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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Relatório das V Jornadas das Letras Galego-Portuguesas de Pitoes


O autor do relatório ao lado do Poeta Agostinho Magalhães, autor da letra da canção "Vals Galaico" interpretada por Carmen Penim com música de Maurizzio Polsinelli (2naFronteira).

 Por José Manuel Barbosa

Os passados dias 2 e 3 de abril, decorreram na vila de Pitões das Júnias (Montalegre-Portugal) as V Jornadas das Letras Galego-Portuguesas com ampla participação de público apesar da adversa climatologia.
Uma representação das entidades organizadoras abriram o evento por volta das 10:00 horas da manha para dar passagem a dous painéis a celebrar durante o sábado no que participaram primeiramente, Marcial Tenreiro, com o tema de etno-arqueologia intitulado “A lança na água e a espada na pedra” no que se falou sobre o costume entre povos célticos e germânicos dos rituais com finalidade jurídica, militar, da posse da terra, de conquista e de entronização aplicados e registados em âmbito galego-português.
A seguir, decorreu a palestra de Marcos Celeiro intitulada “A simbologia da cruz céltica e a sua evolução”. Nela o conferencista deu a conhecer as origens religiosas e o significado da simbologia céltica assim como a apropriação, por parte do cristianismo dessa iconografia adaptada a épocas posteriores. Deu a conhecer aspectos interpretativos da arte céltica e a sua presença no espaço galego-português quer em restos pré-romanos, quer em iconografia medieval, cristã e mesmo atual.
Posteriormente a ambas exposições abriu-se um espaço de meia-hora para debate no que uma importante parte do público participou com interessantes perguntas sobre o tema.
O painel foi apresentado pela Professora Doutora Maria Dovigo moderando o debate e os tempos das intervenções, finalizadas as quais, tanto público como conferencistas participaram de uma comida no restaurante pitonense “A Casa do Preto”.
O segundo painel, da tarde do sábado foi igualmente apresentado por Maria Dovigo. Contou com a excepcional presença do Professor Doutor FrancescoBenozzo, da Universidade de Bologna foi candidato a Prémio Nobel de Literatura e integrante do grupo de investigação científica “Continuitas”  que juntamente com Mário Alinei elaboraram o novo paradigma da “Teoria da Continuidade Paleolítica” que a dia de hoje ocupa a investigação de várias universidades europeias de prestígio e que situa a etno-génese dos celtas no ocidente e norte da península ibérica. O Professor Benozzo achegou informação sobre a possível relação entre o topónimo “Galiza”, e o seu etnónimo com o vínculo às pedras e ao megalitismo fazendo relacionar este último ao espaço de ocupação dos celtas em épocas pré e proto-históricas, épocas às que devemos ir para visualizarmos o contexto da sua etno-génese.
Posteriormente, o debate, muito animado e especialmente enriquecedor ofereceu mais elementos interessantes sempre dentro do contexto de uma Galiza e um Portugal centrais dentro da celticidade atlântica embora as circunstâncias históricas tenham feito desse centro originário uma periferia que assinalou como vantagem para a abordagem do tema da identidade longe de ostentações etno-centricas.
Por volta das 18:30 e depois da atividade científica veio a parte artística da mão do duo 2naFronteira que interpretaram várias canções do seu repertório com a novidade do tema intitulado “Vals Galaico” com letra do poeta portuense Agostinho Magalhães com música de Maurizzio Polsinelli e interpretação de galega originária do Couto Misto CarmenPenim.
Chegada a noite celebrou-se mais uma ceia-convívio ao lado da lareira do restaurante “A Casa do Preto” . Depois da refeição, os Gaiteiros de Pitões e as leituras de contos populares da região, dentro da sala de conferências da Junta de Freguesia encerraram a sessão do sábado.
O domingo amanheceu com uma formosa nevada na montanha geresiana que a imediata saída do morno sol desfez. Com esse lindo contexto estético abriu-se a sessão da manha do segundo dia da mão da Presidente da Junta de Freguesia Lúcia Jorge e da académica e Vice-Secretária da AcademiaGalega da Língua Portuguesa Concha Rousia.
Abriu o dia a palestra do Professor Graciano Barros tocando o tema da “Ourivesaria e arte célticas no Século XXI no Noroeste Peninsular”. A exposição cheia de imagens de peças ornamentais de épocas diferentes, relacionou as técnicas de elaboração pré-romanas com as atuais, ligando temáticas, materiais e motivos artísticos do passado com o presente.
A seguir, o Professor Doutor em Direito Sr. José Domingues falou sobre “A raiz céltica dos Ordálios medievais” dando um ponto de vista desde o conhecimento da legalidade portuguesa e a sua evolução através do tempo. Igualmente a anteriores painéis, o debate ajudou a ampliar informação, a relacionar novos elementos não tratados anteriormente e ajudou ao surgimento de ideias no que diz respeita da investigação de ideias relacionadas com a investigação sobre o tema do ordenamento jurídico celta e a sua evolução e deriva nos direitos galego e português.
Uma vez acabadas as exposições, levou-se a cabo a elaboração de umas conclusões que acompanharão as atas que desejamos ver publicadas proximamente.
O ato de encerramento veio uma vez expostas publicamente as propostas de todos os participantes no evento e recolhidas pelas diretoras dos três paineis com o fim de serem incluídas nas atas uma vez publicadas. Acabado o ato, celebrou-se uma comida no restaurante “A Casa do Preto”.
Por motivos climatológicos a visita ao Eco-Museu, ao Mosteiro e à Cascata foram finalmente suspendidos. A neve e o frio não permitiram fazer a excursão programada, tornando perigoso o trânsito pelos arredores da vila quer a pé, quer de carro.
O resultado final, para nós, foi muito satisfatório, tanto do ponto de vista da qualidade das palestras, como apesar do clima de assistência do público. Aguardamos ao ano próximo para organizar uma nova edição das Jornadas das Letras Galego-Portuguesas, desta vez as VI, que já estão na nossa mente. As entidades organizadoras, aguardamos mais ajudas e menos obstáculos para fazer deste tema uma grande oportunidade tanto para galegos como para portugueses.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Programa das V Jornadas das Letras Galego-Portuguesas de Pitões





