíaca e a Diáspora dos galegos de Lisboa”. A sua exposição, envolvida em poesia, filosofia e mitologia envolveu aos ouvintes numa narração oral especialmente impressionante. Ela veio desde Lisboa para nos acompanhar e desfrutarmos da sua palestra.
Desde Lisboa veio a nossa amiga Maria Dovigo para falar de viagens e Diásporas.
O domingo e desde Ponte Vedra abriu as portas às palestras de Alberte Alonso músico, jornalista, escritor, investigador, divulgador e antropólogo falou-nos da “Utilidade das pedra-fitas no neolítico como observadores astronómicos” numa palestra visual onde pudemos visualizar as imagens dos megalitos por ele visitados e as utilidades que os homens epipaleolíticos, neolíticos e das Idades dos Metais davam como medidores das estações com fins agrários.
Alberte Alonso, falou das pedra-fitas e da sua utilidade em épocas pré e proto-históricas.

Infelizmente o DoutorAndré Pena Granha, Licenciado em Geografia e História e Doutor em Arqueologia e História Antiga, Decano de Estudos do IGEC (Instituto Galego de Estudos Célticos) não pôde assistir por razões familiares mas enviou como interveniente ao Dr.. Hugo da Nóbrega Dias, tradutor, designer gráfico e gestor de marketing para expor o tema “Constituição política celta das galaicas trebas e toudos. Etno-arqueologia institucional”.
Desde Aveiro chegou o nosso amigo Hugo da Nóbrega para expor o trabalho do nosso também caro André Pena Granha.
Posteriormente e como palestra final o Licenciado em Direito, investigador, escritor, conferencista e filósofo Pedro Teixeira da Mota falou sobre “As fontes matriciais de Portugal” dando uma visão mística dos elementos mitológicos ancestrais e constitutivos do ser português
Pedro Teixeira também veio desde Lisboa para nos acompanhar com a suapalestra sobre as fontes matriciais de Portugal.
O Sábado de tarde assistimos igualmente à presentação do livro do membro do IGEC Luís Magarinhos intitulado “O Retorno da Europa. Aspectos comparados da cultura e identidade europeia” editado pela portuense Print Cultural e com prefácio do escritor Carlos Quiroga
Luís Magarinhos na apresentaçao do livro .“O Retorno da Europa. Aspectos comparados da cultura e identidade europeia” editado por Print Cultural representada pela Isabel Rocha à nossa direita na foto.
Todas as palestras contaram no seu final com perguntas e questões expostas pelo público onde se desenvolveram os temas tratados. Para além da parte teórica e também paralelamente se desenvolveram atividades de reconstrucionismo céltico que visavam recriar visualmente atividades quotidianas próprias do mundo galaico pré-romano.
Oinaikos Brakaron, grupo de reconstrucionaismo celto-galaico.
O grupo de reconstrução Oinaikos Bracaron nos ensinou as vestimentas celto-galaicas, jogos populares, atividades sociais, artesanais e a atividade numa forja proto-histórica. Aliás Francisco Boluda, representante do grupo, professor de desenho e ilustração arqueológica, desenhador técnico arqueológico em diversas escavações de diversos castros da Galiza e Portugal, desenhador de vestuário, palestrante expus em imagens desenhadas por ele a estética dos povoados do noroeste peninsular quer do ponto de vista arquitetónico quer do ponto de vista das vestimentas, da panóplia ou da vida quotidiana.
Francisco Boluda apresentando os seus desenhos de reconstrução do ambiente celto-galaico.
O Sábado a última hora e na praça da Junta da Freguesia a decorreu atuação do Bruxo Queima. Na mesma actuação, o grupo “Sueño de Caliope” prévio recital da poeta Natália Margalejo Concheiro, representaram o espetáculo “Kéltia” com canções em galego-português, inglês e gaélico, deram cor às Jornadas. As refeições foram igualmente atos de irmanamento galaico-português onde a amizade e a comunicação correu livre.
A organização correu de parte do grupo DTS (Desperta do teu sono) juntamente com a Junta de Freguesia de Pitões das Júnias nas figuras de Lúcia Jorge e António Cascais e o apoio do Concelho de Montalegre a quem agradecemos. 
Atuaçao do Bruxo Queimam e o Padre Fontes na Casa Rural Nossa Senhora dos Remédios de Mourilhe
 Igualmente queremos agradecer profundamente a colaboração do Padre Fontes, sempre ao dispor das nossas Jornadas com uma ceia de recepção dos intervenientes e à Taberna Terra Celta quem nos ofereceram o seu apoio e colaboração indiscutível.
A Taberna Terra Celta no seu interior. Brindando por próximas Jornadas.
 Obrigado!!!!!
Concelho de Montalegre

