domingo, 11 de setembro de 2022

As Bandeiras dos Territórios Espanhóis. Múrcia. Capítulo 7


Não conhecemos a possível representação vexilológica utilizada em época do Conde Teodomiro de Aurariola, que resistiu e pactou com os muçulmanos no século VIII e que ocupava aproximadamente a região que hoje poderíamos identificar com o histórico reino de Múrcia, mas sabemos que durante esse século, o território da Espanha foi unificado ao redor da capital cordovesa centralizando o poder andaluzi e organizando-se num emirado dependente de Damasco. Sabemos, no entanto, que a rutura de Al-Andalus foi real a partir do primeiro terço do século XI, após a fitna que levou à independência das Taifas. Nestes momentos  iniciais so conhecemos um vexilo que sobre fundo branco é cruzado por uma faixa azul celeste bordeada em verde, talvez como representação do rio Segura, que  era o que dava unidade e identidade à bacia do mesmo, quer dependente da Taifa de Valência, quer independente.


 Posteriormente, depois da anexação de Toledo por parte de Afonso VI, as Taifas andaluzis chamaram os almoravidas que unificaram Al-Andalus, mas quando se levou a cabo uma grande rebelião contra estes causada pela sua intolerância, chefiada pelo líder Saif al-Dawla, vassalo e amigo do Imperador Afonso VII, o oriente peninsular ficou conformado por uma grande Taifa dirigida por Ibne Mardanis que fez da cidade de Múrcia a sua capital. A importância e o esplendor da cidade foram imensos e referenciais para Europa e o Mediterrâneo. Morto o conhecido como rei Lobo, o reino caiu nas mãos dos almoadas. O domínio almoada durou uns cinquenta anos, até o momento em que  Ibne Hude expulsa os norte-africanos reunificando quase todo Al-Andalus tendo como capital a cidade murciana. A debilidade andaluzi do momento não vão impedir que Fernando III de Galiza e I de Castela consiga conquistar Xaém, Córdova e Sevilha. Pouco depois da sua morte, o infante Afonso de Castela, filho de Fernando III e príncipe sucessor ao trono, faz-se com a Taifa de Múrcia, fique incorporada a Castela. Dessa época sabemos que o vexilo usado é um pendão totalmente verde, em memória dos fundadores de Al-Andalus, a família dos Omíadas.


A partir de 1243 e até 1266, o Reino de Múrcia passou a fazer parte da Coroa Castelhana por conquista da Taifa andaluzi, regida por Ibne Hude al-Dawla. A conquista e ocupação foi protagonizada pelo infante Afonso de Castela, futuro Afonso IX o sábio. Posteriormente houve uma importante rebelião dos mudejares, que eram muçulmanos aos que lhe foi permitido permanecer nas regiões conquistadas pelos cristãos, que teve como consequência imediata a eliminação de todas as instituições murcianas e o translado do centro do poder de Cartagena para a cidade de Múrcia. O pendão concedido por Afonso o Sábio era o seguinte: Sobre fundo vermelho, cinco coroas em amarelo representando os cinco reinos andaluzis que o rei Afonso incorporava ao seu poder real fazendo parte da Coroa castelhana: Toledo, Xaém, Córdova, Sevilha e agora Múrcia.


Mas foi entre 1296 e 1304 que Múrcia passou a fazer parte da Coroa catalano-aragonesa quando lhe foi concedido um vexilo de estética catalã, onde sobre fundo amarelo atravessavam duas faixas vermelhas em sentido horizontal. 

A partir de 1304, o reino de Múrcia retorna a Castela que é quando achamos um vexilo conformado por um fundo vermelho com seis coroas em amarelo. O pendão prolongava-se longe da haste em cinco faixas. 


Mas foi em época de Pedro I, por volta de 1361, que este pendão de seis coroas, dispostas em duas colunas de três cada uma, aparece acrescentado com um novo elemento na bordadura, já que incorpora os escudos castelhano e leonês, alternando-se no corpo da bandeira, não incluindo nenhum elemento nas faixas. Este pendão permaneceu como símbolo do reino durante muito tempo.

 
Com a chegadados franceses, o Reino de Múrcia recuperou certo poder político e agiu organizando as suas próprias defesas contra o invasor, pelo que se formou o Batalhão Provincial de Múrcia, número 10, durante a chamada Guerra da Independência. O símbolo sob o que se reuniram os combatentes era uma bandeira azul cobalto que serviria de base para representações posteriores.
 
 
A partir da chegada ao trono de Isabel II e a divisão provincial de Javier de Burgos, o Reino de Múrcia acaba sendo abolido para se constituir uma região sem poder político autónomo, mas dividida em duas províncias: Albacete, que surgiu com os territórios nortenhos do antigo reino de Múrcia, aos que se lhe acrescentaram terras das antigas províncias da Mancha e Cuenca; mais a província de Múrcia propriamente dita, constituída com o resto dos territórios que ficavam do antigo reino e que não  tinham ficado em Albacete.
Mas é durante o século XIX, que a nova região de murciana levou a cabo várias tentativas de autonomia cantonal, manifestadas em forma de rebelião armada, com especial protagonismo das localidades de Cartagena, a cidade de Múrcia, Jumilla, Almansa, Chinchilla,...  Os revolucionários usavam uma bandeira completamente vermelha, resultado de pegar numa bandeira do Império Otomano e tingi-la totalmente de vermelho, apagando o símbolo da meia lua e da estrela. 
 
 
No entanto, o cantão de Cartagena, optou por apresentar um outro modelo apanhado da contrassenha da Marina Mercante espanhola para a província marítima de Cartagena. Esta bandeira era uma cruz branca sobre fundo vermelho, que serviu como base para a posterior bandeira autonomista murciana, utilizada durante a II Republica Espanhola.
 
 
Anteriormente, desde a criação das províncias e a aprovação das bandeiras provinciais, Múrcia passou a ver-se representada por uma bandeira azul cobalto com o escudo coroado no centro. Esta bandeira foi reconhecida como bandeira provincial e usada como insígnia da Deputação de Múrcia até a chamada Transição baseada na bandeira azul cobalto com que o Batalhão número 10 defendeu a região dos franceses. No interior do campo da bandeira, aparece o escudo representando os nove partidos judiciários em que estava dividida a província: Múrcia, Caravaca, Cartagena, Cieza, Lorca, Mula, Totana, La Union e Yecla.
 

