terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

HISTÓRIA DA LÍNGUA: Os inícios. Cantigas e trovadores



Por José Manuel Barbosa


Desde o século XII em adiante a distância entre o galego e o latim começa a sentir-se com tanta amplitude que vai ajudar a considerá-los como formas linguísticas diferentes, até o ponto de os escribas da época se verem obrigados a escrever na língua do comum para serem percebidos. Esta não era precisamente o latim mas o galego. As necessidades diárias –compras e vendas, testamentos, doações, etc- implicavam um uso escrito determinado da língua por parte do próprio povo adequado à prática linguística quotidiana. Por outra parte e sem qualquer dúvida o galego começa a ser empregue de igual maneira por razões artísticas, o que leva à criação, à poesia e à prosa.
Portugal, uma vez independente, vê como a língua escrita, começa a ser sentida como “oficial” na época do Afonso III, Rei que completa a conquista de todo o território português ocupando o Algarve. Estamos a falar do século XIII. O seu filho Dom Dinis I o Lavrador, grande impulsionador da cultura em Portugal, instituiu o uso obrigatório do galego-português nos documentos oficiais. A arte trovadoresca floriu em esta época sendo o próprio Rei um cultor da poesia amorosa.
 Na Galiza também o já galego-português floresce e se cultiva literariamente mas não só na Galiza Compostelana. Todo o território da Coroa galaico-leonesa vai dar autores que dominam a nossa língua. A prova está no facto de ser a língua da Corte e ser a língua escrita e de cultura na que escrevem os artistas de importância já fossem da Galiza Compostelana, Leom ou a Estremadura. Isto dentro das contornas e limites tradicionais do nosso espaço geo-político embora houvesse também sevilhanos, castelhanos, mesmo aragoneses e até italianos que usaram o galego com arte e cultura.

 Neste final da Idade Média, época das Cantigas poderíamos dividir o percurso da nossa língua pela história desde duas vertentes:


a)  Dum ponto de vista cronológico e

b) Do ponto de vista do espaço físico que há que atender uma vez tenham apanhado caminhos diferentes o novo reino de Portugal e o que fica do reino da Galiza o qual no século XIII e XIV aparece reduzido praticamente à Galiza compostelana, chegando assim, nessa aproximada conformação territorial, até os nossos dias.



Em Portugal a ação da cultura faz com que os cultores da língua se afastem da fala popular por influência do latim, Há uma necessidade de modernizar a língua, sobretudo nos documentos jurídicos, que botam mão da tradição latina.
 No Sul vamos assistir ao descolar da variante portuguesa e a ver como a independência do novo Reino e o nacionalismo português impulsionam o que vai começar a ser chamado de agora em diante com o nome de "português".

 No Norte a variante galaico-compostelana vai ficar reduzida num canto da península, entre o mar e a Meseta, e vamos ver como a partir de agora a hegemonia de Castela vai conseguir com o tempo e uma ação política agressiva despejar à Galiza do lugar de privilegio no que esteve durante séculos até levá-la à falência cultural; essa Galiza era o país que até ao momento tinha sido um dos mais floridos e prósperos da Europa e que logo  nos seguintes séculos vai passar a ser um Reino periférico e de menor importância.

 A etapa galego-portuguesa inicial vai desde o aparecimento dos primeiros textos escritos a finais do século XII até aproximadamente ao ano 1350 na Galiza, época, esta última, na que começam as guerras de sucessão na coroa unida galaico-leonesa e castelhana. Esta século XIV vai ser uma época de pestes em todo o ocidente peninsular e caraterizado pelas suas convulsões políticas e militares. As revoltas, as guerras contra Castela, a opção de unir-se a Portugal... Tudo isto foi experimentado com importante dose de insucesso.

 Entre o século XII e finais do XIV, vai ser a época do esplendor trovadoresco, embora dum ponto de vista português este momento vai-se ver alargado até o 1385 ano da batalha de Aljubarrota na que o Reino de Portugal dá amostras de querer fazer o seu caminho independentemente dos ditados de Castela reafirmando a sua personalidade. É Portugal que recolhe, herda e continua com o primigénio projeto nacional galaico, uma vez que consolida a hegemonia sobre a maior parte do território ocidental peninsular, exceto o Norte compostelano.
Neste contexto histórico, com a dinastia de Aviz controlando o poder político no Reino de Portugal, a assunção da burguesia de Lisboa como guias do projeto nacional, feita de construtores e armadores de navios e com o começo das navegações, os rumos históricos da Galiza e Portugal colhem caminhos diferentes tendo isso grande importância da gestão da Língua. Isto faz com que as etapas nas que podamos dividir o percurso da nossa língua em ambos os territórios vão ser também diferentes.
 Estas divisões histórico-linguísticas, que nos servem para enxergarmos um caminhar histórico marcado pela divisão política entre um Norte galaico-compostelano e um Sul galaico-bracarense ou português, podem ser feitas de muitos pontos de vista e tendo em conta diversas referências e parámetros. Nós vamos seguir critérios dados pelos professores Dobarro Paz, Freixeiro Mato, Martinez Pereiro, Salinas Portugal (1987:127-149) e Manuel Portas (1991:51-53) em alguns  casos Vázquez Cuesta, P e Mendes da Luz, M.A . (1987:187-226):


Os textos escritos mais antigos da nossa língua são entre os textos literários:

a) A cantiga da Guarvaia atribuída a Paio Soares de Taveirós ou a Martim Soares.

b) A cantiga da Guarda de Sancho I

c) Sirventes de Joám Soares de Paiva contra o rei Sancho de Navarra.



Todos eles redigidos nos fins do século XII e começos do século XIII.



Os textos em prosa som:

a)      O auto das partilhas (1192)

b)      O testamento de 1193

c)      A Notícia de Torto de 1211

d)      O Testamento de Afonso II de 1214.

No que diz respeito à lírica é-nos conhecida em vários cancioneiros:



·O cancioneiro de Ajuda

·O cancioneiro da Biblioteca Vaticana

·O cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa ou de Colocci-Brancutti.

·O cancioneiro de Berkeley

·Outros textos:

a) O Pergaminho Vindel

b) Duas versões da tenção de D. Afonso Sánches e Vasco Martins de Resende. Na Biblioteca Municipal do Porto e na Biblioteca Nacional de Madrid.

c) Cinco “Lais” de Bretanha na Biblioteca Vaticana e

d) Tavola Colocciana. (Índice de autores dum cancioneiro perdido).



O da Biblioteca Vaticana e da Nacional de Lisboa, cópias dos originais, feitas no século XVI.

As poesias destes textos são de três categorias:

·        As cantigas de amigo

·        As cantigas de amor

·        As cantigas de escárnio e maldizer.

Além destes cancioneiros profanos temos os de caráter religioso escritos pelo rei de Galiza-Leão e Castela, Afonso IX o Sábio e conhecidos por Cantigas de Santa Maria.
 Toda esta etapa histórica corresponde-se com o predomínio do chamado reino de Galiza-Leão no qual, seguindo alguns autores como Emílio González López (1978:301-304), a hegemonia política, cultural, económica e até militar corresponde à Galiza histórica que estendia o seu território pelas atuais Astúrias, Leão e a Estremadura para além da própria Galiza Compostelana.

