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terça-feira, 13 de novembro de 2012

O tratamento do universalismo e a endofobia nos nossos clássicos


Por José Manuel Barbosa

O amor ao próprio tende a valorizar a sua cultura como algo que é património de todos. Nem só dos nacionais que falam a sua língua ou usam a cultura autótone.

No momento atual estamos vendo como um poder contrário à língua dos galegos favorece o desconhecimento, a ignorância, para favorecer a entrada dos elementos linguísticos alheios que acabar impondo com maior um menor violência uma substituição linguística que em nada favorece Galiza. Os novos galegos são educados em castelhano maioritariamente embora a sua língua inicial seja o seu galego particular. Educam-se para que apanhem consciência de que a fala que eles têm por ancestral não se reconheça como uma língua universal e transnacional. Esta tem uns limites estreitos que coincidem com o território administrativo que os gere sem lhes ensinarem que o mundo é muito grande e nele há muita humanidade com a que podemos nos entendermos sem mudarmos para qualquer outra língua franca, conhecida ou não. Essa ideia tira-lhe utilidade. Não serve para andar pelo mundo que para isso está o castelhano.

Os nossos velhos galeguistas conheciam este facto. Conheciam que os galegos tinham um instrumento de comunicação internacional embora o seu uso fosse muito deficiente por desconhecimento da póla mais viçosa conhecida no mundo com o nome de português. Todos eles, ou pelo menos a maior parte deles, deu a conhecer as vantagens que um galego tem à hora de dominar uma das línguas mais estendidas do mundo. Essa extensão e utilidade é algo muito pouco admirada e desejada por aqueles que gerem ainda a dia de hoje a nossa vida linguística. A razão não é limpa. A razão é muito obscura. É a vontade de matar a língua dos galegos e impor a sua por acima de razões linguísticas e benefícios psicológicos e económicos.

Vejamos que ideia de universalismo tinham os nossos clássicos:


“Galiza e Portugal estreitadas ao fin supoñerian unha expansión cultural de idioma diferente do castelán tan extensiva cuase como a diste na península a camiño de rivalizar tamén na América, no baluarte do Brasil”

António Vilar Ponte. Pensamento e Sementeira. Pág 213

“Santo idioma, idioma inmortal, polo que a nobre Lusitania nos tende os seus brazos hirmáns dicíndonos que para él ainda pode haber unha nova hexemonía novecentista! Que tanto galaico-portugués como castelán se falará de novo en América...Que o galaico-portugués, o castelán e o inglés son tres idiomas chamados a loitar por superarse no Novo Mundo. E virá un forte pangaleguismo traguendo a luz para a caduca iberia”

A.Vilar Ponte. A Nosa Terra. nº 60

“O portugués é un fillo do galego e entre os dous non hai mais capitalmente que diferenzas fonéticas que non son tan grandes quizais como as que existen entre o andaluz e o castelán. Si nosoutros empregamos a ortografia histórica galaico-portuguesa teremos salvado a dificultade que separa ambas as duas língoas e daremos ao galego un carácter mais universal, facéndoo accesible ao maior número de homes.
Foi un mal da literatura galega aislarse mediante a sua ortografia. Escrita com ortografía portuguesa houbera corrido mais facilmente o mundo e isto tería influído na vitalidade do noso idioma e do noso pobo, pois ambos van intimamente unidos”

Johan V. Viqueira
Pol-a reforma ortográfica.
A Nosa Terra. nº 43. Pág. 1

“Galiza, como grupo étnico, tem dereito a diñíficar a língoa que o seu proprio xenio creou, porque é una língoa capaz de ser vehículo de cultura universal, porque lle sirve para comunicar cos povos de fala portuguesa”

Castelao. Sempre en Galiza. Pág. 108

“Quen son os que tratan d’arredarse do resto do mundo, nosco –os galeguistas- que falando o nosso idioma conquerimos entendernos com portugueses, brasileiro ou vosco –os desleigados- que por poñer toda-las forzas na defensa do castelán, creendo supremo hacedor, tedes que sere eistraños antre aquelas xentes, co-as que nosco, sin ningún sacrifício, faguemos entendernos?”

Xosé Ares Miramontes
O galego é de moito proveito.
A Nosa Terra nº 72. Pág 3

“Dispois de todo, a lingua nosa é a portuguesa –un, galego modernizado, outra, portugués antigo- xa casi comparte a hexemonía no mundo de civilización latina c’o castelán e acabará por compartilo por inteiro.”

