Associação Cultural Pró-Academia Galega da Língua Portuguesa (Pro-AGLP)
Abril 2014
No Estado espanhol as normas
ortográficas de qualquer das línguas oficiais do estado não são
objeto jurídico. Por isso não existem normas ortográficas
"oficiais" e não vigora disposição jurídica alguma que
obrigue os administrados à utilização duma norma ortográfica concreta.
As normas de escrita das línguas
são só princípios orientadores, que as pessoas aplicam com maior
ou menor grau de conhecimento. De maneira estrita, se as normas
ortográficas fossem "oficiais", qualquer escrito que
contivesse o que se entende por "erros" (acentuação,
irregularidades ortográficas, etc.) seria juridicamente inválido.
Mas isto não acontece. Juridicamente não cabe o estabelecimento de
fronteiras entre o que se entende como um escrito "correto"
ou "incorreto". Na expressão escrita de qualquer língua
cabe um amplíssimo leque de variabilidade e criatividade - incluindo
quaisquer formas mistas de expressão que combinem princípios
normativos - variabilidade que, desde que a compreensão básica do
texto não se veja afetada, fica fora de qualquer regulação e
sanção jurídica
Velho e certeiro desenho de Xaquin Marin.
como exceção parcial, o Decreto
173/1982, do 17 de novembro, de normativización da lingua galega,
estabelecia a obrigatoriedade de ensinar nos centros escolares sob
competência autonómica a norma da Real Academia Galega, mas sem
afetar outros âmbitos administrativos nem impedir que também
puderam ser ensinadas nos centros escolares outras normas distintas
da citada. O antedito decreto fixava três normas de correção
idiomática para serem ensinadas nos estabelecimentos educacionais:
1.- A norma NOMIGa ILG-RAG, só
para a formulação de 1982-1983, dado que as posteriores, dos anos
1995 e 2003, não foram acompanhadas do correspondente decreto.
2.- O vocabulario ILGa, que decaiu
por não cumprir o prazo.
3.- A norma mista ILGa-RAGa,
resultado das duas anteriores, aliás, decaídas.
No caso da Galiza, a Disposição
adicional da Lei 3/1983, de 15 de junho, de normalización
lingüística, refere-se à correção idiomática para estimar "como
criterio de autoridade o estabelecido pola Real Academia Galega"
indicando claramente que a opinião desse organismo é apenas um
critério de autoridade que não se define como único ou exclusivo,
nem como obrigatório para os administrados e muito menos como
oficial.
A Sentença 1992/1993, de 4 de
maio, do TSJG, confirmada pela sentença do Tribunal Supremo de 2 de
outubro de 2000, defende a legitimidade do uso de "outras regras
ortográficas do idioma galego assumidas e praticadas em eidos
intelectuais e por capas sociais que atopam o seu fundamento e
legitimidade em razões históricas, consuetudinárias, geográficas
e de polimorfismo próprio das falas", acrescentando que
"Consequentemente, constituirá um atentado ao direito à
liberdade ideológica, científica, de expressão e de livre
circulação das ideias, todo intento por parte dos poderes públicos
de seiturar, com o galho da defesa a ultrança duma normativização
oficial, posturas linguísticas que, não apartando-se do seio comum
de origem e convivência idiomáticas, se amossem como discrepantes".
Ampliando o Artigo 5.4. do Estatuto
de Autonomia da Galiza, a Lei 3/1983, de 15 de junho, de Normalização
Linguística, indica em seu Artigo 3º que "Os poderes públicos
da Galiza adoptarão as medidas oportunas para que ninguém seja
discriminado por razão de língua", não devendo excluir-se as
escolhas ortográficas individuais desta garantia. Deve ressaltar-se
que o próprio Tribunal Superior de Justiça da Galiza tem utilizado
normas ortográficas distintas das da Real Academia Galega
na hora de emitir sentenças, como são a 177/1986 ou a 378/1989.
Desenho de Xaquin Marin
Por isto, a Administração,
conforme à lei, deve admitir qualquer texto duma língua oficial
redigido em qualquer norma ortográfica baseando-se no critério de
inteligibilidade. Se um texto é inteligível, se pode entender-se,
deve ser admitido a trâmite. Qualquer rechaço dum texto por razão
de norma ortográfica é discriminatório.
Como reconhece a Sentença
1992/1993 do TSJG, de 4 de maio, existem outros critérios
ortográficos para a escrita da língua galega distintos e
concorrentes com o da Real Academia Galega. Estes critérios de
autoridade são estabelecidos igualmente por entidades em cujos
estatutos, legalmente reconhecidos, consta o fim ou objetivo de
estabelecer critérios de correção idiomática para a língua
própria da Galiza, como é o da Academia Galega da Língua
Portuguesa, conforme a Orden CUL/1075/2011, de 1 de marzo, por la que
se inscribe en el Registro de Fundaciones la Fundación Academia
Galega da Língua Portuguesa (BOE, 29 de abril de 2011). A AGLP
propõe, como continuadora da Comissão Galega do Acordo Ortográfico,
a adoção do Acordo Ortográfico de 1990 como norma para a escrita
do galego. A citada Comissão Galega foi responsável pela delegação
de observadores da Galiza que tomou parte nas reuniões do Acordo
Ortográfico de 1990, tratado internacional que inclui a Galiza no
seu primeiro parágrafo e que foi ratificado por sete Estados
signatários.