Por sua vez, Albacete teve uma bandeira provincial desde 1956, ocupando um campo de vermelho carmesim com o escudo no centro que  reunia todos os  partidos judiciários, embora modificada a partir de 1994 por uma bandeira, também em vermelho carmesim com um novo escudo com a coroa real espanhola.
Finalmente, com a morte do ditador Francisco Franco e a implementação da denominada Espanha das autonomias, a região de Múrcia reclamou para si um estatuto de autonomia, com o qual se dotar de simbologia própria. Assim foi que se desenhou uma nova bandeira regional que se descreve da forma seguinte: Bandeira retangular em vermelho carmesim, também chamado vermelho Cartagena. No ângulo superior esquerdo aparecem quatro castelos com três ameias cada um em ouro, isto é, em amarelo, distribuídos de dous em dous. Cada castelo, representa cada uma das quatro culturas fronteiriças que determinaram a identidade do Reino de Múrcia: a castelhana, a catalano-aragonesa, a andaluzi e a quarta, que representa a influência mediterrânica. Na parte inferior direita aparecem sete coroas reais dispostas em quatro filas organizadas em três fileiras horizontais e sobrepostas, com três coroas a superior, duas a intermédia e uma a inferior, e sobre elas, a sétima coroa, concedida pelo primeiro monarca Bourbon. 
Das seis coroas históricas que permaneceram desde Pedro I, passou-se agora às sete, fruto do agradecimento de Filipe V ao povo murciano pelo apoio na Guerra de Sucessão, que trouxe os Bourbons a Coroa Hispânica no século XVIII.
A bandeira foi concebida em 1978 por uma comissão do Conselho regional criada especificamente com o objetivo de dotar a nova região autónoma de uma simbologia própria. Nessa comissão estavam os historiadores Juan Torres Fontes e José Maria Jover Zamora, autênticos autores  do vexilo.
 

A todo este repasse
à simbologia vexilológica murciana, teremos que acrescentar a bandeira do regionalismo murciano que acrescenta ao estandarte, já conhecido e oficial da região de Múrcia, a cruz branca do cantonalismo de Cartagena, com uma cruz azul no meio, que representa as aspirações soberanistas.
 
 
Poderíamos acrescentar, aliás, uma outra bandeira, a do nacionalismo murciano de esquerda definida como uma bandeira vermelha com sete estrelas, em vez de sete coroas, dispostas da mesma maneira do que as coroas da bandeira oficial.  
 

 

 


 

 

As Bandeiras dos Territórios Espanhóis: Madrid. Capitulo 6

 


 

Madrid foi um cidade nascida dentro da Taifa de Toledo que identificava a fronteira Marca ou Cora central de Al-Andalus, aṯ-Ṯaġr al-Awsaṭ (الثغر الأوسط). Dentro dessa linha fronteiriça com a Yilliqiya, ao Sul do As-Serrat (Maciço Central), havia uma fortificação militar estratégica avançada construida como uma autentica fortaleza defensiva durante o século IX, pelo emir de Córdova, Maomé I, sendo rei do Christianorum Regnum Afonso III, mas consolidada durante o século XI como parte do sistema defensivo da Taifa de Toledo com o nome de Al-Mayrit1, servindo de muro defensivo durante as tentativas de Afonso VI por anexar a Taifa. Entre 1081 e 1085 aconteceu o conflito entre a Coroa galaico-leonesa e as diferentes taifas andaluzis pelo controlo de Toledo cuja população estava dividida nos seus apoios2. Madrid foi ocupado pelo rei Afonso em 1081 e a taifa foi anexada, finalmente, em 1085.

Durante a historia do Madrid integrado dentro do Reino de Toledo, como parte da Coroa de galaico-leonesa, primeiro e castelhana, posteriormente, entendemos que a simbologia coincide com a que expusemos no capítulo da história das bandeiras de Castela-Mancha por fazer parte, a cidade de Madrid, de dito reino. Mas temos a referência da exposição dum vexilo durante o reinado de Afonso I de Castela (Afonso VIII, segundo as fontes castelhanas) na Batalha das Navas de Tolosa em 1212 que apresenta um urso com a constelação da Ursa no seu interior.


A vila, como tal, e durante a sua história,  foi vila de recreio de reis, sede das Cortes castelhanas várias vezes e residência de monarcas desde Carlos I, até que em 1561 acabou sendo capital da Monarquia Católica, sendo rei Filipe II.

A partir de 1833 quando se conformam as províncias, Madrid adota uma bandeira verde com o escudo um meio que contém em si próprio os escudos dos partidos judiciários que havia no seu território, que eram, a vila de Madrid, Alcalá de Henares, Navalcarnero, San Lorenzo del Escorial, Colmenar Viejo e Aranjuez.


Posteriormente, quando a província se constitui em Comunidade Autónoma, em 1983, constitui-se em região, com uma
bandeira da denominada Comunidade de Madrid em vermelho carmesim, a partir da entrada em vigor do Estatuto de Autonomia, mas desde 1984, com a lei de símbolos, considera-se que o vermelho é “rojo vivo”, segundo a terminologia em castelhano, correspondente ao rouge ponceau francês que coincide com o vermelho das papoulas silvestres de cor vermelha que representa a cor do pendão de Castela, já que Madrid tem sido historicamente castelhana, mas também a cor da bandeira oficial da Espanha. De facto, esta contradição entre o Estatuto e a lei de símbolos, soluciona-se optando pelo disposto no Decreto 2/1984 em que prescreve o vermelho vivo.

Alias, o campo da bandeira conta com sete estrelas de cinco pontas em prata, isto é, brancas, dispostas no centro do campo vexilológico, ordenadas em duas fileiras, quatro na parte superior e três na parte inferior, representando cada uma das áreas administrativas atuais da província de Madrid, que são: a cidade de Madrid, Alcalá de Henares, Torrelaguna, San Martín de Valdeiglesias, El Escorial, Getafe e Chinchón. Acredita-se que as estrelas também representem a constelação da Ursa Maior (o asterismo do Arado) ou da Ursa Menor, em referência ao urso do brasão da cidade de Madrid registado desde a Batalha das Navas de Tolosa, no século XIII. Por outra parte, as cinco pontas representam cada uma das outras cinco províncias que rodeiam a província de Madrid, nomeadamente, Ávila, Cuenca, Guadalaxara, Segóvia e Toledo.