Portugal e Galicia
Unha festa dina de lembranza.
A Nosa Terra. nº 58. Pág 4


Ódio a todo aquilo que cheire a português

Mas o poder, conhecidos estes argumentos e desejoso de que não se estendessem, criou mais uma razão e mais um obstáculo para que os homens e as mulheres galegos do comum, arraigados e amantes do seu, não continuassem adiante no processo de reconhecimento duma realidade que lhes abria as portas dum poderoso mundo no que não só faríamos parte, mas também não seríamos uma parte qualquer. O nosso lugar nesse mundo seria o ponto matricial.
O ensino e os média parciais e servidores de quem não tem em muita estima aquilo de que podemos considerar nosso, apresentam um paradigma que não se corresponde com a realidade que as ciências da linguística apresentam, favorecendo posteriormente uns prejulgamentos que em nada ajudam a um aproveitamento total da nossa língua. Esses prejulgamentos favorecem racismos endógenos, quer dizer endofobias e auto-racismos que se estendem, estes sim, por ali por onde se pode estender a consciência: pelo mundo do qual somos matriz....já não só para não nos reconhecermos, mas para que nós próprios odiemos aquilo que o poder considerou sempre inferior: Portugal e o seu mundo civilizacional. Quem não ouviu alguma vez ou mesmo viu com os seus próprios olhos um comentário ou um ato racista contra um português ou algo procedente de Portugal? Para que isso? Que finalidade tem esse racismo na Galiza?

Portugal foi o único país da Península Ibérica que não consolidou a sua pertença à Monarquia Hispânica. O único país que tem uma língua que pode concorrer com a “lengua común”. O único que dignificou a sua legítima não inclusão num projeto nacionalitariamente impositor.

Os galegos menos vinculados às letras, menos evoluídos inteletualmente, acolheram sempre e acolhem com mais facilidade este tipo de prejuízos, sem se darem conta que ir contra algo que criou o seu próprio povo é ir contra a sua própria individualidade num ato de inconsciência que serve para vilipêndio de próprios e estranhos. Algo que não se explica se não é por falta de cultura, por falta de informação e em muitos casos por motivo duma pailanice integral que sobrevoa a vida dos galegos alimentado por um poder vírico e doentio. Talvez medo a se reconhecerem "muito portugueses" e nada castelhanos... Dizem que a ignorância é atrevida...

Que dizem os galeguistas históricos...?

“...y la huella de dicha nefasta influencia es tan notoria, como puede observarse viendo hasta que punto muchos de nuestros paisanos, sin razón alguna para ello en proceso inconscientemente hijo del prejuicio centralista, se hacen eco del odio de Castilla hacia Cataluña y Portugal, aún cuando con Portugal tengamos una comunidad de lengua y de Cataluña no hayamos jamás recibido un solo agravio”

A.Vilar Ponte. Pensamento e Sementeira. Pág. 261

“...fermosa práitica cultura a dos nosos señoritos e a dos tristes gobernos centralistas que nos arredou e sigue arrendándonos de Portugal e do mundo portugués cada vez mais”.

António Vilar Ponte. A Nosa Terra. Nº 56. Pág. 1

“...y queda tambén, por lo tanto, condenado para siempre el dicho ignaro de los que a los gallegos que depuran su lengua los califican, como si esto fuese defecto, de aportuguesados”

A.Vilar Ponte
Pensamento e Sementeira. Pág 152

Acrescentamos a isto que em Portugal houve e ainda há hoje, ainda que em menor medida, um sentimento anti-galego que serviu de forma de maltrato aos portugueses do Norte. Tradicionalmente os sulistas nomearam os nortenhos de galegos. Às vezes despetivamente, outras simplesmente como uma forma de identificativo étnico inconsciente que nos leva a acreditar na existência para eles dum continuum humano que não para no Minho nem na raia seca galaico-portuguesa.

“...os lisboetas bulrábanse igoalmente dos portugueses do norte porque éstes eran galegos”

Castelão. Sempre en Galiza. Pág 338

“E dende Lisboa non se ve nin se sinte a necesidade de Galiza, porque tampouco está aló o berce de Portugal”

Castelão. Sempre en Galiza. Pág 335-336

Não sabemos o que aconteceria nas consciências dos galegos se em vez de limitarmos ao Sul com esse Portugal supostamente subdesenvolvido que nos apresentou sempre a Coroa castelhana tivéssemos um Portugal poderoso como podem ser hoje o Reino Unido, os EUA ou a Alemanha. Talvez com essa imagem de poder, os galegos teriam mais consciência de pertença a uma comunidade linguística e étnica galaica que transcendesse as fronteiras políticas impostas por uma história que como sabemos sempre é escrita pelos interesses de uns poucos por acima de uns muitos. Talvez o conceito de reintegração linguística fosse mais fácil de expor e talvez o poder madrileno tivesse mais respeito por uma realidade que ainda hoje vive e permanece apesar das políticas linguísticas e nacionalistas pró-castelhanas.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Um debate vivo: (Segunda Parte).