Desenho de Xaquin Marin.
A Lei 1/2014, de 24 de março, para
o aproveitamento da língua portuguesa e vínculos com a lusofonia, a
"Lei Paz-Andrade", reconhece a importância dessa Comissão
- cujo vice-presidente dá nome à lei -, citando-a na sua exposição
de motivos, e estabelecendo ainda em seu Artigo 1.º a
responsabilidade dos poderes públicos em promover o conhecimento da
língua portuguesa como fundamento da potencialidade e utilidade da
língua própria da Galiza, e o fomento do conhecimento de português
por parte dos empregados públicos.
Um crescente número de galegas e
galegos, tanto pessoas como entidades judíricas cívicas e de
investigação, em consonância com o espírito da Lei Paz-Andrade,
utilizam diariamente uma escolha ortográfica distintada proposta
pela Real Academia Galega para a representação escrita das falas
galegas conforme a uma visão extensa e útil da língua própria da
Galiza, escolha que também está amparada pelos Artigos 3º, 5º e
9º da Declaração Universal de Direitos Linguísticos, aprovada em
Barcelona em junho de 1996.
Esta escolha individual pode ser
aplicada pelo usuário da língua em todos os âmbitos de uso: no
privado e no público, no familiar e no laboral, exercendo o direito
vigorante na Espanha a expressar-se por escrito como melhor entender
e/ou souber, sem obrigação de seguir uma norma ortográfica
concreta, e com a possibilidade de seguir qualquer das normas
possíveis. Portanto todas as normas estabelecidas por organismos
competentes em língua podem ser usadas de maneira corrente tanto em
textos administrativos quanto em textos laborais, escolares e
pessoais, por esse uso estar dentro do quadro legal explicado.
O facto de reintegrar a língua dos galegos
manifestava-se como uma urgente necessidade entre a maioria dos clássicos
galeguistas por motivos de utilidade prática e dignidade, isto é arrancar a
nossa língua das garras depredadoras dos políticos de Madrid de vinculação
castelhanista; outras vezes é um desejo de unificação do nosso território
quebrado, passando-se do linguístico ao político e falando inclusivamente de
temas tão à moda hoje como a incorporação do Berzo e outros territórios ao
território originário.
"Eu entendo que os nazonalistas galegos temos que chegar axiña a maor unificación posible sin mágoa do enxebre, entre o noso idioma i o portugués. Así o portugués lerase en Galizia doadamente acabando coa vergoña de que se nos ofreza polo intermedio do castelán o seu xenio."
António
Vilar Ponte
Pensamento
e Sementeira
Op. Cit. Pag. 257
"...no hay palabra netamente portuguesa que no sea netamente gallega y viceversa y que cuando en el portugués suena a extraño, para nosotros resulta extranjerismo o exótismo colonial. Quea opso facto trazado el camino que conduce a la anhelada unificación de las dos ramas de idéntico idioma"
António
Vilar Ponte.
Pensamento
e Sementeira
Op.Cit
152
“Pela gravitación inevitábel dum pasado
grorioso, por desbordantes semellanzas que non son casi que sempre ao
estudialas identitás, pola contextura interna que non acerta a diferenciarse
sinón pola acentuación do matiz, e, porque anque no nos entendamos nas verbas,
comprenderíamonos sempre escoitando o próprio peito n’haberá quem teña a
potestade d’impedir que por cima de
todas as fronteiras s’abracen a língoa galega e a língua portuguesa”
Manuel Portela Valladares
En
col da Língua Galega
Revista
Nós 1-Marzo-1923
“Os galegos non aspiramos a confundir
politicamente a Nosa Terra co Portugal rexido dende Lisboa (...). Pero dentro
de Portugal quedounos a mitade da nosa Terra, do nosso espírito, da nosa
língoa, da nosa cultura, da nosa vida, do nosso ser nacional”.
Afonso
Daniel R. Castelão.
Sempre
en Galiza
Pag
343
“A potencia era galega; a impotencia provén
da desintegración galaico-portuguesa”
A.Daniel
R. Castelão
Sempre en Galiza
Pág.
336
“ Calquer día afundese a inxenieiria
política e os portugueses e galegos volvemos a falar e cantar no mesmo idioma;
pero tamén se podem restaurar fronteiras que foron demoidas...”
Castelão
Sempre
en Galiza
Pág.
335
“...pero ainda é doado creer que, pol-as
mudanzas do mundo, se restaure a unidade galega, se non na sua integridade da
província romana ou no reino suevo, pol-o menos na do periódo cultural eu na
esfera da crítica literária se vem a chamar “galaico-portuguésa”.
Castelão
Sempre
en Galiza
Pág.
227
“O território galego sigue dividido
politicamente pol-a fronteira que separa a Portugal da Hespaña...”