 Os reis Afonso VIII (IX para o cômputo castelhanista) e Fernando II ambos de Galiza-Leão tomam o título de Imperadores e levam à Galiza aos seus momentos de maior explendor. O historiador galego Emílio González López diz: "Os reinados de Fernando II e o seu filho Afonso IX (VIII para nós) -que se extendem quase por um século, desde o 1157 até o 1230- passam-se sem pena nem glória pelas páginas das Histórias da Espanha, escritas com o pensamento posto em Castela; e no entanto, representam o máximo explendor de Galiza e com ele um dos momentos mais importantes no desenvolvimento da cultura hispânica. Estes dous reinados são a época gloriosa do triunfo do poder político de Galiza como reino próprio, (...); e com o poder político, a cultura, que ao dizer de Burckhardt, é a expressão mais autêntica desse poder" (Gonzalez Lopez: 1978: 301).
  
Os textos em prosa são:

·        A demanda do Santo Graal

·        A Chronica Troiana

·        Os livros de Cavalarias



todos eles de caráter narrativo.



·        Chronica Geral Galega

·        General Estória

·        Chronica de Santa Maria de Íria de caráter histórico

·        Outros textos como:

a-     O livro de Linhagens do Conde de Barcelo

b-     Os milagres de Santiago



Também há outros monográficos, didáticos e/ou religiosos como:



·        Tratado de alveitaria

·        Livro dos cambeadores

·        Flos Santorum

·        Legenda Aurea



Textos 
O Auto das Partilhas:



In Christi nomine amen. Hec est notitia de partiçon e de deuison que fazemos antre nos dos herdamentus e dus cout(us) e das onrras e dos padruadigus das eygreygas que forum de nosso padre e de nossa madre.en esta maneira: que Rodrigo Sanchiz ficar. Por.sa partiçom na quinta do couto de Vííturio ena quinta do padroadigo dessa eygreyga en todolus us herdamentus do couto e de fora do couto. Váásco Sanchiz ficar por sa partiçom na onrra d Ulueira.eno padroadigo dessa eygreyga en todolus herdamentos d Olveira e enúú casal de Carapezus que chamam de Vluar e enoutro casal en Agiar que chamam Quintaa. Meen Sanchiz  ficar por sa partiçom na onrra de Carapezus enus outrus herdamentos enas duas partes do padroadigo dessa eygreyga.eno padroadigo da eygreyga de Creysemikl ena onrra eno herdamento d Arguiffi eno herdamento de Lauoradas.eno padroadigo dessa eygreyga. Eluira Sanchiz ficar por sa partiçom nos herdamentos de Centegaus enas tres quartas do padroadigo dessa eygreyga eno herdamento de Creyximil assi us das sestascome noutro herdamento.estas partiçoens fazemus antre nos que uallam por en secula seculorum amen. Facta karta mensse marcij E. mª cc.ª xxxª Vaasco Suariz testis. Gil Diaz Testis. Dom Martio testis. Martin Periz testis Don Stepham testis. Ego Johanes Menendi presbyter Notavit.

 A Notícia de Torto

De Noticia de torto que fecerun a Laurencius Fernandiz por plaço que feze Cõçavo Ramiriz antro suos filios e Lourenço Ferrnãdiz quale podedes saber. Oue auer d'erdade e d'auer tãto quome uno de suos filios daquãto podesen auer de bona de suo pater e filios seus pater e sua mater. E depois fecerum plaço novo e cõue a saber quale in elle seem taes firmametos, quales podedes saber.


 Da entrega do coraçom de Genevra (A demanda do Santo Graal)



Em esta parte diz o conto que, pois a rainha Genevra entrou em ordem com pavor dos filhos de Morderet, ela foi sempre mui viçosa de tódolos viços do mundo; onde haveo que, pois houve de sofrer as lazeiras da ordem, que nom havia em custume, caeu logo em camanha grande enfermidade que todos aqueles que a viam haviam maior asperança em sa morte ca em sa vida. E ela havia consigo ua donzela de gram guisa, e que pesera ordem por amor dela. Aquela donzela fora entendedor de Giflet, filho de Dondinax. E porque a rainha a ouvira dizer que Giflet tevera mais longamente companha a rei Artur ca outro cavaleiro, amava tanto a companha desta donzela que nom podia mais. E confortavam-se antre si e choravam muito ameúde, quando lhis lembrava os grandes viços e a grande alteza e grande poder em que foram, e ora eram em ordem, com pavor da morte.

A rainha como quer que fosse em ordem, nom quedava de fazer doo por Lançalot e que nom dissesse algua vez: -Ai, meu senhor Lançalot, Dom Lançalot, e como vos esqueci, que jamais nunca cuidei que vós me leixássedes! Se vós catássedes a vossa bondade e o vosso prez, e er o gram poder que Deus vos deu, lembrar-vos-íades algua vez de mim e vingaríades a morte de rei Artur e conquistaríades o reino de Logres e alegraríades-mi desta cuita em que som e deste poder alheo em que som em que me meti com pavor de morte.

Esto dizia a rainha de Lançalot, u jazia doente, e a donzela a conformatava muito quanto ela podia. E dizia que nom houvesse pavor, ca bem soubesse verdadeiramente que Lançalot nom tardaria muito que nom veesse, que já ela ende ouvira novas. E a rainha respondeu: -Sobejo me tarde, e sei que em sa tardança tenho morte.

Em aquela abadia havia ua monja que entrara em ordem porque entendera em Lançalot e nom na quisera, e desamava a rainha mui de coraçom, porque a aleixara Lançalot, que a vingaria em a rainha. Uu dia haveo que disse esta dona à amiga de Giflet, aquela que a raínha guardava, e fez sembrante que nom queria que a rainha a ouvisse:

-Ai, donzela, maas novas vos trago! Dom Lançalot que vinha com gram poder por conquerer o reino de Logres, perdeu-se no mar com toda sua gente.

-Par Deus –disse amiga de Giflet- gram perda é essa. Mas como o sabedes vós se é verdade?

-Eu o sei bem –disse ela- por aquel que o viu.

A rainha que jazia doente, quando ouviu estas novas houve tam gram pesar, que a poucas que nom foi sandia; mas encubriu-se bem, com pavor daquela que as novas dizia. E, pois se partiu, disse a rainha com gram pesar:

-Ai, mar amargoso e maldito, comprido de amargura e de door, néicio, mao e desconhoçudo, mal m’has morta, que vós, à leal amador do mundo, tolhestes seu amador.



Pois disse esto, calou-se com tam gram pesar que nom pode mais comer nem bever; e jouve assi tres dias. Ao quarto dia veérom novas que Lançalot, sem falha, aportara na Gram-Bretanha com tam gram cavalaria e tam boa, que nom há homem no mundo que ousasse atender em campo.

A donzela que a rainha guardava foi mui leda quando estas novas ouviu, e foi-se correndo à rainha e disse-lhi:

-Senhora, muito vos trago boas novas. Sabede verdadeiramente que Dom Lançalot é na Bretanha com tanta gente que, em pouca sazom, a correrá toda.