Por José Manuel Barbosa.

Extensão da Língua

Toda a argumentação da identidade entre as falas galegas e portuguesas é mantida hoje pelo reintegracionismo e pela gente que é consciente da realidade linguística galego-luso-afro-brasileira. Para além desta circunstância, os clássicos galeguistas acrescentavam mais outro também presente a dia de hoje. Este é o facto de falarmos uma língua com um grande número de utentes constituindo o segundo idioma de base latina (1) em importância ao qual nada lhe tem de invejar, com mais falantes do que outros sistemas linguísticas que são considerados habitualmente como cultos como o alemão, o francês, o italiano, o russo, o árabe....

Do nosso idioma que nos abre magnánimo e fecunda as portas dos corazós de moitos millós d’almas que s’espresan no portugués irmán... 
António Vilar Ponte. A Nosa Terra nº 56. Pág. 1

O galaico-portugués falanno mais de 30 milons de ialmas entre Europa, África e América...
António Vilar Ponte. A Nosa Terra nº 120. Pág 4-5

...el gallego, casi idéntico al portugués, nos abre todas las de habla portuguesa, tan extendida por el mundo. 
Vicente Risco. Teoría Nacionalista. Obra completa. Edição de Francisco J. Bobillo. Ed. Arealonga. Akal Editor. Pag. 181

Si o nosso é un idioma vivo que empregan 30.000.000 d’homes entre portugueses, brasileiros e galegos...
Lugris Freire. A Nosa Terra nª 10. Pag. 3

En Galicia falase moito mais galego que castelán, e unha lingoa que non é mais que unha simples derivación da nosa, a portuguesa, impera nos millós de habitantes do Brasil, nas posesións portuguesas de África e Ásia. De certo siñores nemigos do noso idioma, non teñen tanta extensión o rumano, nen as línguas dos países escandinavos, nin’a de moitas outras nazóns. ¿Emporiso ocurririaselles prescindiren das suas por mor d’esa circunstancia? 
W. Fernández Florez. A doce fala. A Nosa Terra. nº 124. Pag.2

Porque tengo que recordaros, Sres diputados, que el Galaico-Portugués es hablado por unos 40 millones de personas.
Castelao. Discurso nas cortes españolas. Diario de sessões. 18-9-31

...(a nossa língua) fálana e cultivana mais de sesenta millóns de seres que, hoxe por hoxe, ainda vivem fora do imperialismo hespañol.
Castelao. Sempre em Galiza. Ed. Arealonga. Akal Ed. 2ª Edição. 1977

Universalismo

A dia de hoje podemos observar como os poderes anti-galegos, ocultos num aparente galeguismo (será que algum valor deve ter esse conceito) aproveitam o desconhecimento da gente do comum para lhes oferecerem uma Galiza mínima, pequena, regional, local ou despetivamente rural, assim como o facto de terem um idioma que nem idioma é ainda que se lhe chame assim. O galego seria uma forma mal falada de castelhano, ou um bable regional que nada de útil pode ter. Educa-se às crianças na ideia de que essas falas “brutas” acabam na fronteira minhota ou a raia seca, coincidindo com as fronteiras políticas existentes desde sempre. Não se diz que um dia foram ideadas por uma imposição política. Esse idioma, para usar na casa mas não no mundo, só serve para consumo dos que gostam do tipismo folclórico, da literatura intimista, para apresentar-se como uma atividade culturalista de feakies regionalistas e radicais marginais ou para incomodar à gente com imposições que não querem nem os mesmos utentes dessa língua. Para andar pelo mundo já está o castelhano com todo o seu brilho e prestígio.
No entanto, o galeguismo, como todo nacionalismo, quer fazer evidente o espírito da nação, prestigiá-lo perante uma situação de falta de auto-estima com o fim de que seja respeitado no exterior e valorizado no seu justo ponto no interior por gente que não conhece a realidade nacional que a identifica. Igualmente essa reafirmação nacional quer ser vista como uma achega ao resto da humanidade para progresso desta, por isso a necessidade de tingir o amor à própria nação do que os clássicos galeguistas denominavam de “Universalismo” contrariamente ao localismo dos anti-galegos.

