Imaginemos um caçador paleolítico a seguir umas pegadas dum veado. Ele sabe que num tempo passado mais ou menos distante ou próximo que por aquele lugar transitou um animal. Pelo conhecimento das pegadas, o nosso caçador pode reconhecer o tipo de animal e as condições nas que ele está para poder ser caçado. A inteligência do nosso homem junto com a sua experiência passada e a trabalhada técnica de caça fazem com que continue o rasto e consiga dar com a peça para poder dar-lhe captura e poder assim alimentar à sua família que teria assegurada a sobrevivência durante uma boa temporada.
O caçador soube pelos restos dum passado manifestado numas pegadas que havia uma peça de caça e pôde completar o seu labor.
Isto não aconteceria se o caçador fosse um leão, um crocodilo ou qualquer outro depredador. Eles só responderiam ao estímulo de verem ou cheirarem à presa, nunca por terem conhecimento dum passado reconhecido por uns sinais ou marcas no chão a partir dos quais reconstruírem uma realidade com a qual pudessem prever um futuro provisor. Eis a importância do conhecimento do passado, sempre por meio dos restos que deixa e que são interpretados no presente para nos ajudarem a garantir o nosso futuro.
Também o conhecimento do passado para os povos é uma necessidade para a sua sobrevivência do mesmo jeito que é para o nosso caçador paleolítico ou para qualquer de nós individualmente. Podemos dar algumas provas: o tratado de Nanquim de 1842 foi de utilidade para a China para poder reivindicar com total legitimidade a devolução do Hong-Kong por parte do Reino Unido; o tratado de Utreque serve de utilidade para o próprio Reino Unido não ter de ver qualquer legitimidade por parte da Espanha na sua reivindicação de Gibraltar ou o a legislação saída do Congresso de Viena faz reconhecer que Olivença legalmente é Portugal embora não seja de facto.
01 – Compreender o presente
O conhecimento do passado nos ajuda a compreender o presente e isto permite mexer-nos no mundo no que estamos de forma prática, útil e de forma que o conjunto funcione sob critérios de saúde social que favorecem a estabilidade, a paz e a harmonia do grupo e com outros grupos.
Essa compreensão do presente nos leva a tolerância por conhecimento da dinâmica social. Assim poderemos compreender as razões que levaram a exercer a moral vitoriana e compreenderemos igualmente a falta de pudor dum ameríndio da Amazónia ou um nativo da polinésia e ver o absurdo da imposição do primeiro sobre os segundos.
Teremos uma ideia clara de porque a Generalitat de Catalunha é uma instituição ao serviço da liberdade do seu país mas poderemos reconhecer como a instituição da Junta da Galiza (Xunta de Galicia) tem conotações que derivam duma ideia de dependência e anti-autonomismo na Galiza (por isso a razão do “Conselho da Galiza” presidido por Castelão no exílio...).
Haveremos de compreender porque o Samhain, o Halloween e o Magusto têm a mesma origem e as mesmas feições básicas mas nem são exactamente o mesmo, nem nos corresponde aos galegos a identificação com o Samhain por muito que se lhe queira dar Bilhete de Identidade galego. O nosso é o Magusto com castanhas, bruxas, mortos que saem do Além, cabaças, etc... e não por isso é menos céltico. É igualmente céltico e ainda é a expressão da nossa celticidade galaica.
Poderemos perceber porque na Andaluzia existe o tratamento de “desrespeito cordial” insultando às mães dos amigos com um bom afã de “colegueo”(1) enquanto essa prática na Galiza ou em Portugal seja impensável por ofensiva.
Haveremos de perceber porque nas construções galegas há soportais e no entanto não há em Castela ou no Andaluzia...