Dia 2 de Abril sábado: (Hora portuguesa)
    1º Painel: Modera: Maria Dovigo

  • 10:00: Apresentação em Pitões das V Jornadas das Letras galego-portuguesas.
  • 10:30: 1º Palestra: Marcial Tenreiro: A lança na água e a espada na pedra. Rito e Território entre germanos e celtas
  • 11:15: 2ª Palestra: Marcos Celeiro: A Simbologia da cruz céltica e a sua evolução.
  • 12:00: Debate
  • 14:00: Comida
     2º Painel: Modera: Maria Dovigo
     
  • 16:30: 3ª Palestra: Francesco Benozzo (Trad. Joam Paredes): Uma paisagem Atlântica pré-histórica. Etno-génese e etno-filologia paleio-mesolítica das tradições galego-portuguesas.
  • 17:15: Debate
  • 18:30: Actuação de 2naFronteira e convidados.
  • 20:00: Ceia-Churrascada popular.
  • 22:00: Programa Erasmus: “Adventure of Reading”, Folião e Gaiteiros de Pitões
Dia 3 de Abril Domingo (Hora portuguesa)
    3º Painel: Modera: Lúcia Jorge (Presidente da Junta de Freguesia)

  • 10:00: 4ª Palestra: Graciano Barros: Ourivesaria e arte céltica no S. XXI no NW peninsular.
  • 10:45: 5ª Palestra: José Domingues. A raiz celta dos Ordálios medievais.
  • 11:15: Debate
  • 12:00: Conclusões (Maria Dovigo e Lúcia Jorge)
  • 13:30: Encerramento das Jornadas
  • 14:00: Comida
  • 16:00 Visita ao Eco-Museu
  • 16:45 Visita ao Mosteiro de Pitões.
  • 17:30 Visita à Cascata

domingo, 13 de março de 2016

Entrevista a Francesco Benozzo que vai estar connosco nas V Jornadas.





