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domingo, 1 de setembro de 2013

O auto-ódio, a ignorância e o não saber por onde andamos



Por José Manuel Barbosa


Tinha eu uma aluna em Moinhos, filha dum emigrante galego em Madrid. O pai (nem a mãe) desta nena não ve(m) a necessidade de lhe transmitir(em) à sua filha um valor tão importante para o equilíbrio psicológico da rapariga como é o sentimento de pertença a um grupo humano determinado como é o povo galego, porque o sentimento de arreigo não dá comer...ou pelo menos isso é no que acredita(m). Se a isto acrescentamos que nem nas escolas da Galiza isto se ensina, pois estas estão para deformar, não para formar nem para informar....temos o quadro feito.

  • Donde é o teu pai, minha nena? -Perguntei para ter conhecimento saído das minhas necessidades laborais-.
  • O meu pai trabalha em Madrid -Disse-me ela-.
  • Sim, mas é de Madrid ou está em Madrid? -Insisti-.
  • O meu pai não é de Madrid, mas trabalha em Madrid -tentou evadir-
  • Onde nasceu? -teimei-
  • Nasceu na Franç


Eu estava a ver que aquela conversa não me dava a informação requerida, pelo que fiz a pergunta doutro jeito...
  • Como é que se chama o teu pai?
Ela deu-me o nome do seu pai com dous nomes de família galeguíssimos sem qualquer dúvida e respondi:
  • Esse nome que me das não é um nome francês...
A nena tentando evitar informar-me da realidade de o seu pai não ser francês mas duma freguesia determinada do Concelho de Moinhos na Baixa Lima respondeu:
  • Mas ele é francês porque nasceu na Franca...
Finalmente deixei de inquirir e procurei a informação por outra via...

O objeto desta pequena estória, infelizmente real, é salientar a falta de autoestima evidente e tangível na nossa população. Se a isso acrescentamos manifestações públicas nos média do Reino como a de Rosa Díez no seu dia ou o do ex-Presidente castelhano-catalão da Generalitata de Catalunha, José Montilla; se observarmos como estão estendidos os grupos e grupúsculos que defendem a eliminação da nossa língua do nosso Pais; se vemos como um Conselheiro de Cultura dum governo galego solta com total tranquilidade mas também com total impunidade que “a cultura galega limita e é um obstáculo para o desenvolvimento da Galiza”... posso mesmo chegar a perceber que haja alguém tão inocente como uma rapariga de dez anos que diga o acima exposto e mesmo chego a perceber que haja quem mantenha a inclusão no dicionário da RAE do verbete “galego” como sinónimo de “parvo, tonto”...

Se a isto acrescentamos que a nena de hoje há de ser uma mulher de amanhã, teremos a equação que nos permita perceber a razão da existência de entidades associativas como a GB ou pessoal como os seus dirigentes.
Essa é a imagem que o Reino dá de nós e somos nós quem via escolar acertamos a introjetá-la e a acreditar mesmo que isso é assim inquestionavelmente.

Os responsáveis da RAE não vão mudar até que os façamos mudar por obriga e a minha aluna vai mudar se der com um professor que lhe fizer ver que as cousas não são assim. O pior é que não é fácil nem permitido transmitir a uma aluna a informação necessária com total liberdade, cousa que de o tentarmos teria um custo psicológico e laboral importante, pois o ambiente no ensino primário no que esta aluna estava no momento dessa entrevista, está muito enrarecido por haver pessoal mal formado, desinformado (também mal intencionado) e mesmo pessoal que acredita nisso mesmo, fazendo com que a transmissão pedagógica que recebe a nena seja aquilo que ela está a reproduzir comigo.

A aluna manifesta o que lhe ensinam na casa e na escola mas se na casa não se dá mais e na escola se reforça, o assunto torna-se difícil de solucionar. E se algum professorado é bom e conhecedor da fórmula para fazer dessa nena uma pessoa equilibrada psicológica e pessoalmente, com a autoestima necessária para ir pela vida valorizando o seu ser, outro professorado com o que ela conta resulta nefasto, transmissor de todos estes vícios quase medievais e ideologicamente próximo a um poder que legisla desde Madrid ou desde Santiago de Compostela para que o ensino funcione assim. Curiosamente este último tipo de professores sempre têm bastante poder nos centros de ensino, enquanto os primeiros quase nunca estão em postos de decissão e quase sempre acabam tendo problemas. Um que sabe disso algo...

Quem lhes ensinou o facto de que ser galego ou galega é pertencer a um povo cuja história em nada tem a invejar a outros povos poderosos e hegemônicos historicamente? Quem lhe disse que somos pertencentes a uma família de povos atlântica e céltica? Quem lhes contou que a Galiza foi a Califórnia de Roma? O primeiro Reino medieval da Europa? O primeiro Reino independente de Roma ainda existindo esta...Quer dizer, o povo que inaugurou a Idade Média! O que marcou o começo dessa idade histórica... A Galiza marcou a história medieval de Península Ibérica, o primeiro em celebrar umas Cortes parlamentares antecessoras do parlamentarismo democrático europeu, tal como o conhecemos hoje... Segundo a Professora da Universidade de Cambridge Evelyn Stefanos Propter no seu livro Curia and Cortes in León and Castile 1072-1295”. Foram em 1077 em Tui as primeiras Cortes da Europa, mas se nos referirmos ao que se transmite no ensino oficial do Reino, de ter sido Leao em 1088 também seria válida a afirmação, porque Leao naquela altura era a capital do Gallaeciense Regnum...
Foi a Galiza, o segundo Reino europeu medieval que levou a cabo uma revolução burguesa, as Revoluções Irmandinhas (1431-33 e 1467-69), muito antes do que a Revolução francesa (1789), antes do que a americana (1776), antes do que a inglesa (1642) e antes do que a holandesa (1568) e posterior as guerras Hussitas em Boêmia (1419); foi a Galiza considerada um dos tres imperios medievais, nomeadamente Bizancio, Sacro Império Romano Germanico e a Galiza; foi a Galiza uma das mais importantes potencias económicas da Idade Média; o primeiro território da Europa livre dos exércitos napoleónicos pelos seus próprios esforcos e sofrimentos, levando a Grande Armée em fugida livre por todo o norte da península até São Marcial da mão so General Freire de Andrade. Os exércitos galegos organizados pelos governo galego (Junta do Reino da Galiza sediada em Lobeira, Baixa Lima) independente de facto durante os anos da ocupação, tiveram de ser freados na perseguição aos franceses porque já chegaram a Gascunha...; Galiza tem a terceira língua da humanidade junto com o ingles e o espanhol e com licenca do mandarim (que nao é exatamente a língua de todos os chineses nem é falada por todos os Han)...
Bernaldo Gonçalves do Vale (Cachamoinha)