02 – O conhecimento do passado nos orienta de cara o futuro
É este um ponto importante e de grande utilidade. O conhecimento do passado ajuda a assegurar a sobrevivência do grupo e não só a individual. O exemplo mais próximo que temos é o pensamento e sobre tudo a prática reintegracionista surgida na Galiza nos últimos trinta anos. A ideia de as falas galegas fazerem parte dum conjunto linguístico mais amplo conhecido internacionalmente com o nome de “português” leva a implementar para as falas galegas medidas que não só garantiriam a sobrevivência das falas galegas mas mesmo ajudariam a ver a Galiza como elemento importantíssimo da chamada lusofonia gerando uma mudança nas consciências dos galegos e das galegas que passariam dum conceito duma Galiza regional e periférica a uma Galiza central e importadora de modelos a seguir por uma civilizaçom que visa atingir num futuro próximo níveis de importância e de influência internacionais de carácter político, social, moral, económico, cultural e linguístico que a dia de hoje possui o mundo anglófono.
03 – O conhecimento do passado favorece o relacionamento com outros grupos humanos (próximos no tempo e/ou no espaço).
É fácil pensar como a Galiza pode se relacionar fluidamente com as nações atlânticas europeias pela sua proximidade física e pelos seus vínculos étnicos mas também é fácil pensar que embora não haja a mesma distância física ou genética, o relacionamento com os países africanos como Moçambique ou Cabo Verde ou outras mais longínquas como o Timor são viáveis e possíveis por termos uma língua comum. Esse pensamento vem dado pelo nosso conhecimento do passado e pela compreensão do presente.
04 – O conhecimento do passado tem um forte componente anto-identificativo
Os povos não existem sem memória e é essa a razão pela qual os Estados investem muito dinheiro no ensino do seu passado nacional e nos seus planos de estudo assim como para a sua construção nacional do mesmo jeito que conhecem perfeitamente com quais outros países se devem relacionar para defenderem os seus interesses.
1– Que História se ensina no Reino da Espanha
1.1 – O paradigma da historiografia castelhanista
Primeiramente temos que dizer que por Paradigma entendemos o sistema ou modelo conceptual que orienta o desenvolvimento posterior das pesquisas, estando na base da evolução científica. Se o paradigma está errado, tudo o que se construa a partir dele também vai estar errado e dentro da historiografia peninsular é base conceptual a ideologia castelhanista, quer dizer, o pensamento nacionalitário centrado em Castela a partir da qual se exprime e exemplifica todo o anterior e todo o posterior. Castela é o centro e nem só geográfico da península pelo qual também se exprime a periferia também não só geográfica.
Para o paradigma castelhanista há uma série de dogmas irrenunciáveis que exprimem o que é a península, e são os seguintes:
Espanha é Hispânia
Durante a Idade Média se foi construindo um jogo de hegemonias que tinham por finalidade o domínio e controlo da península. Houve a tentativa muçulmana e a tentativa cristã. Esta última começou sendo um projeto galaico mas após o século XIII, Castela começa a apanhar poder e visa unificar a Hispânia sob projeto linguístico e nacionalitário castelhano. Como elemento estratégico, o nome de Castela ou Grande Castela pareceria pouco acaído, pelo qual a adopção de “Espanha” como herdeira da “Hispânia” pode parecer mais inteligente e mais viável para conseguir adesões e evitar resistências. É por isso pelo que o nome de Espanha foi o nome desse projeto que tentava, e tenta, como indica o seu nome, a unificação da península, de toda a península, mas sobre chefia castelhana. Esta dirigência de Castela nunca teve vontade de partilhar poder com as outras nações hespéricas. Quis, em troca, impor e dominar sobre elas, eliminando-as ou reduzindo-as a regiões satélites ou mesmo absorvendo-as.
Portugal é um erro histórico
Na península houve desde tempos antigos vários polos ou centros etno-linguísticos e/ou nacionalitário-culturais. São estes:
1) Um polo mediterrânico ou ibérico que se pode corresponder com os Países Catalães (Catalunha, Valência, Baleares) e mesmo Aragão e Múrcia.