[Versão galego-português – English version below]
Entrevista com o Prof. Francesco Benozzo:
A Galiza e o Norte de Portugal são a origem da celticidade europeia”
O Professor Francesco Benozzo (Módena, Itália, 1969) é um dos grandes nomes por trás do Paradigma de Continuidade Paleolítica, afirmando que existe uma continuidade clara nas origens e desenvolvimento dos povos europeus, origens que podem ser colocadas ainda mais atrás no tempo do que normalmente é considerado. Esta mudança no compreensão da arqueologia, pré-história e linguística europeia é de enorme relevância para a Galiza e (Norte de) Portugal, pois situa este território no centro da génese da chamada Cultura Celta, entre outros aspectos.
Com dois doutoramentos em linguística e filologia pelas universidades da Bolonha (Itália) e Aberystwyth (País de Gales), na actualidade lecciona na nomeada universidade italiana. Contudo, Francesco Benozzo não está limitado pelo formalismo que normalmente acompanha a vida académica. Ele também é um reconhecido poeta e harpista, com um grande número de obra e música editada, o que fez com que o seu nome fora proposto como Prémio Nobel de Literatura.
Teremos a fortuna de recebê-lo este próximo Abril (dias 2 e 3) na quinta edição das Jornadas das Letras Galego-Portuguesas (Pitões das Júnias, Montalegre, na “raia” galego-portuguesa), onde debaterá sobre estes e outros temas, como vai indicado na entrevista a seguir.
- Qual foi a primeira coisa que chamou a sua atenção sobre a Galiza e Norte de Portugal? Foi algo puramente académico ou houve algum outro factor motivando que se centrara em nós?
Desde que era criança o meu instinto sugeria que o significado original das coisas reside nas áreas e localizações periféricas. Com isto não quero dizer “periférico” simplesmente num sentido geográfico mas, principalmente, num sentido poético. Esta é uma das razões pelas quais fui viver ao País de Gales (e não Inglaterra) durante uns anos, e também a razão pela qual deixei a minha cidade natal de Módena, no norte da Itália, e decidi viver nas montanhas. Também acredito que, como académicos, devemos estudar e concentrarmos-nos em tradições “periféricas”: tradições populares, dialectos, textos orais, culturas das pessoas marginais e assim por diante, porque o que agora é percebido como “marginal” e “periférico” foi , em muitos casos, o centro original do que na actualidade percebemos como centro.
A Galiza e o Norte de Portugal sempre foram parte desta minha “topografia poética” e da minha concepção poética, começando pelas suas lendas e tradições e grandes poetas como os trovadores medievais, até mesmo Rosalia de Castro ou Eduardo Pondal.
- Considera que o noroeste ibérico pode ser considerado a origem da “celticidade” na Península desde um ponte de vista linguístico?
Não só. Penso que pode ser considerado a origem da celticidade em toda a Europa.
- Qual é a sua opinião sobre a relação entre o mundo céltico e Tartesso, como postula o Prof. Koch?
John [Koch] tem produzido um trabalho extraordinário sobre isso na última década. Não vejo quaisquer razões linguísticas que puderam negar essa conexão postulada. O problema com a teoria de Koch é que auto-limita-se à Idade do Bronze Tardio, o qual contradiz a sua ideia de “Celtas do Oeste”. Em vez disso, se falarmos de etnogénese, devemos ir além das restrições das fontes escritas e termos a habilidade para conectarmos-las com outro tipo de fontes como assim as lendas, tradições, genética, etno-textos ou léxico dialectal. Em consequência, poderemos falar de “Celtas Paleolíticos” nesta área. Dentro deste quadro, Tartesso pode ser visto como uma das muitas relíquias escritas “recentes” de um fenómeno muito mais antigo.
