Por José Manuel Barbosa
Vendo o video que apresentamos, ocorrem-se-nos algumas cousas que indicamos a seguir:
1-Defensores da ideia de galego e portugues serem duas línguas diferentes, há na Galiza. Essa gente está apoiada pelo partido que tem nas suas maos o poder político, mas também pelos que exercem a oposicao e ainda por muitos que se dizem nacionalistas... Em tempos eram muito agressivos... hoje sao muito mais calmos porque nestes últimos 30 anos os reintegracionistas levamos trabalhando muito com paciencia, fazendo-nos perceber apesar da falta de informacao, contra um ensino que deforma, contra a falta de democracia real existente no nosso ambito político... por isso somos mais aceites e por ser a maldade da praxe política linguística do poder muito evidente...
2-Associações
"blaveras" como a que nos apresenta o vídeo também há ou
parecidas. A diferença
entre elas é que "Lo Rat Penat" defende o "valenciano"
como língua diferente mas a "GB" defende simplesmente a
morte do galego e a supremacia social, legal e política do
castelhano.
3-O
racismo antigalego também é real em territórios muito vinculados a
nós como é a Astúrias. Quando por termos pertencido ao mesmo
espaco histórico-político e geo-estratégico deverião
e deveríamos sentir um vínculo maior. Nisso nós
compararmo-nos-iamos aos catalães.
Nós pessoalmente temos vivido situações
de desrespeito, de maldade, de acosso e de racismo em Astúrias da
mesma forma que muitos catalães
sentem em Valência. Por
outra parte o sentimento de racismo anti-português
também se deixa sentir em determinados elementos da sociedade embora
neste caso essa realidade tende a desaparecer. Quando eu era neno ou
mesmo adolescente entre certa classe de pessoas a palavra "português"
era insultuosa... Hoje essa palavra não
se usa embora o galego se aproximar ao português
seja um descrédito e um desmerecimento.
4-A fundamental
diferença é que a
Catalunha tem consciência
e conhecimento de que Valência
é parte cultural e historicamente política do seu pais.... cousa
que Portugal não tem na
mesma medida com respeito à
Galiza. Catalunha luta por uma Valência
próxima mas Portugal não
luta por uma Galiza próxima ainda tendo um Estado independente que
não exerce a sua
independência. Outra
cousa é o povo português
grande prejudicado pela situação,
igual do que o povo galego. O Estado português
não merece o grande
povo que tem... Outra diferença
é que os média catalães
apresentam ao povo catalão
um conflito real que apresenta um problema existente em Valência
com a língua comum a ambos povos duma visão
sociolinguística que visa compreender a realidade, com amor,
proximidade, perplexidade e com a vontade de que isso não
deveria acontecer, mas o tratamento que Portugal (não)
faz, não é pedagógica
na mesma medida com o mesmo problema na Galiza. A causa pela qual
Portugal não age na
mesma medida pensamos que é por submissão
e medo real de Lisboa a Madrid. Portugal tem a sua independência
desde há mais de 800 anos e poderia agir livremente, não
faz isso... mas a Catalunha que ainda não
conquistou a sua independência
age de forma mais livre, independente e mesmo digna do que o Estado
Português. Insisto em
que outra cousa diferente é certa inteletualidade portuguesa
positiva com a Galiza ou o próprio povo português
que quando toma contato com a realidade galega desseguida sente a
solidariedade e a irmandade obrigada e necessária nestes casos...
exceto alguns personagens com deficiências
educativas ou inteletuais que também por sentimento de inferioridade
gritam "Viva Madrid" ou apoiam infelizmente o iberismo como
solução
para o seu país.
5-No
Reino há um tratamento racista contra os galegos. Para os
nacionalistas espanhóis mais conservadores, (não
incluo os "gallegos" evidentemente), os galegos são
parvos porque são
humildes e trabalhadores mas também faltos de inteligência,
defetuosos de raiz, ambíguos, faltos de sinceridade, tontos e
submissos... Se os espanhóis são
de pensamento político "progressista" ou de "esquerda"
também para eles os galegos são
parvos por apoiarem um governo tão
evidentemente anti-galego e mesmo chegaríamos a partilhar o resto
das "qualidades" caraterológicas que se nos atribui. No
entanto não conheco
semelhante tratamento contra os valencianos. Eles não
são parvos para o
indivíduo "cañí" de nenhum ponto de vista... apesar de
terem o mesmo poder assentado no Pais Valenciano e nas mesmas
condições políticas
desde há quase o mesmo tempo do que na Galiza, apesar de o povo
sofrer as mesmas doenças
socio-psicológicas de auto-ódio, de falta de identificação
com o seu ser histórico, geo-estratégico, linguístico, cultural e
étnico, por não falar
da realidade corruta e caciquil do seu poder político apoiado por um
eleitorado de inteligência
similar e com um mesmo grau irresponsabilidade.