A criação da bandeira para ser usada como símbolo da Comunidade Autónoma correspondeu ao escritor e jornalista Santiago Amón Hortelano junto com o desenhador Jose Maria Cruz Novillo. Um exemplo de criatividade promovida pela oficialidade.

 


 

 

1 Originariamente Al-Magrit que deriva do moçarábico matrič, que significa matriz, que por sua vez provem do latim matrix, cujo acusativo é matricem. Este nome está referido ao regato a partir do qual se gera o rio atualmente denominado Manzanares. Madrid, é, portanto, o lugar do regato matriz do qual nasce esse rio.

2 Os muçulmanos apoiavam a aproximação a outras taifas andaluzis, enquanto moçárabes e judeus optavam por se integrarem dentro da Coroa de Afonso VI.

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Palavras de origem germânica na nossa língua

 

Guerreiro suevo

Dicionário Estraviz

https://www.estraviz.org/

A

  • abetar vb . 'errar, enredar, confundir', abete sb.m. 'truco' ('cuidou que per abete o querian envayr os seus', c. 1270), [27] do PGmc *baitjanan 'cebo'.

  • abada sb.f. 'cúpula, zimbório' ('ubi abbobata tribunalis est constructa', 899), do PGmc *bōwiþō 'vivenda', do PGmc *bōwanan 'habitar, morar, residir'.

  • afastar vb. 'retirar-se, distanciar-se' ('e afastaron-s'afora, ca foron muit'espantados', 1264), talvez do PGmc  fastu- 'firme'. [29] [30]

  • aio sb . m . 'tutor, protetor' ('Sendericus qui huius regis aio fuit manu mea', c. 1000), do PGmc * haganan 'alimentar'.

  • Albergaria sb.f. 'pousada' ('ad illa albergaria de loci apostolici', 1094), do PGmc * haribergō 'refugio, pousada'. albergueiro 'dono da pousada' ('albergarii, monetarii et cambiatores', 1133), albergar 'guarecer' ( 'e hu Alberga, derei-vos O que faz:', c 1220.).

  • amainar vb . 'acalmar-se', maino adj . 'tranquilo, calmo', talvez do PGmc * af-maginōn 'perder força'.

  • anaçar vb. 'agitar, remover, mover, mesclar', antiguo 'sacudir, conduzir' ('crara do ouo anaçada con vinagre et con azeite', c. 1409), do PGmc * anatjan 'forçar'.

  • anca sb.m. 'traseiro, garupa, quadril, nadega' ('et deulle hua muy grã ferida cõna lança, assy que o deribou en terra pelas ancas do caualo', século XIII), do PGmc * hanhaz 'perna, calcanhar'.

  • anga sb.m. 'asa do caldeiro', do PGmc *angōn 'espinha, gancho'. Derivados: angazo/engaço 'utensílio agrícola de trabalhar o campo'.

  • arenga sb.f. 'discurso'.

  • harpa sb.f. 'arpa' ('çytolas, et vyolas, et arpas, et moytos outros estormētos', c. 1300), do PGmc * harpōn 'arpa'. Derivados: arpeu 'ancora, arpão' ('huu arpeo de ferro con seus Eixos', 1433), arpão 'gancho', farpa 'unhas' (século XIII. 'Nom sí faz TODO por farpar pelica?').

  • aspa sb.f. 'cruz feita com paus atravessados' (século XVIII), do PGmc * haspōn 'ferrojo, cerrolho'. Derivados: aspar 'mortificar'.

  • ataviar vb. 'enfeitar, ornar' ('Alý chegou estonçe Achiles cõ sua caualaría, de moy bõo atabío', c. 1370), do PGmc * tawjanan 'preparar', derivado de *tawō 'tesouro, armadura' . Derivados: atavio 'adorno, ornamento'.

    B

  • braco sb.m. 'cão de caça', do PGmc * brakka (n) – 'cão de caça'.

  • banco sb.m. 'banco, assento' do PGmc *bankiz 'banco', * bankōn 'banco'. Derivados: bancal 'pano para cubir a mesa'.

  • banda sb.f. bando sb.m. 'partido, seita, grupo diferenciado' ('habeam terciam de hereditate de Bando Malo', 1151), do PGmc * bandwō 'sinal, faixa, banda, fita'. Derivados: bandaria 'parcialidade', abandar 'juntar lados', bandada 'rebanho', bandear 'agitar, unir um bando ou partido', bandejo 'que faz parte da banda', bando 'turma, equipa, gangue'. banda sb.f. 'banda, faixa' ('et tragía hũ escudo cõ banda de azur', 1370), do PGmc * bandan 'banda, faixa'. bandalho 'trapo, farrapo, pessoa que faz parte da banda'.

  • barregão sb.m 'gigolo', barragana sb.f. 'concubina' ('habitantes homines de plebe beati Iacobi apostoli, nuncupatos barragaanes', 958), hipocorístico de *baraz 'hombre'.

  • basta sb.f. 'prega na saia' (século XVIII), do PGmc * bastjan 'construir, coser'.

  • boga sb.f. 'abraçadeira, grilheta (de un martillo)', do PGmc * baugaz 'anel'.

  • brandear vb. 'oscilar, balancear-se' ('e brandeou con lindos meneos súa bandeiriña', 1745), do PGmc * brandaz 'espada'. brandir 'brandir uma espada' ('log'ir-e leixou en seu cavalo branqu'e sa lança muito brandindo', século XIII) brasa sb.f. 'incandescência, inflamação, ardor' ('Et as casas pintadas et nobles todas forõ tornadas en brasas.', 1370), do PGmc *brasa. Derivados: braseiro 'lugar para as brasas', abrasar 'queimar, chamuscar'.

  • breca sb. f. 'cãibra (muscular)', do PGmc * brekan- 'quebrar'.

  • bregar vb. 'dar forma à madeira' do PGmc * brekanan. Derivados: bregueiro 'peça moldada de madeira'.

  • bremar vb. 'estar impaciente, desassossegado, anelar' (século XVIII), bramar 'rugir' (século XVIII), do PGmc * bremmanan 'rugir'.

