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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

VITÓRIA!!!!!





Em Fevereiro de 2012 fazíamos esta entrevista a Sra Maria Isabel Alonso, nomeada por nós como Guardiã da capela pré-românica de época germânica de Santa Comba de Bande.
(Eis a entrevista)
http://despertadoteusono.blogspot.com.es/2012/03/o-desrespeito-ao-patrimonio-galego.html
Elaboração por parte da equipa do DTS:
Gravação e elaboração: José Goris Cuinha O Goris Cuinha
Colaboração Técnica: Ana Bernardez e Carolinha Hortsmann
Apresentação: José Manuel Barbosa



Notícia no Facebook: Aqui:


A nossa campanha fez com que denunciássemos publicamente que o seu cuidado e manutenção caia de forma abusiva na pessoa da Sra Isabel sem ajuda de qualquer instituição, nem Concelho, nem Deputação, nem Junta da Galiza, nem o Governo do Estado nem sequer a Igreja. Todos os anos e sempre que podíamos levávamos e levamos ainda gente para expor a circunstância, sendo o nosso monumento um dos mais importantes da Europa do estilo e pondo à Galiza como protagonista dum passado muito importante do ponto de vista histórico-artístico.
Hoje acordamos com esta boa notícia que achamos no Jornal La Región de Ourense. Portanto podemos e queremos berrar dizendo alto e claro VITÓRIA!!!!!!!!
A ajuda inestimável do Grupo Ecologista "Outeiro" foi fundamental pela tramitação da denúncia pertinente às autoridades pertinentes e que isto se resolva assim. Obrigado, caros. Temos muitos ânimos para continuarmos com o nosso labor!
Bravo pela Sra Isabel!!! Bravo por Santa Comba!!!! Bravíssimo!!!

sábado, 28 de setembro de 2013

Obrigado!!




ULTRAPASSAMOS AS 100.000 VISITAS.

OBRIGADO!!!


Queremos agradecer a todos os amigos e seguidores do DTS a sua fidelidade e o seu interesse por esta nossa página. São já três anos nos que o nosso blogue está tentando fazer acordar do sono a todos aqueles que quiserem ser despertados. O nosso agradecimento é máximo, a nossa vontade de continuar está viva e a nossa alegria por termos a felicidade de ter feito com certa eficácia o nosso labor consciencializador e transmissor daqueles elementos relacionados com a nossa língua, com a nossa história história e com o nosso povo que são menos conhecidos, ignorados, ocultados, manipulados ou simplesmente censurados. Obrigado a todos! De agora em adiante começamos uma nova etapa. Vamos pelos 200.000!!!


Um forte abraço.