Galiza e Portugal estreitadas ao fin, supoñerian unha expansión cultural de idioma diferente ao castelán, tan extensiva cuase como a diste na península e camiño de rivalizar tamén na América, no baluarte do Brasil.
António Vilar Ponte. Pensamente e Sementeira. Op. Cit. Pag. 213

Santo idioma, idioma inmortal, polo que a nobre Lusitania nos tende os seus brazos hirmáns dicindonos que para él inda pode haber unha nova hexemonia novecentista! Que tanto galego-portugués, o castelán e o inglés son tres idiomas chamadoa loitar por superar no Novo Mundo. E virá un forte pangaleguismo traguendo a lus para a caduca Iberia.
António Vilar Ponte. A Nosa Terra. nº 60
O portugués é un fillo do galego e entre os dous non hai capitalmente que diferenzas fonéticas que non son tan grandes quizais como as que existen entre o andaluz e o castelán. Si nosoutros empregamos a ortografia histórica galaico-portuguesa teremos salvado a dificultade que separa ambas as duas língoas e daremos ao galego un carácter mais universal, facendoo accesible ao maior número de homes.
Foi um mal da literatura galega aislarse mediante a sua ortografia. Escrita com ortografia portuguesa houbera corrido mais facilmente o mundo e isto teria influido no vitalidade do noso idioma e do noso pobo, pois ambos van intimamente unidos.
Johan V. Viqueira. Pol-a reforma ortográfica. A Nosa Terra, nº43. Pág. 1
Galicia como grupo étnico, tem dereito a diñificar a língua que o seu próprio xenio criou, porque é unha língua capaz de ser vehículo de cultura universal, porque lle sirve para comunicar cos povos de fala portuguesa.
Castelao. Sempre en Galiza. Op Cit. Pag. 108

Quen son os que tratan d’arredarse do resto do mundo, nosco –os galeguistas- que falando o noso idioma conquerimos entendernos com portugueses, brasileiros ou vosco –os desleigados- que por poñer todal-as forzas na defensa do castelán, creendoo supremo hacedor, tedes que sere eistraños antre aquelas xentes, co-as que nosco, sin ningún sacrificio, faguemos entendernos?
Xosé Ares Miramontes. O galego é de moito proveito. A Nosa Terra. nº 72. Pág. 3

Dispois de todo a língua nosa é a portuguesa –un, galego modernizado, outra, portugués antigo- xa casi comparte a hexemonia no mundo de civilización latina c’o castelán e acabará por compatilo por inteiro.
(autor desconhecido. Pensa-se que pode ser V. Risco) Portugal e Galicia. Unha festa dina de Lembranza. A Nosa Terra, nº 58. Pág. 4

A grande maioria dos galeguistas seguiam princípios teóricos reintegracionistas porque era o que lhes parecia lógico e coerente. Os estudos linguísticos de anos posteriores reafirmaram a unidade linguística galego-portuguesa, reafirmaram a bondade para as falas galegas de possuirmos um grande número de falantes no mundo e a facilidade de chegarmos a uma situação universalista da nossa cultura graças à nossa criação mais importante. Só uma situação de desconhecimento destas realidades e das vantagens que elas têm é que fazem aos que se dizem galeguistas ou nacionalistas de seguidores dum galego isolado e afastado do resto do diassistema, embora seja conhecido com outro nome diferente ao que lhe deu origem. Já não galego, mas português.


domingo, 5 de agosto de 2012

Um debate vivo (Primeira Parte)