A rainha, que perto estava da morta, quando estas novas entendeu, respondeu a grande afã:

-Donzela, tarde mo dissestes e ja me nom val rem sa viinda, ca eu som perto de morta. Mas, porque Dom Lançalot é homem de mundo que eu mais amo, rogo-vos que façades, polo amor e o seu, o que vos quero rogar.

E ela lhi prometeu lealmente que o faria a todo seu poder.

-Pois ora vo-lo direi –disse a rainha-. Eu bem vejo que som morta e nom hei cras a chegar aã manhã; e bem vos digo que nunca fui leda tanto de novas coo destas. E de outra parte, pesa-me sobejo que o nom posso veer ante que moira; ca me semelha que, se o visse, que mia alma seria mais leda. E porque eu quero que ele veja e saiba que de sa viinda mi praz e que moiro com pesar e que de grado o queria veer, se podesse, porém eu vos rogo que, tam toste que eu moira, que me tiredes o coraçom e que lho levedes em este elmo que foi seu; e que lhi digades que, em remembrança de nossos amores, lhe envio o meu coraçom, que nunca ele o esqueceu.

Aquele dia mesmo, passou a a rainha Genevra e a donzela fez o seu mandado; mas nom achou Lançalot, e por esto nom acabou todo o que lhe mandara a rainha.



Texto



Ai eu, coitada, como vivo em gram cuidado

por meu amigo que hei alongado!

Muito me tarda

o meu amigo na Guarda!



Ai eu, coitada, como vivo em gram desejo

por meu amigo que tarda e nom vejo!

Muito me tarda

o meu amigo na Guarda!



Dom Sancho I (?)



Texto



            Capitolo ii. De como foi destroida a primeira vez Tróia, chamada Dardânia



            Ao tempo que Dardano morreo rreinou em Dardania seu filho Oriconio. E rreinava sobre os espartos hum que avia nome Aiuerto, homem de grande esforço e de grande syso ee era vezinho de Dardania. E ajumda este homem era o que menos emjurias tinha rrecebidas dos dardanos. E des que vio tempo para tomar vimgamça, travou gerra com os dardanos e tantas ajudas ouve e como a çidade jmda

 nam era çercada e com esforço da muita gemte e bons capitães que tinha não avia medo e emtrou nela e diriboua e rrouboua que cousa nela não ficou. E el rrei Orriconia escapou polo mar com hum filho que avia nome Ylio e asy foi destoida a çidade aquela vez. Porem, despois tornou Oriconio com seu filho Ilio e tornoua a cobrar e fez suas pazes com os vezinhos.

                E dahi a pouco tempo morreo e fiquou o rreino a Ilio, seu filho. E este saio mui bom cavaleiro e mui sesudo. E trouve muitas gemtes a sua çidade e manteue o rreino sem gerra que lhe viese. Porem, lembrandoselhe do mall que seu pay e a sua cidade tinhão pasado, fez hum allcaser em hua penha mui allta que estava ali sobre o mar e fez ali sua morada, porque te emtão não ouvera em ha çidade fortaleza senão somente as casas. E chamaram dali adiamte aquela morada Ylio e nela morou el rrei e ali morreo. E como quer que a çidade não era ajmda çercada ali avia mui gram defemdimento para muita gemte defemder.



                                               Coronica Troiana em Limguoajem Purtuguesa




Bibliografia:

Geral:

Armada Pita, X-L. (1999). Unha revisión historiográfica do celtismo galego. In “Os Celtas da Europa Atlántica. Actas do I Congresso galego sobre a cultura celta”. Ferrol. Agosto. 1997. Ed. Concello de Ferrol.

Almanaque Abril, 20a (1994) e 21a (1995) edições. Editora Abril, São Paulo, Brasil.
Azevedo Filho, Leodegário A. (1983), História da Literatura Portuguesa - Volume I: A Poesia dos Trovadores Galego-Portugueses. Edições Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, Brasil

Ballester, Xaverio: Sobre el origen de las lenguas indoeuropeas prerromanas de la Península Ibérica. Revista “Arse”, 32/3 (1998/9), pp. 65-82. Conferencia pronunciada o 23/03/99 durante as XIV Jornadas de la Sociedad Española de Estudios clásicos (Valencia 22-27-III-1999) com o nome de “La Filología clásica prerromana en España: pasado, presente, futuro

Brañas, Rosa. (1995). Indíxenas e Romanos na Galicia céltica. Ed. Libreria Follas Novas.

Carvalho Calero, R. (1983). Da Fala e da Escrita. Ourense. Galiza Editora. Ourense

Carvalho Calero, R. (1974). Gramática elemental del gallego común”. Galaxia. Vigo.

Calvet, Louis-Jean (1999). Pour une écologie des langues du monde. Paris: Plon


Coseriu, Eugenio: El gallego en la historia y en la actualidad. Actas do II Congresso Internacional da Língua Galego-portuguesa na Galiza. AGAL. Compostela. 1987.

Cuesta, Pilar V. e Mendes da Luz, Maria A. (1971), Gramática da Língua Portuguesa, pp. 119-154. Colecção Lexis, Edições 70, Lisboa, Portugal. 

Cunha, Celso e Cintra, Luís F. Lindley (1985), Nova Gramática do Português Contemporâneo, cap. 2, pp. 9-14. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, Brasil
Culbert, Sidney S. (1987), The principal languages of the World, em The World Almanac and Book of Facts - 1987, p. 216. Pharos Books, New York, EUA

Dobarro Paz; XM, Freixeiro Mato, X.R.; Martínez Pereiro, C.P.; Salinas Portugal, F.: Literatura galego-portuguesa medieval. Via Láctea ed. Compostela. 1987

Ethnologue, Languages of the World. 13ª edição, 1999 http://www.ethnologue.com/

Garcia Fernandez-Albalat, Blanca. (1990). Guerra y Religión en la Gallaecia y la Lusitania antiguas. Sada-Crunha. Edicións do Castro.

Garrido; C e Riera C: Manual de Galego Científico. Ed. AGAL. Crunha. 2000.

Gonzalez Lopez, Emilio (1978): “ Grandeza e decadencia do reino de Galicia” E. Galaxia. Vigo.

Holm, J. (1989): Pidgins and Creoles. Cambridge. Cambridge University Press. (2 Volumes)

Lapesa, Rafael. (1991): Historia de la lengua española”. Madrid. Ed. Gredos. Biblioteca Románica Hispánica. 9ª Ed. Corrigida e acrescentada

López Barja, Pedro: La provincia Transduriana. pp. 31-45; em F. Javier Sánchez Palencia y Julio Mangas (coord.): El Edicto del Bierzo. Augusto y el Noroeste de Hispania. Fundación Las Médulas con el patrocinio de Unión FENOSA. Ponferrada. 2001

Lopez Carreira, Anselmo. (2005): O reino medieval de Galicia”. A Nosa Terra. Vigo

Lopez Carreira, Anselmo. (2003): Os reis de Galicia”. A Nosa Terra. Vigo

Martins Estêvez, Higino (2008): “As tribos galaicas. Proto-história da galiza à luz dos dados linguísiticos” Edições da Galiza. Barcelona

Mattos e Silva, Rosa V.  O Português Arcaico - Morfologia e Sintaxe. Editora Contexto, São Paulo, Brasil. 1994.