2) Um polo Sul ou Tartéssico que se corresponderia com a actual Andaluzia
3) Um polo Nortenho-Pirenáico que se corresponderia com o povo vascão e o actual País Basco
4) Um polo Atlântico ou Galaico-Lusitano que viria corresponder com a velha Gallaecia (actual Galiza, Astúrias e Leão mais o Norte de actual Portugal) e a Lusitânia (Portugal do Douro para Sul e aproximadamente a actual Estremadura espanhola)
5) O Centro peninsular mesetenho.
Todos esses povos em maior ou menor medida caíram posteriormente, da Idade Média até hoje na órbita de Castela e todos foram mais um menos castelhanizados. Uns mais (Aragão, Múrcia, Andaluzia, Leão, Estremadura e Astúrias) e outros menos (Catalunha, Valência, Baleares, País Basco e Galiza). Mas de todos eles houve um território que ofereceu uma grande resistência apesar de ficar incluído dentro da Monarquia Hispânica durante um tempo, e esse foi o Reino de Portugal.
Castela não conseguiu a sua anexação e ainda menos a sua assimilação. É por isso porque o domínio castelhano da península não é total e graças a ele outros territórios podem pensar em se livrar dessa hegemonia mesetenha ao saber que isso é possível.
Portugal é portanto para o castelhanismo um erro histórico, um fracasso, e na narração oficial dos factos históricos apresenta-se sempre como algo que quase nem existe no melhor dos casos ou algo que há que desprezar no pior, mas que sempre apareceu nos mapas do domínio castelhano da península como algo estranho que nem era Espanha nem deixava de sê-lo.
Para o castelhanismo historiográfico Espanha é uma criação de Castela
Para o castelhanismo historiográfico Espanha é uma criação de Castela
Para o castelhanismo, a Espanha é uma criação de Castela e do seu génio, não deixando outra possibilidade. A partir daí as outras regiões ou são apêndices da própria Castela ou aderiram o projeto castelhano.
Andaluzia, foi conquistada aos muçulmanos, mas foi definida em palavras do hispanista e presidente da “Real Academia Española” Pedro Laín Entralgo de “Castela-a-novíssima”. Assim diz no seu livro “A que llamamos España”(2) tendo em conta que o velho Reino de Toledo foi desde muito tempo atrás “Castela-a-nova” ou a dia de hoje segundo a nomenclatura “autonômica” Castela-a-Mancha. Se a Mancha seria “a nova”, Andaluzia seria “a novíssima”. Etnocentrísmo sem qualquer dúvida.
Astúrias e Leão foram as origens do projeto unificador peninsular esquecendo que se correspondem com a Gallaecia asturicense, atlântica, céltica e sueva. A dia de hoje Astúrias está separada de Leão e da actual Galiza e é uma região que nada tem a ver com a Espanha taurina, flamenca e castelhana que se vende no exterior como ícone. Astúrias é muito próxima em cultura, estética e sentir à Galiza, embora o sentimento asturianista cresça como oposição ao galaico, construindo-se a partir dum anti-galeguismo contrário à história, absurdo e inútil que obstrui tanto o desenvolvimento identitário tanto asturiano como o galego.
A região de Leão, Sul da Gallaecia asturicense simplesmente foi absorvida por Castela numa região autónoma comum denominada Castela-Leão mas onde os leoneses são identificados e nomeados facilmente pelo resto dos espanhóis de castelhanos. Muitos leonesistas se opõem a isto, mas o achegamento a Astúrias não se sente como necessário e muito menos o achegamento à Galiza.
As regiões mediterrânicas de Aragão e Valência são também territórios em grande parte castelhanizados e desenvolvidos num anti-catalanismo forte e visceral, já que Catalunha é o único território espanhol que é capaz de fazer frente ao castelhanismo com um sentimento e uma praxe eficaz que poderia derivar numa ruptura que faria fracassar pela segunda vez (a primeira foi Portugal) a ideia da Hispânia castelhana e unitária.
Por outra parte o País Basco cuja parte mais ocidental deu origem à primitiva Castela é um país de fortes contrastes. Por um lado onde a resistência anti-castelhanista e anti-espanholista é mais forte incluso dum ponto de vista físico mas por outra onde o castelhanismo ou espanholismo tem apoios mais extremos, de tal jeito que poderiam chegar a inviabilizar o projeto nacional basco fora do contexto espanhol.