Tenha em conta o caro leitor que os povos dominantes sempre destilam racismos, isto tão feio e cruel mas há que dizer que o planeta está chefiado entre outros por povos atlanticos, celtas e germanicos que desprezam e odeiam os mediterraneos pior considerados na Europa, mas eis a contradição e o paradoxo, pois a Espanha mediterrânea despreza e manifesta esse racismo com os povos atlanticos e célticos da península Hespérica (nego-me a denominá-la Ibérica).

Por toda essa história que os galegos temos atrás de Nós deveríamos sentir a autoestima suficiente para nos amarmos como somos e como fomos, com capacidade de podermos ser no futuro algo similar...mas nada disto se ensina nas escolas nem se transmite as nossas criancas. Por isso a minha aluna sente auto-ódio e não quer ser galega.
Podemos procurar as causas desta situação para podermos “curar” o problema. Como é evidente a nossa gentinha do comum tem muitas cousas das que se preocupar e que fazer no seu dia-a-dia para chegar a tão filosóficas conclusões. Esse é o trabalho dos nossos dirigentes políticos que são os que nos guiam e quem nos chefiam. Vamos atrás dos chefes da manada seguindo os nossos comportamentos ancestrais e biológicos mas se os chefes são uma greia de inúteis no melhor dos casos ou uma banda de delinquentes no pior, será melhor que pensemos muito bem o que estamos a fazer escolhendo-os como guias para conseguirmos um futuro promissor.



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A lógica da Xenofobia anti-galega


Por Adrião Morão
 
Pretender que na Galiza, tendo uma língua própria (o galego), mantenhamos sinalização em castelhano é xenofobia e nacionalismo espanhol.
 
Explico:
Um espanhol que não empregue o galego pode comunicar-se igualmente com a administração em castelhano. Não vou entrar em se isto per se é justo, porque num Estado democrático a sério, eu deveria poder entregar documentos oficiais em galego na Crunha, em Madrid ou em Valência. Claro que o do plurilinguismo a Espanha não o leva nada bem... 

Um espanhol que não empregue o galego segue podendo entender praticamente todo o galego escrito. Ou isto é certo ou o resto de espanhóis padecem qualquer tara mental, argumento que é racista e portanto fica descartado. Ou eu sou muito listo e entendo 90% de catalão ou asturiano sem os ter estudado na vida, que também pode ser!
 
Se eu sou galego e falo galego com galegos, a nossa língua comum é o galego. Portanto, o castelhano não é a língua comum de todos os espanhóis, porque eu tenho nacionalidade espanhola desde o nascimento e não utilizo o castelhano com galegos nunca. Não é a minha língua em comum com o resto de galegos. Por que então o castelhano tem esse falso status de língua comum? Há línguas melhores e línguas piores? Noutro caso, não se explica. A não ser que voltemos à teoria da tara mental, que acordáramos que é um argumento racista porque põe o resto de espanhóis como "marcados" genética ou culturalmente ou qualquer cousa do tipo.

Portanto, se temos um hipotético Estado que garante que um cidadão qualquer se poda comunicar com as instituições na sua língua oficial de preferência, não entendo onde está o problema de termos diferentes línguas de coesão social. A ver se vai ser que o nacionalista não sou eu...

 
Existem pessoas que se zangam por não perceber qualquer cousa num sinal por não estar em castelhano? Curioso: não se zangam quando saem do Reino da Espanha. Portanto, não existe um problema de incomodidade causado pola incompreensão, mas um problema político: se a Galiza ou a Catalunha fossem Estados independentes desde há séculos, toda essa gente que se molesta fecharia a boca. Exatamente igual que fazem quando não entendem a sinalização da City de Londres. No caso da Galiza, ainda o têm mais fácil: dizem «galleguiño, ¿qué pone ahí?» e como todos os galegos aprendemos castelhano por imperativo constitucional, podemos responder. Se a petição é educada, evidentemente.

Devemos portanto manter sinalização em castelhano porque outros espanhóis sintam hostilidade pelas línguas diferentes dessa? Devemos manter letreiros em castelhano porque, no Reino da Espanha, a xenofobia se bebe com o café da manhã e se come com a fruta da sobremesa? Estou certo de haver muitas pessoas que, sem falar galego, nunca se sentiram nem se sentiriam molestar por ver que, em troca de "Centro Ciudad" põe "Centro Cidade". Ou "Centre Ciutat" ou como se escreva na Catalunha.

Portanto, manter um uso social do castelhano num país com língua própria, o galego, é legitimar a xenofobia dos espanhóis hostis ao resto de línguas.

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