domingo, 11 de setembro de 2022

As Bandeiras dos Territórios Espanhóis: Madrid. Capitulo 6

 


 

Madrid foi um cidade nascida dentro da Taifa de Toledo que identificava a fronteira Marca ou Cora central de Al-Andalus, aṯ-Ṯaġr al-Awsaṭ (الثغر الأوسط). Dentro dessa linha fronteiriça com a Yilliqiya, ao Sul do As-Serrat (Maciço Central), havia uma fortificação militar estratégica avançada construida como uma autentica fortaleza defensiva durante o século IX, pelo emir de Córdova, Maomé I, sendo rei do Christianorum Regnum Afonso III, mas consolidada durante o século XI como parte do sistema defensivo da Taifa de Toledo com o nome de Al-Mayrit1, servindo de muro defensivo durante as tentativas de Afonso VI por anexar a Taifa. Entre 1081 e 1085 aconteceu o conflito entre a Coroa galaico-leonesa e as diferentes taifas andaluzis pelo controlo de Toledo cuja população estava dividida nos seus apoios2. Madrid foi ocupado pelo rei Afonso em 1081 e a taifa foi anexada, finalmente, em 1085.

Durante a historia do Madrid integrado dentro do Reino de Toledo, como parte da Coroa de galaico-leonesa, primeiro e castelhana, posteriormente, entendemos que a simbologia coincide com a que expusemos no capítulo da história das bandeiras de Castela-Mancha por fazer parte, a cidade de Madrid, de dito reino. Mas temos a referência da exposição dum vexilo durante o reinado de Afonso I de Castela (Afonso VIII, segundo as fontes castelhanas) na Batalha das Navas de Tolosa em 1212 que apresenta um urso com a constelação da Ursa no seu interior.


A vila, como tal, e durante a sua história,  foi vila de recreio de reis, sede das Cortes castelhanas várias vezes e residência de monarcas desde Carlos I, até que em 1561 acabou sendo capital da Monarquia Católica, sendo rei Filipe II.

A partir de 1833 quando se conformam as províncias, Madrid adota uma bandeira verde com o escudo um meio que contém em si próprio os escudos dos partidos judiciários que havia no seu território, que eram, a vila de Madrid, Alcalá de Henares, Navalcarnero, San Lorenzo del Escorial, Colmenar Viejo e Aranjuez.


Posteriormente, quando a província se constitui em Comunidade Autónoma, em 1983, constitui-se em região, com uma
bandeira da denominada Comunidade de Madrid em vermelho carmesim, a partir da entrada em vigor do Estatuto de Autonomia, mas desde 1984, com a lei de símbolos, considera-se que o vermelho é “rojo vivo”, segundo a terminologia em castelhano, correspondente ao rouge ponceau francês que coincide com o vermelho das papoulas silvestres de cor vermelha que representa a cor do pendão de Castela, já que Madrid tem sido historicamente castelhana, mas também a cor da bandeira oficial da Espanha. De facto, esta contradição entre o Estatuto e a lei de símbolos, soluciona-se optando pelo disposto no Decreto 2/1984 em que prescreve o vermelho vivo.

Alias, o campo da bandeira conta com sete estrelas de cinco pontas em prata, isto é, brancas, dispostas no centro do campo vexilológico, ordenadas em duas fileiras, quatro na parte superior e três na parte inferior, representando cada uma das áreas administrativas atuais da província de Madrid, que são: a cidade de Madrid, Alcalá de Henares, Torrelaguna, San Martín de Valdeiglesias, El Escorial, Getafe e Chinchón. Acredita-se que as estrelas também representem a constelação da Ursa Maior (o asterismo do Arado) ou da Ursa Menor, em referência ao urso do brasão da cidade de Madrid registado desde a Batalha das Navas de Tolosa, no século XIII. Por outra parte, as cinco pontas representam cada uma das outras cinco províncias que rodeiam a província de Madrid, nomeadamente, Ávila, Cuenca, Guadalaxara, Segóvia e Toledo.

A criação da bandeira para ser usada como símbolo da Comunidade Autónoma correspondeu ao escritor e jornalista Santiago Amón Hortelano junto com o desenhador Jose Maria Cruz Novillo. Um exemplo de criatividade promovida pela oficialidade.

 


 

 

1 Originariamente Al-Magrit que deriva do moçarábico matrič, que significa matriz, que por sua vez provem do latim matrix, cujo acusativo é matricem. Este nome está referido ao regato a partir do qual se gera o rio atualmente denominado Manzanares. Madrid, é, portanto, o lugar do regato matriz do qual nasce esse rio.

2 Os muçulmanos apoiavam a aproximação a outras taifas andaluzis, enquanto moçárabes e judeus optavam por se integrarem dentro da Coroa de Afonso VI.

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