A equipa do DTS

terça-feira, 26 de março de 2013

Visita do DTS à GALLAECIA PETREA



Por Carolina Horstman

O passado 23 de Março de 2013, o DTS teve a honra de assitir ao convite levado a cabo pelo Homem da Pedra para visitarmos a exposição GALLAECIA PETREA apresentada na Cidade da Cultura de Santiago de Compostela. A iniciativa e organização levada a cabo pelo nosso amigo Homem da Pedra foi secundada por quase uma vintena de pessoas que chegamos um dia de chuva tradicional galego e compostelano. Pela nossa parte ainda não tivéramos oportunidade de visitarmos o famoso edifício do Gaias que tantos rios de tinta fez correr quer pelo seu tamanho como pela sua discutida utilidade.
A visita decorreu por vários dos andares de um dos edifícios do complexo da Cidade da Cultura em cada um dos quais estava uma época histórica do nosso passado. Na sala da Pré-história e Proto-história pudemos desfrutar da visão de diferentes peças levadas ali desde alguns dos museus mais importantes da velha Galécia histórica. Vieram peças de Braga e de Ourense, de Ponte Vedra e de Trás-os-Montes... Havia material lítico paleolítico e neolítico, fotos e imagens da cultura megalítica, assim como utensílios de labor e adornos que os nossos antepassados portavam com orgulho e religiosidade. Também pudemos desfrutar da visão de soldados castrejos representados em pedra, representações de figuras orantes, símbolos solares e restos de portas das casas dos nossos antepassados céltas. 
Na zona correspondente a Roma vimos como a impronta nativa se impôs sobre o forâneo trazido de terras latinas nas estelas funerárias e nas aras onde se faziam oferendas a deuses galaicos sob apariência romana.
A Idade Média monstrou-nos a arte sueva e galaica de época visigoda guardada em desenhos também em pedra assim como arte paleocristão, românico e gótico até a entrada da época Moderna onde descubrimos planos da catedral de Compostela ou esculturas de diversos autores e diferentes motivos.
Foi a época Contemporânea que excitou igualmente a nossa curiosidade com esculturas de autores bem conhecidos à vez que uma imensa foto em perspetiva do Monte Pindo, o nosso Olimpo Celta, presidia a planta baixa do edifício visitado por nós.
Se bem é certo que o edifício estava e está praticamente vazio também é certo que se lhe pode dar utilidade, com um "Arquivo de Galiza" que poderia conter toda a documentação sobre o passado do nosso País espalhada por alguns arquivos situados fora da Galiza onde nem fazem falta nem ajudam aos investigadores do nosso passado a fazerem o seu trabalho de reconstrução da nossa História manipulada e politizada por interesses espúrios. O material guardado nos Arquivos de Simancas ou de Salamanca bem poderíam guardar-se nesse "Arquivo de Galiza", não sei se criado "ad hoc" ou se criado para que alguém se lhe ocorra tal cousa. O que sim sabemos é que fora da Galiza não fazem absolutamente nada que não seja inutilizar o estudo do passado do nosso País e obstaculizar a consulta dos textos de épocas passadas.
A biblioteca do Gaiás, absolutamente vazia também poderia ser utilizada com interessante bibliografia para poder ser consultada por pessoal interessado e a ideia dum Museu Nacional Galego recolhendo todo o material artístico e histórico do País sobrevoou as conversas do grupo que viu a necessidade de centralizar o património mais interessante sem que isso seja motivo para lhe tirar vida aos Centros de Interpretação e Museus secundários como o de Ourense (fechado há mais de doze anos e inutilizado por razões desconhecidas) ou o de Ponte Vedra que fariam o seu labor local e regional.
A iniciativa do Homem da Pedra está sendo importante como organizador deste tipo de eventos que contam com os nossos parabéns e a nossa colaboração. Foi o passado dia 23 de Março, foi posteriormente o 24 domingo na visita de Santa Marinha de Águas Santas e sera o próximo dia 30 numa segunda visita à Cidade da Cultura. Esta última é de graça, quer dizer, pode assistir todo o mundo sem necessidade de pagar por entrar porque estão sendo os últimos dias de exposição e assim é estabelecido pela organização da exposição. Esse dia 30 de Março nós não poderemos acompanhar a visita guiada por guias de luxo mas vai o nosso desejo de sucesso e o nosso apoio.



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Na reta final...

     



Por: Dts Editores

     Achamo-nos na reta final. Faltando só um dia para as Jornadas das Letras Galego-Portuguesas, as quais se vão levar a cabo os dias 5 e 6 de maio em alguns dos lugares mais emblemáticos do Concelho de Montalegre, ainda é que nos chegam mensagens de partilha e de colaboração, quando não manifestações de ânimo e apoio explícito.

    Vamos começar o sábado dia 5 reunindo-nos no Hotel Rural "A Nossa Senhora dos Remédios" de Mourilhe (Casa do Padre Fontes) por volta das 12:00 horas em horário português (e aquele horário que deveria, por razões evidentes, ser também galego) onde vamos inaugurar a jornada partilhando jantar (almoço para muitos portugueses...) entre todos os assistentes. O distintivo deste convívio será dado por um recital de poesia no que os mesmos convidados às Jornadas partilharão os seus poemas inéditos e próprios com o conjunto dos assistentes. Também pode ser que as leituras de poemas, em vez de serem próprios e inéditos incluam os escritos dalgum clássico galego, português ou em geral de qualquer autor das nossas letras, estas que viajam mares e continentes e que fazem de nós uma comunidade humana com personalidade própria, numa língua que é a quinta da humanidade e visualizada como uma das mais importantes do mundo para aqueles que mesmo não a falam.