Castelão
Sempre
en Galiza
Pág
225
“As tres nacionalidades –Cataluña, Euzkadi e
Galiza- están tronzadas por fronteiras políticas, que dificultan a restauración
da sua unidade, e soio por un feito iolento sobre de Franza e Portugal, ou por
mudanzas de lindeiro (...) lograrian xuntarse os anacos dislocados das tres
nacionalidades”
Castelão
Sempre en Galiza
Pag.223
“A terra galega é, ao mesmo tempo unha
entidade étnica pero de dificultosa reconstrucción política, porque a fronteira
portuguesa róubanos a esperanza de anovar en breve a comunidade nacional dos
tempos suevos e visigóticos –com todo é doado esperar que o Bierzo e demais
comarcas limítrofes de Ourense e Lugo se incorporen ao seo da sua nación
natural; e o tempo –gran curandeiro dos erros hestóricos- posibilite a reconstrucción
total da nosa unidade. Non se pode creer que o río Miño, vello pai de Galiza
–representado na franxa azul da nosa bandeira- siga sendo un lindeiro
perdurable de dous Estados”
Castelão
Sempre
en Galiza
Pag.
44-45
OUTROS
EXEMPLOS DE REINTEGRACIONISMO
A defesa do reintegracionismo tem como
sustento, para além do seu argumentário filosófico-linguístico, outro que tem a
ver com os exemplos anteriores. Na época dos clássicos botava-se mão do exemplo
neerlandês, quer dizer, do reintegracionismo entre o flamengo e o holandês do
qual também botou mão o nosso lembrado e saudoso Professor Ricardo Carvalho
Calero. A dia de hoje na Europa podemos constatar mais exemplos, como é o caso
do moldavo-romeno, do norueguês-dinamarquês, do albanês-cosovar, etc...
Eis
o que diziam no século XX os galeguistas:
“...y su
unificación (do galego e do português) es tan fácil, sinó más que la realizada
por flamencos y holandeses en el idioma común, que sólo se diferenciaba en la
ortografia y en algunos giros prosódicos”
António
Vilar Ponte
Pensamento
e Sementeira
Pag.
346
“Os flamengos usaban unha ortografia
diferente da d’os holandeses, as suas
línguas se4ran entre si tan semellantes como o galego e o portugués. Un día
chegou en que os partidarios do idioma flamenco tiveron que abandonar a sua
ortografia e admitir a holandesa para fazer mais eficaz a sua fala.
(...)
Cato mais tempo pase mais difícil será facelo pois a ortografia irase
arraigando coa gran riqueza de produción literaria galega”.
Johan
Vicente Viqueira
Pol-a Reforma ortográfica
A
Nosa Terra. Nº 43. Pág. 1
O ISOLACIONISMO NAQUELA ALTURA
O chamado isolacionismo também existia nos
começos do galeguismo nacionalista; não é novo hoje. No que se diferenciam os
de aquela época dos de hoje, para além da ortografia que eles empregam e ainda
empregam hoje, é na filosofia de fundo. Aqueles isolacionistas dos anos vinte e
trinta, conseqüentes com o seu galeguismo, não eram seguidistas das normas do
castelhano. Eles escreviam com uma ortografia fonética que poderia ser válida
para a nossa língua se esta fosse uma ilha no mundo das línguas, como é o
basco, por exemplo, mas hoje escrevem com a ortografia que Viqueira denomina de
“Vulgar”.
Os mesmos autores isolacionistas se decatam
que a ortografia empregada hoje nos documentos oficiais é a do castelhano. Isso
leva-nos a podermos definir esse isolacionismo de inconseqüente ou mesmo
seguidista do castelhano perante o qual se submete. O pior do assunto é que
nesta altura histórica não quer nem seocultar para quem tem olhos na cara,
obscurecendo-se com um argumentário capaz de convencer à gente menos preparada
do ponto de vista linguístico contando mesmo com o poder de estar presente no
ensino e nos média.
“Por desgracia a
ortografia portuguesa non é nada recomendabre. Como se be, a ortografia portuguesa
esta moi lonxe de merecere os onores da adoucêóm polos gallegos”
Aurelio Ribalta
A Nossa Terra nº 93
Pág 2
“Dixen en no número 93 de
ANT qe a ortografia portuguesa non e centifica nin sistemática e qe por ende, non bal a pena d´imitala.
Esta proposición miña leba
impricita esta outra: fai falla crerare unha ortografia gallega. A esto tendia
eu; a qe se fagan estudios serios para creala, pra que sallamos dunha bez da
rebolta morea de pedantes qe nos afoga”.
Aurelio Ribalta
A Nosa Terra Nº
96
Pag 3
“E perciso pensar en un-a
ortografia galega. Estamos nun periódo de rreboluzión, enke kada un eskirbe a
sua maneira e iso nin pode segir, si se llá dar forza o noso idioma ¿Ken se
mete adeprender un-a lingua ke pola sua anarkia ortografika bolbe parbo o ke a
eskirbe?
Ortografia fonétika.
Xosé Palazios
A Nosa terra nº 100 Pág 2
Contrariamente a isto, os que poderíamos chamar
reintegracionistas (e estou empregando uma terminologia atualizada) que são
maior número, argumentam em favor da unificação galego-portuguesa que isolar-se
é morrer e é não viver no mundo.