  • brétema sb.f. 'névoa, nevoeiro, nebulosa, chuvisca' (século XVIII), do PGmc *breþmaz 'alento, vapor'. Derivados: bretemoso, bretemiço 'brumoso'; bretemada , bretemeiro ' tempo de névoa'.

  • britar vb. 'quebrar' ('mando quod episcopus leuet cautum de illis qui illud britauerint', século XII), do PGmc *breutanan 'quebrar Derivados: birta 'sulco, parcela', brita, britada 'parcela', brita 'grava'.

  • brodio sb.m. 'mescla, caldo' (século XVIII), do PGmc * bruþan 'caldo'. [

  • Antigo galego broslar vb 'to border, to edge' ('elles tragiã escudos de coyros et broslados de pedras preçiosas', século XIV), do PGmc * bruzdaz 'spike, edge'.

  • boiro sb.m. 'homem rústico', * 'casa', nas cartas medievais burio (topónimo, onde é costume interpretar como 'aldeia'), do PGmc * būran 'casa, habitação, vivenda'.

  • boto adj. 'aborrecido, contundente, chato' ('Iohannes Botus', 1251), talvez do Gótico bauþs 'surdo, mudo', ou de *buttaz 'contundente'.

  • brigar, vb. 'lutar', briga 'luta', do PGmc * brekanan 'quebrar', [64] Cognates: Gothic brikan 'quebrar', OE brecan , OHG brehhan idem.

  • broça sb.f. 'resíduos vegetais, triturar', bros, brosa f. 'ax' ('dineiros que me deue por huna brosa', 1427), do PGmc * burstiz 'bristle'. Derivados: esbrozar 'cortar (maleza)', brosear 'cortar (un tronco)'.

  • bucio sb.m. 'unidade de volume seco', talvez do PGmc * būkaz 'corpo, tronco'.

  • burgo sb.m. 'hillfort, cidade (amuralhada)' ('et inde per pinna que dicitur Burgaria', 922), do PGmc * burgz 'castelo, ciudade'. Derivados: burguês 'cidadão, terratenente', burgueira 'palheiro'.

  • canipa 'fragmento de madeira', ganipo 'madeixa de lã', ganipão, ganifão 'rachar', do PGmc *knīpanan 'pellizcar', talvez através do antigo guenipe francês 'trapo'. Derivados: esganipar , esganifar 'desgarrar, destruir', aganipar 'pesar, molestar'.

    C

  • carpa sb.f. 'carpa', do baixo latim carpam , provavelmente de uma forma germânica.

  • casta sb.f. 'raça' ('ata o tẽpo de casar soem séér de fria natura et casta', 1330), dum 'grupo de animais' germânico * kasts. Derivados: castiço 'puro, sen mesclar', castiçar , encastar 'engendrar, acasalar'.

  • cerna, cerne sb.f, m. 'durame, âmago', do PGmc * kernōn 'miolo, núcleo'.

  • coifa sb.f. 'gorra; cofia; tocado '('que lle cortou o capelo et o almofre da loriga et a cofya ', século XIII), talvez do PGmc * kuppaz' cabeça, copa '. 

  • elmo sb.m. 'helm' ('et scutum et lanceam et spatam et loricam et elmum et genolarias', século XII), do PGmc *helmaz 'capacete.

  • escá sb.f. 'unidade de volume seco', do galego antigo escáá 'cunca, jarrão' (scala do latim medieval local : 'scala argentea', do PGmc * skēlō 'cunca'.

  • escanção sb.m. 'servente, copeiro' ('et ipsos omines qui erant scantianes de illos rex', 1058), escançar 'verter' ('u foron escançadas aquestas novas', c. 1240), do PGmc * skankjanan 'verter' . Derivadas: Antiga escançania galega 'buró do amo ' das criadas domésticas.

  • Escarnir galego antigo vb. 'burlar-se' ('quantus trobadores hy son a escarnir o infançon', c. 1250), do PGmc *skernaz 'burla'.

  • escarpa sb.f. 'pitelo, lasca de madeira, espiga; côdea rugosa', do PGmc *skarpaz' 'agudo '.

  • escarva sb.f. 'junta; conetar', do PGmc * skarbaz' tabuleiro, fragmento', *skerfanan' roer '. .

  • escoto sb.m. 'fragmento de madeira, disparar', escotar vb. 'cortar um extremo' ('muito vo-la escotaron, ca lhi talharon cabo do giron', c. 1240), talvez do PGmc * skeutanan 'disparar'.

  • esculcar vb. 'espiar, espreitar', esculca sb.m. 'torre de vigilância, sentinela, explorador' ('inter illam sculcam et Agaimi', 974), do alemão * skulk- 'observar, olhar com sigilo, espiar'. Derivados: esculcadoiro id. 'posto de observação' ('ad asculcadoyro de Cutios', 1100).

  • escuma f. 'espuma,' ('et tornasse escumoso o seu rrio da escuma empero que o façam as suas ondas', c. 1300), do PGmc * skūmaz 'espuma'. Derivados: escumadeira 'escumadeira', escumar 'botar escuma', escumalho 'escória'.

  • esmorir, esmorecer vb. 'desmaiar, esvaecer' ('O genete pois remete seu alfaraz corredor: estremece e esmorece o coteife con pavor.', c. 1240), do latim MORI 'morro (do verbo morrer)', ou relacionado com OE smorian 'sufocar', do PGmc * smurōn 'sufocar'.

  • esparavão adj. 'traveso, louco', do PGmc *sparwōn 'pardal'.

  • espenar, espiar vb. 'terminar de fiar (algo de lã)', do PGmc * spennanan 'fiar'. Derivados: espialho , espenacho 'mecha de lã ou de cabelo'.

  • espeto sb.m. gaspeto 'cuspir, espeto' ('habeo duas cupas minores, unum curugiol cum suo speto', 1263; 'filhou o espeto, en son d'esgremir', c. 1300), espita sb.f. 'cupir, cravo, espiga, agulha grande' (século XIX), do PGmc *spitan 'lança, poste de ferro'. Derivados: espetar 'pinchar, cuspir' ('mandou trager carne et fazer grandes espetadas della', c. 1300), espeteira 'cabide, tábua com pinchos para pendurar coisas', espetão 'lança de areia, enguia de areia', gaspitadura 'erida '; espitallar 'quebrar em pedaços'.