      Posteriormentte, cerca das 16:00 horas vamos nos deslocarmos para Pitões das Júnias para começarmos as palestras na aula que a Junta da Freguesia nos cedeu para ouvirmos a quatro pessoas, queridas e admiradas, que nos vão falar daquelas raízes celtas que nos alimentam e nos dão razão de ser e existir como galaicos que somos, dum ou doutro lado da raia. O nosso Padre Fontes, a nossa amiga Fátima Figueiredo, o prometedor David Outeiro e a grande Blanca G. Fernández-Albalat vão lembrar a próprios e a estranhos que um sangue corre pelas nossas veias, um sangue quente e vermelho que bota chispas quando a palavra "celta" soa no ar; esse sangue, que como nos dizia a cantiga de Cabanilhas, nos dá direito à livre e honrada chouça; esse sangue vertido na batalha do Douro e no Medúlio contra o imperialismo mediterrânico; esse sangue que faz de nós um único povo apesar de raias e de impérios; esse sangue que nos une e que nos vai fazer rir, comer e ouvir-nos nuns dos lugares mais lindos da velha Gallaecia; nuns lugares frios de clima mas aquecido por uma gente valorosa e corajuda: Mourilhe e Pitões.

     Para conhecermos os pormenores, convidamos ao leitor para dar uma nova vista de olhos ao programa (click)

     Agradecemos a todas as pessoas inscritas para participarem, pois ainda nestes tempos de dificuldades, vemos como a gente continua a se interessar pela cultura, as letras, o convívio entre irmãos e mesmo pelas raízes e pela ancestralidade comum. Obrigadíssimos ao Padre Fontes, o nosso druída, porque foi pé e origem de tudo isto; obrigados ao amigo António Ferreirinha que nos abriu as portas do Concelho e da Câmara Municipal de Montalegre à qual também agradecemos imenso; obrigados ao nosso amigo Cascais pela sua disposição, amabilidade, hospitalidade e o seu calmo e eterno sorriso; obrigados à Margarida e à Ana da Taberna Celta.... Obrigados a todos e a todas. Sois gente linda, como essa terra barrosã limpa e sã que nos acolhe. 

     Ficamos contentes de pensar que aquilo que nasceu como um sonho de irmandade se vai transformando lentamente com o trabalho constante dos organizadores e o entusiasmo dos participantes numa realidade tangível.










sexta-feira, 16 de março de 2012

Programação V/S Criatividade


Por Carolina Horstmann

A finais do ano 2010, tive a sorte de assistir a um interessante evento que reuniu a grandes expoentes em temas de inovação e criatividade. Entre eles: Guy Kawasaki e Arianna Huffington. Dirigido especialmente a gente na área das comunicações, conetividade e novas tecnologias.
A surpresa veio (para muitos) da mão de Sir Ken Robinson, um homem com nome muito sonoro e um discurso próximo. Quem, em menos de 40 minutos deixou completamente hipnotizados a um centenar de pessoas, sentido-se a grande maioria profundamente impressionados e representados nas suas palavras.
Na exposição, muito amena, expõe de maneira clara e singela a criatividade humana. Ele leva pouco a pouco a cada pessoa a penetrar no que foram os primeiros anos de vida escolar, conseguindo conetar com essa criança que fomos; cheios de alegria e sem medo ao erro.

Em que momento foi que nos perdimos?

A criatividade humana no transcurso da história não deixa de nos surpreender. Muitas vezes as grandes mentes não dependem de qualquer prestigiosa Universidade ou centro de estudos. São autodidatas ou pessoas que ficaram fora do sistema tradiciona por serem considerados de “distintos” ou “problemáticos”.
A educação atual, para além de guiar os nenos e desenvolver plenamente as suas potencialidades, ignora por completo esse aspecto. Isto fica salientado ao converter o sistema educacional numa chave que quer levar ao sucesso num futuro desconhecido; é nessa carreira da vida onde as crianças perdem ou ignoram compleamente os seus talentos naturais. Onde ser “distinto” está mal e ser parte do coletivo, uniforme, é o socialmente aceitado.
É nesse cenário onde o Sir Ken Robinson nos lembra que “a criatividade é tão importante como a alfabetização e deveria dar-se-lhe o mesmo status”. Os nenos precisam arriscar, tentar e provar sem medos ao ridículo, sem medos a errar (numa sociedade onde “errar” está muito mal visto).
Precisam se exprimir nas artes e na música, apreender dança (do mesmo jeito que se obriga muitas vezes a jogar numa determinada equipa de futebol). Formas de expressão que lhe permitam explorar cada um dos seus interesses e em consequência, reconhecer e potenciar os seus talentos.