“Teño unha razon
fundamental contra a ortografia fonética: Admitindoa apartaria-mo-nos do mundo
lingüístico inteiro. !E isolar-se é morrer! Sobre todo isolariamo-nos do
portugues. O galego non sendo unha língua irmá do portugués senon un portugués,
unha forma do portugues (como o andaluz do castelán), ten-se que escribir pois
como portugués. Vivir no seu seo é vivir no mundo; !é vivir sendo nos
mesmos!Escribindo c´a nosa ortografia etimológica (admitida po-la nosa
Academia) escribimos cuase como en portugués.
Po-a reforma ortográfica
Johan Vicente Viqueira
A Nosa Terra Nº 102 Pag 2
Veja-se que a Real Academia Galega admitia a Ortografia
etimilogica, cousa que nom fai hoje; veja-se assin mesmo que Viqueira utiliza o
traço em palavras como “isolariamo-nos” “isolar-se”, etc.
“A ortografia etimológica
debe se-la nosa. Nos é preciso estudala. ¿Como?. Aprendendo a escribir en
portugués”.
Da renascenza linguística
J. V. Viqueira
A Nosa Terra Nº 77 Pag 5
“Prencipalmente no que se
refire a ortografia foetica, con ista ortografia ninguan estranxeiro poderá
traducire as cousas galegas”.
Iglesia Roma.
A Nosa Terra Nº
94
Pag 3
“A ortografia galega de
hoxe é a ortografia castelán aplicada por corrución á nosa língua. Teria, pois
de se modificare”.
Florencio Vaamonde.
A
Nosa Terra Nº 94 Pag 3
“E derradeiramente temos
forzosamente que reformar a ortografia. Unha delas é a fonética: ésta ten o
inconveñente de que en Galicia hay moitas fonéticas, algunhas ainda
descoñecidas, e que nos ailla do resto do mundo, sobre todo, do portugués, pois
nen este nen ningunha outra lingua escribese hoje foneticamente. Deixando a un
lado ésta, temos ainda duas ortografias: a vulgar, usada por Rosalia de Castro,
Curros, Carvajal e hoje usualmente, e a academica ou etimológica, admitida
sabiamente pol-a Academia Galega, emprega por Pondal e en gêral, pol-os
eruditos.
Nosos problemas
educativos.
J.V. Viqueira
A Nosa Terra. Nº 62
pag 4
DIFICULTADE DO GALEGO CORRECTO
Os isolacionistas dizem contra a versão reintegrada da nossa
língua que é dificultosa, pois muito diferente da utilizada pelos média, pelo
ensino e pelos documentos oficiais.
A isto atualmente responde-lhe-íamos dizendo...
1º) Outros povos utilizam a norma própia da sua língua sem
decalques nem submissões embora tenha existido um idioma mais poderoso como
língua A durante muitos séculos. (Catalunha, Euzkadi, Irlanda, etc)
2º) A utilização da norma castelhanista em galego é síntoma do
submissão línguistica e de aceitação duma diglóssia que marca uma tendência
substitutiva.
3º) Nenhuma norma é difícil se esta se aprender
convenientemente. Não são mais inteligentes os nenos irlandeses, bascos ou
catalães do que osgalegos por
apreenderem líinguas e normas diferentes do inglês ou do castelhano.
Poremos o exemplo do ocitano. A maior parte da gente nesse
país, não estuda ocitano mas francês. Ali têm o francês como língua de poder e
o idioma pátrio está na categoria já de “patois”. Se uma pessoa do povo quer
escrever a palavra que em occitano significa “Cão” não escreveria como
corresponde à sua língua, mas com à francesa, isto é: “Tchou” que lhe há de
parecer mais viável, do que “Chu” que seria o correcto. Em qualquer caso essa
palavra pronunciar-se-ia (t∫ W).
Isto já se discutia entre os clássicos galeguistas.
“Mais esta ortografia é dificil ja
que o galego non se ensina na escola”.
Pol-a reforma ortográfica
Johan V. Viqueira
A Nosa Terra. Nº 102 pag 2
“Certo, non podemos d´un
golpe introducir unha ortografia â que non estamos habituados. Pol-o momento
debemos aceptar a ortografia erudita, etimológica, o que será un gran paso.
Mais conseguido esto,
precisamos continuar a nosa obra e camiñar pra a total unificación da
ortografia galega e potuguesa. Asin introduciremos a NH pol-a Ñ, a LH pol-a LL
e outras modificacions que o leitor poda adiviñar fácilmente. Fara-se isto
primeiramente n`as publicacións eruditas, científicas, depois, n´os populares”.
Pol-a reforma
ortografia
Johan V. Viqueira
A Nosa Terra. Nº 43
Pag 1
A MODO DE CONCLUSSOM
Há que salientar que todos os autores que escrevem as citas
expostas neste trabalho não são lingüístas, mas afirmam umas cousas às que se
chega não o sendo precisamente. Chega com ter os ouvidos salutáveis. Os lingüístas
por outra parte também chegaram à mesma conclussão mas dando a argumentação
válida que o tema precisa e confirmando a intuição de todos os nossos grandes
personagens.
