O autor do relatório ao lado do Poeta Agostinho Magalhães, autor da letra da canção "Vals Galaico" interpretada por Carmen Penim com música de Maurizzio Polsinelli (2naFronteira). |
Os passados dias 2 e 3 de abril, decorreram na vila de Pitões das Júnias (Montalegre-Portugal) as V Jornadas das Letras Galego-Portuguesas com ampla participação de público apesar da adversa climatologia.
Uma representação das
entidades organizadoras abriram o evento por volta das 10:00 horas
da manha para dar passagem a dous painéis a celebrar durante o
sábado no que participaram primeiramente, Marcial Tenreiro,
com o tema de etno-arqueologia intitulado “A lança na água
e a espada na pedra” no que se falou sobre o costume entre
povos célticos e germânicos dos rituais com finalidade jurídica,
militar, da posse da terra, de conquista e de entronização
aplicados e registados em âmbito galego-português.
A seguir, decorreu a
palestra de Marcos Celeiro intitulada “A simbologia da
cruz céltica e a sua evolução”. Nela o conferencista deu
a conhecer as origens religiosas e o significado da simbologia
céltica assim como a apropriação, por parte do cristianismo dessa
iconografia adaptada a épocas posteriores. Deu a conhecer aspectos
interpretativos da arte céltica e a sua presença no espaço
galego-português quer em restos pré-romanos, quer em iconografia
medieval, cristã e mesmo atual.
Posteriormente a ambas
exposições abriu-se um espaço de meia-hora para debate no que uma
importante parte do público participou com interessantes perguntas
sobre o tema.
O painel foi apresentado
pela Professora Doutora Maria Dovigo moderando o debate e os tempos
das intervenções, finalizadas as quais, tanto público como
conferencistas participaram de uma comida no restaurante pitonense
“A Casa do Preto”.
O segundo painel, da
tarde do sábado foi igualmente apresentado por Maria Dovigo.
Contou com a excepcional presença do Professor Doutor FrancescoBenozzo, da Universidade de Bologna foi candidato a Prémio Nobel
de Literatura e integrante do grupo de investigação científica
“Continuitas”
que juntamente com Mário Alinei elaboraram o novo paradigma
da “Teoria da Continuidade Paleolítica” que a dia de hoje
ocupa a investigação de várias universidades europeias de
prestígio e que situa a etno-génese dos celtas no ocidente e norte
da península ibérica. O Professor Benozzo achegou informação
sobre a possível relação entre o topónimo “Galiza”, e o seu
etnónimo com o vínculo às pedras e ao megalitismo fazendo
relacionar este último ao espaço de ocupação dos celtas em épocas
pré e proto-históricas, épocas às que devemos ir para
visualizarmos o contexto da sua etno-génese.
Posteriormente, o debate,
muito animado e especialmente enriquecedor ofereceu mais elementos
interessantes sempre dentro do contexto de uma Galiza e um Portugal
centrais dentro da celticidade atlântica embora as circunstâncias
históricas tenham feito desse centro originário uma periferia que
assinalou como vantagem para a abordagem do tema da identidade longe
de ostentações etno-centricas.
Por volta das 18:30 e
depois da atividade científica veio a parte artística da mão do
duo 2naFronteira que interpretaram várias canções do seu repertório com a novidade
do tema intitulado “Vals Galaico” com letra do poeta portuense
Agostinho Magalhães com música de Maurizzio Polsinelli e interpretação de galega originária do Couto Misto CarmenPenim.
Chegada a noite celebrou-se mais uma ceia-convívio ao lado da lareira do restaurante “A Casa do Preto” . Depois da refeição, os Gaiteiros de Pitões e as leituras de contos populares da região, dentro da sala de conferências da Junta de Freguesia encerraram a sessão do sábado.
Chegada a noite celebrou-se mais uma ceia-convívio ao lado da lareira do restaurante “A Casa do Preto” . Depois da refeição, os Gaiteiros de Pitões e as leituras de contos populares da região, dentro da sala de conferências da Junta de Freguesia encerraram a sessão do sábado.
O domingo amanheceu com
uma formosa nevada na montanha geresiana que a imediata saída do
morno sol desfez. Com esse lindo contexto estético abriu-se a sessão
da manha do segundo dia da mão da Presidente da Junta de Freguesia
Lúcia Jorge e da académica e Vice-Secretária da AcademiaGalega da Língua Portuguesa Concha Rousia.
Abriu o dia a palestra do
Professor Graciano Barros tocando o tema da “Ourivesaria
e arte célticas no Século XXI no Noroeste Peninsular”. A
exposição cheia de imagens de peças ornamentais de épocas
diferentes, relacionou as técnicas de elaboração pré-romanas com
as atuais, ligando temáticas, materiais e motivos artísticos do
passado com o presente.
A seguir, o Professor
Doutor em Direito Sr. José Domingues falou sobre “A
raiz céltica dos Ordálios medievais” dando um ponto de
vista desde o conhecimento da legalidade portuguesa e a sua evolução
através do tempo. Igualmente a anteriores painéis, o debate ajudou
a ampliar informação, a relacionar novos elementos não tratados
anteriormente e ajudou ao surgimento de ideias no que diz respeita da
investigação de ideias relacionadas com a investigação sobre o
tema do ordenamento jurídico celta e a sua evolução e deriva nos
direitos galego e português.
Uma vez acabadas as
exposições, levou-se a cabo a elaboração de umas conclusões que
acompanharão as atas que desejamos ver publicadas proximamente.
O ato de encerramento
veio uma vez expostas publicamente as propostas de todos os
participantes no evento e recolhidas pelas diretoras dos três
paineis com o fim de serem incluídas nas atas uma vez publicadas.
Acabado o ato, celebrou-se uma comida no restaurante “A Casa do
Preto”.
Por motivos
climatológicos a visita ao Eco-Museu, ao Mosteiro e à Cascata foram
finalmente suspendidos. A neve e o frio não permitiram fazer a
excursão programada, tornando perigoso o trânsito pelos arredores
da vila quer a pé, quer de carro.
O resultado final, para
nós, foi muito satisfatório, tanto do ponto de vista da qualidade
das palestras, como apesar do clima de assistência do público.
Aguardamos ao ano próximo para organizar uma nova edição das
Jornadas das Letras Galego-Portuguesas, desta vez as VI, que já
estão na nossa mente. As entidades organizadoras, aguardamos mais
ajudas e menos obstáculos para fazer deste tema uma grande
oportunidade tanto para galegos como para portugueses.