Orlando Alves, Presidente da Câmara Municipal de Montalegre agradecendo.
Lúcia Jorge, Presidenta da Junta de Freguesia de Piões das Júnias, o nosso grande apoio.



FOTOS:
Hugo da Nóbrega e José Goris.
Na foto os nossos fotógrafos José Goris de pé e Hugo da Nóbrega acompanhados da nossa cara Maria Dovigo


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Crónica das II Jornadas das letras galego-portuguesas




Por David Outeiro e José Manuel Barbosa

Foi o fim de semana de 11 e 12 de maio de 2013 quando mais de 70 pessoas nos reunimos em Pitões das Júnias para celebrarmos a irmandade e a camaradagem entre gente de ambas as margens da raia maldita. O nosso intuito era unir. Unir gente com a mesma língua, com a mesma vontade de viver, com o mesmo sentir, com a mesma história, com a mesma forma de fazer, de ser e de pensar, com os mesmos defeitos e as mesmas virtudes.... E conseguimos os objetivos.
Quando começamos a organizar este ano contavamos com que o sucesso fosse importante, mas a realidade superou muito os nossos cálculos até o ponto de vermos desbordar o copo e não termos um respiro. Teremos que pensar a forma de conter a maré de consciências galaicas que têm um mesmo foco de atenção.
Chegamos à casa do Padre Fontes quando passava um bocado das 12:00 horas. Dizem que os galegos nunca chegamos à hora....o mesmo se diz dos portugueses....mas o que tenho claro é que, como disse Gandalf  "um mago (nesta caso um galego) nunca chega nem demorado nem cedo; chega justo quando ele se propõe chegar". Ali vimos amigos velhos e vimos amigos novos. Os velhos alimentaram a amizade velha e os novos criaram uma que há durar no tempo. A comida sentados ao lado das pessoas deu as boas vindas a toda a gente que curiosa estava para ver como discorria a jornada. 
Fizemos poesia, rimos, falou o Padre Fontes e ficamos todos contentes. Dentro do horário previsto partimos para Pitões onde nos aguardava mais gente ainda que as cousas houve que prepará-las para os palestrantes poderem fazer o seu trabalho. Solucionados os problemas de som começou falando Rafael Quintia“Geografias míticas da Galiza e espaços hierofânicos. Mitos, rito e crença” foi o título e nele nos falou de como identificar espaços sagrados, lugares ancestrais e ocultos por milénios de esquecimento ou por causa da sua cristianização. Apresentou vários exemplos aos que hoje podemos recorrer quer como elementos ancestrais conservados a dia de hoje apesar dos séculos e do cristianismo e de sincretização, quer como crenças populares e/ou mitológicas que ligam diretamente com o nosso passado pagão e céltico. A palestra foi seguida por um publico interessado e curioso.