- Por que acha que há este esforço renovado em algumas partes da Europa para desacreditar o termo "celta", ou mesmo até a existência de uma cultura celta?
Por três razões principais. Em primeiro lugar, sendo eu mesmo um anarquista, diria que há uma tendência inata por parte dos que estão no poder de excluírem a diversidade e, acima de tudo, “centralizarem” qualquer tipo de estratégia ligada ao seu poder. Assim, como sabemos, desde a sua proto-história os celtas sempre foram os “perdedores” em termos geopolíticos e foram excluídos logo de qualquer jogo de poder das elites europeias.
Em segundo lugar, podemos encontrar um desconforto geral com a celticidade se a compararmos às culturas oficiais padronizadas que, de certa forma, governam o mundo. Noutras palavras, admitir que a inquietante, multiforme, colorida, rural, estratificada e arcaica cultura celta possa ser parte de nós é, em muitos casos, difícil de aceitar para as pessoas criadas com a certeza e o mito conformista da estabilidade e um conhecimento superficial da história europeia.
Por último, e em relação às razões mencionadas acima, a cultura celta representa, em termos psicanalíticos, o subconsciente da Europa, o que provoca uma contínua tentativa para reprimi-lo e suprimi-lo.
- Como reconhecido investigador, mas também como poeta e músico, há algum tipo de conexão entre o seu trabalho académico e o seu trabalho artístico? Ou tenta manter ambos mundos separados?
Espero que estes três aspectos convivam, como acontece com diferentes elementos duma mesma paisagem. A minha expectativa é provavelmente parecer como um músico que estuda filologia, um poeta que toca harpa e um filólogo que compõe poemas.
- Depois de todas as suas viagens e investigações, como resumiria o “carácter céltico”? Por exemplo, quando visita a Galiza-Norte de Portugual, que sente em conexão com outros territórios célticos?
Primeiro de tudo, há um sentimento especial com o mar, que é diferente do que tenho observado noutras comunidades, tais como as das Ilhas Féroe ou do Mediterrâneo. Nas terras celtas este sentimento está ligado a uma atitude "lendária" e melancólica na percepção da paisagem marinha, e na capacidade de conectar lugares com histórias.
Há também uma clara, inata, não previsível, percepção musical do mundo. Além disso, existe a consciência do valor arcaico e civilizador de coisas que foram esquecidas noutros lugares, como partilhar umas bebidas, alimentos e histórias.
Nas V Jornadas das Letras Galego-Portuguesas, o Prof. Benozzo participará com a palestra intitulada “Uma paisagem atlântica pré-histórica. Etnogénese e etno-filologia paleo-mesolítica das tradições galegas e portuguesas”.
O evento é aberto e de assistência livre e gratuita, e a intervenção do Prof. Benozzo será em inglês com tradução ao português.

quarta-feira, 2 de março de 2016

V Jornadas Galego-Portuguesas em Pitões das Júnias.


Pela Equipa do DTS:
Foto: Paulo Ferreira
Cartaz: Noa Rios e José Goris.

Mais um ano, aqui estamos para celebrarmos uma nova edição das Jornadas  Galego-Portuguesas de Pitões das Júnias. Cada ano vamos consolidando o nosso trabalho e a qualidade das nossas Jornadas ainda com tremendos obstáculos gerados por múltiplas circunstâncias. 

O programa será publico em poucos dias, assim como a lista de apoiantes.
Neste cartaz só fazemos referência à celebração do já tradicional evento nas datas acima indicadas, adiantadas este ano por razões alheias a nós e para ir preparando o público para a festa e a cultura.

Haverá palestras, música, festa da maneira em como enxergamos galegos e portugueses e aguardamos dar com o ponto de união de ambos povos vizinhos.
Ide preparando esse fim de semana para nos vermos, para desfrutarmos e para nos sentirmos mais próximos os uns aos outros.


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