  • espía sb.f. 'espia', espiar vb. 'espiar', provavelmente do ocitano espia e espiar , do PGmc *spehōjanan 'explorar'

  • esplecar, especar vb. 'sustentar, escorar, apoiar' (século XIX), de *exprikkare, do PGmc *prikōjanan 'pinchar',

  • espora sb.f. 'spur' ('III parelios de zapatas II parelios de sporas', 1074), esperão sb.m 'rastro, pista, pico, fin' ('per illud saxum et per illud Asperon', 1128), do PGmc *spurōn idem. Derivados: espolarte (século XVIII) 'golfinho-roaz'.

  • esquio, esquivo adj. 'tímido, distante, antipático; selvagem ('...e rogarei a Deus que sabe que vivo em tal mal e tam esquivo ', c. 1240), do PGmc * skeuh (w)az' tímido '. Derivadas: esquiv(i)ar vb. 'evitar, elude' ('et que os esquiven et façan esquivar en todo asi como escomuugados', 1339), esquivamente 'secretamente, esquivamente' ('Et gãanarõ y muy grande algo esquiuamente', 1295).

  • esquina sb.f 'esquina' ('Ali jazian cavando un dia triinta obreiros so esquina dua torre', c. 1264), do PGmc *skinō 'peça, canela', provavelmente através do espanhol esquina. Derivadas: 'ángulo' esquinal .

  • estaca sb.m. 'estaca, poste; cabo '('per castro de Quintanela, et per valle de Staka ', 1086;' herdade do Amenal, conmo jaz entre estacas et regos ', 1315), do PGmc *stakōn' estaca, poste '. Derivados: estacar 'sujeitar, assegurar', estacada 'paliçada'.

  • estala sb.f. 'estável; habitação, residência' ('et extra stallum abbatis maneant', 1206), do PGmc * staþ(u)laz' celeiro, armazém'. Derivados: Antigo galego estaleiro 'mestre, supervisor' ('que o corregades a mandado do estaleyro', 1354).

  • estinga o tinga sb.f. 'stingray', do PGmc *stenganan 'to sting' ('de cada carga de tinga ou londana oyto dineyros', 1496). [92]

  • estricar , estarricar vb. 'estirar' ('Cál vai extricada co novo pandeiro!', 1746), do PGmc *strakkjanan 'esticar'. 

  • faísca sb.f. 'mosca da cinza, brasas', da antiga falisca ( Falisca , 1173), do PGmc *falwiskō (n). [94] Derivados: faiscar 'chispar; chuviscar'.

  • falcão sb.m. 'falcão' ('tibi Adefonso meo falconario', 1189), do PGmc *falkōn idem. Derivados: falcatrua 'má ação, traição, engano, travessura', falcoeiro 'criador de falcões'.

  • faldra sb.f. 'saia, pregues' ('et çingeu bẽ suas vestiduras, et alçou suas faldas', século XIV), do PGmc *fald- 'pliegue'. Derivados faldriqueira 'fob', faldrocas 'desleixado'.

  • fananco sb.m. 'planta do pântano' (século XVIII), do PGmc *fanjan 'fen, pântano'. EN fen , OHG fenni 'pântano, prado húmido'.

  • fato sb.m. 'grupo de pessoas, animais ou coisas; pertenças '('Jupiter se fezo caudillo da grey -et grey se entende aqui por ovellas ou grey de fato dellas ', século XIV), do PGmc *fatan' pano '. Derivadas: fatada, fatujo 'grupo, conjunto'.

  • feltro sb.m. 'sentí' ('liteira, uenabes, laneas et feltra, et omnem intrinsecam domorum', 995), do PGmc *feltaz 'sentí'. Derivados: Filtrar 'para filtrar'.

  • fouveiro adj. ' um tipo caballo', do PGmc *falwaz 'barbeito, amareloo'.

  • frasco sb.m. 'garrafa, jarra' (século XVIII), do PGmc * flaskōn.

  • francada sb.f. o 'francado sb.m. ' carruagem de pesca ' (século XVIII), do PGmc *frankōn 'lança, javalina, dardo'.

  • fresco adj. 'fresco' ('XL tructas frescas', 1225), do PGmc *friskaz. Derivados: refrescar 'para refrescar', Frescura 'frescura', fresqueira 'A caixa do gelo', fresquío 'tipo de odor (carne fresca)'.

  • fromeira sb.f. 'armazém, depósito', do PGmc *frumīn 'utilidade'.

    G

  • gabar vb. 'louvar, elogiar, exaltar' ('pero se muyto andava gabando', século XIII), [104] gabo 'presunção, jactância' (século XIII) talvez do francês antigo gaber 'contar anedotas, fazer piadas', do antigo nórdico 'mofa'.

  • gaita sb.f. 'gaita', do PGmc *gaitz 'cabra'. Derivados: gaiteiro 'gaitero'.

  • galardão sb.m. 'recompensa' ('ua Virgen santa dá bon gualardon aos seus que torto prenden', c. 1264), do PGmc *wiþra-launan 'contra-pago'. Derivados: galardoar 'recompensar'.

  • galdrapa sb.f. 'trapo, frangalho, farrapo, andrajo' Galego antigo 'pano rico' ('E prometeu-m'el ũa bõa capa, ca nom destas maas feitas de luito, mais outra bõa, feita de gualdrapa, cintada, e de nom pouco nem muito', 13a. século), relacionado com o waltrappen bávaro . Derivados: galdrapeiro , galdrupeiro 'ladrão', galdaripo 'pássaro com crista'.

  • ganso sb.m. 'ganso' ('Johan Ganso', 1315), do PGmc *ganso'.

  • ganhar vb. 'ganhar' ('de omnia quicquid ganabi uel ganare potuero', 818), da interferência de um gótico *ganan, do PGmc *ganōjanan 'boquiaberto, deslumbrar> *cobiçar> ganhar', e o francês antigo gaaignier 'ganhar', do PGmc *waiþjanan' caçar, pastar, apanhar'. Derivados: ga(n)do 'gado', gadanha 'gadanho, segadeira'.