Montero Santalha, J. M.; Passado, presente e futuro do nosso idioma, do ensino e da sua normalizaçom. XXVII Jornadas de Ensino de Galiza e Portugal. Ourense. 2003. In Descargas PGL (Portal Galego da Língua) http://www.agal-gz.org 

Mundy, John J; Europe in the High Middle Ages. Longman. London and New York. 1991

Mundy, John J. (1991): Europe in the High Middle Ages”. Longman. London and New York. 

Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2a edição (revista e ampliada, 1986). Editora Nova Fronteira, São Paulo, Brasil. 

Omnès, Robert. (1999). Le substract celtique en galicien et en castillan” In “Les Celtes et la peninsule Iberique”. Triade nº5. Université de la Bretagne Occidentale-Brest. Pp. 247-268.

Pena Graña, André. O reino de Galiza na Idade Media. Revista Terra e Tempo 2ª época, 1, 1995

Pereira, Dulce. 1992. “Crioulos de Base Portuguesa”. In A. L. Ferronha, E. Lourenço, J. Mattoso, A. C. Medeiros, R. Marquilhas,  M. Barros Ferreira, M. Bettencourt, R. M. Loureiro, D. Pereira, Atlas da Língua Portuguesa. Lisboa. Imprensa Nacional. Comissão Nacional para os Descobrimentos, União Latina. 120-125 

Pereira Dulce. 1997. “Crioulidade – (Palavras Leva-as o Vento…)” Comunicação ao Encontro sobre a Crioulidade, Homenagem a Mário António Fernandes de Oliveira, FCSH, Universidade Nova

Portas, Manuel: Língua e sociedade na Galiza. Bahia ed. Crunha 1991

Rico, Sebastián: Presencia da língua galega. Ediciós do Castro. A Crunha, 1973, pp 8-9 e Marcial Valladares: Elementos de Gramática gallega. Galáxia. Fundación Penzol. Vigo. 1970. 

Rodrigues Lapa, M. (1981) : Lições de Literatura Portuguesa. Época medieval”. 10ª Edição. Coimbra Editora Limitada.

Ruffato, Luiz (escritor brasileiro): Galeguia. Revista Agália. Nº 89-90 (1ºSemestre 2007) pp 213-214.

Sanchez Palencia, F-J e Mangas, J (Coords): El Edicto del Bierzo. Augusto y el Noroeste de Hispania. Fundación Las Medulas. Ponferrada. 2000

Schmoll, Ulrich (1959): “Die Sprachen der Vorkeltischen Indogermanen Hispaniens und das Keltiberische”. Wiesbaden. Otto Harrassowitz.

Teyssier, Paul. (1982(1980)). História da língua portuguesa. Lisboa: Sá da Costa

Vázquez Cuesta, Pilar e Mendes da Luz, Maria Albertina: Gramática Portuguesa. Tomo I. Terceira ediçom corrigida e acrescentada. Primeira reimpressom. Editorial Gredos. Biblioteca Românica hispânica. 1987. Madrid.

VVAA. de Juana, Jesus e Prada, Julio (coords):  Historia contemporánea de Galicia. Ariel Historia. Barcelona. 2005

Walter, Henriette (1994), A Aventura das Línguas do Ocidente - A sua Origem, a sua História, a sua Geografia (tradução de Manuel Ramos). Terramar, Lisboa, Portugal

G. Weber, "Top Languages",Language Monthly, 3: 12-18, 1997, ISSN 1369-9733

Wright, R: “La enseñanza de la ortografía en la Galicia de hace mil anos”. Verba, 18, 1991





segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

HISTÓRIA DA LÍNGUA: Etapa de formação



Por José Manuel Barbosa

A Gallaecia, já romana, entra a fazer parte do mundo imperial e adota pouco a pouco o latim como língua culta embora continuasse com a sua língua autóctone até bem entrada a Idade Média, segundo nos manifestam André Pena e Higino Martins. É essa língua galaico-lusitana o substrato do futuro galego-português e é o latim a base dessa  nova língua neolatina galega, portuguesa ou galego-portuguesa (1)
Segundo Eugênio Coseriu (1989: 793-800) a península ibérica recebe a entrada do latim desde dois diferentes pontos: um desde a costa Tarraconense alimentando os Conventus mediterrânicos; e a outra que penetra desde a Bética subindo pela Lusitânia e chegando á Gallaecia onde de Oeste para Leste vai ocupando pouco a pouco as terras bracarenses, lucenses e posteriormente asturicenses. O primeiro é chamado Latim Citerior. Ulterior o segundo. Mas os acontecimentos posteriores à queda do Império Romano fazem com que a chegada dos povos germânicos à península e nomeadamente os suevos à Galiza tornem o latim numa língua franca entre galaicos-romanos provavelmente bilingues (ou talvez diglóssicos), em latim e galaico-lusitano, e suevos de fala germânica trazida do centro da Europa. Ambos os povos distantes linguisticamente entre si procurassem no latim o seu ponto de encontro. 
 Este latim hispânico ulterior acabaria vendo-se determinado por vários fatores:
1- A chegada do cristianismo, que levaria a cabo o seu projeto ideologizador em latim.
2- A criação do reino suevo fazendo que a língua de Roma se assentasse e consolidasse como língua franca entre galaicos de fala celta e suevos de fala germânica. Esta circunstância vai dar-lhe caráter diferencial dentro dos limites dessa Gallaecia tardo-romana e proto-medieval. 
Com isto, a língua dos suevos, mais débil dum ponto de vista demográfico, cultural e do prestígio social vai ver-se afetada e deslocada do seu contorno natural, próprio do povo germânico que até agora o usava, por este latim galaico durante este processo de substituição, mas também deixando uma importante pegada no novo romanço.
Posteriormente à unificação política do Reino de Visigodo e do Reino da Galiza da mão de Leovigildo e sob hegemonia toledana, pouco ou nada se vai ver na direção duma grande unidade linguistica peninsular, que no seu canto Noroeste, protegido pela incomunicação orográfica, pela unidade política entre as duas etnias aliadas –sueva e galaica- e a fácil adaptação entre ambas, começa a delinear uma criação linguística nova, fruto da dialetalização da língua trazida pelos romanos.
Ao mesmo tempo, com a chegada dos muçulmanos à península, acrescentar-se-ia este facto, delimitando-se um território político com o nome de Gallaeciense Regnum segundo nos dizem as fontes historiográficas andalusis, carolíngias, papais, escandinavas, anglo-saxónicas e grande parte das peninsulares segundo nos informa o professor Lopez Carreira (2005:111-141).
 Em troca, esse Reino galaico vai ser denominado de  Reino de Astúrias ou Reino de Leão nos textos da historiografia tradicional castelhanista embora achemos  em aqueles textos de maior fiabilidade e não retocados pelos cronistas castelhanos de séculos posteriores, um Gallaeciense Regnum, Al-Khalikija ou Christianorum Regnum. A sua primeira corte é em Cangas de Onis, na região das Primórias, posteriormente em Právia, depois Oviedo e mais tarde nas cidades de Leão ou Compostela. Duas capitais: uma política e outra religiosa, seguindo modelos do Sacro Império que tinha a Roma e Aquisgrão.
Foi com a chegada dos muçulmanos à península (710 d.C.) quando aparecem as inovações específicas e mais características da nossa língua, resultado do isolamento dos falares da Galiza medieval e da peculiaridade do Reino criado pelos Suevos trezentos anos atrás. Surge assim nos séculos VIII e IX a língua do Reino da Galiza que se vai manter por oposição à Espanha muçulmana, denominada esta última pelos documentos da época de Spanija, ou Al-Andalus.
Éste latim norte-ocidental começa a se diferenciar dos outros latins da península e da Romania. Já não é tanto ulterior, quanto especificamente galaico e vai acabar impondo-se sobre a sua antecessora e céltica língua galaico-lusitana da mesma forma sobre a fala dos imigrantes germânicos centro-europeus gerando por volta do século X um Proto-romanço galaico, Galaico ou Galeco como lhe chama Carvalho Calero (1983:15-27).
Segundo nos contam estes nossos autores podemos deduzir que houve um momento de bilinguísmo substitutivo entre o romanço proto-galaico e a língua céltica galaico-lusitana que acabou com o retrocesso e desaparição da tradicional língua céltica galega, lusitana e provavelmente também cantábrica a partir do ano 1000 aproximadamente, como nos diz Higino Martins (2008: 151).
         Esta forma de romanço primitivo vai ser a base tanto do galaico-português como do asturo-leonês, assim como ulteriormente do castelhano, como forma de asturo-leonês mas oriental. Coseriu chama-lhe a essa língua Galaico-Asturiana, (1987: 793-805) e Rodrigues Lapa simplesmente nomeia-a de Romanço Galaico (1981:54). Nós concordamos com Carvalho Calero e Rodrigues Lapa no nome de Protogalaico ou Galaico por serem nomes mais amplos e abrangentes de toda a Gallaecia histórica.
        É o professor Ricardo Carvalho Calero quem nos comenta o facto de ser esse Galaico o proto-romanço do qual surgem inicialmente tanto o galaico ocidental ou galego-português quanto o galaico oriental ou asturo-leonês indiferenciados entre si num começo e que ele identifica por volta dos séculos IX e X. (1983: 18)
          Do Galaico Oriental, ou asturo-leonês neste caso, surge na sua parte mais oriental o que posteriormente seria o castelhano sob substrato vasconço e importante influência navarro-aragonesa. O próprio professor espanhol Rafael Lapesa (1991: 162) reconhece que as Glosas Silenses e Emilianenses do Mosteiro Riojano de San Millán de La Cogolla não estám num primitivo castelhano como se nos ensina habitualmente, mas num originário navarro-aragonês, o qual não é em absoluto estranho se temos em conta que a Rioja é uma região originariamente vasconça e navarra.
Segundo Lopez Carreira (2005:105) o vínculo parental e originário entre o Galaico e o castelhano pode ficar intuída num comentário que faz o bispo e historiador castelhano do século XVII Frei Prudencio de Sandoval, quem nos fala duma História da Espanha redigida no século XIII e provavelmente traduzida para o galego-português no XIV. Diz-nos acreditando na sua antiguidade que a original está numa “lengua castellana tan cerrada que parece portuguesa”.
O protagonismo dessa primeira parte da Idade Média corresponde ao Gallaeciense Regnum até o momento em que Castela colhe força política e militar. A língua desse território começa a desenvolver-se com a força que lhe dá um poder político forte e soberano e um prestígio na Europa que reconhece a Galiza segundo John Mundy (1991:40) como um dos três impérios do momento: O Império Bizantino, o Sacro Império Romano Germânico e o Gallaeciense Regnum.