O facto de os nossos galeguistas utilizarem a versão
castelhanizada explica-se por estarem eles alfabetizados na língua oficial do
Estado por uma parte, por não terem conhecimentos científicos de língua e por
um salientável interesse pedagógico ao
saberem que se utilizarem a norma válida não poderiam ser facilmente acessíveis
ao povo que os lê. De qualquer forma, vê-se também que os mais cultos e
eruditos como é o caso de Viqueira, chegam a
aproximar-se mais do que outros ao desejado por eles próprios, muito adiantados para aquela época,
empregando G, J, e X de forma etimológica e até escreve com Ç.
“Nom pode supôr canto
ll`agradezco a sua atención, agás do meu persoal sentimento de gratitude,
tamém, pol-o qu´eu admiro a sua produçom poética...”
Borrador da carta
de Viqueira a Teixeira de Pascoães agradecendo-lhe o envio de livros por meio
de Cebreiro.
Depois da morte de Viqueira publica-se o seguinte texto...
“Johan Viqueira, Noso
Grande Morto”
“Paresce como si a Galiza
tivera a mala fada de perder seus filhos melhores. No pequeno cimiterio
de Ouces, nas doces e tenras marinhas de Betanzos, repousa ja para
sempre endejamais o gran poeta Johan Viqueira, cando a sua vida escomenzaba a
florire. (...)
Revista Ronsel. Pag
14
Do Nº 2 do Mês de
Junho de
1924
Está muito presente entre o comum adia de hoje e também
naquela altura de que o elemento que marca a diferença básica entre galego e
português é a ortografia. Segundo nos tem comunicado muitas vezes o nosso
prezado lexicógrafo galego Isaac Alonso Estraviz, o 95% das formas léxicas
galegas são comuns e ainda outras não registadas até agora em qualquer
dicionário português são formas dialectais ou formas populares existentes em
Portugal. Algumas são por exemplo a segunda forma do artigo, comparativo com
”mais ca”, S final nos perfeitos de indicativo, formas em CA envez de QUA, etc...
o que não é motivo para considerar como diferentes línguas falas ao Norte e ao
Sul do Minho.
Há autores que falam de língua galega e de língua portuguesa e
poderia parecer desde o ponto de vista atual que ao falarmos assim poderíamos
considerá-las línguas diferentes; o que acontece é que nos anos do surgimento
do galeguismo, as ciências da linguagem não tinham muito claro o conceito de
língua e por outro, a pouca ou nula preparação lingüística dos nossos
galeguistas que empregam a sua terminologia de forma inexata muitas vezes.
Vemos portanto que quando houve a necessidade de aplicar um
mínimo trabalho científico surgiu o reintegracionismo na praxe. Quer dizer,
acabou-se por levar à realidade escrita uma teoria que vinha de muito atrás. O
que não é lógico e talvez também não seja ético é que gente que se
auto-proclamam como científicos da língua façam uma norma como a ensinada hoje
nos centros de estudo, a usada nos média e a utilizada nos centros
administrativos. Só o explicaríamos por vinculações políticas espúreas e por
necessidade de defender os seus postos de trabalho em origem. A dia de hoje, a
inercia dos acontecimento e o peso de quase trinta anos de insistência faz mais
amplo este leque e mesmo acreditamos na bondade de muitas pessoas que têm fe noque lhes ensinam, as suas
ocupações não se encaminham para assuntos linguísticos e não têm porque
entrarem nos assuntos muito ocultos e nada publicitados dos assuntos da língua.
Os anti-galegos (já não anti-galeguistas) quereriam que não
existisse uma língua que os galegos pudessem ter como fruto do seu génio e se
por qualquer circunstáncia tivessem tolerá-lo, prefeririam descafeiná-lo quanto
mais melhor. O resultado é o que temos temos. Algo que se pode vender aos
galegos como un producto light que não põe em perigo a hegemonia do castelhano
e impõe-nos a nós a máxima da divisão.
Há quase
quinhentos anos, Michelangelo Buonarroti completou com estéticos desenhos os
teitos da Capela Sixtina, para que todo o mundo pudesse contemplar a beleza e a
arte duma época que prometia ser interessante na história da humanidade. A
partir daquela data, milhares....talvez milhões de pessoas puderam desfrutar
com absoluto arroubo, tal magnificência e tal formosura saída da mente e da mão
dum simples ser humano.
Tanta gente,
tantos anos, tantas variações climáticas, tantas respirações dentro da capela,
fizeram com que o cromatismo original e a beleza primigénia dos frescos que
tanto escandalizaram os cristãos da época se fosse apagando pouco a pouco como
se for uma aparição fantasmagórica depois da qual deveríamos esfregar os nossos
olhos para comprovarmos se a visão foi real ou não.
Com muito bom
critério, há somente uns anos, o Bispo de Roma, decidiu recorrer a um grupo de
expertos restauradores de obras de arte para recuperarem a cor originária das
pinturas à vez de limparem as impurezas de quase cinco séculos de descuido.
Esta decisão provocou o posicionamento em favor ou em contra da recuperação dos
frescos da capela. Por um lado estavam os que defendiam a ideia de deixarem
como estava a Capela, com a consequente perda de nitidez e colorido de tão
grande obra, que talvez acabaria num futuro, mais próximo do que longínquo, com
a perda definitiva da criação do génio da Toscana. O argumento mais poderoso
que se expunha era que a tal obra não se lhe podia tocar porque seria uma
profanação do labor do mestre italiano. Seria melhor deixar que levemente e sem
sentirmo-lo se fosse apagando até se perder para sempre e que ficasse como uma
simples recordação duma época de harmonia estilística.