  • gardar vb. 'guardar, vigiar, proteger' ('unde ipsi inimici illa guardia eicierant', 936), do PGmc *wardōjanan. Derivados: agardar 'esperar, observar, cumprir'; gardião , garda 'vigilante, alcaide, guardião'; garda 'defesa'; guarda-roupa 'guarda-roupa' ('guarda-roupa', 1326).

  • Antigo galego gasaliano sb.m. 'companheira' ('sca. Maria de Vilarino quam fecit Romanus cum suis gasalianis', 830) gasaliana sb.f. 'esposa' ('una pariter cum nostra gasaliane', 952), do PGmc *ga-'with' e *saliz 'casa, corredor, entrada da casa'. Derivados: gasalha 'pastos compartilhados', agasalhar 'tratar com amabilidade, presentear', agasalho 'consideração, amabilidade, presente', gasalhado 'bem-vinda'.

  • gaspalhar vb. 'quebrar, rasgar, triturar, desmanchar', gaspalho sb.m. 'fragmento, palha', provavelmente do antigo gaspailler francés, do PGmc *spelþjanan 'estropiar, desperdiçar, destruir.'.

  • gavião sb.m. 'gavião' ('un gavian que deo o prior', c. 1261), do PGmc * gablō 'garfo'.

  • grava sb.f. 'fosso, trincheira' (século XVIII), do PGmc *grabōn id.

  • grampa sb.f. 'cãibra', garapio sb.m. 'forquilha', garapelo sb.m. 'feixe, garapaldo , grapuada ' empurrar ',' do PGmc *klampjanan 'apertar'. Derivados: garampalho 'pau'.

  • granhão adj. 'barbudo', antigamente sb.m. 'bigode' ('tam bem barvado, eo granhon ben feito', 1371), proveniente de uma forma germânica granō 'mecha de cabelo, grenha, guedelha'

  • grepe sb.m. 'armadilha para pássaros', do PGmc *grippōn- 'agarrar'.

  • grima sb.f. 'susto, medo, horror; moléstia '(século XVIII), do PGmc *gremmaz' sombrio'. Derivados: grimoso 'molesto, repugnante', agrimar 'assustar'.

  • grinhir vb. 'grunhir, queixar-se, gemer' (século XVIII), do PGmc *grīnanan 'resmungar, rezingar, rosnar'.

  • grova sb.f. 'barranco, bebedeira, trincheira' ('ex alia parte villa de grovas', 993), do PGmc *grōbō 'buraco'.

  • grumar, esgrumar vb. 'esmigalhar, triturar, esmagar, amassar' (século XIX), de *exkrumare, do PGmc *krumōn 'miga, fragmento'. Derivados: esgrumiçar idem., Engrumar 'juntar peças', degrumar 'triturar'.

  • gualdra, goldra sb.m. 'Reseda luteola, gauda, lírio-os-tintureiros' do PGmc *walþō Derivados: goldra, goldracha, goldromada 'sujidade, imundice, porcaria 'goldrar 'tingir, bronzear', goldrão 'tintureiro, curtidor', goldro 'agua suja'.

  • Galego antigo guarir, gorir vb 'habitar, proteger, curar, escapar, salvar, ganar a vida' ('e ora ja mays guarido se sente', século XIII), do PGmc *warōjanan 'custodiar, proteger'. Derivados: guarecer, gorecer idem; guarida 'guarida'; garita, gorita (do francês garite) 'garita'; garimento 'proteção' ('por muito bem & por muyto garimento que me fezestes', 1256).

  • Guarnir galego antigo, gornir vb. 'adornar, equipar, prover, proteger' ('e nós de chufas guarnidos seremos', c. 1220), do PGmc *warnōjanan. Derivados: guarnição ( que llj passou todalas guarnições , c. 1295).

  • guedelha sb.f. 'lock' ('alçouse al rrey hũa guedella et parouxillj dereyta', 1295), do PGmc *wiþjōn 'correia, cabo, corda', que influi no latim VITICULA 'pequena vide'. Derivados: guedelhudo 'homem de cabelo cumprido'.

  • gueifa sb.f., gueifão sb.m. 'cada uma das orelhas do arado', do PGmc *waibjanan.

  • guerra sb.f. 'guerra', do PGmc *werzaz 'guerra, confusão' ('exceto quando fuit guerra et tulerunt inde aliquid mali reges', 1019). [Derivados: guerreiro ('uobis domino Guerrario de toto meo regalengo', 1162), guerrilheiro, guerrear 'lutar'.

  • guia sb.f. 'guia' ('per mar a estrela guia', c. 1264), provavelmente de um gótico *widan 'líder, guia'. Derivados: guiar 'guiar'.

  • guisa sb.f. 'maneira, jeito', a PGmc *wīsōn idem ('non sei osmar guisa nen razon', c. 1220). [132] Derivados: guisar 'cozinhar, condimentar', guiso 'guiso'.

    I

  • ingreme adj. 'empinado, pinom difícil', engremar vb. 'contrair', gramar vb. 'amassar', esgremio adj. 'amargo, áspero', talvez do PGmc *gramjanan 'provocar', *gremmaz 'sombrio, severo, agudo, amargo'. 

  • lapear, lapar, galapear vb. 'lamber, sorver' (século XVIII), do PGmc *lapjanan 'lamer'. Derivados: lapo 'cuspidela', lapa-caldos, lapão 'glutão', gulapo 'gole'.

  • lata sb.f. 'tabuleiro, tabulado; estanho' (' deuedes a poer en força et en latas toda a dita vinna ',1331), pode vir do PGmc * laþþ-' prancha de madeira', ou do céltico. Derivados: latiço 'cajado', latado 'piso de tábuas'

  • látego sb.m. 'látego', do PGmc *layō 'caminho' e *teuhanan 'levar, guiar'.

  • laverca sb.f. 'cotovia, inteligente; faladora' ('et inde ad uilar que dicent lauercos', 1059), do PGmc * laiwazikōn.

  • leme sb.m. 'volante, guidão' (século XVIII), do PGmc *membro, ramo.

  • lista sb.f. 'faixa, lista' ('hũ pano moy bõo et moy preçado, a listas d'ouro muy fremosas', século XIV), do PGmc *līstōn 'cornija'. Derivados: listão, alistar 'para pôr em uma lista'.