Infelizmente, con a chegada da idade adulta, muitos são os que se acham perdidos. Possuem grandes conquistas e uma parede cheia de diplomas que dão crédito de todos os esforços mentais e conquistas materiais. Exercendo o labor escolhido com cansaço, tédio e sobre tudo...uma falta total de paixão pelas cousas.

Que temos conseguido?

Atualmente, temos um sistema castrador da criatividade, no que se vai progressivamente tirando-lhe o espaço para o movimento aos nenos até deixá-los imóveis olhando de “cara ao futuro” para um grande quadro preto que promete ser a chave da salvação para uma realidade vital vista como “inadequada (a aldeia, a vila...). Criam-se estudantes eternos, que enchem as suas horas de livros focados num só tema e limitando os outros aspectos de aprendizado com um esquema mental rígido que antes ou depois acaba passando ao corpo. Assim a tensão passa-se a fazer parte das nossas vidas, dando-nos tempo só para o “realmente importante” (o que dá dinheiro ou qualquer outro benefício material) deixando a exploração num lugar sem importância, fazendo do ensino que nos chega uma verdade absoluta, limitando a capacidade de investigação, de confirmação da informação, perdendo a oportunidade achar ideias próprias.
Existe uma progressiva perda da cultura tradicional em tudo isto, desvinculando à gente das suas terras, aumentando dramaticamente o despovoamento nos seitores rurais, como é que acontece na Galiza. Introduzem-se mudanças que trazem consigo uma cultura artificial que leva às crianças a desvalorizar o seu, o autótone, a desconhecer a autêntica riqueza do seu contorno ainda que este possua uma potência infinita mesmo do velho ponto do vista
As escolas rurais perdem nenos. Temos verdadeiros “colégios fantasmas” com capacidade para um grande número de estudantes que só acolhem uns poucos nenos. Em alguns casos até 10, só, das mais variadas idades. Os pais vem-se na obriga finalmente de se deslocarem às cidades, quer por causas económicas, quer por causas políticas
As famílias estão necessitadas de apoio real, duma orientação ao reencontro com a terra e os seus benefícios, sendo mais “prático” e fácil comprar uma verdura num hipermercado (com os seus respetivos processos de congelação e pesticidas) a cultivá-la na sua própria terra. Portanto, não há alternativas claras para quem sonha com uma sustentabilidade fora do sistema.
Outro dos problemas é desconhecimento profundo da história real da Galiza, que magoa a estoestima do mais aguerrido. Os professores vem-se na obriga de ministrar as aulas que não lhes correspondem, dependentes dum sistema obsoleto e adepto ao antolho dos dirigentes que provoca uma ubiquação do docente num ou noutro lugar da geografia do País sem fazer qualquer prevenção das necessidades reais, tanto dos nenos, quanto dos mestres. Estabelecimentos que costumam ficar em alguns casos a muitos quilómetros das cidades de residência, com longas viagens, gasto de dinheiro, comida, combustível...em fim, alimentando o sistema com isso mais do que para satisfazer as necessidades reais do funcionario docente ou beneficiar a qualidade do ensino.
Com este breve resumo do panorama galego, claramente é muito mais cómodo cair na programação e aceitar a rutina e a pertença à engrenagem sistémica sob a lei do mínimo esforço . Cansaço, tédio, frustração, falta de dinheiro e agora...os cortes económicos. É nestes momentos de crise quando é que se pode ver realmente quem tem realmente vontade de fazer achegas construtivas ao seu labor, quem sente paixão pelo seu trabalho, quem pode criar com originalidade e muito poucos recursos, formas diferentes de encher a vida das crianças que vão chegando às nossas aulas.