Por outra parte,
estava o outro grupo de pessoas que defendiam a possibilidade da perpetuação e
recuperação das pinturas por meio dum labor profissional, exato, experto,
técnico e sensível. Estes julgavam que tal monumento bem valia um banho de
carinho reparador e revigorizador qual se duma injeção de vitamina vital se
tratasse, para que pelo menos a Capela pudesse resistir outros quinhentos anos
de esplendor e que outros tantos milhões de seres humanos amantes da arte e da
beleza pudessem sentir vivo o seu espírito na contemplação dos escorços
buonarrotianos.
Também há mais
de mil anos, o povo galego fez, a partir da língua que os romanos trouxeram à
Galiza mesclado com as falas populares dum povo celta que aqui habitava desde
épocas ancestrais, um romanço formoso que servia não só para transmitir
pensamentos ou sentimentos mas como instrumento criador duma cultura, duma
forma de ser capaz de alimentar a alma de todos os seus utentes e igualmente
manter uma identidade sólida como o granito. Posteriormente e quinhentos anos
atrás, uns Reis cujos interesses eram os dum poder sediado no planalto
castelhano levaram a cabo a “doma do Reino de Galiza”, ou a tentativa de
castração nunca conseguida até agora, provocando nesta Capela Sixtina da nossa
identidade uma contaminação e uma esclerotizaçãoque faria perder o seu colorido originário que se ia apagando
lentamente, desviando-se durante vários séculos do seu caminho natural, seguido
em troca, de forma perfeita e com muito sucesso no Reino de Portugal.
Como aconteceu
nos frescos da bela Capela Sixtina, o nosso idioma na Galiza foi perdendo
viveza por falta de cultivo, foi deturpando-se subtilmente como se duma rosa
cortada da roseira mãe se tratasse, vendo-se privada do alimento que lhe
fornecia a chispa vital.
Hoje, na época em que a humanidade começa um nova e longa etapa de tomada de consciência de si própria, época em que a liberdade é um bem supremo ao lado do conhecimento científico, abrindo-se passagem por todo o orbe, momento em que a mente humana começa um importante período de expansão, época no que as palavras "humanidade", "irmandade" e "consciência" se estendem por todo o planeta, também na Nossa Terra é momento de tomada de posicionamentos: Por uma parte os que querem deixar as cousas tal qual estão, sem modificar o mais mínimo, aceitando a contaminação e a deturpação provocada por séculos de maltrato dirigido por uns interesses que nada têm autótones. Este posicionamento de aceitação da língua dos galegos sem mudanças, faz que caiamos no perigo da perda e da desaparição da língua, perdendo com isso todo o benefício que traz consigo ao pertencermos a uma civilização da qual somos Matriz, renunciando à apertura de caminhos para a prosperidade e a reafirmação da identidade.
Pelo contrário,
os que julgamos que a nossa língua, ao igual do que a Capela Sixtina, deve
recuperar o seu colorido originário, o seu brilho, o seu esplendor e a sua
beleza, não compreendemos como se pode ser tão negativo e tão desleal com o
nosso pensamento desde posicionamentos institucionais, impedindo a chegada
do nosso discurso, impedindo a transmissão do conhecimento científico, da livre
circulação de ideias, do direito à discrepância...no mais puro estilo da Europa
medieval e teimando por levar à fogueira as bruxas que defendem não só uma
forma de perceber o que nós chamamos português da Galiza mas também as bruxas
que mesmo defendem o direito a que um povo como o nosso possa educar os seus
filhos numa língua que abre as portas de quase 300 milhões de seres humanos por
todo o mundo.
O nosso idioma
merece um repasse restaurador com mão amorosa para que possa sobreviver e
poder-se livrar dos grandes sáurios que levam o guiador da nossa Pátria para
que fiquem na obscura gaveta dos pesadelos.
Aqueles que
desde estamentos oficiais –e não só- apoiam que a língua continue como está,
apoiam um projeto dirigido desde Madrid que só procura a nossa eliminação como
povo. A Galiza não é querida por Madrid, não é amada, nem é aceitada. Faz parte
dum Estado que a possui como um marido maltratador ou como a pressa dum vampiro que quer sugar o seu sangue,
que quer se aproveitar dela sem dar nada de volta. Existe uma falta de respeito
constante e continuado na não aceitação da Galiza que chega ao ponto de
contagiar a muitos galegos com certa debilidade inteletual, criando neles uma síndroma que faz deles uns seres
desnaturalizados e enfermos que se odeiam a si próprios e os sinais
identitários que nos individualizam. Acreditamos que o nosso País não seria aceitado por Madrid ainda
se tornando castelhano... e inclusivamente haveria galegos que continuariam a
não querer ser galegos mas uma sorte de "madrilegos" mutantes. Chegamos a pensar
que ainda estando dentro da Espanha não se quer a prosperidade
de Galiza embora isso suponha prosperidade para Espanha. Madrid e com ele os
“madrilegos”, não estão interessados nem em fazer mais próspera e mais habitável
a sua Espanha porque não querem ver próspera e auto-identificada a Galiza que
poderia fornecer elementos de progresso e de crescimento -entre eles o da
língua- ao próprio Estado...O que quer Madrid e os “madrilegos” é uma Galiza submissa
ainda que com isso Espanha se tornar mais pobre.