 Por José Manuel Barbosa

O debate entre reintegracionismo e elaboracionismo já leva umas quantas décadas de presença na Galiza. Ao princípio esse debate não chegava à sociedade, pois simplesmente era algo que se manifestava em âmbitos cultos. Aquelas pessoas que opinavam livremente e discrepavam dos postulados mantidos pelos poderes políticos eram excluídos dos média e marginalizados na sociedade quando não punidos, marginalizados ou tratados de doentes.
Após a chegada de José Posada ao parlamento de Bruxelas, mas também de Camilo Nogueira, ambos como europarlamentares, a sociedade pôde ver como esses dous posicionamentos linguísticos se confrontavam ainda com uma desigualdade própria de épocas pré-democráticas. O deputado Posada conseguiu reconhecimento oficial do galego como uma variante duma das línguas oficiais do Parlamento Europeu podendo fazer possível que a realização da nossa língua estivesse presente em âmbitos internacionais; Camilo Nogueira com a visibilidade que lhe dava a pertença naquela altura ao segundo partido da Galiza pôde gerar debate na sociedade e pôde conseguir que muitos dos mais flagrantes anti-galeguistas do nosso País ficassem tão zangados que se desqualificavam a si próprios. Estou a lembrar as manifestações de Francisco Vázquez, naquela altura Presidente da Câmara Municipal da Crunha que insultou num jornal de ampla tiragem ao deputado Nogueira chamando-lhe nazi por usar a língua dos galegos na Eurocâmara. Algo insólito numa democracia.
Aquilo foi algo que desqualificou ao próprio Vázquez e fez com que a gente valoriza-se ao deputado Nogueira após ter conseguido um grande prestígio durante anos defendendo os interesses da Galiza sempre seguindo valores democraticos desde os começos do Reinstauração Bourbonica, do II Estuto de autonomia, da promulgação da lei de Normalização linguística e da publicação das NOMIGa (Normas ortográficas e morfolóxicas do Idioma Galego).
Graças a representação evidente dos deputados galeguistas em Bruxelas e já em setembro de 2000 alguns jornais da Galiza apresentavam um debate aberto e sincero entre ambas as teorias a respeito do Galego As seções de opinião de alguns meios de comunicação escrita davam argumentos em favor e em contra de cada uma dela, mas as empresas mediáticas implicadas no assunto decidiram fechar o debate dalí a umas semanas por ordem expressa dos altos mandos políticos que não desejavam qualquer manifestação de discrepância com a linha político-linguística desenhada a começos dos anos 80. A cousa ficou em nada ainda que muita gente pôde sentir um cheirinho de democracia manifestado em público. Algus medos ficaram esconjurados. 
O elaboracionismo ou isolacionismo apoiado pelos poderes políticos interessados em manter um statu quo que o beneficiava e um reintegracionismo que crescia em apoios tanto em quantidade como em qualidade viam os seus rostos, ainda que a mensagem do segundo chegasse com dificuldade a uma sociedade focada no seu dia-a-dia e em elementos de despiste fornecidos por um poder político que visava já naquela altura uma uniformidade mental e ideológica pouco pluralista.
Dali a três anos, em 2003, o governo Fraga decidiu permitir a segunda reforma importante da normativa RAG: a chamada “normativa de consenso” na que o consenso não foi tal porque o reintegracionismo não foi tido em conta como alternativa linguística para o País, nem sequer como elemento que pudesse fazer qualquer achega. Ainda assim, o conjunto da sociedade, embora interessado nos seus temas diários, ficou sabendo que os posicionamentos dos defensores da unidade linguística galego-portuguesa não tinham porque ser considerados de “extremistas" nem de "descabelados"; ficou sabendo que a ideia de unidade linguística galego-portuguesa vinha de antigo, pois já os primeiros galeguistas manifestavam com rotundidade a identificação das falas galegas com as portuguesas. Pessoas como Vilar Ponte, Vicente Risco, Outeiro Pedraio, Biqueira, Castelão... nunca foram extremistas, sempre defensores da língua e sempre galeguistas. Como isso é reconhecido por todos e mesmo comunicado pelos poderes que nos governam, tive a paciência de procurar algumas das suas citações mais significativas .Não sãomeias verdades  para contentar ninguém. São as suas verdades, esses pensamentos de identificação entre as falas da Galiza e Portugal manifestados com total claridade... Eis algumas dessascitações:
  
António Vilar Ponte:

“Entre el gallego y el portugués de hoy no hay más diferencias que las existentes entre el castellano de Castilla y el de Andaluzia y América”.
Pensamento e Sementeira. Ed. Galicia  del Centro Gallego de Buenos Aires e Instituto Argentino de Cultura. Pág. 346.