O final desta história não está escrito. Poderíamos claramente elucubrar saídas, soluções ou finais. Esta história do dia-a-dia fica aberta para que o leitor possa decidi-la, possa imaginá-la. A saída a este sistema temo-la entre todos e entre todos havemos de procurar uma porta: Programação ou criatividade?

Nota: O artigo tenta ser uma reflaxão breve, não apresentar todas as respostas. Deixo aberta a porta para colheitar e partilhar mais pontos de vista sobre a realidade de educação Galega.

SEFCHOVICH, Galia; WAISBURD, Gilda.- "Hacia una Pedagogía de la Creatividad".- Ed. Trillas. 2a. Ed. México 1987.

quarta-feira, 7 de março de 2012

O desrespeito ao património galego (Video entrevista com Isabel Alonso, Guardiã de Santa Comba de Bande)


Equipa do DTS
Câmara: José Goris 
Ajuda Técnica: Ana Bernardez e Carolina Hortsmann
Apresentaçao José Manuel Barbosa

Tenho teimado contra as mentiras históricas e contra a manipulação historiográfica; tenho querido desvendar para o leitor fiel mais de uma cousa, e de duas, que deixam a Galiza discriminada do conhecimento da sua própria realidade passada; tenho criticado o castelhanismo compulsivo do ensino no que diz respeito da História e da língua; tenho denunciado a debilidade daqueles que não consideram a Galiza dentro da Península Ibérica como ponto fulcral e decisivo na/da conformação política, territorial, social e cultural tanto da Espanha como de Portugal. Tenho trabalhado por todas essas cousas e por isso os meus afetos nunca vão estar da parte do Império Castelhano tornado em Reino da Espanha, não. Os meus afetos vão estar com o nosso País, com a nossa Pátria, com a nossa Nação galega.
 Como isto é assim ainda que do céu venham centelhas nunca vou deixar de confrontar-me contra todo aquilo, humano, desumano ou inumano que atente contra as bases conformadoras da Galiza Eterna. Da Galiza que existia antes de Roma, nomeada de Kalláikia, Oestrímnia ou Ophiusa; da Galiza romana, sueva, medieval e hegemónica na Hespéria; da Galiza camponesa e marinheira da Idade Moderna; da Galiza anti-napoleónica de Cachamoinha; a Galiza provincialista e murguiniana; da Galiza galeguista, reintegracionista, celta e celtista e daquela que sonha com a sua soberania. É por isso que nunca vou deixar de evidenciar a maldade de qualquer governo madrileno, bruxelense ou compostelano que permita que aquilo que ficou do passado seja destruído, ocultado ou manipulado com o fim de obscurecer o nosso País, de negar-lhe personalidade para que perda a sua existência e o seu ser. Quem isso faça vai-nos ter a nós justo frontalmente, com a esferográfica preparada para jogar à esgrima das letras.
 A desfeita está nos livros, nos média, no ensino. Entra pelos olhos, pelos ouvidos...mesmo pelo nariz quando cheira a queimado, quando sentimos calor no inverno e frio no verão, quando nos falam de amor à Galiza à vez que lhe cravam a faca nas costas...quando vemos uma anta estragada com adornos de arquitetos modernistas; quando identificam um castro com não sei que vínculos mediterrâneos à vez que o destruem  para fazer um porto exterior sem antes ter sido estudado por arqueólogos responsáveis e livres de ataduras espúrias pagadas pelo poder político às ordens de fenícios mesetários, quando vemos uma igreja sueva que fazem passar por visigótica esquecida por todas as instituições e atendida só pela boa fé da gente do povo. Essa desfeita é como mínimo consentida quando não planificada maliciosamente por uma administração que não nos mata, mas que nos dá para que morramos, uma administração cujo sentido das cousas é tipicamente otomano ou atiliano.
Partindo dessa conceitualização das cousas, queremos apresentar um trabalho feito nos passados meses de Janeiro e Fevereiro onde queremos fazer público à vez que denunciamos os Sultães de Madrid e os seus Sátrapas compostelanos tanto laicos como curiais exercendo a mais subtil das limpezas. Esse tipo de limpezas que se passam desapercebidas porque não saem na TV mas que acabam igualmente com os povos. Se realmente ao Reino lhe parecesse importante ou de utilidade a nossa Igreja de Santa Comba de Bande (como importante é para ele a Dama de Elche, as Covas de Altamira ou os achados de Atapuerca...), este exemplo de capela pré-românica  e mesmo paleocristã seria um modelo de cuidado, de atenção administrativa e de aproveitamento do património para qualquer finalidade positiva, mesmo para que o Estado ou a Junta da Galiza pudessem minimizar a crise na que nos meteram, pelo menos nessa comarca querquérnica, autêntico ônfalon do património artístico galaico.