Se a Espanha fosse positiva connosco, mesmo
poderíamos pensar numa Espanha plurinacional, como plurinacional é a
Suíça, por exemplo. Mas acreditar nisso é como acreditar na bondade do
diabo. Os galegos conscientes devemos contar com estratégias
inteligentes para impedir que se nos apague como povo. A língua neste
processo é um elemento identitário fundamental. A língua é a nossa
Capela Sixtina e não só do ponto de vista estético, mas igualmente do
ponto de vista geo-estratégico e económico. Ela dá-nos força e
empodera-nos. Da-nos raiz e arraigo com o qual não estaríamos nunca nem entangaranhados nem raquiticos mentais. Sem língua somos simplesmente uns ninguéns embora com
língua podemos inclusivamente dar-lhe a volta ao sistema de forças da
península. Se não nos querem, queiramo-nos nós e demostremos o que eles
perdem por não nos aceitarem como somos. A auto-estima é contagiosa se
com galegos tratamos e por se fosse pouco ela provoca respeito nos que
não são galegos e sentimentos contraditórios nos "madrilegos". É uma
energia poderosa que nos abre portas e nos posiciona ali onde nunca
devimos deixar de estar.
Já há mais de dezaoito anos, em 1994, algumas pessoas da AGAL tivemos possibilidade de conhecer o funcionamento do parlamento europeu e experimentarmos “in situ” a situação das diferentes línguas comunitárias graças ao convite à nossa Associação feito pela Coligação Galega(CG) liderada na altura pelo que foi europarlamentar José Posada.
Foi no mês de Março e na semana imediatamente anterior à Semana Santa quando um pequeno grupo de representantes da AGAL entre os que figuravam os amigos Jesus Miguel Conde, Carlos Garrido, atual Secretário da Comissão Linguística, Xavier Paz, José Manuel Aldeia, Laureano Carvalho, Rosário Fernandes Velho e um que isto vos escreve.
Visitamos Bruxelas e com isto também as instituições europeias, e não vimos surpresa no facto de nos podermos defender no dia-a-dia na nossa língua. Não pelo facto tópico e folclórico de acharmos galegos por toda a parte -facto que nalgum caso se deu- mas porque o galego é conhecido dum ponto de vista académico como uma forma ou variante da língua que a romanística denomina “galego-português” e que internacionalmente se reconhece como “português”
Não são duas línguas, mas uma. Isso foi-nos útil para não nos deixarmos levar por complexos de nenhum jeito e entendermo-nos na nossa língua com a rapariga responsável do hotel no que moramos aqueles dias, sendo ela belga mas casada com um brasileiro. Também não foi surpresa o sermos atendidos por alguns funcionários do parlamento europeu na língua de Rosália na que se nos dirigiram quando nos ouviram falar entre nós, pensando que éramos portugueses (estou seguro que se souberem que éramos cidadaos do Estado Espanhol e galegos provavelmente dirigir-se-iam a nós em castelhano).
A alguém lhe poderia parecer uma surpresa que um companheiro de expedição e representante dum grupo ambientalista da Límia, o nosso amigo Manuel Garcia, apresentasse publicamente e no seu galego limego (ou limião) uma informação sobre a concentração parcelar na sua comarca perante o pleno do grupo parlamentar europeu do "Arco Íris", grupo dentro do qual estava o Eurodeputado Posada. Como bem se sabe, havia, e há umas cabinas de tradução simultânea que transpunham a fala do amigo Manuel Garcia aos diferentes idiomas dos distintos europarlamentares dos diferentes países que integravam aquele grupo. Quiçá ninguém se deu conta de que se isto fosse feito por um catalão ou um basco, ou um escocês...não poderia ter sido feito pelos tradutores porque essas línguas não pertencem ao grupo de línguas oficiais da União...infelizmente....mas é assim, cousa que não acontece com a nossa língua que sim é oficial. Por isso pode ser traduzido às outras línguas comunitárias.
Lembro que havia uma porta-voz escocesa, lembro um corso que interveio e algum flamengo... e todos percebiam perfeitamente o que o nosso companheiro expunha porque os funcionários de tradução reconheciam aquilo como uma das línguas oficiais dum Estado membro..., neste caso, reconheciam-no como português e faziam o seu labor transladando para inglês, francês, neerlandês, etc...
Tanto na altura como ainda hoje a informação que se verte sobre a situação da nossa língua na Galiza não chega a todos os galegos, pelo que é fácil acreditar que ninguém tivesse nem, ainda hoje, tenha muito conhecimento, nem consciência do que é o Informe Killilea, nem das cartas cruzadas entre o europarlamentar Posada e o presidente do Parlamento Egon Klepsch, nas quais se reconhecia o galego implicitamente como língua oficial por sê-lo o português, língua oficial dum dos Estados membros: Portugal.