“in 1159 the northern annals of Cambrai spoke of three empires: the Byzantine, the German and of the Galicia (St. James of Compostela)”

Os limites do romanço dos galegos nessa altura histórica seriam os limites desse Gallaeciense Regnum -que tanto negam os historiadores pró-castelhanistas- até o ponto de Roger Wright dizer (1991:21-22):

“antes do milénio e quiçá antes do século XIII desterremos também os conceitos distópicos pouco úteis e anacrónicos tais como galego, leonês, castelhano(...); todos esses conceitos modernos estorvam à vista clara. A península (aparte dos que falavam basco, árabe, hebreu, etc) formava uma grande comunidade de fala, complexa mas monolíngue”.

Do nosso ponto de vista talvez não monolíngues em tudo o âmbito peninsular  mas sim monolíngues no que diz respeito ao território do Gallaeciense Regnum por ser esse galaico provavelmente diferente do latim citerior que teria originado as falas catalano-aragonesas. Intuimos com isto que o complexo catalano-ocitânico pudesse conformar outro núcleo linguístico diferente ao do Reino Galaico ligado mais à Gália franca do que ao Noroeste hespérico. No meio, o basco marcaria uns interessantes limites pouco reconhecíveis para um leitor do século XX ou XXI.

Essa situação linguística da velha Galiza medieval -que o professor Carvalho Calero diz “Viveiro de Romanços”-, vai perdurar enquanto dura a hegemonia galaica com um intuito de construção de uma unidade peninsular sob projeto nacional galaico. Isto é até aproximadamente a assunção ao poder do navarro-castelhano Fernando I, no século XI e talvez até o século XII onde o começo dos conflitos políticos pelas estremas castelhanas vão favorecer as ruturas linguísticas. De não se produzirem estas ruturas políticas, a unidade linguística galaica e a sua hegemonia no contexto peninsular seria perdurável. Na altura essa língua é nomeada já de “galego”, bem por ser a Gallaecia o seu berço originário, bem por entenderem os coevos que era a língua desse reino denominado por todos na altura de “gallaeciense”.
Finalmente com as ruturas de Castela no oriente e de Portugal pelo Sul, ficam alterados e deslocados os equilíbrios polítivos e as hegemonias vão ver-se modificadas. Justo no momento de maior florescimento da Galiza acontece a sua desintegração territorial, desequilibrando as forças peninsulares em detrimento do poder galaico e em favor do castelhano-toledano.
Entre os séculos IX ao XII vai dar-se uma etapa na história da língua na que o seu uso vai ser fundamentalmente oral enquanto as formas escritas pelos letrados daquela época vão ser um jeito de latim medieval cheio de giros que havemos de reconhecer como próprios do atual galego-português.


Esta situação de oralidade e tendo em conta a importância do Gallaeciense Regnum e da sua língua em época alto-medieval, causa-nos sensação de estranheza. Surpreende-nos que não sejam conhecidos documentos anteriores ao século XII.