Com tudo isto, só queremos lembrar duas cousas:
1-    A Galiza tem mais património artístico dentro da CAG do que todo o resto do Reino junto, o qual poderia fornecer uns ingressos económicos que poderiam tirar da precariedade e da emigração a muitos galegos...e não só riqueza económica...e...
2-   Um governo galego e uns interesses de Estado que permitem isso e que favorecem a eliminação da memória dos galegos, que permitem que museus como o de Ourense sejam “bunquers” onde nem se possa ver o seu interior por levar quase doze anos fechado merecem o nosso desrespeito e o nosso rechaço. Nós somos os donos do nosso património e a administração está ao nosso serviço, não ao invés. Nós somos os que sustentamos esses aparatos governamentais e nós somos os que podemos dar-lhes o seu merecido por se desviarem do seu cometido principal. Que emigrem eles! Que fiquem eles sem trabalho!....Porque? Porque nos querem mal!, e nós devemos querer-nos a nós próprios.

Eis:



Gravação e elaboração dos vídeos: José Goris
Colaboração Técnica: Ana Bernardez e Carolina Horstmann

Declaração de Santa Comba de Bande Monumento Nacional:
Ilmo. Sr.: Visto el expediente incoado sobre la declaración de Monumento nacional de la iglesia de Santa Comba o San Torcuato de Bande, en la provincia de Orense, y de conformidad con el dictamen emitido sobre dicho particular por las Reales Academias de Bellas Artes de San Fernando y de la Historia, S.M. el Rey (q.D.g.) ha tenido a bien resolver sea declarada la referida Iglesia Monumento nacional, quedando como tal Monumento bajo la tutela y protección del Estado y la inmediata custodia y vigilancia de la Comisión provincial de Monumentos de Orense. De Real orden lo digo a V.I., para su conocimiento y efectos. Dios guarde a V.I. muchos años. Madrid, 11 de agosto de 1921, publicada esta en el BOE. 16-08- 1921.” 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sobre a amputação da memória


Por Carolina Horstmann

Começamos estas últimas décadas com acontecimentos sociais fortes. Tínhamos por costume nos perguntarmos: Onde é que estavas tu o 11 de setembro? E o tema do World Trade Center deu passagem para o esquecimento, ficou deixado para os comentários e as trocas de opiniões numa noite de canecos de cervejas. Ficamos cheios de palavras como: Talibã, terrorismo, Osama bin Laden, etc... intoxicamo-nos de notícias e novidades.

O ano de 2003 poucos se perguntaram pelos acontecimentos no Iraque após a queima da Biblioteca e a perda de inúmero material do Museu. Muitos menos souberam onde foi que começaram a aparecer os “souvenirs” que tiraram dum país em guerra um grupo de jornalistas duma conhecida cadeia de notícias. A nossa memória sei-que dura o que dura um segmento do noticiário...depois...nada.

Agora hás de te perguntar, com certeza: Como foi que não me inteirei do da Biblioteca do Cairo? São as notícias que correm esta semana (pelo menos por alguns média digitais). O fogo começou nas proximidades da Biblioteca e os manifestantes (enquanto eram atacados pela polícia antidistúrbios) tentaram durante horas resgatar volumes, uma após outro de entre as lapas.