Egon Klepsch
Essas cartas estão publicadas nas AGÁLIAS dos anos 1993 e 1994 e nelas se toma o assunto por causa da dúvida que alguns funcionários tinham em relação à língua do eurodeputado. Eles diziam que era português com um sotaque que eles não conheciam mas o Senhor Posada clarificou com argumentos históricos e linguísticos que aquilo era a mesma língua de Portugal embora com o sotaque galego das Rias Baixas donde ele é originário. Posteriormente e com a intervenção do europarlamentar irlandês Mark Killilea que reconheceu as variedades linguísticas da U.E. e do próprio presidente do Parlamento reconheceu-se que todas as intervenções do eurodeputado galego foram feitas numa variante da língua conhecida internacionalmente como “português” e portanto recolhidas no diário de sessões da Câmara.
Mark Kilillea
Há um tempo, quando governava o bipartido, víamos nos meios de informação galegos a notícia de a Espanha pedir para o galego o “status” de língua oficial dentro da U.E. e não pôde mais do que olhar a notícia franzindo as sobrancelhas. Veremos no futuro a mesma petição para o alsaciano ou o para o andaluz?? Veremos isso para o valão, o francês da Bélgica, ou o alemão da Áustria? Veremos também na ONU essa petição para a língua dos norteamericanos diferenciada da dos britânicos?. Evidentemente a proposta não foi aceite porque dum ponto de vista internacional as falas galegas sempre foram reconhecidas como uma das variantes dessa língua ibero-românica ocidental conhecida historicamente como “galego” ou “galego-português” mas dum ponto de vista político conhecida com o nome de “português”.
Ora bem, estou certo que o flamengos da Bélgica não vão pedir algo assim para o flamengo porque já é oficial o neerlandês, língua comum a holandeses e flamengos, nem a haverão de pedir aos moldavos no momento em que entrarem na União a oficialidade do moldavo quando já dentro achem o romeno como língua oficial por ser a República de Roménia sócia de pleno direito desde 2007.
Já o eurodeputado Posada em 1994 e em 1999, e posteriormente o Camilo Nogueira desde o 1999 até 2004 fizeram o seu trabalho na nossa língua, gerando mesmo reações à contra de conhecidos políticos antigalegos que mesmo chegaram ao insulto. Dentro esses políticos salientamos o ex-alcaide da Crunha, Francisco Vázquez que denominou Camilo Nogueira de Nazi por falar "português" no parlamento europeu e com isso deixar de falar espanhol...
Isto faz que tenhamos a necessidade de dizer por se a nossa gente não se tem inteirado, que a Nossa Língua, a língua que Pondal denominou "Língua do grã Camões, fala de Breogão", a língua das Cantigas do único Império peninsular com Afonso VII e que assim se podia considerar na Idade Média, a língua de Castelão, de Risco, de Carvalho Calero...é já oficial tanto na sua versão lusitana como na sua versão galega, facto este reconhecido pelas instituições comunitárias. Com ela se trabalhou na Europa desde 1986, data na que os países da península Ibérica entraram de pleno direito na U.E., e com ela trabalham os deputados galegos bons e generosos que têm a Galiza na sua mente e no seu coração.
Ultimamente a deputada Ana Miranda em 2012 também está a usar a nossa língua no parlamento mesmo com dificuldades por parte dos tradutores de espanhol que desrespeitosamente não traduzem o que ela diz quando fala no seu galego natural, embora os funcionários que transladam para o inglês, francês, etc... não tenham qualquer problema. Se a nossa fosse uma língua extra-oficial a possibilidade de tradução seria nula...
Sabemos que o BNG tradicionalmente não se manifesta claramente em favor dum reintegracionismo prático e consequente, sabemos mesmo que apoiaram a ideia do bipartido de levar a cabo a “oficialização" do galego (RAG, entenda-se) obviando a realidade comunitária de reconhecimento do galego (português, entenda-se também) como língua oficial desde a passagem do eurodeputado Posada pelo parlamento. Aproveitando a presença do BNG no parlamento europeu, este é um bom momento para fazer pedagogia institucional e ensinar aos seus militantes, seguidores e votantes (e também os que não o são) que galego é português e português é galego com todas as consequências possíveis, mesmo normativas e geo-estratégias, e nao para seguir a política linguística do PP e do PSOE que querem "oficializar" o que eles denominam de "galego" para consumar a ruptura entre as falas galegas e portuguesas convertindo a nossa língua em carniça para o uniformismo castelhanófilo que rege o Reino da Espanha desde que este existe como tal.
Se a ideia é dar a conhecer a realidade linguística comum galego-portuguesa, parabéns, mas se a ideia do BNG é fazer coerente uma ideia de galego “de seu”, como parece que faz em boca da Ana quando quer meter a nossa língua na mesma saca do que o catalão, basco e outras ao querer "oficializá-lo"... e conceitualizá-lo implicitamente como diferente do português, acabará fazendo evidente a ideia que muitas pessoas têm de que o reintegracionismo bloqueiro, até agora, platónico é só uma via para conseguir votos dum eleitorado galeguista cada vez mais virado para o sentimento de unidade linguística galego-portuguesa e fará ver o BNG como mais um partido que joga contra a língua dos galegos.