No caso de outras línguas romances como o francês ou langue d’oil existem documentos do século IX como são os Juramentosde Estrasburgo (842) ou a Sequência de Santa Eulália (881) que consolidam esta língua bem diferenciada do Latim. Mesmo nos romanços italianos achamos os primeiros documentos em 960. Porque, portanto, o galego-português só tem textos desde finais do século XII? Quiçá dentro da luta pela hegemonia peninsular entre galegos e castelhanos se chegasse ao ponto de ter-se produzido destruições de documentos antigos por razões políticas e interesses espúrios da mesma forma que temos constância de manipulações e de outras desfeitas conhecidas como é o caso do Bispo Pelayo de Ovedo, Ximenez de Rada, Lucas de Tui, e outros?
Partindo desta oralidade, pouco a pouco o já galego vai ser empregue como língua normal em todas aquelas funções que uma língua tem num país normalizado e soberano, sem distingos sociais. Todas as funções, exceto a internacional, que é reservada para o latim.
            Esta situação funcional é também normal na Europa nesta altura histórica da que estamos a falar. Na Galiza parece apresentar uma situação de diglossia galego/latim que não oferece obstáculos nem anormalidades dentro dum contexto inserido no Orbe cristão europeu que se exprime basicamente em Latim como língua franca continental. É portanto o galego a língua de todos os galegos, mesmo dos reis da Galiza, forem estes coroados em Compostela, Oviedo ou Leão. Os reis -comenta-nos André Pena- falavam galego e mesmo os filhos dos reis eram criados por tutores da aristocracia galega, os quais marcavam o caráter dos futuros monarcas, marcavam a política e mesmo as relações diplomaticas da época (A. Pena, A:1995).
Guardamos provas documentais indiretas da língua dos Reis, como a recolhida por Frei Prudencio de Sandoval, historiador originário de Valhadolid do século XVI-XVII que reproduz os soluços de Afonso VI perante a morte em 1108, na batalha de Uclês do seu filho Sancho, herdeiro do trono. A língua na que chora o Rei não é precisamente o castelhano.
Segundo nos conta Sebastián Rico (1970: 219) na crónica do Frei Prudêncio de Sandoval o Rei diz:

 “...y en la lengua que se usaba dijo con dolor y lágrimas que quebraban el corazón: Ay meu filho! Ay meu filho! Alegria do meu coração et lume dos meus olhos, solaz da minha velheçe! Ay espelho em que me soya veer, et com que tomava muy grand prazer! Ay meu herdeyro mor! Cavaleyros, hu me lo leixastes? Dade-me meu filho Condes!”

Outros autores confirmam isso mesmo como por exemplo António José Saraiva (1995:15), ou mesmo Afonso o Sábio na sua Primeira Crónica Geral de Espanha, Benito Cano em 179 etc...
Mas foi na época de Afonso VII Reimundes o Imperador, que se nos faz passar por castelhano nos estudos oficiais de todas as universidades da península (2) quando o condado portucalense consegue a sua  independência fazendo da nossa língua comum a sua língua nacional. Língua que desde esse momento vai começar a ser enxergada como língua portuguesa.
Também não nos admira que reis posteriores como Afonso o Sábio (Afonso X segundo o cômputo castelhano, mas IX segundo o cômputo galego) ou Fernando III empregassem o galego-português como língua veicular. Era a língua natural desses Reis mas foram curiosamente estes dous últimos os que mudaram o sentido do projeto unificador peninsular. Dum projeto galaico passou-se a um projeto castelhano. É por isso porque a península ibérica de hoje está ocupada majoritariamente pela língua castelhana.

Textos
 
Documento não orginal mais antigo galaico-latino (doação á igreja de Sozelo). Ano 870.

            Christus. In nomine domini nostri Jhesu christi. In honore sanctorum Apostolorum Martirum confessorum Atque uriginum et omnium chorum angelorum salutem Aeternam amen. Ego cartemiro et uxor mea Astrilli abuimus filios et filias nominibus fofinu et gaton et arguiro et uistremiro quinilli et aragunti.et peruenerunt illos filios barones ad ordinem monacorum.et accepit inde fofinus ordinem primiter habitantem in eclesia uocabulo sncte eolalie uriginis fundata in uilla sonosello de presores de ipsa uilla. Ego carterimo et astrilli una cum filiis meis fundaui eclesiam in nostro casale proprio exepre de nostros heredes uocabulo sancti saluatoris sancti andree apostoli sancte marie uirginis et sancti thome apostoli sancti petri apostoli accepit uoluntas dei.et factus de ipsa eclesia cum ipso casale testamentum post partem de propinquis nostris et pro remedio animas nostras et omnes defunctorum que in ipsa eclesia sepulti sunt. Contestamus ad ipsa eclesia illa hereditate per suis terminis qui habuimus de presuria que preserunt nostros priores cum cornu et cum aluende de rege et habuimos VIª de ipsa uilla que habuimus per particione et medietate de illa fonte de salmegia.contestamus cum suo ornamento eclesie libros casullas uestimenta altaris uel templi cruces super euangelia et corona et calice et patena argentea.contestamus in ipsaeclesia cum quantum ominis hic aprestitum esto.sgnum caballos equas boues et uaccas pecora promiscua cubus et cupas lectos et cagtedras mensas sautos et pumares mexinares uineales terras ruptas uel barbaras casas lacar petras mobiles uel immobiles.et diuidet ipso casal ubi ipsa baselica fundata est per casal de louegildo.et inde per rego qui descorret a casa de trasmondo.et inde per ipso uallo et suos dextros et tornat se unde primitus inquoauimus. Ego cartemiro concedo ibidem larea que iacet in çima de ipso uiniale.et habet ipsa larea in amplo VIIIº passales et in longo peruallatur.contestamus ipsum quod in testamento resonat ad ipsa eclesia et ad propinquis nostris fratrum uel sororum monacorum uel clericoru.et qui bono fuerit et uita sancta perseuerauerit habeat et possideat.contestamus ipsa eclesia cum omnia sua ornamenta et sua prestantia.et qui hunc factum nostrum inrumpere quaesierit uel extraneare uoluerit sedeat separatus et excomunicatus et cum iuda traditore habeat participium.et insuper pariat due libra auri bina talenta et a domno qui illa terra imperuerit aliud tantum, et hunc factum nostrum testamentum plenam habeat roborem. Notum die erit pridie kalendas magii era DCCCCVIIIª Cartemiro et astrilli in hoc testamento manus nostras rouoramus.

Gaton abbas confirmo –Zalama abba conf. –Randulfus presbiter conf. –Biatus presbiter confo. –Gundisaluus conf. –Elias presbiter conf.

Pro testes –Aluaro testes –Trasmondo test. –Gondulfo test. –Viliatus test. –Vimara test. –Gaton test.

Menendus presbiter notuit.


Texto original galaico-latino mais antigo que se conserva datado no ano 882 e escrito em letra mal chamada visigótica (3). Fala da fundação da igreja de Lauridosa, hoje Lordosa em Vila do Conde:

Christus. In nomine patri et filii et spiritus sancti.domnis inuictissimis ac triumphatoribus sanctis martiris petri et pauli sancti migaeli arcamgeli.cuius baselica fundamus in uilla quod uocitant lauridosa inter duas annes kaualuno et cebrario subtus monte petroselo territorio anegrie.ego serbus dei muzara et zamora damus adque concedimus ad deum et ad ipsa baselica que nos fundamus in nomine sancti petri et pauli et sancti migaeli arcangeli.damus ipsa uilla ubi ipsa eclesia fundamus in omnique circuitu suos dextruos sicut kanonica sententia docet : duodecim pasales pro corpora tumudamdum (sic) et LXXIIos ad tolorandum fratrum adque indigentium et foru dextruos ipsa uilla pro ubi illa obtinuimus de presuria pro suis locis et terminus antiguiis cum pascuis padulibus montes fontes petras mobiles uel inmouiles aquis aquarum uel sesicas molinarum terras ruptas uel barbaras arbores fructuosas uel infructuosas accessum uel regressum cubus cubas lectus katedras mensas signum de medalo cruce kapsa calice de ariemto cum quamtumque ibidem aprestamo omnis est.damus atque concedimus ipsum que sursur taxatum est pro remedio animabus nostris ad ista eclesia adque sacrosancto altario quod subra taxatum est.concedimus ut diximus pro uicto atque uestimentum monagus et fratres et sirores et propinquis nostris et qui bonus fuerint et in uita sancta perseueraberint seculariter et uia monastica obtinuerint in ipso loco.sibe pro luminaria latariorum uestrorum uel elemosias pauperum.sicut lex et canonica sententia docet.et ibi notuimus ut nec uimdendi nec donandi neque a rex neque ad commide neque ad episcopo neque ad numlo omine inmitendi.se sidea semper inienua usque in sempiternum.et post parte propimquis nostris et qui unc facto nostro infringere uel conare tentaberit reus sit ad sancto comunione separatus et cum iuda traditore accipiat participio in eterna dnanatione sint dimersit (sit) in baradro inferni ubi fletus et ullulatus et anathema marenata accipiar.et in conspectu domini.et não abeant cum domino in prima resurectione ressusitandi.nisi percusus (?) ad eclesia et ab omni cetum christianorum......et insubra parient tantum et alium tanto quantum inde abstulerit et insuper auri talemtum post parti testamenti et coram pontificum.et iudice suo iudigado.et anc scriptura testamenti plena abea firmitate: notum die quod erit VI kalendas abriles era DCCCCXXª. Muzara et zamora in hanc kartula testamenti manu nostras.

Didagu conf. –gumsalbo conf. –uermudo conf. –gutierit conf. –uiliulfo conf. –sisnando conf.

Uimara conf. –gundiarius conf. –quiriagus conf. –gudesteo conf. –gudino conf. –iauini conf.

Floresindo test. –mido test. –pelagio test. -gaton test. – sendino test. –iaquinto test.

Rodorigus abba conf. –Joanne abba conf. –uermudus presbiter conf. –gunsalbus presbiter conf. –didagus presbiter conf. –frariulfus presbiter conf. –froila presbiter conf.

Gudinus presbiter notuit



Referências

(1) O latim galaico é um latim ulterior, diferente em origem do latim citerior. Se bem este segundo foi um latim que penetrou com a chegada dos romanos nos século III a.C. na península pela atual Catalunha, ou a Tarraconense da época, o primeiro, o citerior é um latim que chegou via comercial e militar pela Bética até a Gallaecia passando-se pela Lusitânia. Portanto o latim galaico do qual surgem tanto o galego-português como o asturo-leonês é um latim ulterior, diferente em origem e diferente em substrato do citerior que posteriormente criaria o catalão e o navarro-aragonês. Este último em contato com o basco. 
O castelhano, do nosso ponto de vista é um latim basicamente citerior mas também sob um substrato bascão muito importante que lhe da forma embora numa região na que confluem também outras linhas de convergência linguística: por uma parte a influência galaico-astur de toda a etapa medieval na que o Gallaeciense Regnum marcava as linhas políticas, culturais e portanto linguísticas de toda a Idade Média e da que salientamos o facto de ser Compostela o foco irradiador de cultura como nos diz Eugen Cosériu; por outra parte a colonização da meseta norte pelos faramontãos provenientes da montanha cântabra, provavelmente de história linguística próxima do povo basco; e por último de grandíssima influência navarro-aragonesa, identificativamente citerior. 
Diz Rafael Lapesa na sua “Historia de la Lengua Española" editada por Gredos na sua edição nona na página 162 que  tanto as Glosas emilianenses como as silenses do mosteiro de San Millán de La Cogolla estão num original dialeto navarro-aragonês (não em castelhano). Lógico, se temos em conta que La Rioja é uma região originariamente bascona e navarra. Portanto, como poderíamos enquadrar o castelhano? Do nosso ponto de vista achamos que na península há dous blocos: o ocidental ao qual pertencem o galego-português e o asturo-leonês e o oriental o qual pertencem o aragonês e o catalão. Achamos que o castelhano é um latim surgido de todas as confluências anteriores que em nada teria como dialetos, dum ponto de vista genético, ao asturo-leonês nem ao aragonês. Por isso de fazermos os estudos dialetológicos peninsulares deveríamos tratar o castelhano, ou ibero-romanço central sozinho, enquanto os outros blocos, o ocidental (galego-português e asturo-leonês) e oriental (aragonês e catalão) independentemente do central. Devemos perder o medo a reivindicar o parentesco íntimo e não castelhano do galego-português com as falas asturo-leonesas mesmo tendo em conta a liberdade com a que se fala do assunto em Portugal. Não há mais do que lembrar  Leite de Vasconcelos quando falava em co-dialetos no que diz respeito ao Mirandês, Guadramilês e Riodonorês a quem ninguém lhes discute a sua raiz asturo-leonesa. Digamos portanto que o asturo-leonês é um co-dialeto do nosso complexo linguístico ibero-românico ocidental surgido da velha Gallaecia. Não há vontade de assimilação do asturo-leonês mais que pela parte do castelhanismo histórico político-cultural que desfaz identidades e cria confusão no que diz respeito às origens dos povos da península Ibérica e especialmente no referido ao seu histórico concorrente: o projeto nacional galaico

(2) Castela tinha nascido como reino independente sete anos antes da coroação de Afonso VI em Compostela e o mesmo ano no que se corou em Leão, em 1065. Nas Universidades galegas e espanholas Afonso VI é denominado Rei de Castela, do mesmo jeito do que o seu neto Afonso VII. Mas o primeiro rei castelhano da história foi o irmão de Afonso VI, Sancho o forte, na realidade I (primeiro) de Castela. Na historiografia castelhanista é numerado como Sancho II em vez de III como seria seguindo as matemáticas básicas sem se lembrarem (seguindo a filosofia castelhanista) de que houve antes mais dois Sanchos: Sancho Ordonhes, o I (925-929) e Sancho o Gordo, que seria em realidade o II (955-956, e 960-967). Sancho Ordonhês que para além de ser coroado em Compostela e posteriormente no resto do “Gallaeciense Regnum” alguns textos da historiografia oficial preferiram deixá-lo de fora do cômputo e sem número. Como diz Anselmo Lopez Carreira (2003:90) “só as vezes é catalogado de “Rei privativo de Galiza” (com o que se quer dizer que foi quase um ninguém!)”

(3) A letra chamada de “Visigótica” já existia na península antes da chegada dos visigodos ao ângulo Noroeste. Do nosso ponto de vista seria mais correto chamarmos-lhe letra “suevica” ou “galaica”. http://despertadoteusono.blogspot.com/2011/09/o-que-verdade-esconde-1-parte.html

Bibliografia Geral:

Armada Pita, X-L. (1999). Unha revisión historiográfica do celtismo galego. In “Os Celtas da Europa Atlántica. Actas do I Congresso galego sobre a cultura celta”. Ferrol. Agosto. 1997. Ed. Concello de Ferrol.
Almanaque Abril, 20a (1994) e 21a (1995) edições. Editora Abril, São Paulo, Brasil.

