Por Carolina Horstman e José Manuel Barbosa
O 17 de
maio foi muito longo. Acordamos por volta das 5:00 horas da manhã porque a
viagem exigia pontualidade, preceito que cumprimos quase escrupulosamente.
Almoçamos algo ligeiro para podermos com o corpo, tomamos um duche e
vestimo-nos a uma velocidade que não seria normal num dia do comum. O carro
aguardava-nos na garagem depois duma semana de muito trabalho. Saímos e sem
demoras nem pausas entramos na autovia Ourense-Santiago onde viajamos com pouca
equipagem: uma mochila com roupa, a minha saca do diário onde levo as cousas
pessoais e uma sacola.
O aeroporto estava cheio como sempre mas ainda assim e depois de arrumarmos num lugar fácil arranjamos as cousas para podermos estar no avião no tempo previsto. Sempre me surpreendeu o controlo que ultimamente gastam antes de entrarmos no aparelho. Controlo que significava que tivesse que tirar as minhas botas, o casaco, o cinto e todo o metal que eu levava no corpo para eles saberem se é algo que possa ocasionar perigos a este sistema em descomposição...Não sei a que lhe temem. Vão cair, controlarem ou não.
O aeroporto estava cheio como sempre mas ainda assim e depois de arrumarmos num lugar fácil arranjamos as cousas para podermos estar no avião no tempo previsto. Sempre me surpreendeu o controlo que ultimamente gastam antes de entrarmos no aparelho. Controlo que significava que tivesse que tirar as minhas botas, o casaco, o cinto e todo o metal que eu levava no corpo para eles saberem se é algo que possa ocasionar perigos a este sistema em descomposição...Não sei a que lhe temem. Vão cair, controlarem ou não.
Passadas
as 10:30, fora do horário previsto, chegamos a Barajas. Ali nos aguardavam o
nosso amigo José André Lôpez Gonzâlez e a sua filha Íria que nos iam conduzir
por aquele labirinto que é a capital do Império Pequeno. Com muita amizade e
amabilidade o José André saudou-nos e fez de guia pelo caminho. A conversa
sobre a língua, sobre a história e sobre a política do nosso País foi obrigada.
Chovia e ninguém diria que aquilo era Madrid, só os topónimos arabescos e
castelhanos estavam a nos dizer que estávamos na velha Al-Andalus. Era o antigo
Al-Magrit "o mercado" em árabe, o que nos acolhia.
O José
André e a sua filha Íria levaram-nos até Alcalá de Henares, onde fizemos um
lindo passeio pelas ruas da vila. Alcalá ou talvez Al-Kaláh, a fortaleza em
árabe....
Vimos as
pegadas árabes e judaicas, vimos os edifícios de tijolo, as ruas da parte velha
duma formosura muito especial. Visitamos a casa onde supostamente nasceu Miguel
de Cervantes, o escritor de origem galega do Quixote, vimos os palácios que nos
transladavam no tempo a épocas dos Reis Católicos de infeliz memória para os
galegos, o palácio do arcebispo, o pelouro onde os réus cumpriam pena pelo
facto de serem muçulmanos, ou judeus, ou protestantes ou simplesmente por serem
contrários à política da Monarquia Hispânica... A beleza era uma cousa mas a
memória daquela intolerância tão castelhana era outra.
Depois
dum longo passeio fomos comer a um restaurante do bairro próximo ao local onde
eu ia palestrar. Era a "Associação Galega Corredor do Henares" e no
seu nome, o seu Presidente, José André, quem nos tinha convidado para falar d'A
Pré-História da Língua e ali chegamos cansados depois dum dia intenso. Também
ali estava Iago Rios, quem ligou para nós e arranjou todo o necessário para nós
estarmos ali esse dia a essa hora. Nós felizes.
Quando
chegamos vimos o formoso local que tem esta associação, que reúne a muitos
galegos residentes em Alcalá e nos arredores, quer dizer, no chamado
"corredor do rio Henares", e pudemos comprovar como as atividades
eram inúmeras: canto, baile, pintura, música, publicação da sua própria
revista, palestras, etc. A professora de pintura do local, nativa de
Guadalaxara mas vinculada à associação desenhou um "apalpador" motivo
de orgulho para o nosso amigo José André por ser ele quem o popularizou nos
últimos anos na Galiza.
A nossa
presença ali era por ser um 17 de maio, o dia das Letras Galegas e decidiram
celebrar o dia falando da língua, da sua história, ou mais concretamente da sua
pré-história. Algo que temos trabalhado um bocadinho.
A
palestra foi a partir das 19:00 e acho que antes das 20:00 já tinha acabado.
Depois, umas peças de música galega, uns bailaricos e uns petiscos nos
aguardavam para além da conversa com os amigos presentes que se sentiram
atraídos pela temática. Gente interessante, trabalhadora, emigrantes que amavam
e amam a sua Terra deixada atrás porque há que trabalhar onde há trabalho. Amor
à Terra, morrinha, saudade e desejos de voltar a ela. Vínculo e raiz ainda
tendo nascidos alguns na diáspora. Galegos de sangue, de sentimento, de
coração...
A nossa
retirada para o Hotel foi imediata depois da pequena festa. O sono e o cansaço
eram mais poderosos do que a fome. Para ingerir alimentos já teríamos tempo o
dia seguinte que também se apresentava longo mas o descanso fazia-se urgente.
Levaram-nos ao Hotel o José André e a sua companheira e ali ficamos onde não
demoramos muito em pegar no sono...por pouco tempo, porque às 4:00 já estávamos
novamente acordando para apanharmos o vó para a Galiza que saía às 6:45.
A
chegada a Santiago não se fez aguardar muito. Chovia e fazia sol à vez na nossa
capital o que convertia aquela manhã de sábado num lindo jogo de luzes e
sombras próprias dum formoso quadro impressionista..."Quando chove e faz
sol casam a raposa e o raposo" dizia a minha avozinha. Almoçamos num bar
próximo à ferradura e decidimos dar uma volta pela cidade aproveitando o jogo
de luzes com o fim de nos mergulharmos na energia da nossa Terra Galega.
Apanhamos o carro e voltamos para a casa. Ali nos aguardavam o nosso Lucas, o
nosso inteligente mastim e o David que ficou na casa guardando do nosso
guardião. Fomos comer churrasco perto de Chantada e ao chegarmos à casa, por
volta das 17:00 horas, apanhamos a cama e dormimos seguido até o domingo as
8:00. Quinze horas de sono. Não esteve mal.
Um fim de semana completo,
intenso, lindo, pelo qual agradecemos ao Presidente da Associação Galega
Corredor do Henares José André Lôpez Gonçâlez, a sua esposa Carmen, a Iria a
filha de ambos e ao Iago Rios....... e obrigado a todos os amigos e amigas
galegxs de Alcalá por tão lindo fim de semana, pela sua companha, pela sua
atenção e pela assistência à nossa humilde palestra, especialmente a Javier Franco. Aguardamos nos vermos
novamente.
A pré-história da Língua 1A pré-história da Língua 2