6-Se
o assunto é tão
similar é que está cozido na mesma cozinha...Onde está essa
cozinha? Em Compostela? Na cidade de Valência?
Achamos que não.
Achamos que está em Madrid... e a gente que sofre este tipo de
experimentos psico-sociológicos que visam destruir uma realidade
nacional como a galega ou a valenciana são
gente mentalmente debil que nem tem consciência,
nem quer saber, nem leva o esforço
de pensar..
3 comentários:
Meu caro,
Portugal, é como diz, um país independente há mais de 800 anos. Assim, temos que assumir que nestes últimos 800 anos os nossos caminhos se separaram. Não sei se D. Afonso Henriques foi um separatista, só sei que quis ser rei e aproveitou a rivalidade que existia entre as igrejas de Braga e Compostela para obter apoios no condado Portucalense para conseguir esse objetivo.
Não me parece que nessa época houvesse aquilo que poderíamos chamar uma “consciência nacional”, era simplesmente um senhor feudal a se querer libertar da tutela do reino leonês.
Penso que a história da 1ª dinastia reflete isso mesmo, um reino feudal português a alargar o seu território a sul aproveitando a fraqueza dos reinos mouros e ao mesmo tempo tentando disputar os territórios da Galiza, primeiro a Leão e depois a Castela. Essas disputas com Castela levaram a amargas situações (especialmente com D. Fernando, que chegou a ser aclamado na Corunha) que puseram em perigo a independência e que levaram à guerra do mesmo nome.
Se houve um primeiro assumo de consciência nacional portuguesa, isso deu-se na guerra da independência que culminou na batalha de Aljubarrota. Só que essa guerra originou uma nova dinastia (Avis) e a substituição da antiga nobreza (vendida a Castela) por uma nova, saída da burguesia mercantilista, especialmente de Lisboa.
Em suma, tirando a última tentativa de D. Afonso V na batalha de Toro, a partir da 2ª dinastia, Portugal passou a olhar para o seu território e esqueceu a Galiza, daí virou-se para o mar (o povoamento da Madeira e Açores e a conquista de Ceuta reflete isso mesmo).
Fizemos mal? Não sei, mas a história é essa. No imaginário do português médio, a Galiza faz parte da Espanha, ponto final. Separam-nos 800 anos de história e isso é muito…isso não implica que não estejamos solidários com os nossos irmãos da Galiza, mas temos que ser pragmáticos, o destino da Galiza deve ser decidido pelo povo galego e não por qualquer intervenção portuguesa, daí que ache a acusação de que o governo português não faz o suficiente para ajudar a Galiza, injusta. É fácil para a Catalunha fazer o que faz em relação a Valencia, pois ainda não conquistou a independência, mas deixe-me que lhe pergunte que se a Catalunha conseguir a independência será que vai manter a mesma posição?
João
Caro amigo João, o passado conhecemo-lo todos.... o que nao conhecemos é o futuro. Este sempre será o que os povos e os governos decidirem. Se Portugal, pelos vínculos históricos, linguísticos e culturais que tem com a Galiza decidir apoiar Galiza, como apoiou Timor, ou como a Franca apoiou os EUA (e nao tinha mais vínculos do que Portugal com a Galiza), ou como muitas nacoes apoiam a Tibete...etc estaria cumprindo com os seus interesses nacionais.
Por outra parte e respondendo a pergunta por si feita... eu acho que o caráter catalao é muito diferente do galego-portugues e acho que eles muito inteligentemente, sem entrarem em conflitos desnecessários mas com muita diplomacia irao apoiar em todo o momento do valencianismo catalanista. Talvez eu esteja errado, mas o tempo vai nos dizer se isto que falo é certo ou nao...por enquanto a Catalunha está num momento em que deve olhar para si própria nestes delicados momentos muito mais do que no futuro quando tiver uma situacao mais estável com um possível Estado próprio.
Finalmente só fazer um último comentário: a minha crítica é ao Estado portugues, nunca ao povo portugues sempre positivo com os galegos...ainda que sejamos para muitos (os menos ilustrados) mais uns espanhóis...cousa também curiosa dum Estado independente que esquece os vínculos dos que falamos. O planos de ensino saidos dos diferentes ministros de Lisboa nunca ensinaram quem eram os galegos, nem as origens da nacao portuguesa nem as origens da sua própria língua aos povo portugues... e é por isso que os consideram mais uns espanhóis...agindo como se fossemos castelhanos de toda a vida. Na Espanha nao se ensina que os Portoriquenhos sao mais uns estadounidenses...nem que os gibraltarenhos sao mais uns britanicos... também se ensina que os oliventinos sao mais uns espanhóis... O povo nao tem culpas... tem-na uma administracao que como Vc. diz vai pelos 800 anos e pouco sabe da sua origem real e histórica...e sem raizes as árvores nao dao frutos.
curioso em portugal chamar galego alguem é elogio. em portugal a expressão trabalhar nem um galego quer dizer trabalha bem e muito.
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