“....mientras viva el portugués, el gallego no morirá”
Op. Cit. Pag. 345

« Pois na península Ibérica anticasteláns son Euzkadi e Cataluña, unha nazón independente com cultura groriosa, veciña de Galiza (outra Galiza separada de nós por torpezas históricas) tem por língua a mesma galega, da que apenas se diferencia en pequeneces ortográficas e prosódicas.
A Nosa Terra nº 120. Pág. 4-5

 Vicente Risco:

“Agora, o galego e o portugués son duas formas do mesmo idioma: esto significa que nós temos un maior parentesco com Portugal que com Castela.
Tres falas, tres civilizaciós; nós pertencemos a civilización da banda occidental, e culturalmente, pois así é filolóxicamente, nada temos que ver coas outras duas. Queiramos ou non, esto trábanos fortemente, estreitamente com Portugal e coa civilización portuguesa.
A Nosa Terra. nº 160. Pág 1

“Tamén hai quen di que o galego que escriben os galeguistas non se comprende nada bem, porque non é igual o que fala a xente, e porque se asemalla ao portugués...
Que o galego se pareza ao portugués non tem nada de particular, porque ao portugués non é mais que o galego un pouco modificado; de maneira que tense que parecer por forza, e non é estrano que se pareza”
Teoria Nacionalista. Obra Completa. Ed de Francisco J. Bobillo. Ed. Arealonga. Pag. 178-279

João Vicente Biqueira:

O galego non sendo unha língua irmá do portugués senón un portugués, unha forma do portugués (como o andaluz do castelán) tem-se que escribir pois como portugués. Vivir no seu seo é vivir no mundo; é vivir sendo nós mesmos!”
Pol-a Reforma Ortográfica. A Nosa Terra. nº 102. Pág. 2

Xosé Ares Miramontes:

“Ista língoa que, según os ‘eruditos’ da minha terra, soio serve pra falar cos veciños dos rueiros –ouh! Eça e Rosalia- é pai do portugués, tendo tanta semellanza co-el, que, de non sere certo xeito ortográfico empregado n’isa lingoa irmán, e que co tempo temos que chegar a un acordo –por ise camiño van as irmandades da fala- seria inteiramente o mesmo”
O idioma galego é de moito proveito. A Nosa Terra. nº 72. Pág 3

Editores da Nosa Terra:

“No Uruguay vanse fundar agora escolas de portugués; e mesmo en Londres; e vosoutros que tendes unha escola viva de portugués no voso idioma –pois sabendo galego vivimos en Portugal coma en Galicia- queredes matala, queredes pricindir d’ila pra, reducirvos a unha inferioridade”.
O idioma por riba de todo. A Nosa Terra nº 36. Pág. 2

“Dispois de todo a língua nosa é a portuguesa –un, galego modernizado, outra, portugués antiguo- xa casi comparte a hexemonia do mundo de civilización latina c’o castelán e acabará por compartilo por enteiro”.
Portugal e Galicia. Unha festa dina de lembranza. A Nosa Terra. nº 58. Pág 4

Afonso Daniel R. Castelão:

“Hai hoxe en todo Portugal un ar, un acento, unha pronunciación, que xa nos diferencia de abondo; pero ainda que os ouvidos galegos estranen as voces portuguesas, non por eso deixan de ser voces nosas, voces galegas”
Sempre en Galiza. Ed. Arealonga. 3ª Ed. Pág. 347

“...pero afortunadamente a nosa língua está viva e floresce em Portugal, fálana e cultívana mais de sesenta millóns de seres que, hoxe por hoxe, ainda viven fora do imperialismo hespañol.”
Sempre en Galiza. Ed. Arealonga 3º Ed. Pág 241

“O galego é un idioma estenso e útil, porque –com pequenas variantes- fálase no Brasil, en Portugal e nas colónias portuguesas”
Sempre en Galiza. Ed. Arealonga 3ª Ed. Pág. 41-42


Como podemos ver, a grande maioria de personagens históricos galeguistas partilham a ideia de a unidade linguística galego-portuguesa ser um facto. No entanto, há alguns representantes do galeguismo vintecentista que não concordariam com uma escrita comum. Há evidentemente isolacionistas, mas esses seriam muito menos castelhanistas do que os de hoje, pois ainda não concordando com uma norma “lusista”, pelo menos não seriam seguidores, nem seguidistas de normas castelhanas para as falas galegas. Ainda sendo isto assim, numa época no que o desenvolvimento das ciências da linguagem estava começando e o estudo da língua nascida na velha Gallaecia ainda estava pouco desenvolvida, nunca deixaram de ser cientes e de reconhecerem a unidade linguística básica galego-portuguesa. Eis alguns exemplos:

“Ningien pode negalo: O portuges non é mais q’unha modalidade do galego.
Por desgracia a ortografia portugesa non é nada recomendabre. Como se be, a ortografia portugesa está moi lonxe de merecere os onores de adoucêón polos gallegos”
Aurelio Ribalta. A Nosa Terra. nº 93. Pág. 2


Continuaremos.......




Debate na TVG no programa "A duas bandas" Constantino Garcia e Carvalho Calero. 1987

 
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