Posteriormente o artista gráfico António Alijó continuou falando de “Árvores e pedras mágicas do mundo celta.” Mais do que nada a palestra deu um debate no que participaram várias pessoas do público interessadas no tema. A base temática foi reafirmar a ideia de que há povos hoje que são o que nós fomos no passado que rendem culto às divindades relacionadas com a Terra, onde os xamãs ainda acodem às covas sagradas, com uma perceção do mundo que nós tínhamos há séculos...e estudando esses povos poderemos saber o que fomos. Estudando esses povos podemos apreender quem realmente somos e reformar e regenerar a nossa sociedade doente.
A poesia também fluiu nessa tarde do dia 11, assim como um roteiro pela aldeia de Pitões. 
A ceia na casa da Margarida e do Bruno, na Taberna Terra Celta foi o momento em que as cousas nos sobrepassaram, pois o número de gente fez materialmente impossível uma reunião de  todos os presentes num mesmo e único local. Ali acodiram novamente o Padre Fontes e o Presidente da Junta da Freguesia Sr. António Ferreirinha com quem desfrutamos da noite que acabava com a representação sentida do nosso amigo o Bruxo Queimam (em breve veremos imagens). Para alguns a noite continuou até o dia seguinte que começava o segundo dia.

O dia 12 foi igualmente completo do ponto de vista poético, científico e artístico. As palestras começaram fora de hora devido ao costume galaico de tomarmos as cousas com calma mas deu para completar o horário. Miguel Losada com a sua palestra intitulada “Os que termam do céu. Imagens da Sacralidade antiga ou quando o mundo era um templo.” Os arquétipos universais da religião apareceram manifestados nas diferentes culturas humanas e aplicados ao nosso mundo galaico e barrosão. Todos os povos têm um mesmo padrão cultural manifestado de diversas formas. Somos uma mesma humanidade com representações e estéticas diferentes. Símbolos universais humanos que são manifestados segundo o contexto cultural. Somos diversos dentro da unidade e essa diversidade devemos respeitá-la para a humanidade estar saudável....
Finalmente falou Santiago Bernárdez sobre “Os "Annála Ríoghachta Éireann" e as relações entre a Galiza e Éire na Idade Moderna”. O tema dava para muito e o desconhecimento que há sobre o tema é muito. Não temos muito conhecimento do relacionamento bélico entre tropas galegas defendendo interesses irlandeses contra o inimigo inglês em época dos Habsburgs. O paralelismo entre esses eventos históricos com os eventos míticos narrados no Leabhar Ghabhála Érren são evidentes e os vínculos posteriores às lutas irlandesas pela sua libertação com as chegadas de refugiados reafirmam essa ideia.
Finalizadas todas as palestras e com os momentos poéticos oportunos nos momentos de descanso tivemos a imensa sorte de poder contar entre o público com a conhecida escritora portuguesa Maria Clara Pinto Correia quem nos fez uma avaliação da situação do mundo atual, a passagem do tempo e a sua memória da sua passagem por Pitões. Acabada a sua intervenção fomos comer ao restaurante pitonês "Dom Pedro" onde depois de partilharmos lindas conversas entre as pessoas que nos conhecimos ali fizemos uma entrega de prémios a algumas pessoas como agradecimento pelos seus contributos às atividades do nosso grupo.
De tarde o grupo visitou o mosteiro de Pitões para depois darmos por finalizadas as II Jornadas das letras galego-portuguesas. Aguardamos umas terceiras.
Agradecemos imensamente à Junta da Freguesia de Pitões das Júnias nomeadamente a António Ferreirinha, António Cascais e Lúzia Jorge...sem esquecemos a Kátia Pereira, à Câmara Municipal de Montalegre, ao Bruxo Queimam pela sua atuação generosa para nós, ao Padre Fontes pelo seu apoio, recebimento e calor humano sempre manifestado para nós, aos palestrantes Rafa Quintia, António Alijó, Miguel Losada, Santiago Bernárdez e Clara Pinto Correia, também à Rádio Montalegre, a Margarida e Bruno da Taberna Terra Celta, aos Restaurantes "O Preto" e o "Dom Pedro", aos poetas Nolim Gonçalvez, Concha Rousia, Iolanda Aldrei, Henrique Dória, Alexandre Brea, Rafael Quintia, gente do público que também recitou, cantou e participou, ao público que nos acompanhou... e a todo o povo de Pitões.

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