  • loução adj. 'fresco, vigoroso' ('ego Petrus Lauciano', 1190), talvez do gótico flautas 'arrogante, altivo'.

  • lóvio sb.m. 'parreira' ('in alio loco super casa de Bellendo illo lovio cum sua vinea', século X), do PGmc *lauban 'folhagem'.

  • luvas sb.f. 'peça de vestimenta para a mão' ('et acceptimus pro inde roboracione unas luvas', 1183), do PGmc *glofōn. Derivados: deluvar 'debulhar, esfregar'. 

    M 

  • maga f. 'tripas, entranhas (de pescado)' ('non debent facere sagimen nisi de capitibus et de maga sardinarum', 1231), [148] do PGmc *magōn. Derivados: magueiro 'prensa para a produção de oleo de peixe' ('magueyro', 1496); esmagar , amagar 'comprimir ate rebentar ou dilacerar'.

  • Galego antigo malado/a sb.m / f. 'servente' ('direxerunt ad regem ad Legionem suo mallato Bera', 934), talvez do PGmc *maþlan 'lugar de referência, assembleia', * maþlōn 'mulher conhecida'.

  • marca sb.f. 'meia libra de prata' ('et accipio de gazofilatio beate Marie marcas argenti Cm', 1112), do PGmc *markō

  • marco sb.m. 'marca, fito, mote de pedra para indicar limites' ('per alium carralem antiquum et inde per marcos et signales', 818), do PGmc *markan 'marca, fito', *markō 'límite'. Derivadas: marcar 'assinalar, sinalizar' ('sicut est marcata per suos terminos '; demarcar 'marcar, demarcar' ('sicuti iam designavimus et demarcavimus', comarca 'região, território' ('é Patriarcha daquela terra e á en pode-la comarca ', século XIII).

  • marrar 'falhar, errar; faltar ' ('Et Rrulan meteu mão a espada, et en coydandoo de matar, marroo, et doulle ẽno caualo et partio por meo ', 1390), do PGmc *marzjanan' obstaculizar'. Derivados: marra 'falta, escassez'.

  • marta sb.f. 'marta' ('e da pelica da marta, hua branca, et da lontra, dous dinheiros', 1439), do PGmc *marþuz id.

  • meixengra sb f 'teta' ('casali de meygengos', 1272), do germânico *maisingaz 'carvoeiro'. Derivados: meijengro originariamente 'astuto, inteligente' mas que derivou em 'melancolico, um Zé-Ninguém'.

  • mouta sb.f. 'arbustos, palheiro', talvez do PGmc *maþwō 'prado'. Derivados: mouteira idem.

    N

  • nafro sb.m., nafres sb.fp 'nariz, boca' (século XIX), talvez do PGmc *nabjan 'bico, nariz'. Derivados: nafrado , nafrudo 'que têm focinho/focinho grande', nafrán 'feio', (es)nafrar vb. 'magoar o nariz', nifrón 'choromigas'.

    O

  • orcerca de vb. 'ornear os burros, rinchar os cavalos' (século XVIII), do PGmc *hurnjanan 'tocar um corno'. Derivados: orneão 'zumbido da gaita de foles'.

  • Galego antigo osa sb.f. 'bota, lugar onde se vendem as calças' ('osas factas de duos solidos', 860), do PGmc *husōn 'calças'.

  • ouva sb.f. 'elfo, ser feérico, espírito' (século XIX), do PGmc *albaz 'elfo'. 

  • pino sb.m. 'cimo, culminância, pendente ', do PGmc *pennō' alfinete, cravo, ponta '.

  • Pouta sb.f. 'pata' (século XVIII), de un *pautō 'pata' possivelmente germânico. Derivados: poutega (Cytinus hypocistis), poutada, poutas de zorro, pouta loba, poutear.

    R

  • rafar vb. 'desgastar, Coçar, Gastar, Roçar, Usar, frotar', rafa sb.f. ranfão sb.m. 'raspar, arranhar' mas também 'miga, fragmento', do PGmc *hrappjanan 'rasgar, roubar',

  • rampelo/a adj 'magro, pequeno, feio', rampelada sb.f. 'punhado de erva', do PGmc *hrampaz 'magro, contraído'.

  • rapar vb. 'raspar, barbear, recortar' ('et medium de Pedro Rapado', 1144), do PGmc *hrappjanan 'rasgar, arrebatar'. Derivados: rapada 'punhado de grão' ('rapada de trigo', c. 1261), rapa, rapão 'raspador', rapante 'Lepidorhombus boscii', rapote 'torta feita de massa desfeita' ('Gonçaluo Rapote', 1334).

  • raspar vb. 'raspar juntos' ('Pedro Raspallo', século XIV), de um *hresp- germánico- 'saquear'. Derivados: raspa, raspão, raspeta, 'lima, raspador', raspalho 'resto de algo' ('Pedro Raspallo', 1340), raspalheiro, ladrão, miserável', raspiar 'esfregar', raspiço 'solha europeia'.

  • rico adj 'rico, poderoso' ('sicut ea ab antiquo percipere consueverunt de ricos et maiordomos', 1200), do PGmc * rīkjaz 'poderoso, abastado'. Derivados: Riqueza 'riqueza' ( 'pola Grã requeza Que eno logar Avia', do século XIII), enriquecer 'fazer-se rico, prosperar', Ricome 'nobre, pessoa com dinheiro'.

  • rima, rimeiro sb.m. 'ordenar, pilha de lenha', e (a)garimar 'para levar ao lado, debruçar-se, unir; acariciar' ('agarimou o moço a feixes que estavan feitos d'espigas ', século XIII), do PGmc *rīman' fila, número, cálculo', Derivados: agarimo 'refugio'.

  • ripa sb.f. 'trave, fasquia' ('de cabros de ripa de tella', 1317), do PGmc *rebjan 'rasgar':Derivados: ripar 'cubrir con listón un marco'.

  • ripar vb. 'rastelar, varrer, raspar, arar, debulhar' (século XIX), de um *rippen germânico 'esfregar, raspar'. Derivados: arripar , arripazar , ídem; ripo ripão ripanço, ripadeira 'pente para raspar as sementes do linho'.

  • rispar vb. 'esfregar, debulhar; fugir depressa', do PGmc *hrespan' atirar, saquear'.