No Instituto Egípcio do Cairo, perderam-se quase 160,000 exemplares, muitos deles únicos. Entre eles podemos contar a obra que Napoleão encomendou a um grupo de cientistas, a chamada Description de L´Egypte, volumes ilustrados por uns 2000 desenhadores e gravadores, que demorou quase 20 anos em ficar rematada..

Como é possível que continuem a acontecer uma e outra vez esses mesmos eventos, ainda com as medidas atuais para a proteção do património mundial?

Sobre a perda da memória.
Se há algo que chama a atenção a dia de hoje, é o letargo que nos corrói. Chega só com ouvir qualquer conversa num lugar público para confirmar o sentimento. Adormecidos, aletargados. Confiados num sistema que dá e responde a todas as nossas necessidades, anestesiados até a medula.

Geração após geração avança este processo de desmemorização perdendo o contato com a nossa história num constante puxar da sociedade atual para nos preparar e nos educar constantemente de cara “ao futuro”. De que jeito havemos de ter futuro se não estamos conetados com o passado, se a história foi apagada, anulada ou re-escrita desde tempos antigos?

John Milton no seu “Areopagítica”, afirmava: “matar um bom livro é quase matar um homem”. Não deixo de pensar que se o aplicarmos à Galiza teríamos os campos cheios de corpos. Não me estou a referir só aos livros destruídos pelo lume ou o deterioramento mas a toda a informação que durante séculos foi silenciada, apagada completamente da nossa história, negada aos estudantes nas suas aulas...

A aniquilação da memória v/s a tentativa de preservação da documentação.
A UNESCO, com o seu programa “Memória do Mundo”, faz uma tentativa de preservar e difundir a documentação mundial, sobre tudo aquela que se acha em lugares de conflito bélico ou destinada a desaparecer pela passagem do tempo. Tendo a encomenda, também, de sensibilizar aos cidadãos sobre a importância que tem para os povos e para os governos este património cultural.
Estabelece este programa quatro razões fundamentais da destruição dos livros:

1.      Catástrofes naturais (inundações, terramotos e incêndios)
2. Catástrofes provocadas pelo homem (guerras, prejuízos, perseguições, lutas religiosas...)
3.      Inimigos naturais (Insetos, umidade, meio ambiente, contaminação)
4.      Papel autodestrutivo (excesso de acidez nos textos actuais)

Estamos perante uma louvável iniciativa, não há dúvida, mas... soluciona realmente os nossos problemas de fundo? Cria reação nos governos? Mobilizam-se as organizações para salvaguardar esse património? Informa-se ao conjunto dos cidadãos? Consegue-se a tomada de contato com as pessoas?

Segundo diz o bibliotecólogo Fernando Báez no seu livro “Historia Universal de la destrucción de libros”, que o livro não se destrui como um objeto físico, mas é que se procura a sua eliminação como vínculo de memória: “O livro dá volume à memória humana”. É este vínculo livro-memória o que dá a força e a constância ao património cultural dum povo ou uma nação. É este património o que conforma o sentimento de afirmação e pertença. A destruição dum livro, portanto, faz-se com a intenção de aniquilar “o património das ideias duma cultura inteira”.

Por cada alínea apagada do nosso passado histórico temos uma alínea menos de verdade num presente que não sabemos compreender. Uma história atual que somos incapazes de enxergar com senso cabal por causa do puzzle aparentemente incompleto no que nos mexemos.

A Galiza tem-se visto enfrentada à luta de poder das altas cúpulas político-religiosas, enfrentando-se com homens profundamente dogmáticos aferrados a um livro irrefutável (e aos seus próprios interesses mundanos). Um livro sagrado que não aceita discrepâncias, que apaga todo posicionamento contrário, que elimina ou tergiversa as verdades que deram alicerce e forma ao Gallaeciense Regnum.

Amputação da memória Galega.
O caso de Galiza, pode ter por resumo “a história contada pelos vencedores”, “Santos senhores” com poder para escrever e re-escrever a vontade. Cronistas, historiadores, eclesiásticos e hábeis políticos que tiveram a encomenda de eliminarem ou manipularem, anulando o nome da Galiza de todos os documentos possíveis.