Finalmente o caso galego é um caso muito especial, com avanço importante do projeto nacional castelhano mas também com mais possibilidades de futuro se este depender da consciencialização a partir do seu passado anti-castelhano. A Galiza em potência é um autêntico perigo para o castelhanismo porque ela partilha língua e cultura com Portugal, o grande insucesso de Castela. Galiza foi historicamente quem criou o projeto unionista não castelhano e de unificação hispânica em épocas medievais e quem a dia de hoje pode olhar para Portugal e o mundo lusófono como via de saída para evitar a sua castelhanização completa e forçosa e a consequente desgaleguização.
Como vemos, a hegemonia castelhana chega a quase todos os pontos da península e isso é traduzido numa forma de contar os factos passados, isto é, a história da península e de descrever as origens das diferentes culturas e línguas da Hespéria. Esse poder faz pensar a esse castelhanismo que ele tem direito para impor a sua forma de perceber a realidade e sente que deve ser obriga de todos os povos hespéricos seguirem os mesmos objectivos e verem-se satisfeitos com os mesmos interesses, forem estes povos atlânticos ou mediterrânicos; forem estes nortenhos e verdes com as conseguintes implicações económico-sociais ou sulistas e quase desérticos; forem estes mesetenhos ou montanhosos... e o mérito é todo, sempre de Castela que foi a que se diz criadora e construtora da Espanha.
Espanha surge com Roma e os Visigodos
Como Castela tem de justificar o seu protagonismo e tem de possuir razões para cumprir com o seu destino unificador, deve haver uma realidade anterior que legitime, explique, fundamente e prove que as cousas são como ela diz que são.
A unidade da península deve ter uma origem e uma razão e esta vai estar baseada em unidades anteriores. A Espanha castelhana surge em Covadonga (Astúrias) , onde um pequeno e valoroso grupo de rebeldes cristãos luta numa batalha contra os invasores muçulmanos que curiosamente também queriam unificar a península. Os, já, “espanhóis” de Covadonga, uma vez consolidados com um poder político alternativo ao cordovês botam mão dum ideologema -o “goticismo”- que lhes dá uma razão para lutar contra os ilegítimos ocupantes muçulmanos da península até despejá-los da mesma e recuperarem o reino visigodo tal qual era anteriormente do ponto de vista territorial.
A cousa não acaba de ficar assim, porque anteriormente aos visigodos a Hispânia já estava unificada sob domínio romano de forma que a península deveria estar unida porque assim o esteve sempre. O pensamento castelhanista quereria conseguir manter e preservar essa unidade e banir do jogo político qualquer derivação que atentasse contra esse ideal de unidade o qual seria um erro grave ou mesmo um pecado. Para isso estava destinada Castela.
Os conceitos de Reconquista e Repovoação
A ideia paradigmática que dá o castelhanismo para “reconquistar” Espanha é por meio do avanço cristão sobre o território muçulmano limpando de islamitas as regiões ocupadas e repovoando-as com gente procedente do Norte. Esse jeito de limpeza étnica levaria à “união de todos os espanhóis” e sempre Castela a protagonista do projeto.
Reconquista é porque nunca foi legítima a entrada e ocupação da península por parte do islão e porque ainda havia a obriga moral e mesmo religiosa de recuperar, daí o termo, os territórios hispânicos anteriormente visigodos e cristãos. A Reconquista obrigava à expulsão dos invasores e a repovoação com cristãos ou como mal menor a reconversão de elementos islâmicos ao cristianismo.
A Galiza nem existe nem tem importância nenhuma.
A Galiza nem existe nem tem importância nenhuma.