Azevedo Filho, Leodegário A. (1983), História da Literatura Portuguesa - Volume I: A Poesia dos Trovadores Galego-Portugueses. Edições Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, Brasil

Ballester, Xaverio: Sobre el origen de las lenguas indoeuropeas prerromanas de la Península Ibérica. Revista “Arse”, 32/3 (1998/9), pp. 65-82. Conferencia pronunciada o 23/03/99 durante as XIV Jornadas de la Sociedad Española de Estudios clásicos (Valencia 22-27-III-1999) com o nome de “La Filología clásica prerromana en España: pasado, presente, futuro

Brañas, Rosa. (1995). Indíxenas e Romanos na Galicia céltica. Ed. Libreria Follas Novas.

Carvalho Calero, R. (1983). Da Fala e da Escrita. Ourense. Galiza Editora. Ourense

Carvalho Calero, R. (1974). Gramática elemental del gallego común”. Galaxia. Vigo.

Calvet, Louis-Jean (1999). Pour une écologie des langues du monde. Paris: Plon


Coseriu, Eugenio: El gallego en la historia y en la actualidad. Actas do II Congresso Internacional da Língua Galego-portuguesa na Galiza. AGAL. Compostela. 1987.

Cuesta, Pilar V. e Mendes da Luz, Maria A. (1971), Gramática da Língua Portuguesa, pp. 119-154. Colecção Lexis, Edições 70, Lisboa, Portugal. 

Cunha, Celso e Cintra, Luís F. Lindley (1985), Nova Gramática do Português Contemporâneo, cap. 2, pp. 9-14. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, Brasil

Culbert, Sidney S. (1987), The principal languages of the World, em The World Almanac and Book of Facts - 1987, p. 216. Pharos Books, New York, EUA

Dobarro Paz; XM, Freixeiro Mato, X.R.; Martínez Pereiro, C.P.; Salinas Portugal, F.: Literatura galego-portuguesa medieval. Via Láctea ed. Compostela. 1987

Ethnologue, Languages of the World. 13ª edição, 1999 http://www.ethnologue.com/

Garcia Fernandez-Albalat, Blanca. (1990). Guerra y Religión en la Gallaecia y la Lusitania antiguas. Sada-Crunha. Edicións do Castro.

Garrido; C e Riera C: Manual de Galego Científico. Ed. AGAL. Crunha. 2000.

Gonzalez Lopez, Emilio (1978): “ Grandeza e decadencia do reino de Galicia” E. Galaxia. Vigo.

Holm, J. (1989): Pidgins and Creoles. Cambridge. Cambridge University Press. (2 Volumes)

Lapesa, Rafael. (1991): Historia de la lengua española”. Madrid. Ed. Gredos. Biblioteca Románica Hispánica. 9ª Ed. Corrigida e acrescentada

López Barja, Pedro: La provincia Transduriana. pp. 31-45; em F. Javier Sánchez Palencia y Julio Mangas (coord.): El Edicto del Bierzo. Augusto y el Noroeste de Hispania. Fundación Las Médulas con el patrocinio de Unión FENOSA. Ponferrada. 2001

Lopez Carreira, Anselmo. (2005): O reino medieval de Galicia”. A Nosa Terra. Vigo

Lopez Carreira, Anselmo. (2003): Os reis de Galicia”. A Nosa Terra. Vigo

Martins Estêvez, Higino (2008): “As tribos galaicas. Proto-história da galiza à luz dos dados linguísiticos” Edições da Galiza. Barcelona

Mattos e Silva, Rosa V.  O Português Arcaico - Morfologia e Sintaxe. Editora Contexto, São Paulo, Brasil. 1994.

Montero Santalha, J. M.; Passado, presente e futuro do nosso idioma, do ensino e da sua normalizaçom. XXVII Jornadas de Ensino de Galiza e Portugal. Ourense. 2003. In Descargas PGL (Portal Galego da Língua) http://www.agal-gz.org 

Mundy, John J; Europe in the High Middle Ages. Longman. London and New York. 1991

Mundy, John J. (1991): Europe in the High Middle Ages”. Longman. London and New York. 

Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2a edição (revista e ampliada, 1986). Editora Nova Fronteira, São Paulo, Brasil. 

Omnès, Robert. (1999). Le substract celtique en galicien et en castillan” In “Les Celtes et la peninsule Iberique”. Triade nº5. Université de la Bretagne Occidentale-Brest. Pp. 247-268.

Pena Graña, André. O reino de Galiza na Idade Media. Revista Terra e Tempo 2ª época, 1, 1995

Pereira, Dulce. 1992. “Crioulos de Base Portuguesa”. In A. L. Ferronha, E. Lourenço, J. Mattoso, A. C. Medeiros, R. Marquilhas,  M. Barros Ferreira, M. Bettencourt, R. M. Loureiro, D. Pereira, Atlas da Língua Portuguesa. Lisboa. Imprensa Nacional. Comissão Nacional para os Descobrimentos, União Latina. 120-125 

Pereira Dulce. 1997. “Crioulidade – (Palavras Leva-as o Vento…)” Comunicação ao Encontro sobre a Crioulidade, Homenagem a Mário António Fernandes de Oliveira, FCSH, Universidade Nova

Portas, Manuel: Língua e sociedade na Galiza. Bahia ed. Crunha 1991

Rico, Sebastián: Presencia da língua galega. Ediciós do Castro. A Crunha, 1973, pp 8-9 e Marcial Valladares: Elementos de Gramática gallega. Galáxia. Fundación Penzol. Vigo. 1970. 

Rodrigues Lapa, M. (1981) : Lições de Literatura Portuguesa. Época medieval”. 10ª Edição. Coimbra Editora Limitada.

Ruffato, Luiz (escritor brasileiro): Galeguia. Revista Agália. Nº 89-90 (1ºSemestre 2007) pp 213-214.

Sanchez Palencia, F-J e Mangas, J (Coords): El Edicto del Bierzo. Augusto y el Noroeste de Hispania. Fundación Las Medulas. Ponferrada. 2000

Saraiva, António José: Iniciação à literatura portuguesa. Gradiva. Lisboa. 1995.

Schmoll, Ulrich (1959): “Die Sprachen der Vorkeltischen Indogermanen Hispaniens und das Keltiberische”. Wiesbaden. Otto Harrassowitz.

Teyssier, Paul. (1982(1980)). História da língua portuguesa. Lisboa: Sá da Costa

Vázquez Cuesta, Pilar e Mendes da Luz, Maria Albertina: Gramática Portuguesa. Tomo I. Terceira ediçom corrigida e acrescentada. Primeira reimpressom. Editorial Gredos. Biblioteca Românica hispânica. 1987. Madrid.

VVAA. de Juana, Jesus e Prada, Julio (coords):  Historia contemporánea de Galicia. Ariel Historia. Barcelona. 2005

Walter, Henriette (1994), A Aventura das Línguas do Ocidente - A sua Origem, a sua História, a sua Geografia (tradução de Manuel Ramos). Terramar, Lisboa, Portugal

G. Weber, "Top Languages",Language Monthly, 3: 12-18, 1997, ISSN 1369-9733 

Wright, R: “La enseñanza de la ortografía en la Galicia de hace mil anos”. Verba, 18, 1991

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...