Figuras salientáveis nesta eliminação de documentos foram: Lucas de Tui, Pelayo de Ovedo e Rodrigo Ximenes de Rada. Todos do S. XII ou XIII a partir dos quais toda contrução histórica feita em adiante ignora Galiza e põe no seu lugar uma Castela neófita e sem experiência. Numa recontrução historiográfica peninsular que a dia de hoje impede que qualquer estudioso chegue a reconhecer a Galiza como o primer Reino da Europa Medieval, ainda existindo Roma.


·    Durante a ocupação romana, a Gallaecia foi uma das províncias do império mais sucedidas economicamente, culturalmente e do ponto de vista artístico sendo o elemento indígena fulcral. Figuras como Prisciliano, Egéria, Paulo Orósio, e Idácio Lémico foram prova da importância da Nossa Terra. A figura de Prisciliano poderia equiparar-se a outras paralelas dentro do mundo céltico e atlântico como São Patrício, São Davide ou Santo André. Aliás, Prisciliano, pode dar pistas a respeito do fenómeno Jacobeu já que há quem assegura que quem realmente está (ou estava) em Compostela não era São Tiago, mas Prisciliano. As provas não são determinantes, mas a lógica leva por esse caminho.

·        Os suevos, um povo germânico dos mais evoluídos e “romanizados”, constituíram na Gallaecia, a zona mais rica e desejável para eles da península, o primeiro Reino independente de Roma com um projeto militar e político de unificação peninsular com capital em Braga e com o apoio, colaboração e implicação dos galaicos que o sentiam como seu. A importância dos mesmos é grande: Com eles a Gallaecia constituiu-se no primeiro Reino medieval da Europa; foram os primeiros em emitirem moeda, o Sólidus suevo; os primeiros em legislar, administrar e construir um Estado; o primeiro Reino cristão após Roma; os criadores da mal chamada “letra visigótica” já que na realidade começou a existir na Gallaecia antes da chegada dos godos; os criadores da primeira arte pré-românica com elementos como o chamado arco de ferradura que na historiografia castelhanista diz-se visigodo; os primeiros em assumirem o cristianismo católico antes do que qualquer outro povo germânico, por isso a sua aceitação pelos galaicos. Na historiografia castelhanista diz-se que foram os visigodos os primeiros em aceitarem o catolicismo...

·        Durante a unificação suevo-visigótica a Galiza manteve a sua personalidade política e administrativa, cultural, social e económica, contrariamente à ideia castelhanista dum Reino unificado visigótico com capitalidade centralista em Toledo e primeira amostra de Estado Espanhol pan-peninsular. Os Reis tinham o título de “Reis de Espanha, Galiza e a Gália” entendendo que a Galiza e a Espanha eram realidades diferentes. A Gália num princípio ocupava a actual Ocitânia para posteriormente ficar só na Septimánia ou Narbonense.

 A dia de hoje, nomear acontecimentos como estes em determinados contextos é motivo de censura, qualificando a quem defende isto como de radical ou no melhor dos casos como anti-espanhol. É por acaso mais sensato guardar os acontecimentos passados para não perturbar a “aparente acálmia” do presente?

Devemos por acaso mantermo-nos na indiferença? Ficarmos com as verdades à metade? Permitir com que os acontecimentos vitais na memória histórica do nosso povo se passem desapercebidas para uma população necessitada de conhecimentos?

Não podemos alimentar a desídia, não podemos deixar nas mãos de organizações muito afastadas de nós o património que vai ficando sem antes escavar e achar a verdade das nossas raízes. Tudo é vital, tudo é um elemento precioso, desde as histórias dos vencedores até os relatos familiares tão ricos em tradição e memória histórica. É tempo já de cada um de nós começar a reconstruir a nossa própria história pessoal e grupal e todos em conjunto a nossa história nacional, tão maltratada, tanto pelos poderosos que no-la escrevem como por nós próprios.

O importante, após reflexionarmos sobre estes pontos em questão, é sabermos até onde estamos dispostos a chegar e até onde somos capazes de permitir a ignomínia da desmemória e da autodesidentificação.



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