  • roão adj. 'roan (cavalo)' ('raudane', 979), do PGmc *raudōn 'vermelho'.

  • roca sb.f. 'roca', do PGmc *rukkōn id.

  • roubar vb. 'roubar, afanar' ('et raubaui uestras greges', 1133), do PGmc *raubōjanan 'roubar'. Derivados: roubo 'roubo'.

  • roupa sb.f. 'roupa' ('et de raupa Ia manto zingave et una pelle', 1074), do PGmc *raupjanan 'arrancar, despojar'. Derivados: arroupar, enroupar 'cobrir, vestir', desenroupar, desarroupar 'desnudar, destapar', roupeiro 'guarda-roupa', guarda-roupa 'guardarropa' (guardaroupa,1326), poucarroupa 'hombre miserable'.


    S

  • sá sb.f. 'geração comum, orige comum' ('aliam villam quam dicunt Sala', 916), talvez do PGmc *salaz 'sala, vivenda'.

  • sabão sb.m. 'sabão' ('et despois hu [n] tar aquel paao con sabon mourisco, et metello lleuemente dentro', c. 1420), do PGmc *saip(j)ō(n) 'resina, sabão'.

  • Galego antigo saião sb.m. 'oficial' ('Vicentius, sagio regis, ts.', 844), do gótico sagio 'oficial'.

  • sopa sb.f. 'sopa, caldo' ('soparia exaurata; copas exauratas cum copertoriis II ', 942), do PGmc *suppōn, ou * sūpō' sopa'. Derivados: sopeira 'ola da sopa', ensopar 'remolhar'.

  • souria sb.f. 'vento seco', resouro sb.m. 'queimado pelo sol', chouriço sb.m. 'chouriço, salsicha curada' ('faz bon souriç'e lava ben transsido', século XIII), do PGmc *sauzjanan 'fazer secar'. 

  • tapa, tampa sb.f. 'tapa, cobertura' (c. 1240), do PGmc *tappōn 'torneira, espicho'. Derivados: tampão, tapo, tampo, tapulho 'tampão, tampa' ('Vaamos catar a cuba e tiremo-ll'o tapon', 1264); tapar, atapanar, tamponar, 'tapar, fechar com tampa, pôr uma tampa; tecer' ('ca che tapo eu d'aquesta minha boca a ta boca, Marinha ', c. 1240); destampar 'destapar, abrir, descobrir'; tapada 'propriedade cercada' ('una mina cortina conmo esta chousa et tapada', 1333); tapagem 'valado'; tapadeira 'coberta'; tapume 'deformação'.

  • targa sb.f. 'anel de madeira utilizado como fecho, fivela', do PGmc *targōn 'borde, escudo'.

  • tasca sb.f. 'rede de mão', do PGmc *taskōn 'bolsa'.

  • tascar vb. 'bater linho, quebrar, esfregar', do PGmc *taskōn 'arrebatar'.

  • teixo , teixão , teixugo , porco-teixo sb.m. ' texugo ' ('per medium valle de Linare Monte, et inde a Texunarias, et inde ad Alvarina', 1104), a PGmc *þaxsuz 'texugo'. Derivados: teixugueira 'ninho de texugo'.

  • teta sb.f. 'peito feminino ('e como tetas pendoradas e mui grandes ', c. 1240), quer do germânico *tittō(n) idem. Derivados: tetelo 'bico, lugar acabado em ponta'.

  • toldo sb.m. 'toldo, cobertura', do PGmc *teldan, através de taud francês . Derivados: atoldado 'coberto, sombreado'.

  • tormelo sb.m. 'terçol, inchaço, protuberância, vulto', quer do PGmc *þrumilaz, * þrumōn 'peça', [191] ou de outra língua IE pré-latina.

  • tosquiar vb. 'cortar o pelo das ovelhas' ('Vi coteifes orpelados estar mui mal espantados, e genetes trosquiados corrian-nos arredor', século XIII), de um composto de latim TONDERE e PGmc *skeranan 'cortar, tosquiar, tosar',

  • trapa, trampa sb.f. 'trampa, armadilha, trapeira, trapela' ('in loco qui dicitur Trapela', 1246), a PGmc *trapp- 'pisar forte, pisar'. Derivados: trapela, trapicela 'trampa, laço, pequena porta'; trapejar, trapinhar 'andar, patejar'; atrapar 'atrapar'; trapalhada 'trapaça, engano, fraude'; atrapalhar, atrapaçar 'complicar, confundir'; trampulheiro , trapalheiro , trapaceiro , trapaças , trampão 'mentiroso, ladrão'.

  • trégua sb.f. 'trégua' ('in presencia episcopi uel uillici et clericorum treugas petierit', 1161; 'cum eis treguas vel pacem habuerit et eis guerram non fecerit', 1183), do PGmc *trewwō 'acordo'.

  • Trigar galego antigo vb. 'apurar, apressurar' ('come moller non faças maa que se triga a ffazer mal ssa fazenda', século XIII) a PGmc *þrenxwanan 'pressionar, apinhar-se'. Derivados trigança 'prontidão', trigoso 'veloz'.

  • tripar , trepar , trepejar vb. 'pisar, pisotear; trepar', do PGmc *trappjanan idem. Derivados: tripadela, tripadura 'passo, pisão, pisada'; trepejo 'inquieto'.

  • triscar vb. 'ranger os dentes, partir com os dentes, morder' ('ou se me fano, ou se m'en trescar', c. 1240), a PGmc *þreskanan idem. Derivados: trisca/o 'pedaco de madeira, pitelo'.

  • Trocir galego antigo vb. 'tragar; cruzar' ('ja non podía nen sól trocir tres bocados ', c. 1270), do PGmc *þrukkjanan' pressionar'.

  • trofa sb.f. 'dintel, trave, impermeável', de um germânico *traufa' aileron, canaleta', do PGmc *draupjanan' cair, submergir'.

  • trouso sb.m. 'ventisqueiro', trousar vb. 'vomitar', do PGmc *drausjanan 'arrojar' e *drauzaz 'sangrento'. 

    V 

  • varão sb.m. 'homem' (filios barones , 870), do PGmc *baraz 'homem'. Derivados: varudo 'varonil, robusto'.

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