Em todo este avatar histórico a Galiza não é nada, quase nem existe nem tem a menor importância nem protagonismo para a construção da futura Espanha. Desde o 711 em adiante quase de forma repentina a Galiza deixa de ser o país que ocupa as actuais terras nortenhas de Portugal, Astúrias e Leão para passar a ser uma triste regiãozinha cujos limites já são os que conhecemos hoje, que se vê ocupada pelos muçulmanos e que há que repovoar novamente com elementos humanos que se supõe provenientes irremediavelmente das Astúrias. Ovedo já não é Galiza, Leão é um reino desde o 910 quando esta cidade se passa a ser o lugar da Corte (3) e Portugal era Galiza “ma non tropo”.
1.2 Qual é a metodologia para ensinar a História de Espanha
A História que se estuda no ensino primário, secundário e universitário na Espanha atende a programas elaborados até certo ponto pelo Ministério de Educação mas em boa parte pelas Conselharias de Educação das Comunidades Autónomas. Aquelas Comunidades Autónomas com competências em educação, que a dia de hoje são todas, elaboram um temário com matéria relacionada com a Comunidade Autónoma correspondente mas exceptuando Catalunha e o País Basco que aplicam um paradigma diferente do castelhanista todas as outras seguem fielmente os ditados do arquétipo centralista. Foi por isso pelo qual estas duas Comunidades Autónomas tiveram problemas nos média durante os anos 90: por, segundo os média, manipularem a história de Espanha e inventarem umas histórias do País Basco ou de Catalunha que não se ajustavam ao passado real.
A Galiza teve problemas ultimamente (nomeadamente durante o governo do bipartido PSOE-BNG) embora os autores que defendiam o que chamaremos mais adiante “paradigma galeguista” já tivessem publicado as suas bibliografias anteriormente. O ataque foi mais do que nada político. Embora isto seja assim, os programas de estudo seguem uma história da Galiza bastante pouco séria do ponto de vista científico, que não atende às fontes documentais e que aprofunda pouco no passado do País partindo dos conceitos inamovíveis do padrão elaborado por Castela.
A metodologia no que diz respeito à história que se estuda no Reino da Espanha está baseada em dous pontos fundamentais:
a- A filosofia arquetípica castelhanista da qual vimos falando e que será tanto mais extremista na medida na que o regime ou o partido do governo em Madrid tiver menor vocação democrática. Filosofia, esta, que na prática é indiscutível, inamovível, falsamente científica e dogmática. Conhecemos casos de perseguição e acosso laboral de pessoas vinculadas à Universidade até o ponto de perderem o seu trabalho e a sua saúde por defenderem posicionamentos científicos discrepantes com a filosofia oficial, mesmo em época democrática (estou a falar dos anos 90 do século XX) e protagonizadas em alguns casos por professores ou professoras que nada teriam a ver com posicionamentos políticos galeguistas. Simplesmente por honradez e honestidade científica.
Artigo também publicado em Mundo Galiza
Notas
(1) Estou-me a referir à expressão “Hijo de Puta” dirigida a um amigo. Com isso se leva a cabo o “colegueo” que é uma palavra castelhana que vem de “colega” que significa “companheiro, amigo... Com esta expressão exprime-se a acção de fazer e/ou desfrutar duma boa amizade com alguém.
(2) Lain Entralgo, Pedro: A que llamamos España. Circulo de lectores. Barcelona. 1994. Página 48.
(3) Casualmente para o castelhanismo o Reino de Leão também é identificativamente um Reino diferente do que o Reino de Astúrias. Curioso caso no que o nome do país muda segundo muda a capital do mesmo... ou quiçá por serem Reinos diferentes sejam também mundos diferente que não têm a ver uns com os outros. É curioso como ainda hoje no Principado de Astúrias consideram “Reis de Astúrias” todos os monarcas entre 711 e 910 quando a Corte se passou para a cidade de Leão. Não cabe na cabeça de ninguém que esse “Reino de Leão” desde Ordonho II em 910 possa ser o mesmo Reino do que surgiu em Covadonga ainda com capital diferente. Ao passar o Cordal Cantábrico já não é “Reino de Astúrias” mas de Leão porque dum ponto de vista presentista hoje Leão não é Astúrias.